Muitos, a maioria, amam festas de carnaval; eu não. Não tenho nada contra às pessoas que dela participam, muito pelo contrário, sinto que nelas existe uma coragem quase sobre humana quando colocam suas fantasias, vão às ruas, dançam de sertanejo à música baiana -- não falo muito sério afinal; ficam nuas no final do evento e beijam o que tiver pela frente! E quando chegam à suas casas, deitam no sofá ou na bendita cama, com seus sorrisos férteis de vingança realizada contra os dias aterradores de trabalho, chefe, péssimas notícias, política, vizinhos, enfim, Brasil...
É um misto de fuga de uma realidade que nos surpreende. Antes mesmo de o Carnaval entrar em sua essência, o folião já se sente preso ao sentimento de guerra ao dia a dia, deixando de mão suas obrigações naturais, as quais são nadas mais que nada menos ser feliz em meio ao um muindo (ou mesmo país) que não precisa de uma festa tradicional para se sentir bem. Normal.
Essas, no entanto, não o faz deixar de lado o que uma outra tradição o pede: ser bom com todos, ser feliz consigo mesmo e com seus entes queridos, ou quem sabe com aquele que o chateou durante algum tempo e dele ficou inimigo por causa de um bobagem passageira. Este carnaval faria diferença em nossas vidas.
O Carnaval, a festa, não é de um todo mal. Como diria uma colunista do Estado de São Paulo, eles preferem sorrir a reclamar de nossas mazelas políticas das quais saem assassinos-homicidas, indo às ruas como pessoas felizes, não como seres que não são ouvidos. Concordo. Mas também saliento que pessoas nas ruas, a demonstrar seu nível de insatisfação, de modo claro, definido, como num passado não muito distante, quando a Ditadura nos envolvia com seus braços -- graças a Deus -- não muito largos, havia idealistas em cada esquina, a levar a prática simples de uma cartolina mal escrita pedindo democracia, humanidade, amor ao próximo... O que não se vê hoje.
O Carnaval deve haver sim. Mas depois de passado, que volte a indignação e a realidade na mente desses pobres que não sabem ainda o que fazem em meio a um regime que flexiona nossos sentimentos no pior sentido da palavra, desvalorizando cada passo que se dá em direção aos seus (nossos) direitos. Isso tudo causa um outro sentimento: de invisibilidade. Queremos ser ouvidos, queremos mais; queremos que a real política seja o ponto comum a todos que trabalham não somente por um Brasil melhor, mas também por uma Justiça que não tarda a se firmar dentro do sistema, dentro do homem.
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