quinta-feira, 23 de março de 2017

"Com as próprias mãos"




Um dia, um sábio disse, na relutância perturbadora do homem que tenta encontrar seus mistérios, "É mais fácil um homem construir um foguete com as próprias mãos e ir à lua, do que conhecer a si mesmo"... Nesse mesmo caminho, Platão, filósofo grego, nascido há quientos anos antes de Cristo, disse, "somos um conjunto biológico de pernas, braços e cabeças, sempre na tentativa de sermos o que ainda não somos: humanos".

Há infinitas possibilidades de compreendermos a vida, o ser humano e o universo, mas sempre da maneira racional, de modo que tenhamos a consciência sempre lotada de experiências voltadas àquilo que sempre refletimos: ao que somos.

Será que somos esse emaranhado de peças, que citara o sábio grego? Será que é tão difícil nos reconhecer como indivíduos sagrados e espirituais, como parte do universo, e dele participar? Não são apenas máximas, mas profundidades nas quais devemos mergulhar quando nos encontramos sós, em nossos meios de solidão. Não são máximas, são verdades retiradas de experiências pelas quais eles mesmos, filósofos, passaram, e, talvez. chegaram lá, mas a questão é que não conseguiremos gratuitamente... E isso, se dermos importância não apenas racional, mas total, individual, espiritual tal qual aquele caçador de relíquias que o faz sem cessar, sem respirar, pois se revela dentro da caça, como se ela fosse ele e vice-versa.

Temos que fazer disso nosso ideal de vida, mesmo que tenhamos que abrir mão de algo que nos interessa pouco durante o dia, como uma disciplina que pede pra nascer na semente e não nos damos conta, apenas quando nos bate a sede de religião. E o racional, esse ser que nos engana diariamente, mesmo porque percorre nossa alma e envia à mente informações sem referenciais, pega qualquer coisa, até mesmo rótulos frios em uma sociedade que se julga consciente.

Não somos conscientes ainda, nem mesmo sabemos o que somos e para onde vamos, apenas conjecturamos de acordo com nossos sonhos e cultura, mas, a partir deles, precisamos buscar a verdade que um dia nos deixaram lá trás, e não podemos abrir mão disso.

Os filósofos estão certo em suas medidas e nós, na nossa. Não podemos, por enquanto, acreditar que não somos animais racionais apenas porque não estamos no pico da montanha. Somos buscadores, ainda que trôpegos, de algo que nos incomoda, seja social, familiar, religiosa, humanamente... Somos presunçosos, metidos, medrosos, egoístas, mas, quando pensamos nos próximo, ainda que de maneira breve, um relâmpago nos bate em nosso ser, e salvamos, e ajudamos, e mergulhamos em busca daquele que se perdeu no mar metafórico ou não da vida.

Um coisa, porém, penso, será que há uma via menos estreita na vida para que possamos conseguir chegar ao alto, ao meio no qual se encontram os grandes?... Deve haver, mas, com certeza, é preciso que tenhamos forças maiores que a própria montanha, que o próprio mar, que o vento, a nos conduzir quando tomarmos decisões tão fortes quanto nós mesmos.

É uma vida maravilhosa. 

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