quarta-feira, 13 de março de 2013

Projeto Achilles, do início à eternidade.

Três Reginaldos e um Projeto: Achilles.


Projeto Achilles: 
com o sobrenome do meu filho Pedro,
 para se criar forças e ao mesmo tempo aprender com ele.




Mãe, foram sete meses de alegria, de amor e amizade. Foram os melhores dias de minha vida, e de longe a melhor experiência porque passei. Meus sonhos, os melhores, podendo vê-los de perto, como crianças em parque, louca a subir ou descer, sempre de olho na segurança que o papai ou mamãe lhe davam.

Mãe, meu coração não almeja mais nada, pelo menos até agora, pois segui suas palavras, seus conselhos dourados, advindos de uma mente simplória, mas que estava acima da minha, por mais que eu fosse um falador-facultando-filósofo! Na realidade, eu não tinha nada, a não ser a senhora do meu lado, dando-me palavras a seguir, em caminhos ainda desconhecidos, os quais estou conhecendo agora, depois de casado, com um filho magnifico.

E hoje, ao seguir seus conselhos, levanto meu abrigo, minha casa, meu castelo, minha parcela de vida para com meus ancestrais, para com meu filho, Pedro, e acima de tudo, perante a senhora, que, de algum modo, me vê, me escuta nas orações, e as traduz em verbos divinos para que sejam realizados aqui, em nosso quintal, que um dia, também, fora sujeito, há muito tempo, a um casebre de madeira no qual moramos, ainda que de maneira trôpega, simplória...

Mas que, depois, das forças que me deram, fiz a tua casa, mãe, e a senhora ficara como se fosse uma criança de idade, a sorrir, a mandar, a amar cada ato dentro dela, fosse qual fosse o ato. E desses, lembro-me de meus sobrinhos que, na casa já pronta, brilhando a cerâmica, dançavam, engatinhavam, e caiam como filhos de pardais que desabam da pequena árvore... E a senhora preocupada com nada...

Mas, mãe, não era uma árvore da qual caiam, era a sua casa! Depois de residir durante mais de quarenta anos em barracos de madeira, com telhas de amianto, chão batido em terra, e cimento seco, naquele dia Deus tinha levantado a mão sobre a senhora e dado o melhor de Si. Pois nesse dia, eu a vi tão feliz, tão feliz, que me senti um pouco vaidoso por realizar, com auxilio sagrado, o seu sonho...

E Hoje, mãe, como eu gostaria que estivesse aqui, nesse exato momento, para ver uma outra obra, aquela que tanto me pedira para realizar antes que viesse a ser colhida pela Criador. A minha casa. Só eu sei o quanto sinto a falta das palavras da senhora, com aquele sotaque nortista, forte, levantando os braços, olhando para cima, e dizendo “Oh, Deus, obrigado!!” ...

E, eu repito, minha querida mãe, “Oh, Deus, obrigado!”.
Como eu gostaria que estivesse aqui para ver os grandes guerreiros enviados do céu, simplesmente para fazer o que a senhora nos pediu: fazer a casa do seu filho. Sei o quanto sentirias de orgulho de mim em saber o quanto os tratei bem, o quanto deles cuidei, levantando, todos os dias, dando-lhes café da manhã, para que começassem muito bem. E na tarde, lanches, a base de sorriso, forças a base de cumprimentos, ordens em forma de alegria...

Eles, mãe, eram crentes, sabia? Mas não me pergunte de que igrejas, pois não saberia dizer. Contudo, mãe, tais rapazes, tão enérgicos em seus afazeres, dedicados e disciplinados, não só trabalhavam com afinco, com nos ajudavam com profissionais da mesma família, que, por sua vez, eram tão incríveis em caráter quanto os primeiros!

Mãe, a senhora iria rir demais ao saber que eram apenas três, e dois deles tinham o meu nome, não é coincidência?! Sei lá, viu...  Apenas um, cujo nome era Gidelson, mas que fora a alma que mais tínhamos necessitado no fim da obra, o que não aconteceu, infelizmente, porque ele, o pequeno – como era carinhosamente chamado – adoeceu, e acabou saindo aos quarenta e cinco do segundo tempo da obra.

Mãe, a casa é de dois andares, com quartos não muito grandes, em razão da dimensão do terreno, mas é linda, e chamativa, pois não param de passar e olhar no fundo da casa principal a grande obra que fizemos. E têm razão todos eles, eu também pararia.

Agora, faltando só a pintura, lembro-me das palavras do pintor – que há muito fazia o mesmo trabalho para a senhora na casa principal – que disse “Reginaldo, se sua mãe estivesse aqui, ela se orgulharia e muito de você”.

Com o coração na mão, com os olhos lacrimejando de saudades, retiro-me destas páginas para voltar à realidade da vida, e dizer que as chamas que nos colocou não se apagarão tão cedo.


Obrigado, minha mãe!

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