Esses dias descobri porque somos tão voltados à orações. Talvez haja discordâncias quanto ao que vou dizer, mas é sempre bom compartilhar o que se descobre nesse campo. O que descobri é que nelas, na orações, quando olhamos para o alto, para as estrelas, ou para dentro de si mesmo, quando estamos a dialogar (ou monologar...!) com o Criador, tentamos falar conosco mesmos. Não existe aquela fórmula natural de tentar uma conexão com o mais alto, com o ser mais misterioso a que damos o nome de Deus. Se houver, está aqui, dentro de nós.
Mesmo se clamarmos em voz alta, no sentido mais literal possível, estamos acordando nossos sentidos numa tentativa de nos fazer elevar ou mesmo buscar o que tanto almejamos. Nada mais. Ainda que estrelas estejam sobre nossas cabeças ou mesmo quando olhamos face ao chão, como nesses templos hindus, estamos alimentando nossas almas de preciosos pedidos, porém há os que abusam de si mesmo, da potencialidade adquirida de forma inata, e pedem que suas vidas melhorem materialmente. E conseguem. Mesmo porque consegue-se aliar força, vontade e prática em torno daquilo que pediu ao deus. Na realidade, foi a si mesmo.
O questionamento que nos segue ante ao fazemos, que vivemos, é o seguinte: por que então esperamos ajuda de cima, do céu, sempre que oramos? A ajuda vem de si mesmo, que, querendo ou não, possui um religare com a natureza, com o todo, com Deus externo,o qual pode ser plasmado junto de si com inclinações naturais, não necessariamente orações, rezas -- pedidos em particular. Jorge Angel Livrarga, filósofo moderno, com vistas à tradição, um dia nos disse que "Nossa melhor oração é o Trabalho".
Em tudo que fizermos se buscarmos o Bem, a Justiça, o Amor e a Verdade, sempre nos focando naquilo que somos -- humanos -- a própria Natureza se encarrega de nos transformar em seres belos e felizes. A regra também vale para os filhos da ignorância, que desnorteados, sem princípios, sem vontade própria de mudança, esperam algo da vida, serão agraciados com justiça e equidade, de acordo com sua capacidade.
As orações são feitas para nós. E diante do que somos, temos que temer nossas palavras e pedidos, mesmo porque somos sagradas criaturas que têm poderes latentes e não sabemos. Interpretá-los, trabalhá-los em nome de uma boa vivência, já é meio caminho andado. E quando tivermos de olhos cerrados, a contemplar as estrelas internas do escuro do silêncio, na calmaria do grande oceano de nosso microcosmos, sejamos francos e divinos.
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