"Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos para transformar no que somos"
Augusto Cury
Hoje, em meio a passeatas, a modificações estruturais de um
país, sempre nos surge a possibilidade de questionamentos básicos, do tipo,
será que vale à pena ir às ruas, gritar em nome de uma política melhor para
nossas escolas, saúde e transporte? Será que vale à pena colocar nossos filhos,
ainda meio sonsos em compreender o mundo, em passeatas mirins, apenas para que,
mais tarde, ele tenha consciência do que realmente podemos fazer quando a
política se assemelhar à opressão, ou a um regime democraticamente confuso
quanto ao que necessitamos?
- a resposta é sim. Sempre. No entanto, devemos ser
coerentes ante a nossa política do dia a dia, na qual exige muito mais de nós
do que do governo. Estou falando de nossa educação, seja ela básica ou
transcendente. Tal política, talvez, esteja tão oculta aos nossos olhos, que
não saibamos examiná-la, praticá-la, pois estamos muito ocupados com o que
fazem com nossos filhos em escolas, com nossos irmãos e pais na saúde, ou com
nossos amigos, no transporte.
E o que fazemos com nossos filhos em casa?... Qual o
tratamento que damos aos nossos irmãos e amigos, nesse cotidiano?...
Questionamento bobo, contudo essencial, básico, para se iniciar o que chamamos
de pequenos atos que podem mover o mundo.
Política humana
Já tive exemplos, inúmeros, de pessoas que não sabem lidar
com seus filhos, tenho certeza que os leitores deste também o têm. Como, por
exemplo, a história de um menino que queria descer as escadas rolantes de um
shopping e não queria fazer outra coisa senão isso. Os pais, maduros como manga
pequena, não sabiam o que fazer.
Como dois anos e meio, o rapazinho gritava, se esperneava e
se sentia o dono da situação graças ao “cala boca” bem baixinho dos pais, que
se sentiam medrosos e constrangidos pelo que passavam frente a todos.
Mais
Há exemplos de criaturas mirins, que se sobressaiam em suas lojas preferidas, simplesmente porque passaram por perto dela, e os pais, às vezes com outro plano de gasto, tiveram que comprar quase toda a loja, senão a criança ameaçava a chorar, seguida se gritos e quedas no chão.
Há exemplos de criaturas mirins, que se sobressaiam em suas lojas preferidas, simplesmente porque passaram por perto dela, e os pais, às vezes com outro plano de gasto, tiveram que comprar quase toda a loja, senão a criança ameaçava a chorar, seguida se gritos e quedas no chão.
E mais
Há exemplos de crianças que caem de edifícios por falta de
uma palavra forte dos pais, que acreditam que nada vai acontecer com elas. E mais,
de crianças que aprendem a falar palavras ofensivas e que não se intimidam
quando nelas batem. Muito pelo contrário. Sorriem...
Todos esses exemplos são exemplos de política. Não é apenas
a política de partidos que vai mal. Há algumas que só dependem de nós, e essa é
uma delas. Ir às ruas? Fazer passeatas? Quebrar monumentos? - Não. Decididamente
não. Meios há de aprender a lidar com isso, ou melhor, com o ser humano, seja
ela criança, adolescente, adulto, idoso... E conosco mesmos.
E grandes homens do passado sabiam disso. Pitágoras de Samos
um dia disse, “Eduque as crianças e não será necessário castigar os homens”. E
Platão, “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de cria-los
e educá-los”, além de Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas seus
frutos são doces.”... E o que dizer do “Conheça a Ti mesmo e conhecerás o
universo”, de Sócrates?...
Esta última, com certeza, mais abrangente e sintetiza a
maior das realidades educacionais pelas quais devemos passar e entender, pois, nela, não só a educação,
mas também o sentido de nossa existência estão embutidos como forma de
obrigação para a resolução final de nossas buscas, sejam elas em relação à política, à religião... por isso ela possui esse
tom forte, real, humano, sábio e ao mesmo tempo simples de entender, o que é
diferente de... Praticar.
Nessa máxima, muitas verdades se encerram. Ela sintetiza não
só uma realidade, mas uma busca de muitas gerações há séculos, não só descrita
por Platão na boca de Sócrates, mas em muitos livros clássicos, como a bíblia cristã,
a bíblia hindu, além do livro dos Mortos Egípcio, Maia... Ou seja, não é de
Platão para cá, mas de muito mais.
O que quero dizer com isso? Que não é de hoje que o ser
humano tenta fazer suas revoluções, e por elas toma decisões, faz guerras,
modifica-se, alimenta-se, perdoa, dá amor, recebe, purifica-se, cansa-se,
torna-se mal, arrepende-se e chora, e volta, e se mata pelo que acreditou ser.
Quero dizer que muitos nasceram donos da verdade, outros tiveram
que encontra-la com suas ferramentas naturais, se apoderar dela, e morrer sem
saber o que era verdade. Outros, que nasceram, cresceram e morreram sem saber o
porquê da vida, como pescadores que foram ao mar, não trouxeram nada, não
comeram nada, e dormiram com saudade dos peixes.
Dizer que há aqueles que nasceram especiais, porque, como
diriam na tradição, já vieram de outras encarnações à procura da verdade, e ao
encontrar sua sombra, sabiam que ela nada mais era que inalcançável, e nos deixa vestígios,
em forma de humildade e sabedoria.
Pequenos Atos, Pequenas Mudanças
A verdade, no entanto, quando adquirida de forma relativa,
nos engana. Sempre nos vem o sentimento de que sabemos de tudo, simplesmente
por lermos, aprendermos e intuirmos, já sabemos de tudo sobre tudo. É
importante dizer que se ela, a verdade que defendemos, não possuir nenhum
referencial, de preferência do alto de nossas possibilidades, será como uma
ferramenta de destruição humana.
Sabemos que, em pequenos atos, quando acordamos, ou quando
dormimos, quando estamos solitários, a verdade reina, pois passamos a sermos
nós mesmos. O espelho às vezes é testemunha disso, mas não se encerra aqui a
verdade.
Ela é a parte da natureza que devemos estar sempre em
sintonia, ainda que saiamos na maioria das vezes para conversar, sair com os
amigos, falar com a família, ou seja, ela se faz apenas quando referenciada
naquilo que realmente somos, lá dentro de nós, e isso implica dar um cavalo de pau
em um navio se aceitarmos ir atrás dela.
Teremos problemas, pois o que realmente somos ainda é uma
sombra, uma opinião, um segredo divino, mas o que nos sobra é a simplicidade de
pequenos gestos, que mais tarde podem virar gestos humanos dantescos, do quais
saem homens incríveis, que, com certeza, sofrerão em defender a si próprio ou a
humanidade...
Cristo foi um deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário