sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Submundo, final (?)


Quando observo meu filho, sinto que detenho em mim uma prova maior do que a da própria terra em rodar em translação e rotação, para todo o sempre. Meus movimentos são andar em linha reta, com ânimo, com paz, respeito a mim mesmo e ao próximo; amar a mim mesmo, me dá valor, entender que ainda sou um pingo dágua em busca do oceano perdido – o qual ainda irei encontrar.

Sei o quanto sou incoerente com meus princípios, pois estes estão acima de nós como formas arquetipais, pedindo e implorando-nos para se ter um lugar em nossas almas nobres (ou pobres), nas quais existem elementos que sempre nos atrapalham em olhar para cima, e cair em devaneios pelo velho mundo...

Ainda sei o quanto somos incoerentes em nossas teorias humanas a respeito dos valores que nos fazem (ou pelo menos tentam fazer) humanos. A busca por eles deve ser desenfreada, sem respiração, caso contrário, estaremos dando margem ao ódio, a desesperança, a dor em excesso, a injustiça e ao mal propriamente dito.

A questão é que somos... Incoerentes. Temos que levantar a âncora dessa mentira que se instala em nossos corpos desde pequeno, que nos faz desalinhados, fora da rota de colisão com o Amor e a Verdade.

O Titanic bateu em um iceberg e afogou mais de setecentas pessoas, mas nosso navio-homicida nos faz sair da rota e bate em icebergs muito maiores, o da desumanidade conosco mesmos, assassinando milhões por ano – é só observar no rosto dos mortos-vivos, todos os dias, interagindo em internets, assistindo a reality shows, dormindo assistindo a sábios apresentadores de domingo, etc...

Somos tão incoerentes, que cuspimos no chão, jogamos papel ao ar livre, maltratamos os amigos, criamos filhos sem querer, mal educamos a nós mesmos, depois... mais filhos!

Enfim, a realidade do fosso mora em nós. Nada melhor que encará-lo. Dizer: “vou tentar, todos os dias, sair dele”, mas tentar... tentar... faz mal. Temos que conseguir nas vias mais simples até a mais estreita, da hora em que descobrimos que estamos sendo enganados, até a hora da morte – a qual divaga entre paraísos, infernos e reencarnações. O que nos dá uma boa margem para conseguir, porque, se formos para o inferno, é possível que não seja tão pior quanto o que vimos e passamos aqui. Pelo contrário, seremos o bam-bam-bam de lá e, quem sabe, tornaremos o inferno um lugar aprazível! Kkkk!

Quanto ao céu, bem... Não era o que eu procurava, porque fica chato demais dormir a acordar sem ter o que buscar – porque, dizem, o céu é o limite! O céu, pra mim, seria o inferno, kkkkkk! Quanto à reencarnação, temos que dizer uma coisa, estamos ferrados! Poxa, tentar de novo, de novo, de novo... Seria chato, mas só pelo fato de acordar, ver o sol, sentir o cheiro da terra molhada, da chuva caindo nas tarde de sábado...Puxa, que maravilha!

Mas não é só isso, não. E não é mesmo. Os dragões, as cobras, os leões, as onças... esperando você criar uma mentalidade formal a respeito de algo para que te restrinjam a fala, o grito, a alma... Mais do que isso: quando você nasce, quando você pensa, começa a falar... Já está em uma jaula completa de animais ferozes, tentando te ensinar o contrário da vida...

Não quero criar desesperança, mas ela reside em nós. E, a partir de nós, é que transitaremos em paraísos terrenos ou celestes – depende da cultura. Mas adoramos criar infernos, daqueles que significam o pior meio de se viver. Não gostamos das pessoas, não gostamos do mundo, de trabalhar; só amamos quem nos faz um favorzinho...; não vivemos de acordo com nossas leis, vivemos como animais, a cada dia que passa, e estes, a cada dia mais humanos – será que teremos uma real revolução dos bichos?! Kkkkkkk!

É possível que nossas revoluções pessoais caiam no fosso e não voltem mais. É possível que as teses cientificas de que o mundo não tem volta pode ser verdade; mas não acredito nisso, porque não somos donos do universo e não podemos criar leis apenas porque somos infiéis a ele.

Acredito em ideais humanos de evolução pessoal; que neste ideal, podemos transcender e encontrar a paz real em nós. Tal ideal, todavia, não se consegue de um dia para outro nem mesmo de uma vida para outra. Há dificuldades de caráter a serem sanadas, e mais, há dificuldades até mesmo de ser ‘ser humano’...!

Acreditar, no meu caso, pelo menos, não tem muito efeito. Pois me perdi em ideias e em opiniões fora do senso claro; perdi as práticas de observar a flor, o sol, o cântico das aves, e ouvir as pessoas; hoje, nada mais sou que um filho do desespero em busca do pai sossego. Por isso, talvez, eu tenha baixado a guarda e direcionado minhas experiências a coisas sem sentido, e, quando o ser humano faz isso, o fosso se abre aos poucos em forma de pensamentos de práticas, de conversas sem sentido, e quando menos se pensa... O submundo está te dando parabéns.

Hoje, querem nos dar um sol mentiroso, um ar artificial; querem nos dar até mesmo amigos de mentira. Hoje, querem nos levar a crer que somos parte de um bem, mas realidade é um mal interminável, e eu queria dizer que, enquanto houver sábios, homens de realmente bem, de seres iluminados, avatares do passado, os quais um dia vieram apenas para dizer que o Amor é tudo, terei o prazer de dizer que tenho a honra de ser um ser que anda, que fala, que pensa, que ama, que vive, que corre, sorri, que faz o bem, sempre em nome de uma esperança que rascunha nossa alma, apesar do crescimento diário de submundos e de seus discípulos.



À Carla.

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