quarta-feira, 6 de março de 2013

Feitiço do Tempo: a magia da vida (i)






Homenagem

Há muito sou fã de cinema, mas não me considero um cinéfilo. Porém, quando se vê filmes do nível de Feitiço do Tempo, que há vinte anos foi produzido, não tem como não sê-lo. Foi uma obra prima de Harold Remis, (cineasta de "Férias frustradas" (1983), "Eu, minha mulher e minhas cópias" (1996) e "Mafia no divã" (1999), além de ter ser responsável pelo roteiro de "Os caça-fantasmas I e II" – ganhou o prêmio de melhor roteiro original no Bafta de 1994), a qual sintetizou o sentimento de muitos em relação à vida, dando margem a reflexões sobre nossos comportamentos, nossas experiências junto às pessoas que amamos (ou não), enfim, “Feitiço do Tempo”, essa película maravilhosa, faz vinte anos e vai ser lembrado por muito mais tempo.

Vou dizer o porquê...

O Filme

Phil Connors (Bill Murray), apresentador do tempo, com um caráter pra lá de arredio, vai com sua equipe a uma cidade na qual se comemora o ‘dia da marmota’. Um bichinho que se parece mais com um filhote de ariranha, que, sem saber de nada, fica entocada durante o inverno até que o prefeito (Bryan Doyle-Murray), simbolicamente, a chama para perguntar “o que vem depois do grande inverno?”, que se faz ali.
.
Connors e sua equipe são os responsáveis pela grande cobertura do evento, que une a cidade toda. De inicio, como já era de se esperar, Connors detesta tudo, e deixa Andy (ajudante de texto) pensativa acerca de sua personalidade difícil. Mas não o sensibiliza.

Depois disso, começa a acordar sempre naquele dia, como se nada tivesse passado, tudo estivesse parado, ou seja, pessoas indo para o mesmo evento, da mesma ordem anterior, de modo a fazê-lo pensar que algo estava errado – e estava.

Ainda sem entender nada, faz as apresentações, com um pouco de irresignação, com o olhar desconfiado, achando estranha toda aquela manifestação idêntica à da sua memória, a qual não se sabe se era real ou não, questiona-se se não era sonho o que vivera anteriormente...

Connors, como era de se esperar, foi consultar sua companheira de equipe, Andy, que, ainda sem entender a feição do amigo, perguntava-o se ele estava bem. E estava. Apenas meio perplexo pelo que havia acontecido, ou seja, pela mágica que o tempo havia-lhe proporcionado e ele nada sabia.

Andy, em uma longa conversa em um Café com Connors, deixa claro que o dia da marmota não se repetiu, e que ele devia estar meio confuso em razão do tempo gelado e do seu ódio não só ao clima, como também à cidade, que o deixava maluco.

Assim, foram dias e dias acordando sempre na mesma hora, encontrando a mesma pessoa depois de sua porta, as mesmas pessoas tomando café em sua pousada, a mesma senhora idosa, dona do lugar, a lhe perguntar as mesmas coisas, o mesmo evento – o dia da marmota – coberto por ele, que não suportava mais a cara do prefeito, rodeado de puxa-sacos...!

Começa, enfim, viver seu inferno particular, tentando entender o porquê dos dias que não se passavam. Todos os dias, durante muito tempo, o relógio foi uma das tormentas que mais o deixaram quase maluco, pois não deixava de acordá-lo, na mesma hora, acontecesse o que acontecesse.

Phill Connors já se tornava quase violento com as pessoas que encontrava. Tornava-se mais arredio com aqueles que sempre estavam ali, todos os santos dias, em seu trajeto para o insuportável evento, que parecia uma ida ao caldeirão do diabo!

Mesmo assim, ainda não era o bastante para aquele que parecia ser o único a sofrer solitariamente o feitiço do tempo, quando, “por acaso”, descobre um amigo chato de faculdade que virou vendedor de seguros, a encontrá-lo sempre na mesma esquina quando ia para o trabalho.

Ned Ryerson (Stephen Tobolowsky, com participação em Glee) faz questão de gritar sempre “Phll?? Phill Connors??”, de modo que o personagem principal não suportava nem mesmo seu rosto, imagine vê-lo todos os dias? A sensação, para Phill, era de morte!

A Decisão

Nada melhor, no entanto, a adequar-se ao que “os deuses” lhe deram de presente, com comportamentos ditos como livres, já que “o que faço hoje não tem reação no amanhã”. Então, Phill começara a paquerar meninas, com desculpas inteligentes. Já que os dias se repetiam, nestes, Connors conhecia a pessoa, sabia de suas amizades, suas qualidades, e, em tempo, inventava que a conhecia, colocando tais atributos conhecidos como meios para que a pessoa, objeto de interesse, fosse conquistada...

Houve dias até que roubara um carro, fez várias estripulias com bêbados a bordo, e em outros dias, assaltava carros fortes, com toda simplicidade, pois sabia dos movimentos, calculadamente, dos encarregados do dinheiro... E com ele comprava roupas incríveis, ia ao cinema com prostitutas, mas...

Nada lhe preenchia a alma. Estava se cansando de seus dias inúteis, de todos as caras, de homens e mulheres que ali moravam e faziam o que ele já sabia. Não custou, assim, em tentar se matar... Porém, nada. Jogava-se de prédios, entrava em banheiras com fiação perigosa, eletrocutava-se, morria, mas, no outro dia... Lá estava ele!

Foi quando tomou a decisão que mudara seu destino, sua vida, na qual teria mais vontade de viver, e que jamais seria um dia igual ao outro, por mais que o destino assim o quisesse: começou a ajudar seus semelhantes!

(Volto com mais feitiço)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....