terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mananciais solitários





Muitos se perguntam acerca de onde viemos, por que viemos e para onde vamos. Muitos possuem respostas, muitos possuem o conhecimento, e fazem questão de deixar isso em evidência, em explicações, em exacerbados diálogos ainda que sejam frios, sem direção, sem amor.

Não sei se devo salientar o papel do amor, nesse caso, ao contrário dos experts, mas, para muitos, serve apenas para incrementar uma vida familiar, ou mesmo a dois. Talvez. Mas quando tento entender o sol e sua semântica junto ao universo, -- às estrelas, a nós – me perpetuo em pensamentos nos quais me delicio e vou-me embora, não para parsagada, claro, mas um pouquinho antes... E degusto de sabores naturais nos quais o açúcar é na medida.

Quando observo a chuva na rua, a avivar o cheiro da terra, e estou ali presente, como a um menino pequeno, cheio de esperanças, nem mesmo a música mais bela se torna... Bonita. Aqui, nem passa pelos meus brios de homem que estudou, vivenciou, dialogou firme com grandes homens, qualquer filosofia. Fica apenas o cheiro de Deus em minhas narinas, em minha pequena e fugidia alma.

Ah, essa alma, tão buscadora de naturezas intrínsecas, com a qual vivo, sorrio e choro, hoje, tão presa a doença do corpo, da violência desmedida, se enaltece com palavras em forma de sol, com lágrimas em forma de chuva, com dor em forma de paixões, com a paz em forma de lírios... Essa alma, grandiosa por dormir e acordar em céus, e enfrentar infernos terrenos, se declara amante da vida, do cimo da montanha de um espírito que quer alcançar...

Mal sabe ela que o espírito já está nela, em suas entranhas, em teu corpo. Quando observa uma poesia, um pôr do sol, uma criança livre, uma sensação de liberdade, paz e grama nos dedos... Compreende sem palavras, e se inclina ao sagrado.

Não sei o que comentam os sábios de plantão acerca disso, nem mesmo os escuto, mas sei que são rasteiros, amantes da falácia, do racionalismo crítico, do embate teórico, nos quais corações se vão em semânticas desagradáveis, a deixar a alma de lado, como portadores de controles de mentes.

Não se perguntam, aqui, do porquê desse desenfreio livre que vem corrompendo, rompendo sensores naturais e impondo outros, de naturezas hipócritas. Não sentem, não amam, não vivem, apenas buscam ser o que não são, robôs com todas as características humanas, sem, no entanto, a alma que, voluntariamente, negou.

Não podemos, entretanto, negar a alma. Ela bate, acorda, nos faz andar, correr, sentir o cheiro do mundo, sentir, de longe, o astral humano quando regado de chumbo ou platina. Não podemos negar o que nos faz realmente humanos, e isso se percebe ao vir uma estrela em nossos escuros, ainda que dentro de fossos estamos.

Porém, com o advento de novas almas, precisamos rebuscar a real, aquela que está em nós, dentro até mesmo desta que nos incomoda, prejudica nossos âmagos. Precisamos nos emocionar com o que é natural, não com o que a hipocrisia humana acredita, nem mesmo com cenas repetitivas de dores e mortes, com intuito de esconder o que nos engana há anos...

Àqueles que se dedicam à alma inventada queria-lhes dizer que observem a vida de perto, e fiquem mudo. Deixem que suas veias se salientem, que suas mentes se silenciem, sem as guerras e conflitos pessoais, que suas disputas racionais, intelectuais fiquem em segundo plano...


Esqueçam os dicionário por instantes, ouçam um pouco do dedilhar dos grandes mestres do passado – um Shopin, talvez, pensem em Deus não como Criador, mas como uma totalidade em sentidos múltiplos, dos quais somos nem protagonistas nem coadjuvantes, apenas... buscadores.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....