"Um coração que nasce para ser livre nunca se deixa escravizar. E, mesmo quando perder a liberdade, ainda conserva o orgulho e ri do Universo"
Mozart. Vocação e iniciação. |
... Mas o mestre filósofo, iniciado nos grandes mistérios
sagrados, possui chaves para racionalizar o que pensar. O que significa isso? Saber expor de maneira
simplista o mais complexo de uma experiência, contudo, o faz de maneira
simplista com agravantes simbólicos, ou seja, sem que percebamos que a estrutura,
a que se refere, possui pontos profundos, que somente aos iniciados podem ser
revelados.
Blavatsky*, uma teosofista que passou a dominar tais
estruturas, dizia que Nows era a parte interna do homem, aquela para qual devíamos
nos refugiar (falta de uma palavra melhor...), pois o que estaria na base
humana eram bases personalisticas, como o físico, o astral, os desejos,
instintos, até mesmo a parte psicológica, se não levada ao cume de nossas
consciências, seria parte da base.
No entanto, se tais atributos no homem fossem levados ao
Nows – Deus no homem – seriam como ferramentas trabalhando em prol da elevação
humana, desde o físico à moral. Para isso, no entanto, argumentos apenas não
seriam louváveis para a consecução do ideal, mas a prática, e para isso – dizia
ela – em Ocultismo Prático - “mata o pensamento”. Pois sabia que o homem atual
deixava-se levar pelo racional e este refletindo a parte “debaixo”, por assim
dizer, jamais veria a parte de cima.
O certo, assim, seria trabalhar, agora, em prol de uma
sacralidade interna, com ferramentas que os próprios deuses lhe deram na personalidade,
no físico, alimentando a alma diariamente com forças que a própria natureza nos
dá, antes mesmo de nascermos. A vocação, antes de tudo, segundo os mestres,
seria uma delas...
Mozart
E trabalhar uma vocação, ainda que esta não esteja de acordo
com uma sociedade, ou que muitos já a estejam dessacralizando, é difícil. Até mesmo Mozart, o grande compositor, embora
estivesse em uma época na qual muitos compositores estivessem se formando,
outros cujo estrelato o influenciou, tivera que se sobressair ministrado por um
pai exigente.
Mozart, prodígio, com suas sonatas mais pródigas ainda, fora
descoberto pelo genitor aos seis anos de idade, quando ainda fazia suas
necessidades fisiológicas na cama e brincava de cavalinho na sala. Seu pai,
também compositor, viu que o filho nascera para a música quando lhe dera o
primeiro papel. Pois nele salientava notas como o “Chico Xavier mirim”, o que o
assombrou.
Feliz da vida, começou, juntamente com sua filha, que também
possuía certo dom para a música, não gênia como o irmão, mas eloquente no
piano, saíram para a Europa a demonstrar o que o mundo já ouvia em Hardyn, Christian
Bach, porém não em um menino com idade tão ingênua.
Mozart via aquilo como uma grande brincadeira, porém, não
muito, pois seu pai Leopoldo Mozart o pedia para compor e compor ao ponto de
chegar ao extremo de seus limites – coisa que não acreditava o pai, “ele não
tinha limites para a música” -- e assim,
foi ficando adolescente, em busca de um emprego de músico nas cortes.
Em suas caminhadas, descobrira um grande homem, que mais
tarde poderia vir a ser seu mestre, aquele que faria com que toda sua obra
fosse voltada para o sagrado, pois acreditava que o menino prodígio fosse o
Grande Mago, ou seja, aquele que, com sua obra, diminuiria o materialismo do
mundo, ou que pelo menos fizesse com que a consciência em relação a nós mesmos
mudasse.
Thamos, seu mestre, que, segundo autor Cristian Jaq, seria
um dos últimos maçons a seguir a risca a filosofia da entidade, encontrava-se
com ele às escusas, sempre o podando, levando Mozart a criar obras
inesquecíveis, ao passo que, à época, não eram muito compreensíveis, pois eram
como enigmas ao ouvido, mas revelavam mistérios da alma humana. Mozart não
sabia, mas estava se iniciando, indiretamente, nos mistérios sagrados.
A própria iniciação de Mozart, podemos dizer, foi uma
revolução na música clássica, a qual, desde 1756, em diante, não se pudera ver
ou ouvir coisa igual. E não menos do que isso. Quem a ouve, hoje, sente um
pouco de luz refletir na alma, ao ponto de ser você mesmo. E esse é o ideal da
música, da real música. A revolução de Mozart gerou outras revoluções.
Volto
com mais vocações.
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*Helena Petrovina Blavatsky
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