Partículas de uma grande partícula é o que somos. |
Um dia um grande senhor me disse em sala de aula... “O coração é feito de células, partículas,
membranas e de tudo que o compõe, de modo que, se faltar um desses, é provável que
o órgão não funcione direito. Então, é possível que algumas células que não
fazem parte dele, na falta de uma das originais, tome forma, trabalhe em função
daquele órgão, mas não será a mesma coisa...”
Assim somos no universo. É preciso que tenhamos a
consciência de que somos uma partícula ínfima
que trabalha em prol de algo, de alguma coisa, aqui e agora, assim como a
célula do coração, do rim, do cérebro, enfim, desse corpo imenso chamado
universo.
Se somos mecânico, com vocação para tanto, façamos o melhor
para que o cliente saia feliz ante nossos olhos. Sabe aquele varredor de rua,
isolado, com suas ferramentas de trabalho, a limpar nossas ruas, e com um
motivo breve para sorrir; aquele cobrador que dá bom dia quando passamos pela
roleta, além do motorista, que, com um sinal de positivo com os dedos, assinala
um grande dia para você?
É uma realidade ainda que ínfima, mas possível. Pois somos
seres humanos e precisamos nos localizar como aquela partícula fria e isolada e
nos tornar a mais necessária das partículas. E quando o somos, ou pelo menos
quando nos sentimos assim, a vida é vista com outros olhos. O mundo é visto como
um grande órgão no qual várias partículas, em função dele, trabalham, o que é
diferente de labutar, ralar, como diria a juventude de hoje, mas sim trabalhar
por algo, nem que seja em busca de você mesmo, naquilo que se faz de prático.
A busca por si mesmo, no entanto, inicia-se quando
encontramos nosso colo maior nos braços das estrelas. Termina quando fazemos
parte delas. E por isso, declinamos, todos os dias, em busca de realizações em
nosso nível ou, às vezes, além dele. E graças a essa persistência, por meio de
sonhos e questionamentos, nos sentimos um pouco melhor a cada dia.
Não deixemos nos enganar pelas aparências, no entanto. Nossa
satisfação, aquela que advém do coração, quando nos sentimos localizados em
nosso contexto, pode ser, na maioria das vezes, transitória, pois há argumentos
naturais que nos colocam em xeque quando dizemos... “Eu faço aquilo que gosto e
estou feliz”.
Depois dessa frase, o universo nos testa e vemos que tudo
aquilo não passa de um interesse personalístico
dentro do qual a consciência se conforma, se deita e não levanta mais. A prova
nos vem quando nos falta a matéria prima: dinheiro. Esse pequeno e milenar artifício
de gasto mensal o qual nos faz ser corruptos de nós mesmos, nos colocando à
prova do que somos.
E descobrimos que não somos grande coisa. E mais, que a
felicidade é passageira, e que a alegria, esse dom de sorrir relativamente, é
apenas um churrasquinho em fim de semana como familiares, e que a segunda-feira
existe para exterminar nossos dias como ser humano! E o pior, que aquela nossa
profissão a que tanto amávamos, nada mais era que uma forma passageira de
alegria; ou seja, éramos uma célula fora de nosso contexto – ou um leão domesticado
por hienas!...
Entretanto, quando nos sentimos em nosso meio, dentro de
nosso grupo, seja ele qual for, e nos
importamos com o seu funcionamento, com as engrenagens, com seus parafusos,
ruelas... Enfim, com o seu papel em uma sociedade, país... Podemos realizar,
naquele grupo, o que muitos – na realidade milhões – não fazem, que é o pontapé
inicial de uma realização interna.
O que precisamos entender é que a humanidade é o nosso
universo, e sermos mais humanos é o nosso papel, como célula desse grande
corpo.
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