terça-feira, 10 de maio de 2011

Esquecidos

Lembra-se dos heróis do passado, aqueles que gritavam por liberdade? Lembra-se das vozes que cantavam e contavam histórias em torno das fogueiras? Lembram-se do fogo que subia ao som do alaúde afinado, que transformava a festa da colheita em sonhos reais? Lembra-se das crianças que dormiam cedo, sonhando, ouvindo pai e suas histórias de heróis e amor?


Lembra-se do homem que amava a mulher tal qual uma religião, e a esposa, dedicada, senhora de si mesma, o fazia com amor todas as formas de obrigação da mulher, porque sabia que a harmonia era tão fundamental tanto quanto qualquer interesse humano? Lembra-se das instituições que não eram rotuladas como a, b e c, mas sim como instituições que auxiliavam a família e a sociedade, indiscriminadamente?


Lembra-se da juventude, tão fiel à educação materna e paterna, tão forte e cheia de hombridade? lembra-se daqueles que respeitavam os anciãos e suas vidas? Lembra-se dos jovens cuja iniciação era o confronto entre o touro e o leão, não em drogas e experiências sem volta? Lembra-se do jovem que se comunicava com Deus ao olhar os mistérios do céu e da terra? E daqueles que participavam dos embates tais quais os grandes guerreiros, indo à batalhas e voltando sorrindo à mãe?


Lembra-se do amor, aquele Ser que se expandia sem preconceitos, sem vaidosismos; que tomava espaço entre os seres vivos, natos e inatos... Daquele sentimento rico em pureza que se confundia com o sorriso de uma criança, com o nascer de uma vida, com a união, a paz...? Lembra-se da Verdade, essa tão confundida, pisada, omitida, presa..., a qual servia de sustento a nações douradas, nas quais ela, a Verdade, era um Ser representado por deuses, cujo olhar era o mais duro e sério possível?


Lembra-se da Beleza, esse ser tão confundido com estética, cultura, moda, tinha a finalidade de demonstrar os reais palcos da natureza, no qual estaria ali o Ser do homem, sem pretensa mudança, sem o pretenso interesse, mas apenas dizer aos seres que ela passa, mas ao passo é eterna quando se observava o sol, a lua, os mares, a vida...?


Lembra-se da coragem, quando esta viria sempre seguida de atos honrosos, fiéis ao uno, a Deus, a Si mesmo? Quando o medo nada mais era que passos lentos em direção ao real caminho? Lembra-se da vida, quando esta era real vida, sem precisar ser a loucura em montanhas, em boates, em internets, sites, seguidas ou não de atos sexuais?


Lembra-se da morte sem medo – com ou sem dor? Lembra-se das orações ao sagrado, antes de qualquer ato, frente à vida, frente à própria morte? Lembra-se de Deus, aquele ser que te faz eterno? Aquele que se vê nas rochas, embaixo delas; nos mares, nas enchentes, na paz, no amor, nas guerras, nos conflitos, no sagrado e no profano? Lembra-se Dele?


Lembra-se? Então podemos continuar a viver.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....