sexta-feira, 29 de junho de 2012

O Mito por trás do Homem

O mito sempre vaga nos lugares mais inóspidos do mundo: como no coração do homem.
(Último texto antes das merecidas férias)

Há muito conversamos a respeito do mito – esse legado doce que ultrapassa as portas do tempo, e nos abre muitas outras ao conhecimento – e nos inclinamos sempre a nos perguntar “pra que serve o mito?, se ele ainda persiste em nosso tempo com os mesmos objetivos do passado?”... Será?
Não sabemos. Apenas sabemos que no passado foi uma forma de ponte natural que as civilizações criaram com o objetivo de entender o universo no qual nascemos, morremos, e, para muitas culturas, voltamos... Sem falar que vários mitos nos contam histórias assim, de personagem que um dia fizeram parte de um meio e que, mais tarde, tornou-se um mito, não no sentido atual, como se entende, isto é, de um homens que fizeram da música, da escrita, da guerra sua história e mereceram ser rotulados de mito...
Não. Na realidade, não podemos aqui ir ao encontro desse conceito, que titubeia entre o homem que é lembrado apenas como uma figura hodierna, porém que não tenha passado nada mais do que uma sua personalidade voltada àquilo que fez..., outras vezes, a palavra mito refere-se a algo que não existe (um mito, como dizem), e que nasceu como forma de tabu criado pela própria sociedade, a qual pode, mais cedo ou tarde, dele mesmo (do mito) se desfazer, quebrando-o .
O mito quando se referir ao homem deve, por sua natureza, ter aspectos simbólicos profundos retirados de histórias de culturas que há muito sobreviveram necessariamente como ele, não sem propósito, muito pelo contrário, sempre com a finalidade de o homem entender a si mesmo e ao universo que o circula.
Um grande exemplo disso seria quando Hércules, o grande herói dos doze trabalhos, nasceu. Já havia, segundo conta a história, muitos com outros nomes em civilizações diferentes, mas sempre dentro do interesse de cada uma, o que não quer dizer que seria completamente diferente em sua ideologia religiosa (não confundamos com o nosso conceito...), social, político... Enfim, o que sempre diferi-lo-ia era a aparência, mas a essência era mesma...
Hércules
Conta-se que houve um grande herói de nome Heracles na Grécia, que mais tarde, em Roma, dar-se-ia o nome de Hércules, em razão de uma pronuncia a qual os romanos não tinham familiaridade, porém, os dois tinham os mesmos trabalhos, tais quais heróis guerreiros que um dia iniciaram sua luta mítica sempre em torno de um trabalho que o levaria à imortalidade.
O Hércules, em sua origem pessoal, veio talhado de um povo que necessitava de um herói, e que um dia o encontrou em um homem simples, porém forte, belo e que não tinha medo de nada, graças a maneira como fora criado. Foi mais ou menos assim... Depois de matar um suposto monstro, o simples homem se vai, deixando apenas rastros de ingenuidade, coragem e heroísmo por fazer algo que há muito o povo rumes, significando a todos, deuses atemporais, não poderia ter feito... Eliminar um monstro que há muito atormentava a comunidade...
Depois, tornou-se uma lenda. Foi falado e amado em todos os lugares nos quais era lembrado. E foi crescendo e se tornando um personagem maior que o próprio nome, maior que o próprio homem... Hércules tornou-se um semideus, após criarem formas poéticas de suas lutas nas quais ele teria que superar a si mesmo, realizando feitos em nome dos deuses. Tornou-se um mito.
E assim, já como filho de Júpiter, o deus dos deuses romano, o semideus fora realizando trabalhos que, em sua essência, não tardariam em religar-se com o universo, pois explicavam o inicio das constelações – de câncer, de leão, a matemática da vida, os pormenores que um dia eram evidências simples, mas que ainda não tinham respostas esotéricas, e mais... Muito mais.

