Temos que enxergar nossos caminhos |
Existem várias vertentes das
quais podemos partir. Uma delas é a de que sempre aprendemos como nossos erros,
e isso é uma máxima que se aprende antes mesmo de a velhice chegar. Há outras,
e dessas podemos tirar a que diz “aqui se faz, aqui se paga”, o que na
realidade não se encaixa em Connors, nosso personagem de Feitiço do Tempo, o
qual tivera o infortúnio de ter seus dias congelados, e que, dentro dos quais,
não obtivera êxito em suas façanhas que se resumiam em fazer o que bem entender
de sua vida.
Dentro de nós, como diziam os
mestres, há caminhos – todos eles – do bem e do mal. O que nos externa é uma
realidade que nos relacionará com o meio, e cabe a nós usar de artifícios para entendê-lo,
como se fossem crianças em parque, com medo ou não, mas subindo, descendo,
caindo, levantando, machucando-se, de modo a entender que cada brinquedo – em nosso
caso as nuances da vida – tem seu objetivo.
Não adianta fugir, correr em meio
a um mundo cheio de leis, e dizer que somos rebeldes, criando as nossas próprias,
desconectadas das leis reais, ou mesmo das essenciais, que nos dizem, lá no
fundo de nós mesmo “Não fuja do que és, não fuja do que és”. E percorremos a
vida, agora, como jovens desordeiros, em busca de um abrigo para nossas ideias,
as quais colhemos, semeamos e difundimos a outras pessoas...
Agora somos jovens, mas não
entendemos que possuímos a força e a fé enraizadas em nós, como martelos com o
cabo pra cima, a bater num prego de cabeça para baixo!... A vida, no entanto,
bate em nós, e bate tanto que, de repente, a entendemos, mas não a escutamos, e
tornamo-nos mais rebeldes, cheios de liberdades vulgares – fazemos o que
queremos, com quem queremos, e nem sequer esperamos a reação, pois não estamos
nem aí para ela...
Aí é que mora o perigo.
Na realidade, há opções. Ou
entendemos a vida e sabemos que ela nos ensina todos os dias os caminhos para
seu infinito mistério, a tentar nos fazer mais humanos, ou sejamos mais imbecis
na medida do tempo, ainda que saibamos que pode nos custar nossas vidas ou a
vida de pessoas que amamos.
E negligenciar a vida, como se
fôssemos turistas sem querer entender os castelos, as pirâmides, as culturas,
os deuses; negligenciar o que somos, as pessoas, o mundo, e centralizar nossas
emoções, como únicos... Não é um exercício natural daqueles que querem algum
caminho para trilhar.
Assim o foi Phill Connor, nosso
querido Bill Muray, que tanto nos fez rir em Caça Fantasmas, entre outros.
Connors, em Feitiço do Tempo, nos demonstrou o que somos, em uma ficção
maravilhosa. O tempo parou para dizer-lhe que o essencial da vida é ser humano.
Sim. Ser humano. Um filósofo já dizia “temos pernas, braços, cabeças, até alma
de humanos possuímos, mas falta muito para sermos”. E tinha razão.
Connors é um personagem que é a
cara de todos, sem exceção, pois inicia um processo de insensatez tímido;
depois, revela-se mais insensato em suas ações, além de incoerente, incrédulo –
pois, além de falar pouco em Deus, é incoerente em seus atos (olha nós aí!), e
se diverte ao saber que o tempo parou e quer aproveitar as chances de fazer o
que bem entender.
Aqui cabe o conceito de
Liberdade...
Nós, por acharmos que, em certas
horas, somos donos de nós mesmos, inclusive de nossos atos, pensamentos, e de nosso
tempo, fazemos o que bem queremos: falamos o que queremos, fazemos, enfim,
semeamos, dentro de um campo oculto, misérias, inimizades, loucuras, achando
que estamos sendo humanos, pois o que nos passa pela cabeça é que somos
professores de algo que estamos aprendendo... (será?)
Professores, não. Mas
agricultores que mais tarde ficarão sem chão, com frutos podres a colher, ou
como diriam os mais sábios “sem nada a colher”. Mesmo assim, entramos em uma
atmosfera dentro da qual todos os malefícios nos engolem como dragões, monstros
imensos, levando tudo que temos (ou que poderíamos ter tido), no caso de Phill,
a sua própria vida...
A liberdade, a que se referem os clássicos, nada mais é que seguir uma linha e dela não sair. Assim como o sol é livre, em sua eterna sintonia com o mundo e o universo que o cerca. Nós, por acharmos que tal conceito só nos cabe em crenças e valores atrozes, o desrespeitamos e mais uma vez colhemos o que plantamos.
Mas já estamos falando de um
filme que conta a história de um homem chato, ranzinza, sem amigos, e que teve
várias vezes sua vida finalizada, e que, graças ao tempo estático, obteve chances
para redimir-se ante ele mesmo e às pessoas que tanto foram objetos de seu egoísmo...
Para nós, na realidade, não há
chances, mas há oportunidades diferentes, nas quais retiramos o aprendizado –
não tão rápido quanto Connors. E, através delas, claudicamos em aprender que
precisamos nos alimentar de humanidade, com atos próprios, reais e sinceros.
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