...Descobri aquele lugar idílico ao qual se refere Marcus Aurélio, filósofo e general romano, há 2000, quando travava suas piores batalhas e escrevia em seu diário, que depois seria um dos livros mais lidos do século vinte, em "Meditações de Marco Aurélio". Uma compilação de pensamentos nos quais a semântica entre o Eu e o Ser se revelam a cada instante, a cada entrelinha. Uma grande oração.
Não chegamos nem perto do que o estoico romano perpassa, mas, em nossas possibilidades, chegamos, quem sabe, perto de referenciais que nos fazem perceber que estamos na linha reta, ou como diria o mais nobre hindu, no Darma. Não necessitamos de batalhas gêmeas ao do mestre ou mesmo ser escritores com vista a fazer perdurar nossos pensamentos em páginas, ainda que tentamos; precisamos sim de olhar nossas pequenas batalhas diárias como grandes batalhas, nas quais lutamos com nosso único escudo: nosso coração.
Palavra da qual deriva outra de maior porte, coragem, coração é terra desconhecida, mas também sensível ao mundo que se vai nas ondas podres dos interesses humanos, na tristeza dos atos inconsequentes e às vezes de forma voluntária e até mais mortal que a primeira. Contra isso devemos orar, pois somos terrenos ou terráqueos, guerreiros, porém adoradores de vícios, dos quais somos difíceis de sair.
Não menos difícil, no entanto, é entender que há nas orações uma ligação mágica (no sentido mais esotérico do termo) ao mundo idílico de Marcus Aurélio, em nós, na alma, na qual sagrados conceitos se revelam, se edificam quando de perto observamos, brilham em esplendor, como a maior pedra de diamante do mundo, e se completam quando buscamos o belo, por meio de sinfonias, imagens, poesias, pessoas comuns, com ideais simples, ou mesmo, como diria nosso querido filósofo J.A. Livrarga, no fundo de um copo, na boda de um café.
Ali, naquele apaziguador lugar, no qual nos encontramos, permanecemos ao fechar nossos olhos, a pedir ao Criador que nos proteja, a nós e nossa família; que nos dê coragem para as reais batalhas do mundo, como grandes homens do passado, que não criaram situações somente para escrever sobre si mesmo, mas para que possamos entender que mesmo nos momentos mais difíceis de nossas vidas podemos buscar a Deus, em nós.
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