segunda-feira, 25 de março de 2013

Páscoa, a busca de si mesmo.

Páscoa: é época de reflexão



Estamos chegando a mais uma Páscoa. Uma semana de reflexões acerca de nós mesmos, de nossos valores, de nossa tradição, raiz. Uma semana na qual seremos obrigados a olhar para nós mesmos e tentar entender esse microcosmo cheio de constelações misteriosas, do qual nascem e morrem cometas, sem que saibamos de onde vêm e por quê.

Páscoa, uma passagem, segundo os judeus, da terra da escravidão à terra prometida... No entanto, permita-me dizer, a passagem da personalidade arcaica ao espiritual – passagem do ódio ao amor. E Cristo se fez.

E todas as vezes que nos referimos a Jesus, acreditamos que falamos de Cristo também. Mas Jesus tornara-se Cristo muito depois, ou seja, tornou-se uma criatura universal após sua iniciação nos mistérios sagrados, o que não relata a Bíblia, porém sabemos que, após sua morte, veio a ser um ser solar, ou Cristo Solar, do qual emanam raios divinos a toda humanidade – assim como outros que vieram para tanto.

Cristo nasceu no coração dos homens como música bela que transcorre em nossas veias. Morreu crucificado em nossa alma valente, que, desde que o homem é homem, luta para sair de sua dubiedade em relação aos desejos de amor e paixão, paz e guerra, matéria e espirito. Cristo ressuscitou em nós, como a maior das reflexões e nos fez mais humanos, a partir de nossos atos, palavras e pensamentos...

Ressuscitou nossos valores, pelos quais lutamos fielmente, todos os dias, no intuito de serem respeitados, e acima de tudo preservados, porque temos um sol a obedecer, temos castelos a construir, temos colunas a erguer – tudo isso dentro de uma alma que procura, assiduamente, seu caminho.

Hoje, em meio a um mundo desnorteado, sabemos que é mais  que necessário nos prontificarmos perante a nós mesmos, no sentido de rever nossos defeitos, e canaliza-los; revertê-los, e voltar à linha da vida, sabendo que dela vamos sair.

O importante, no entanto, é entender que há um céu em nós, no qual possamos morar e  realizar nossos desejos mais sagrados. Estar consigo mesmo. Estar com Deus.

Um dia um grande general nos disse “Não precisamos viajar para encontrar a paz que tanto desejamos. Em nossa alma há esse lugar, cheio de paz, harmonia, de belezas... Um lugar idílico, organizado, ao qual podemos ir sempre”.

E dentro desse pensamento, devemos passar a Páscoa, ainda que signifique para algumas culturas a passagem de uma terra para outra, para mim, vai significar sempre essa busca árdua pela paz interna, pelo Cristo interno – não o cristo que sofre – ao qual temos direito desde o dia em que somos humanos.

Vai significar, para mim, a ruptura de um ovo interno, do qual sairá mais humanidade, mais amor, mais equilíbrio, mais desejo de moralidade e ética, num mundo que morre por si mesmo, graças a forças contrárias.

E quando Cristo se fez na cruz, mostrou-nos a consciência Una, significando a morte do homem em meio ao espírito e à matéria – significado da cruz (o vertical no horizontal) – pois o homem nada mais é que essa tentativa de desdobrar-se em favor de seu Eu, de seu cristo. Contudo, se depara com valores mesquinhos, filhos de um passado o que fez apegado ao complexo, ao visível.

O homem, em seu entender, deve deixar um para abraçar o outro, o que não é realidade para os avatares, pois, para estes, a unicidade nada mais é que integração de tudo – Bem, Mal – guerra, paz, amor, ódio, elementos nada análogos, mas que, assim como a luz e a escuridão, não vivem sem o outro.

Nós, porém, descartamos essa possibilidade, e vamos ao encontro apenas de uma paz que julgamos espiritual, e procuramos lugares vazios, silenciosos, nos quais até mesmo o eco de nossos pensamentos é barulho, mas depois temos dificuldade em lidar com a vida real.

Entretanto, a integração, a unificação, a religiosidade, a espiritualidade dependem da real unificação do homem para com a humanidade, mas para isso é preciso que vença seus preconceitos em tentar lidar com consigo, sem que exclua dos seus planos a própria natureza que o cerca. A linha é imaginária.

A Páscoa, ao meu ver, é uma reflexão a esse cristo que reunifica, que sacraliza, e ressuscita em nós, com o eterno ideal de ser um pouco mais buscador dos reais valores pelos quais lutamos desde o dia em que fomos humanos, mas que, ao poucos, estão nos tirando.

A Páscoa é o Ovo Cósmico, do qual mistérios inatos saem em forma de elementos que abnegamos todos os dias. É o ovo que se resguarda em nossos corações, o qual está à espera do novo, ao passo tradicional mundo, a revelar mais segredos que a própria vida nos revela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....