Olhe ao seu redor
A palavra respeito em sua essência significa "olhar ao seu redor", saber onde você está e com quem você se encontra, e isso nos remete um pensamento um pouco mais periférico, maior às margens do que normalmente observamos, de modo a refletirmos sobre nosso comportamento. Onde estou? em cima de uma montanha? em um quarto? em um meio no qual se encontram várias pessoas com modos e pensamentos semelhantes(!) ou diferentes?... como irei agir?
Assim, ao refletir sobre todos e tudo, vem o respeito; em um trem, por exemplo, há pessoas que querem ler, ouvir seu rádio baixinho, ver a paisagem ou mesmo tirar um cochilo; ao perceber isso, temos a nítida certeza de que o momento não é para conversas extravagantes, piadas ou histórias em grupo. Percebemos que o público daquele trem deve ser respeitado, e que nosso comportamento tenha pelo menos algo a ver com eles.
Aqui, não cabe a liberdade mal versada, o gargalhada excessiva, nem mesmo assuntos patrióticos e políticos, além de comportamentos pessoais como esticar pernas em cadeiras, cantar alto a música preferida, fumar o cigarro que incomoda, ou mesmo o beijo sensual na namorada... Pode despertar a falta de pudor em crianças.
O respeito nos faz falar a linguagem alheia que nem precisemos nos comunicar verbalmente. Isso cabe em qualquer lugar, seja na igreja, em cemitérios, na própria casa, quando estamos nos alimentando, assistindo algum programa, enfim, o respeito à pessoa humana parte do principio que não enxerguemos apenas a nós mesmos, mas a todos e tudo. A própria natureza também agradece.
Por outro lado, se estivermos em um ambiente solitário, no qual somente nós e mais ninguém se encontra ou somente pessoas de nossa "tribo" lá estão -- com modos gêmeos aos nossos -- não é falta de respeito ouvir a música preferida em qualquer tom, ou mesmo a sua voz, cheia de falhas verbais, não. Pelo contrário. Pelo fato de se estar só, cria-se a própria lei de comportamento, sempre com vistas a pessoas que chegam e saem.
Às ideias
O respeito mais profundo, no entanto, é às ideias alheias dentro das quais se resguardam experiências, conhecimentos e opiniões relativos, mas humanos. Todos, de alguma forma, os têm. Mesmo o mais exagerado, o mais ingênuo, o menos ou o mais conhecido na sociedade, enfim, as ideias são formas inatas que nascem e morrem como semânticas naturais, mas o homem, único ser que poder capitá-las, as transfere para o seu mundo de uma forma relativa, outros quase que absoluta (esses são sábios), mais na frente, em forma de país, sociedade, mundo...
As ideias não podem ser desprezadas, e sim respeitadas, porque escondem um pouco do que somos, e muito do que pretendemos em relação ao próximo, seja num projeto, seja em um ideal.
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