terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carvão e o Ouro: humanidade.


A Humanidade, como um imenso corpo, tem um caminho. Nela, se encontram seres maravilhosos, seres odiáveis que tentam dominar o mundo, e há outros que são dominados por estes. Há seres que, se fossemos incutir nesse texto, teríamos a eternidade para fazê-lo e ainda não terminaríamos...

Ela é razão dos grandes homens que vieram (e vão vir?) ao mundo com a finalidade de serem o norte daqueles que desejam, dentro desse imenso corpo, o Caminho. Por quê? Dizem os clássicos que temos uma evolução a cumprir, assim como todos os seres viventes – plantas, pedras, animais --, cada um no seu ritmo, dentro de sua grande lei.

Não se pode interferir, jamais, segundo eles, na problemática natural de cada espécie. Há um legado cármico em cada ser, como traz a filosofia indiana clássica. Há, na alma de cada espécie, uma prova histórica, da qual se vive, e razão porque nascem. Há um circulo para cada espécie, e dentro dele subimos e descemos. Muitas tradições demonstram isso em forma de relevos que sobem e descem, a demonstrar a subida e a descida de cada nação em seu período áureo e decadente além de mostrar, esse gráfico, os problemas humanos indo e vindo, em forma de provas naturais, nas quais apenas poucos percebem a sua necessidade.

Percebendo, no entanto, ainda não temos a prova de sua necessidade. Apenas uma racionalidade passageira em que suspiramos quando a dor acaba. Buda já dizia que a “dor ensina”, mas, se prestarmos atenção, apenas a dor natural, não aquela que buscamos, como chicotadas, murros, eletrochoques, paixão ao extremo... Essas criam o vício, e este está fora da evolução humana, e sim da sua involução.

Tais vícios nos distorcem a realidade, são naturezas contrárias a da vida natural, a qual pede que sejamos compassivos com ela, em todo o sentido. Todavia, dentro de nosso meio, a imprensa nos leva a crer que não há formas naturais de se viver, apenas aquela que é feita pelos “amos da caverna”, como diria Platão.

Os amos da caverna, tão implícitos quanto segredos arcaicos, materializam-se em seus atos, nas formas mais incríveis possíveis, desvirtuando a humanidade de seu crescimento, em forma de políticas, religiões, más educações, ilusões, competições, sistemas, urnas... Enfim, se fossemos enumerar os métodos usados em nome da involução humana, teríamos que voltar ao tempo e começar de novo.

Hoje, como eu já disse em textos anteriores, a internet, -- umas das ferramentas tão necessárias à humanidade --, serve para propagar não somente a involução, mas também a destruição da espécie, ou menos que isso... A vegetatividade! Claro que tal meio, assim como uma faca de dois gumes, pode ser usado para o bem da humanidade, e o é, porém os artifícios para o mal são maiores e mais devassadores.

Crianças já nascem de olhos fixos nas telas dos computadores, atrofiando seus pensamentos em relação aos seus deveres humanos, como o de ser bom, justo e verdadeiro, qualidades com as quais só nos deparamos, às vezes, depois que sabemos que nossa vida é passageira.

Mas os amos comandam tudo, têm exércitos de pastores, padres, bispos, filósofos, políticos, os quais revezam, na calada da noite, para saber se suas algemas estão realmente presas à grande caverna.

Mas Platão também diz que podemos nos desvencilhar dela, da grande caverna. Quando cita o individuo saindo aos poucos das algemas, passando pelos amigos, subindo as estreitas vias do local, descobrindo a grande fogueira que dava sombras em forma de gente nas grandes paredes, percebendo uma saída, e, mais tarde, o sol, o qual quase o cegara.

Podemos nos desvencilhar, a cada encarnação, dessas “algemas”. A saída é ser a cada dia mais humano. Tudo isso nos faz repensar o que somos, o que viemos fazer nesse mundo e para onde nós vamos.

Não precisamos (nem adianta) largar nossas ferramentas atuais e partir para a rua, dizendo que não queremos mais internets, televisões, computadores, roupas chiques, trabalho, dinheiro, em troca de algo que queremos ser, ou seja, mais humanos, buscadores, divinos, cristos, avathares... Não, não façamos isso.

Se somos parte desse todo e nascemos em contextos justos, assim como Giordano Bruno um dia nasceu e morreu em uma época maldita, podemos também ser um pouco de Giordano Bruno, Marcos Aurélio, Cristo, Sócrates, Platão...etc, trabalhando um pouco nossas atitudes frente a esse ideal – ser mais humano.

Na internet, sei que é um tanto quanto difícil, mas tente pesquisar acerca de algo que religue com algo que seja bom, cuja finalidade seja chegar ao céu de uma alegria ainda que passageira, mas que seja bela e natural, não viciosa, vulgar, fria, e que mexa com seu corpo, emoção; mas, se mexer com as emoções, que seja para eleva-las, não descê-las ao pior nível. É preciso, nesse caso, abrir o computador com se fosse ganhar uma luta, caso contrário a guarda baixa e você perde todos os rounds, pois há nela – na grande rede – seres que se alimentam de seu vicio, e ganham muito, muito, muito dinheiro com ele.

Nas TVs, programas voltados à família, para não dizer vampirizá-la. Homens que acreditam ser donos de nossas mentes, sorrindo o tempo todo e soltando palavras a torto e à direita com a finalidade de impedir um pensamento sequer de sua parte. Pessoas que vivem em função daqueles que adoram envelhecer enganados. Sem falar na imprensa, tão partidária ao terror quanto os xiitas de aeronaves que explodem em prédios. A televisão nos fez viver menos.

Há os livros tendenciosos. Livros que subjugam o tempo todo tradições, ainda que o autor não as tenham conhecido ou pesquisado sobre elas; livros de biografias inúteis, de seres que nunca jogaram sequer um papel na lata de lixo a vida inteira, e são vistos como heróis, salvadores, cristos, budas...

Nesse caso, precisamos nos referenciar naqueles autores que respeitam as tradições, e naqueles que sempre viram nos heróis os verdadeiros idealistas, não nos atuais, que amam quebrar, destronar ditadores, mas não têm espiritualidade para prosseguir com seu plano de melhorar o seu país. Os heróis antigos tinham planos. Não conquistavam a liberdade por conseguir, mas que era preciso resgatar a identidade daquele povo subjugado em outrora.

É... A caverna é maior que pensamos.






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