Ignorância, boa ou ruim?
"Cegos de tudo ou pelo menos boa parte da vida, e isso conscientes" |
E os questionamentos não cessam... “Meu Deus, por que tanta
seca?”, e mais tarde...”Por que tanta chuva?”, e se perguntássemos, “Meu Deus,
por que de tanta ignorância?”... A resposta é difusa, complicada, sem efeito
prático, mas que possui uma carga natural de consciência... Uma consciência mínima,
que nos faz acordar em segundos, e dormir em milésimos...
Os meteorologistas sabem que, cientificamente, existem
razões para as secas e chuvas em excesso, mas também sabem que, por trás disso,
há outras que apontam a real razão desse buraco negro em nossas vidas, o qual
nos suga como partículas universais que não sabem o porquê de sua existência ou porquê respiram -- falo da ignorância.
A ignorância, como dizia Platão, filósofo clássico, “É nossa
única doença”. Não sei bem, mas se observarmos do ponto de vista dele, nos
questionamos acerca do que sabemos e não sabemos, e baseados nessa segunda
premissa nos vimos ancorados em hospitais, com aquela cara de sempre, em frente
a um neurologista, ou dentista, quando os dentes doem, ou cardiologista, enfim,
a terminar a série de “istas” por aqui, digo que, ao se tratar do corpo,
sabemos pouco, ou quase nada...
Não apenas. Em leis básicas de trânsito, em outros
comportamentos mais básicos ainda, estamos sempre a pedir auxilio a outros que
sabem pouco, ou quase nada. Não tem como saber tudo, obviamente, mas é
espantoso que queiramos saber coisas do alto, se nem mesmo sabemos como lavar
uma... Louça.
Claro que há especialistas em tudo, talvez até em lavar a
louça, mas nem por isso deixaremos de tentar lavar um copo, uma panela, enxugá-los,
enfim, ajudar um pouco. Deixar as panelas brilhantes, os copos, a pia, passar
panos no chão, deixá-lo brilhante tanto como um espelho, faz com que nos
sintamos bem, em um ambiente bonito, saudável, assim como o que queríamos estar
sempre...
Assim, também, há especialistas em trânsito --,os motoristas
de autoescola, dos quais recebemos a
prática voltada ao volante, e como nos portar nas pistas, junto a outros
motoristas, de modo que saibamos lidar com aquela lei que nos permite ir e
chegar com o nosso veículo, aonde quer que queiramos...
E as consequências do que não sabemos, para onde vão? da louça mal lavada, do carro mal estacionado, do péssimo médico?... Já sofremos o bastante e entendemos que, em nossas leis básicas, se não as respeitarmos teremos a volta.
Para o alto e avante!
Enfim, para entendermos as leis do alto, trazê-las ao nosso convívio,
é preciso que saibamos, antes de tudo, algum ensinamento, mas, a partir do
momento que nos asseguramos de nossa condição humana, temos, com certeza, a
priori, sentidos que nos ajudam a compreender tais leis.
Elas, no entanto, nos aparecem difusas, assim como a
primeira vez que temos o comando de uma carro em nossas mãos, mas as leis do
alto, assim como sempre o foram, não possuem resquícios físicos, os quais a
tornam mais intelectualmente difíceis de entender – adeus a parte prática? – o que
nos envolve em situações naturais de busca a seu respeito, na tentativa de
desvendar seus mistérios, os quais, quando descobertos, sanam dores mais fortes
que a da morte.
Não. Não é adeus a parte prática. Temos, na grande História
da humanidade, um passado de civilizações que conseguiram, de forma simbólica,
mostrar a parte superior do mundo, da vida, do cosmos, e a nossa parte superior
também. Dentro dessa grande e maravilhosa sabedoria a respeito do sagrado, a
prática, a grande prática que temos em nós como elementos confusos, dos quais,
no passado, conseguiram fazer com que fossem mais que elementos teóricos,
fossem, na maior parte de sua existência, tão concretos quanto a louça que
lavamos... Eram formas claras de pensamentos, eram Deuses nos quais
acreditavam.
Deuses
E dessas potencialidades retiravam o bem-estar de seu povo,
por meio práticas sagradas das quais se alimentavam internamente (e
externamente), como crianças que brincam e nem sabem a hora de comer. Mas
comiam. E quando o faziam, respeitavam cada peça que ingeriam, e pediam bênçãos
aos deuses e a eles agradeciam, mesmo porque cada um fazia seu papel no
universo – mesmo que fosse seu pequeno universo, -- mas que se interligava
junto ao maior e se revelavam educadores dentro dessa religião, a qual estaria
tão presente na família, no trabalho, na guerra, no educar, em tudo, tanto
quanto nós temos a certeza de que estamos vivos, hoje.
Talvez não saibamos mas o homem sofre mais que do todos os
seres na terra, simplesmente porque tem a consciência de seu próprio erro, e
sabe que sua obrigação como ser humano é deter as consequências de sua falhas
passadas, vigiando as do presente. Talvez não saibamos mas morrer no passado
era uma questão da qual não se podia fugir, por isso a tentativa de
entendimento acerca dela, da morte, e hoje, milhões de anos depois, ainda
tentamos ludibriar a morte e a vida, desfazendo de nossos principais conceitos
do saber. É perigoso.
Nesses milhões de anos que se vão seguir, é certo que
estaremos diante das mesmas leis que nos impulsionaram a nascer e a morrer,
porém não saberemos o que estará em nosso lugar para tanto, pois o homem não é
merecedor da vida, ou ultimamente não tem merecido.
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