sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Fuga de Si Mesmo

Há momentos em que não suportamos o outro, porque sempre acreditamos que "o inferno é o outro", não o que trazemos em nós, como ferramentas, em circunstâncias nas quais não nos importa quem é ou o que realmente importa -- apenas fugir do outro.


"a fuga na maioria das vezes é um mal"




Não adianta fugir, correr, fechar portas, janelas, “que o problema entrará pelas portas do fundo”. O melhor de tudo é enfrentar, mesmo com o pouco que temos, “como formigas a enfrentar o fogo”, ou como passarinhos, “a apagar um incêndio”... Devemos enfrentar o convívio.

O teatro da vida, esse excêntrico teatro grego que não se esvai nunca pelas frestas da ignorância moderna, nos desloca para o centro, ou melhor, para o olho do furacão. Essa é a tônica. Participar, falar, ou pelo menos se comunicar com o próximo, mesmo que discuta o nada, se rebele pelo tudo, chore pelo fútil. Tudo funciona como roldanas presas, que com o tempo, se soltarão.

Essência

...A essência da vida, esse pequeno ser que se esconde em nós, e também em todo universo, nos pede, quase que implorando que a ouçamos. Entretanto ouvidos há somente para um mal que se mostra em sociedades, em famílias, em grupos, além – ou antes de tudo – no próprio homem – que é a fuga em razão dos próprios conflitos, os quais geram, por si, necessidades de estar juntos, integrados, seja pelo convívio, conflitos... Não há outro modo.

Para ilustrar, lembre-se de que...“se há problemas no homem, há na família, se há na família, há nos grupos, e se há nos grupos, há nas sociedades e por sua vez no mundo... Mas tudo começa no homem”, o que é uma realidade, seja partidária, social, religiosa, enfim, como lidar com essa questão se fugimos de nós mesmos?...

A Fuga

Um dia me disseram que um grande ator de cinema, que sempre fez filmes fabulosos, entre eles O Poderoso Chefão, Apocalipse Now, entre outros marcantes, com sua fortuna, comprou uma ilha... Motivo, detestava seres humanos. E quem não detesta, às vezes? Eu pelo menos detesto muitos, mas muitos outros, a maioria, eu os amo.

Marlon Brando não queria ficar ao lado de esposas, filhos, amigos, parentes, e sim, solitário, como um ser que nascera sozinho e que queria morrer assim... Sozinho. Não sabia, porém, que sua alma, aquele outro ser que necessita elevar-se (ou necessitava...), não conseguiu cultivar elementos melhores do que uma boa conversa, um diálogo direcionado, um sorriso fértil de uma pessoa feliz por ele está ali, do lado dela...

Esqueceu-se o ator, assim como nós nos esquecemos, de que a melhor forma de fugir dos problemas é ir ao encontro deles, assim como “Teseu o foi em busca do minotauro”, não ir de encontro – como se fôssemos para um conflito armado...

Desconhecido

Para muitos, a vida nada mais é que isso, esse conflito, essa dor louca, que nos subtrai as esperanças a partir da violência que o outro (humano) nos trás por meio da maior de todas, o desconhecido.

O desconhecido, por si só, é uma parte do que somos. É uma parcela do mistério a ser resolvido, e que não estamos, como sempre, nenhum pouquinho favoráveis a essa prática – e quando o somos, nos tornamos psiquiatras ou psicólogos, a angariar fundos em cima de problemas alheios. Não precisamos ser assim. Nem profissionais, nem pacientes de causas das quais não conseguimos descobrir o porquê dos conflitos.

Precisamos, apenas, ter paciência.

Primeiro, recompor as energias frente ao que mais acreditamos como algo superior entre nós. Eu me debruço, na maioria das vezes, frente ao mistério do sol, e peço que sua natureza branda esteja um pouquinho ao meu lado, e assim volto à batalha com o pouco que tenho: minha fé em terminar meu trabalho, minha educação frente às pessoas – na qual acredito tem me feito um homem de bem a cada dia --, meu filho, minha família, e principalmente o tempo, ao me deparar com injustiças...

Pois, “quando, em um banquete sua (a minha) refeição for servida, não se alvoroce, tenha a calma dos justos, nada mais”...

Quando no passado, em uma Atenas maravilhosa, quando seus valores já não estavam tão claros, um homem chamado Zenão, depois de Platão, Isócrates, Aristóteles, Alexandre... , nos veio como um ser que, em seu entender, precisávamos nos elevar, baseados em premissas antigas, nas quais o próprio homem se infiltraria não como político, religioso, filósofo teórico, e sim prático, com ferramentas fortes... E principalmente, como um ser como é sempre foi: Natural, voltado ao seu Eu.
Disse Zenão,

“Não deixai que nada ou ninguém te incomode, nem mesmo as doenças, nada, mesmo porque nada disso faz parte do seu Eu verdadeiro”.






Ficamos aqui, com esse grande estoico.


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