 
Os Hércules de hoje
Assim como Hércules, que realizou seu trabalho para se tornar imortal, o homem de hoje busca também tornar-se imortal, mas sendo lembrado como um político, um religioso, como um empresário que se reestruturou em velho e iniciou uma jornada em direção ao bem; quer ser lembrado pela caridade que fizera em vida, ter a satisfação de elevar-se em multidões, seja de incautos, ou mesmo de intelectuais, com suas máximas – as quais são sempre baseadas nas antigas, porém revigoradas para o seu moderno viver...
O homem-mito de hoje quer sobreviver em evidência, em nome de um povo iletrado que o amará pelo que fizera por simples obrigação natural, porém, graças a um mundo em frangalhos, ganha e obtêm o direito de ser lembrado eternamente, às vezes por uma ponte que construiu, por uma casa que presenteou, pela bondade a uma família, por canções que um dia fez, pelo cabelo moderno que um dia usou, pelas palavras fortes que pronunciou...
Enfim, o mito de hoje é o homem que quer ser lembrado. Contudo, pelo simples trabalho que outros grandes homens fizeram, os homens-mitos olham para trás e observam que até mesmo os maiores generais da história e os grandes heróis de guerra não foram tratados como mitos, mas como seres humanos que realizaram suas tarefas sempre em consonância com o mito (real) a que se referenciavam e obedeciam.
O homem-mito do passado se configurava em torno de ideologias maiores e com um propósito ainda maior. Suas guerras não eram genocidas, sua educação não era meramente informal, mas com formato voltado ao caráter humano, às vezes transpondo limites em idades tenras a depender de sua cultura que dele exigia a vontade, a força e a realização – aqui, nada melhor para basear-se nas realizações dos heróis míticos, pois tinham elementos que religavam o  simples soldado ao grande feito.
Por isso dir-se-ia que Julio César era um semideus, pois, em cada batalha, realizava ações míticas (que nem mesmo os seres mais simples compreendiam) de tão belas e sobrehumanas que eram. Assim o foi Alexandre da Macedônia, Marcus Aurélio; e no Egito, Ramsés, dentre outros faraós que realizavam  façanhas tão fantásticas, que, até hoje, duvidam deles e os chamam de mito.
E estão certos. Todos eles brilham no céu de nossos sonhos como figuras que nos norteiam como estrelas que vão a nossa frente sempre a nos levar para outros sonhos, o de nos transformar em deuses. Esse é o papel do mito.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Canibais Modernos


Vamos refletir antes de dormir


Num passado não muito distante, havia tribos indígenas (de pigmeus) que se alimentavam de tudo, até mesmo de pessoas, diferentemente de outras que se restringiam apenas a animais, plantas. Não se sabe se é lenda, mas, ainda que nos reportamos a palavra canibal, sentimos um frio nas veias que percorre o corpo todo só de pensar o que ela significa...

No entanto hoje, fazendo parte de um contexto mais simpático, a mesma palavra pode se encaixar em outras circunstâncias nas quais o próprio homem moderno pode, vamos dizer..., exercê-la. Eh, é verdade! Pois não muito longe daqui, temos exemplos de canibalismo moderno, que sintetiza o comportamento nosso de cada dia em relação ao próximo...

Em repartições, em seções, nas ruas, nas estradas, o ser humano – não os pigmeus, claro – quando provocados no seu limiar, no chamado “calcanhar de Aquiles” – vira o chamado “bicho”, do qual ele tinha tanto medo quando criança. Simplesmente porque um dia um transeunte, um carro qualquer lhe passou a frente de maneira brusca, outras vezes, porque o chamaram de algo que lembrasse um outro bicho (mais feio), e entre outras coisas como simplesmente pisaram, literalmente, em seu calo!

Claro que são situações amenas diante de muitas nas quais um dia podemos contar aos nossos amigos, filhos e netos, mas são as pequenas que se transformam em bolas de neve quando não tratadas a luz de uma maturidade humana.

Se sabemos que estamos em lugares em que há pessoas com diversas educações, de diversos níveis, isto é, desde aquele que lhe dá um sorriso, até o mais animalesco possível, porque se chatear?

...Não tem jeito... O canibalismo aflora! Nos chateamos, partimos para cima da vítima e a comemos no tapa, nas palavras de baixo calão, chegamos a pisar em seus sentimentos, esquecendo-nos de que por trás daquele ser existe uma possibilidade universal de nos conhecermos bem melhor.

