terça-feira, 30 de julho de 2013

Partículas

Partículas de uma grande partícula é o que somos.
 
 
Um dia um grande senhor me disse em sala de aula... “O coração é feito de células, partículas, membranas e de tudo que o compõe, de modo que, se faltar um desses, é provável que o órgão não funcione direito. Então, é possível que algumas células que não fazem parte dele, na falta de uma das originais, tome forma, trabalhe em função daquele órgão, mas não será a mesma coisa...”
Assim somos no universo. É preciso que tenhamos a consciência de que somos  uma partícula ínfima que trabalha em prol de algo, de alguma coisa, aqui e agora, assim como a célula do coração, do rim, do cérebro, enfim, desse corpo imenso chamado universo.
Se somos mecânico, com vocação para tanto, façamos o melhor para que o cliente saia feliz ante nossos olhos. Sabe aquele varredor de rua, isolado, com suas ferramentas de trabalho, a limpar nossas ruas, e com um motivo breve para sorrir; aquele cobrador que dá bom dia quando passamos pela roleta, além do motorista, que, com um sinal de positivo com os dedos, assinala um grande dia para você?
É uma realidade ainda que ínfima, mas possível. Pois somos seres humanos e precisamos nos localizar como aquela partícula fria e isolada e nos tornar a mais necessária das partículas. E quando o somos, ou pelo menos quando nos sentimos assim, a vida é vista com outros olhos. O mundo é visto como um grande órgão no qual várias partículas, em função dele, trabalham, o que é diferente de labutar, ralar, como diria a juventude de hoje, mas sim trabalhar por algo, nem que seja em busca de você mesmo, naquilo que se faz de prático.
A busca por si mesmo, no entanto, inicia-se quando encontramos nosso colo maior nos braços das estrelas. Termina quando fazemos parte delas. E por isso, declinamos, todos os dias, em busca de realizações em nosso nível ou, às vezes, além dele. E graças a essa persistência, por meio de sonhos e questionamentos, nos sentimos um pouco melhor a cada dia.
Não deixemos nos enganar pelas aparências, no entanto. Nossa satisfação, aquela que advém do coração, quando nos sentimos localizados em nosso contexto, pode ser, na maioria das vezes, transitória, pois há argumentos naturais que nos colocam em xeque quando dizemos... “Eu faço aquilo que gosto e estou feliz”.
Depois dessa frase, o universo nos testa e vemos que tudo aquilo não passa de um interesse personalístico dentro do qual a consciência se conforma, se deita e não levanta mais. A prova nos vem quando nos falta a matéria prima: dinheiro. Esse pequeno e milenar artifício de gasto mensal o qual nos faz ser corruptos de nós mesmos, nos colocando à prova do que somos.
E descobrimos que não somos grande coisa. E mais, que a felicidade é passageira, e que a alegria, esse dom de sorrir relativamente, é apenas um churrasquinho em fim de semana como familiares, e que a segunda-feira existe para exterminar nossos dias como ser humano! E o pior, que aquela nossa profissão a que tanto amávamos, nada mais era que uma forma passageira de alegria; ou seja, éramos uma célula fora de nosso contexto – ou um leão domesticado por hienas!...
Entretanto, quando nos sentimos em nosso meio, dentro de nosso grupo, seja ele qual for,  e nos importamos com o seu funcionamento, com as engrenagens, com seus parafusos, ruelas... Enfim, com o seu papel em uma sociedade, país... Podemos realizar, naquele grupo, o que muitos – na realidade milhões – não fazem, que é o pontapé inicial de uma realização interna.
O que precisamos entender é que a humanidade é o nosso universo, e sermos mais humanos é o nosso papel, como célula desse grande corpo.

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