quinta-feira, 30 de março de 2017

Mistérios no Fim da Caverna




...A beleza em ficar sozinho, escutar uma música de Bach, ou mesmo fechando os olhos assistindo a uma filarmônica, deixando que os instrumentos, um a um, penetrem como brisas em nossa mente e quando menos percebemos frutificando nossas almas, elevando-as ao cume de uma montanha imaginária, ou mesmo ao fim de uma caverna da qual somos obrigados a vivenciar em forma de relativismos e todos os ismos porque passamos, graças às algemas do passado.

Nietzsche um dia nos disse que a solidão é um meio pelo qual o homem começa conhecer a si mesmo, descobrir a Deus -- não o deus pessoal, ao qual clamamos diariamente... -, aquele que se forma em nome dos mistérios obrigatórios com finalidade de nos fazer detetives naturais em sua busca. E quando nos isolamos, em nome desse mistério, dessa descoberta, segundo o filósofo, iniciamos o processo de saída tangencial do que a própria humanidade criou em torno de si.

Ele falava do espiritual. Algo pelo qual somamos nossas forças com vistas a descobri-lo e encontrarmos uma saída para um mundo melhor. Eu digo mais do que isso... Ele indiretamente aludia à caverna de cada um, dentro da qual é preciso fazer sua parte humana para entende-la e descobrir sua saída por meio de reflexões, as quais nos fazem buscar não somente a melhor música, mas o melhor comportamento, as melhores palavras e o melhor sentimento... Quem sabe o Amor.


Platão, em sua imensa caverna alegórica, sempre nos alertou dos sistemas, das pessoas, do mundo e do próprio universo nos quais há sempre limites de compreensão humana, mesmo porque, ainda segundo o discípulo de Sócrates, haverá sempre mistérios que se resguardarão em nome do oculto, do inteligível, de Deus, da grande Inteligência que se expressa por meio de uma Ordem.

E hoje, quando nos buscamos, ou seja, pensamos um pouco em nós mesmos, não no sentido egocêntrico, mas filosófico, a tendência é nos harmonizarmos como aquelas cordas presas no violão, como o sopro na flauta, como os dedos em um piano... Como a batuta na mão do maestro. É singular, é natural e humano.

Esse caminho, não tão fácil como se parece, se realiza em nós em forma de um pequeno (micro) universo que materializa em forma de paz, amor, vida, e porque não não dizer espiritualidade... É o que se chamou, por Platão, de Nows, essa singularidade humana, em que vemos a face divina, por pouco tempo, como se estivéssemos debaixo dágua durante anos em busca de ar, e ao por os lábios para fora sentimos o abstracionismo, depois o desconhecido, após, a familiaridade, e por isso, choramos, e não acreditamos no que vimos e sentimos, por alguns segundos.

Infelizmente, em nome de nossas raízes materiais, descemos ou voltamos ao que éramos antes de nos levantarmos. seres relativos, egoístas, interesseiros, frios, ou às vezes, humanos, os quais percorrem a vida por algum sentido.

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