Choro: pelo mais simples ao mais sagrado |
...Seu coração que há muito entorpecido pelas injustiças, e sua alma presa
pela viu trapaça das mentiras se vão no fosso de um sumidor sem fim.
Um homem quando chora...
É semelhante a uma água que cai de uma calha presa aos céus
de uma casa imensa. Até cair ao chão leva anos, porém, quando chega a hora,
desaba como pequenas cachoeiras e desmaia num chão que a espera para sentir a
dor do impacto da vida.
Um homem quando chora é semelhante a um leão ferido. Rosna
baixinho, depois bem alto, sem que percebamos a diferença entre sua dor e a
violência de sua vida diária. É de dar medo. A dor se alastra na medida de suas
lágrimas, e a selva torna-se pequena para alimentar-se e suprir toda sua dor da
primeira à última presa.
Um homem quando chora enfia-se debaixo da cama, chora
baixinho; vai para debaixo do chuveiro, e ali, confundem-se lágrimas e pingos,
chuvas e choros, gritos e canções; depois que o corpo se contorna, entre laços
de abraços em si mesmo, pedindo ao Deus que tudo se vá. Mas, em vão.
O choro continua na roupa. Pingos misteriosos caem em sua
blusa, e uma mão que se vai à face enrugada do sono que não veio, aperta os
olhos no intuito de calar a torrente que ameaça jorrar; e nada.
E a mente enlouquece, confusa, como lua que virou sol, como
sol que desapareceu da manhã. A mente empobrece; não pensa, e pede ao corpo
para não agir, pois está de luto pela causa que virou consequência. Está
cansada pelo excesso de tentativas, está obcecada em desistir de tudo, até de
existir.
O homem quando chora empobrece a alma, empobrece o mundo.
Seus ideais se vão em frações de segundos; seu mundo se vai como um papel
pequeno em uma correnteza forte; um pouco de sua vida, como é parte do grande
uno, do grande Deus, espirito maior, torna-se refém de um mal que ele mesmo
criou.
E assim, o homem, quando chora por si mesmo e não pelo
mundo, não consegue entender o real objetivo de suas lágrimas, ou mesmo de seu
sorriso. O homem, quando chora pelo inútil da vida, está prestes a morrer sem
ser enterrado, pois há muito pelo que chorar, e muitas lágrimas a se guardar a
muitos que merecem, a muitas causas que padecem sem serem percebidas.
O homem quando chora por uma paixão, que seja a da
humanidade, como a liberdade, o amor, a paz, pelo filho que nasce, e morre;
pela mãe que se foi, e não se disse “te amo”... Inicia seu processo de
reconhecimento de si mesmo, pois começa a entender a vida que lhe foi dada...
Enfim... Um homem quando chora pela simplicidade que
nasce e pelo belo que se foi, tornar-se
mais homem, mais humano.
O homem quando chora, quebra o escudo e se torna o menor dos menores seres ! O homem quando chora esta apartado de esperanças esperando algo divino lhe erguer ! Pois nem sempre somos erguidos, temos que nos erguer sozinhos, porque assim sempre fomos ! (Pain)
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