sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na casa da Mamãe...


Sabe...às vezes me bate uma saudade de minha família... É como se ela não existisse, pois sinto tanta falta dela... Aquele núcleo inspirado em fazer alegrias nos fins de semana, e quando no meio... parecia que a sexta-feira (ou sábado) tinha mudado de lugar. Mas não... Era realmente um bando de filhos nordestinos, cuja mãe, de aparência forte e bela, não se entregava e caía na risada dos marmanjos. Meu pai nunca foi assim, mas temos grandes lembranças dele – e que lembranças!

Um senhor alto, de cabeça triangulada, bigode firme, andando claudicante, cujas experiências teríamos que usá-las e fazer um filme de um grande pioneiro que ajudou na construção da Cidade do Futuro; mas o que nos fazia lembrar dele, e rir, eram o seu jeito sutil e elegante de lhe dar com as pessoas e animais. Na realidade, não sabemos se ele fazia distinção rs, era tudo a mesma coisa pra ele!

Chutava cães, pessoas, corria atrás de filhas para bater, batia, ameaçava quebrar tudo... Não quebrava, bebia muito. Depois de doente, começou a cuspir seus pigarros de outrora, tanto que tivemos que colocar jornais ao seu lado, sempre que se sentava. Depois de doente, ainda, trocava os nomes das pessoas por carros – sua paixão. Os carros, que fique bem claro!

Enfim, tudo isso é natural a uma pessoa que não tivera oportunidade de estudar ou mesmo passar perto de uma sala de aula. Quanto às pessoas, criou ódio delas em razão de sua infância que não fora umas das melhores, pois sempre teve que obedecer a seus parentes, e nunca tivera uma vida digna quando se refere a esse contexto. Todos, sem exceção de seu núcleo, eram pessoas que não tinham amor à família, e nunca pensavam em se unir para um dialogo básico. A união nunca foi o forte de meu pai por isso. Resultado, foi obrigado a vir para Brasília, ainda em pedaços, ajudar na construção.

Por outro lado, minha mãe tivera pai e mãe amorosos, dos quais ao se lembrar as lágrimas ao seu rosto vêm. A dona da casa sempre teve seu pai; a mãe morrera cedo. E pelo amor a ele, trabalhou muito em casa de famílias, estudou muito pouco e não pôde continuar. Hoje, ao me ver com um livro, sempre se vê na mesma situação, porém com um ar saudoso. Ela desistiu dos projetos para criar os filhos – João (falecido), Mundão, Rosângela, Rejane, Rosemeire, Reginaldo (eu), Ruth e Rosemar – os quais são sua preciosidade e que jamais lhes deixou em momento algum --, e que nunca, jamais, desistiu de torná-los pessoas de bem. E acho que ela conseguiu.

E todos eles, em fins de semana, ou de preferência em uma data comemorativa, iam cantar e dançar ao som dos anos setenta, que eu fazia questão de manter como sonoplastia da grande família. Ver Mundão contando lorotas – todas elas repetidas, mas com saber agradável, bêbado, dançando, é apreciar um ser que, além de tentar ser um grosseirão, educado nos parâmetros que ele mesmo criou, é ver uma pessoa de bem com a vida, com a família e com todos. Na parte dos homens, se ele faltar a alguma reunião nossa, minha mãe passa o dia mal, assim como todos que não adimitem rs.

E quando se juntava a João, ninguém sabia o que ia dar, pois, juntos, os momentos eram de descontração geral ou briga total. Mas sabemos que nossa mãe lhes dera princípios básicos, os quais diziam: ‘briguem somente aqui em casa’.

João, quando chegava, trazia sua música, trazia sua alegria, mas não trazia sua cerveja, rs, o que dava margem para mais briga... Também me lembro dele dançando como um “bailarino” pisando nos próprios pés, e do seu sorriso solto, além, é claro, das blusas repetidas que nos fazia assombrados pela dedicação – as do Fluminense. Ele poderia abrir mão das festas, das loucuras lá de casa nos fins de semana, mas nunca tirava as blusas do Flu, nem mesmo em batizados.





...Continuo no próximo texto.

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