sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inconscientes Coletivos



Sabe, acho que vou me especializar em falar sobre jovens e suas peculiaridades! Não tem como passar por determinadas coisas que são literalmente relevantes àqueles que desenvolvem pensamentos acerca de si mesmo, sem tentar entender o porquê da vida e suas consequências. Calma, o recado ainda não é esse!

Primeiramente, devemos esclarecer que a vida independe de nós. Ela se estrutura a partir de uma inteligência superior a qual jamais saberemos como e porquê dela tudo sai e nos envolve em um sentido – seja do ônus ou do bônus.

Assim como uma célula que se desenvolve no universo e dá origem a várias outras, temos embrionados, em nossas estruturas biológicas, células que viram coração, ossos, sangue... E dentro dessas temos outras que se desenvolvem e falecem, e é claro, se não cuidarmos, quanto antes possível, vão antes do esperado.

Mas o ser humano tem pensamentos, consciência; tem astral, sentimentos. A mesma célula, que se desenvolve no biológico, não é a do emocional, porém a criamos, ou mesmo a criam em nós de maneira que ficam embutidas até a nossa morte, ou mais, se não fizermos algo a partir do momento em que dela tomamos informações, acabou.

C.G.Yung, psicólogo, chamava de Inconsciente Coletivo o que fica de legado em uma sociedade, em um grupo ou mesmo em uma família. Tal legado pode ser um defeito com o qual lidamos desde a infância e que a família (sociedade, grupo...) lida com isso da maneira mais normal do mundo sem que façam algo para quebrar tais defeitos.

Yung talvez estivesse se referindo à Caverna platônica, na qual diversos indivíduos estão presos a valores que, desde a infância, acreditam que são reais. Na realidade, eram sombras... Não valores.

Desta caverna sai o individuo, vai até a saída – depois de ter lutado muito com suas algemas – descobre a realidade do sol, das montanhas, do mundo. Assim, após a saída do inconsciente do qual nascera, tenta voltar e relatar o que vira, contudo, não lhe dão credibilidade... Tudo muito simbólico.

Em nosso nível – bem por baixo mesmo – temos formas de inconscientes coletivos. Em nossa sociedade, quando a política nos faz de mamulengos (bonecos sem vida, manipulados pelas mãos humanas), quando a religião não nos dá a oportunidade de questionar acerca de Deus, ou mesmo quando os fatores históricos da humanidade são jogados ao lixo e ficamos apenas com o paradoxo Deus e o Diabo, em uma luta eterna e mitológica...

Mais embaixo, temos a família, esta tão importante, tão fundamental em nossa educação, em nossa primeira atividade profissional, em nosso comportamento além-casa, em nossas escolhas, temos – pela importância – inconscientes tão perigosos quanto o da sociedade e religião, política, etc.

Na família, como a de se esperar, pais e mães querem o melhor para os filhos, filhas, cães e gatos. A depender deles, os filhos jamais crescem, se desenvolvem e nunca saem de casa. Para eles, teríamos que ficar sempre debaixo dos cobertores pedindo o café; para eles, tínhamos que ser sempre os pequeninos que correm em direção aos seus colos, seguido de abraços apertados. Para eles, jamais trabalharíamos, estudaríamos, andaríamos no chão (sempre em seus colos), nunca nos apaixonaríamos e nunca, se for homem, conhecer outra mulher – e se conhecer, deveria ser semelhante à mãe; e se mulher, nunca tocar na mão do primeiro marmanjo que encontrar (hoje se pega em tudo, menos na mão!).

O inconsciente que os pais nos trazem vem de muito longe. Vem de uma educação que eles receberam ou querem nos dar porque sempre visam o nosso bem. Por tudo isso, temos jovens e adultos, hoje, que se questionam acerca de seu comportamento quando deparados com empregos, estudos, relacionamentos, enfim, há algumas coisas que são e serão influenciadas por um inconsciente que beira mais ao desastre social e religioso do que mesmo para a própria evolução pessoal e humana.

Pessoal pelo fato de que a pessoa não consegue se impor na vida. Lá em seu âmago (alma), ela sempre terá a necessidade de alguém (um pai, uma mãe, ou mesmo um irmão...) fazer algo que ela não consegue, porque nunca deram a ela oportunidade. Não é medo. É uma realidade que precisa ser quebrada e ao mesmo tempo entendida como algo necessário à vida, pois esta é feita de embates, combates, conflitos, guerras pessoais ou não. E o jovem que nascera nesse manto tem receio de fazê-lo porque vem de família. Tem receio de questionar o que a mãe ou o pai não questionaram há séculos; assim o circulo vicioso se faz. Nós nos acomodamos e, quem sabe, o pior de tudo, gostamos.

No quesito evolução humana, temos que observar que é preciso e necessário que passemos por toda essa problemática sem que, um dia, precisemos de nossos genitores, ainda que queiram o nosso bem. Até mesmo pássaros jogam sua cria para fora do ninho com a finalidade de vê-lo voar sozinho, outros até, que vivem em longos precipícios, assistem ao filhote morrer, e prosseguem suas vidas... Nossos pais talvez tenham medo da morte e não nos “jogam” para nossas obrigações!

Na antiga Esparta, uma das mais disciplinadas cidades Estado, ao nascer, a criança ficava entre a mãe e a criada, para que não se acostumasse muito com o colo da mãe; ao crescer, e com seus treze e quatorze anos, teria que se preparar para as batalhas de sua idade. Qual? Confronto com o inimigo. Para isso, lidava com leões, touros, como forma de iniciação e crescimento humano. Pois sabiam os espartanos que o jovem tinha energia de sobra e instintiva para lidar com o mundo...

Não somos espartanos, nem chegamos perto, mas temos, por necessidade de evolução, sair do colo da mãe (hoje, há crianças com mais de quarenta!), ir ao encontro do nosso destino, que é o nosso sol – seja ele um emprego, um curso, um estudo mais aprofundado, mas para isso temos que nos desgrudar de nossos inconscientes, por que cada um de nós é diferente um do outro e temos um caminho imenso esperando pelos nossos sapatos e suas solas. Temos que despertar forças ocultas através de energias mais ocultas ainda, pois o inconsciente coletivo é forte e possui garras pavorosas dentro das quais acreditamos ter o suficiente para ser feliz. Não somos.

O inconsciente nos trás a felicidade pronta. A felicidade dos pais, dos avós, dos tataravós, e etc. A nossa felicidade vem daquela força de quebrar as algemas e prosseguir e viver nossas próprias experiências, não a dos pais, dos avós, dos irmãos, mas a nossa experiência. E quando por ela passamos, aprendemos, vivemos, e sem querer aconselhamos nossos próprios filhos...
É a Glória! Como dizem os crentes.




Á MCC

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....