Artur, o nosso céu. Tão perfeito,
tão justo e tão real, que nos parece um mito. Indecifrável por excelência, a
comandar uma legião de cavaleiros lendários, com os quais se reúne para contar
suas histórias em uma grande távola redonda, nosso Artur existiu, mas não com
esse sentido; mas de tão perfeito e celeste que foi, comungou vários elementos
clássicos e se transformou em um dos mais belos Mitos da História.
Quando falam de Artur e de seus
cavalheiros, falam de um gama de elementos que o próprio universo possui, e que
foram, no passado, esmiuçados pelos filósofos antigos, como Platão, por
exemplo, ao citar no Timeu Demiurgos e Devas. Ou seja, o mito possui elementos
dos quais podemos retirar ideias platônicas, pitagóricas, de modo a configurar
por meio deles a vida do homem.
Artur, como disse, seria esse céu
no homem (o nous). A nossa Alma, sua esposa Guenever, que faria o papel de
rainha, levando todas as características de uma alma volúvel (psique). Lancelot,
a Vontade pura no homem (soma).
O mito, ao trazer esses
elementos, estrutura-os de forma a nos trazer à tona o que realmente deve ser
revelado, não velado. Contudo, por ser tão universal e possuir requintes
além-racionais, somos obrigados a intui-los. E nossa intuição, racionalizada
(ou seja, de acordos com preceitos universais), percebe que fazemos parte dele.
Artur é o elemento desejado, o
ideal humano, e mais, é a simbologia de um tempo que se realiza e depois de sua
queda se transforma em sombras. A causa: a Alma nossa, Guenever, que se
apaixona por Lancelot, o qual significa o corpo, a vontade, que, antes voltada
a Artur, decai, juntamente com a alma, em razão da traição.
A terra, antes, florescida em uma
primavera quase eterna, em meio a vitórias dos grandes cavaleiros, agora
precisa se levantar, encontrar a si mesma, assim como os homens que se
perderam, quando todos os elementos se voltam à sombra.
A parte humana de Artur, aquela
que nos loga ao universo, sofre com as agruras de seu reino, refletindo no
físico, no emocional, em seu astral e o pior, na sua vontade. O que pode levar
o rei a construir seu mundo novamente, apesar de uma alma volúvel e de uma
vontade voltada aos desejos. O que se pode fazer com tais aspectos que devassam
a alma do homem, retirando-o do seu caminho o grande ideal?
Voltamos.
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