sexta-feira, 12 de julho de 2013

Educar a si mesmo é Educar a Humanidade.

"Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos para transformar no que somos"

Augusto Cury







Hoje, em meio a passeatas, a modificações estruturais de um país, sempre nos surge a possibilidade de questionamentos básicos, do tipo, será que vale à pena ir às ruas, gritar em nome de uma política melhor para nossas escolas, saúde e transporte? Será que vale à pena colocar nossos filhos, ainda meio sonsos em compreender o mundo, em passeatas mirins, apenas para que, mais tarde, ele tenha consciência do que realmente podemos fazer quando a política se assemelhar à opressão, ou a um regime democraticamente confuso quanto ao que necessitamos?

- a resposta é sim. Sempre. No entanto, devemos ser coerentes ante a nossa política do dia a dia, na qual exige muito mais de nós do que do governo. Estou falando de nossa educação, seja ela básica ou transcendente. Tal política, talvez, esteja tão oculta aos nossos olhos, que não saibamos examiná-la, praticá-la, pois estamos muito ocupados com o que fazem com nossos filhos em escolas, com nossos irmãos e pais na saúde, ou com nossos amigos, no transporte.

E o que fazemos com nossos filhos em casa?... Qual o tratamento que damos aos nossos irmãos e amigos, nesse cotidiano?... Questionamento bobo, contudo essencial, básico, para se iniciar o que chamamos de pequenos atos que podem mover o mundo.

Política humana

Já tive exemplos, inúmeros, de pessoas que não sabem lidar com seus filhos, tenho certeza que os leitores deste também o têm. Como, por exemplo, a história de um menino que queria descer as escadas rolantes de um shopping e não queria fazer outra coisa senão isso. Os pais, maduros como manga pequena, não sabiam o que fazer.

Como dois anos e meio, o rapazinho gritava, se esperneava e se sentia o dono da situação graças ao “cala boca” bem baixinho dos pais, que se sentiam medrosos e constrangidos pelo que passavam frente a todos.

Mais

Há exemplos de criaturas mirins, que se sobressaiam em suas lojas preferidas, simplesmente porque passaram por perto dela, e os pais, às vezes com outro plano de gasto, tiveram que comprar quase toda a loja, senão a criança ameaçava a chorar, seguida se gritos e quedas no chão.

E mais

Há exemplos de crianças que caem de edifícios por falta de uma palavra forte dos pais, que acreditam que nada vai acontecer com elas. E mais, de crianças que aprendem a falar palavras ofensivas e que não se intimidam quando nelas batem. Muito pelo contrário. Sorriem...

Todos esses exemplos são exemplos de política. Não é apenas a política de partidos que vai mal. Há algumas que só dependem de nós, e essa é uma delas. Ir às ruas? Fazer passeatas? Quebrar monumentos? - Não. Decididamente não. Meios há de aprender a lidar com isso, ou melhor, com o ser humano, seja ela criança, adolescente, adulto, idoso... E conosco mesmos.

E grandes homens do passado sabiam disso. Pitágoras de Samos um dia disse, “Eduque as crianças e não será necessário castigar os homens”. E Platão, “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de cria-los e educá-los”, além de Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces.”... E o que dizer do “Conheça a Ti mesmo e conhecerás o universo”, de Sócrates?...

Esta última, com certeza, mais abrangente e sintetiza a maior das realidades educacionais pelas quais devemos passar e entender, pois, nela, não só a educação, mas também o sentido de nossa existência estão embutidos como forma de obrigação para a resolução final de nossas buscas, sejam elas em relação à política, à religião... por isso ela possui esse tom forte, real, humano, sábio e ao mesmo tempo simples de entender, o que é diferente de... Praticar.

Nessa máxima, muitas verdades se encerram. Ela sintetiza não só uma realidade, mas uma busca de muitas gerações há séculos, não só descrita por Platão na boca de Sócrates, mas em muitos livros clássicos, como a bíblia cristã, a bíblia hindu, além do livro dos Mortos Egípcio, Maia... Ou seja, não é de Platão para cá, mas de muito mais.

O que quero dizer com isso? Que não é de hoje que o ser humano tenta fazer suas revoluções, e por elas toma decisões, faz guerras, modifica-se, alimenta-se, perdoa, dá amor, recebe, purifica-se, cansa-se, torna-se mal, arrepende-se e chora, e volta, e se mata pelo que acreditou ser.

Quero dizer que muitos nasceram donos da verdade, outros tiveram que encontra-la com suas ferramentas naturais, se apoderar dela, e morrer sem saber o que era verdade. Outros, que nasceram, cresceram e morreram sem saber o porquê da vida, como pescadores que foram ao mar, não trouxeram nada, não comeram nada, e dormiram com saudade dos peixes.

Dizer que há aqueles que nasceram especiais, porque, como diriam na tradição, já vieram de outras encarnações à procura da verdade, e ao encontrar sua sombra, sabiam que ela nada mais era que inalcançável, e nos deixa vestígios, em forma de humildade e sabedoria.

Pequenos Atos, Pequenas Mudanças

A verdade, no entanto, quando adquirida de forma relativa, nos engana. Sempre nos vem o sentimento de que sabemos de tudo, simplesmente por lermos, aprendermos e intuirmos, já sabemos de tudo sobre tudo. É importante dizer que se ela, a verdade que defendemos, não possuir nenhum referencial, de preferência do alto de nossas possibilidades, será como uma ferramenta de destruição humana.

Sabemos que, em pequenos atos, quando acordamos, ou quando dormimos, quando estamos solitários, a verdade reina, pois passamos a sermos nós mesmos. O espelho às vezes é testemunha disso, mas não se encerra aqui a verdade.

Ela é a parte da natureza que devemos estar sempre em sintonia, ainda que saiamos na maioria das vezes para conversar, sair com os amigos, falar com a família, ou seja, ela se faz apenas quando referenciada naquilo que realmente somos, lá dentro de nós, e isso implica dar um cavalo de pau em um navio se aceitarmos ir atrás dela.

Teremos problemas, pois o que realmente somos ainda é uma sombra, uma opinião, um segredo divino, mas o que nos sobra é a simplicidade de pequenos gestos, que mais tarde podem virar gestos humanos dantescos, do quais saem homens incríveis, que, com certeza, sofrerão em defender a si próprio ou a humanidade...

Cristo foi um deles.



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