Hoje é o ultimo dia de minhas loooongas férias. E como perceberam, não havia outros textos senão aqueles de dezembro de dois mil e dez, para trás. Fiquei sem meios para blogar. Minha internet ficou de férias, assim como eu. Mas, não querendo ser prolixo, foi até bom, porque pude refletir acerca daquilo que escrevi no passado, e de meus atos neles referenciados – às vezes vice e versa – não tem como ser diferente, somos aleatórios demais e precisamos nos basear em algo fixo, ainda que esse fixo sejam textos utópicos. A utopia precisa de credibilidade...
No entanto, a tônica deste texto não tem nada a ver com referenciais, e sim com meu filho, esse reizinho, para o qual vivo e me inclino a repensar meus valores, minha vida, enfim, tudo. Esse ser que me levou a dar uma volta em mim mesmo e descobrir que somos feitos de obrigações muito mais que direitos. Me fez ainda repensar meus critérios ao ter um filho, uma filha, uma esposa... ou melhor, mais uma vez, refletir sobre o papel do pai, da mãe e dele próprio – meu filho. Foi um “passeio”.
Foi mais que isso. Uma experiência voltada ao fortalecimento do caráter, do físico, do emocional, do coração... Não foi circunstancial, ou seja, um encontro voltado a uma união de duas pessoas apenas porque não havia outro jeito – quem quiser que acredite, contudo prefiro dizer que a lei maior nos uniu com a finalidade de nos conhecermos um pouco mais, e nos tornarmos mais pai e filho, no sentido mais amplo que se pode pensar.
Quando se abre esse leque, qualquer necessidade extrema se torna uma alegria, uma viagem numa onda semelhante à desses surfistas que fecham os olhos no tubo criado pelas imensas salinas marítimas. Foi mais que uma necessidade, foi filosófico.
Hoje, com dois anos de idade, suas palavras soam como descobertas a cada instante. Ele olha, pensa, fala e sente a necessidade de pronunciar a parte léxica com a semântica, mas não o faz. Na realidade, imita o que o falamos, de forma bela, com seus lábios meio fechados, outra vezes abertos demais, quando palavras mentalizadas são fáceis de repetir. Assim, nessa tentativa hercúlea, quebra seu próprio medo e grita. Haja ouvidos!
Com a idade de dois anos e meio, nada mais do que desorganizar o que se organiza pra ele. É um meio para chamar a atenção. E eu, seu pai, nunca me abaixei tanto para pegar, levar, trazer... Tentando lhe passar que tudo tem o seu devido lugar... E mais tarde, mais crescido, perceberá que não somente os cubos, mas também as esferas, as partículas (como legos ou não) se encaixam em determinados lugares, se formam, viram corpo, alma, universo... Deuses! Enfim, sempre se transformam ainda que não as observamos.
Mas Pedro precisa ser desorganizado. Ele é criança! Precisa adentrar naquele mundo do ‘desencaixe’ e saber o que tem dentro, assim como nós que, um dia crianças, fizemos o mesmo, mas, hoje, desenvolvemos a pesquisa, descobrimos coisas, vivemos em função da verdade que há na vida, e que precisa ser descoberta, ou pelo menos dentro de nossas possibilidades!
Assim entramos na esfera psicológica, fazendo comparações metafóricas e até transcendentes em relação a nós mesmos. E a criança que nos ronda – no meu caso, o meu filho – serve de parâmetro para o crescimento, desenvolvimento e até evolução do humano adulto. Chegamos a entender que ainda possuímos brinquedos dos quais não nos separamos, como nossos carros, aquele que não emprestamos nem mesmo a nossa mãe; às vezes, de nossos brinquedos que deixamos para trás e ao mesmo tempo trazemos sua figura em uma conversa, e até mesmo na hora da compra do brinquedo do filhão rs... É somos mais crianças que pensamos!
Mas o apego fica dentro daquele baú interno, do qual nem mesmo você abre. Lá existe o ursinho, o dragão, o boneco... etc, etc, etc , e você acredita piamente que cresceu, ficou maduro e pode enfrentar o mundo com seus terrores, assassinos, não, não pode.
Um exemplo dessa jornada ao centro de nós mesmos é a animação Toy Story, bem divulgada, vista e revista e elogiada por críticos e não críticos de cinema, na qual o Studio Pixar talhou essa realidade em todos os aspectos, levando-nos a uma viagem interna, na qual apenas você e você sabem da realidade que se passa em seu coração ainda cheio de algemas pelos bens que ainda te deixam criança eterna.
Nela, na trilogia, somos vistos no Woody, no Bus, no Wendy – menino dono dos brinquedos-personagens, dos quais se desenrolam aventuras incríveis, nas quais a tônica maior é o amor, a amizade, o carinho de um Cowboy de brinquedo ao seu dono, além da profundidade com a qual é exposta a emoção do abandono, do apego aos nossos valores arcaicos, dos quais nunca nos desfizemos e jamais o faremos.
No último episódio, há essa separação das algemas e do grande ser humano, quase iniciado, Wendy, talhado em um menino com um pouco pais de dezessete anos, que vai pra faculdade e tem a grande dificuldade em deixar seus brinquedos amados – que, quando criança, levou a sério todas suas aventuras ainda que lúdicas a nosso ver.
Mais uma vez a arte (ou animação) imita a vida.
(volto no próximo texto)
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