Enquanto isso não acontece, exemplos de ódio se alastram em forma de simpatias falsas, de sorrisos de Monalisa, em abraços políticos, em segredos cruéis que deixam o mais frio humano à beira do abismo do suicídio.

E como em uma batalha, após o sangue simbólico ao chão das agonias astrais, vem a dor de ter falado em demasia, a sutileza em reconhecer, lá dentro da alma, que o maior erro humano é a falta de tentativa de ser verdadeiro no sentido mais humano da palavra... Não como um verdadeiro animal, ou mesmo canibal, mas humano.

O medo, no entanto, de frustra-se e sair “perdendo” em discussões, nos faz partir para cima da presa como predadores tão terríveis quanto àqueles que vivem na selva africana. Pois, pior do que o leão, do que um jacaré, é um homem que possui consciência de seus atos maus e o transforma em arma para dar medo aos seus semelhantes... O leão impõe respeito, assim como outros predadores o fazem. Não porque devoram suas presas, mas porque há uma lei que o faz ser respeitado acima dos animais...
E o homem, por querer impor respeito por suas palavras e comportamentos vis, está  descendo as escadas da evolução humana, e se tornando um monstro moderno.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sustentabilidade, o Equilibrio.


Um gotícula, um príncipio.



Ao ouvir uma música, fecho os olhos e penso na natureza de cada instrumento. Nada substitui a harmonia, o equilíbrio de uma orquestra que traduz, em forma de som, quando chega ao extremo de nossas almas, a espiritualidade, lá na consciência mística de cada um de nós.

E quando abro os olhos pela manhã, sinto uma fresta me bater na face ainda cerrada pela penumbra que se encerra aos poucos, até que o quarto todo, ainda hermético, se torne uma caverna iluminada pelos poucos raios que nela adentram. O sol, simpático, disciplinado, obediente às leis naturais, nunca perde a hora, o dia, e nunca deixa de cumprir o seu grande papel justo, vocacionado, e belo, nos dando uma alvorada no fim da tarde. Isso, todos os dias...

Nele, nesse grande disco solar, o equilíbrio e a harmonia com tudo e todos é de tão fácil compreensão que nunca nos questionamos a respeito de um dia ele, o grande disco (se pudesse, claro) um dia cansar-se de levantar-se, e dormir, ao som da grande música vital, a qual não ouvimos, mas que há em cada pétala de rosa iluminada... Temos a certeza de que se houvesse esse cansaço, morreríamos em pouco tempo, ainda que houvesse tempo de construir um “sol particular” à humanidade, pois o real, este que se esvai como um rei, deixando rastros de beleza e ética, jamais pode ser substituído...

O sol, a chuva, as cataratas, as montanhas mais altas e incríveis do mundo, as geleiras, e a própria terra, não dormem, não descansam, não questionam, não se suicidam, mas fazem parte de uma Filarmônica Divina na qual todos possuem seus violinos, violoncelos, pianos, flautas, sem falar nos corais de pássaros, e de suas árvores dançarinas que nunca param de bailar ao som das brisas simples ou aos ventos fortes.
As árvores, em si, trabalham em prol de nossa natureza, e não pedem férias, e quando adormecem aos olhos humanos, estão apenas, aos divinos, sintetizando a vida dentro de si, a fim de que mais tarde frutos belos fiquem ao alcance dos seres em sua volta – inclusive e principalmente o homem...

E a orquestra sustentável continua na terra ao som dos vermes simples que carregam os minicadáveres, limpando a natureza... Tais seres, com seus papeis inteligíveis e ao mesmo tempo racionais, traduzem a importância de uma natureza que necessita se assegurar tanto embaixo das nuvens quanto em cima delas. Isso é inato ao homem.
Tão inato que ao vir pássaros fabricando seus ninhos, se alimentando e ensinando seus filhotes a pular dele, passamos a acreditar em algo maior que a nossa própria natureza, que sempre acreditou ser separada do todo. Depois de mais exemplos os quais nos subjulgam falhos, continuamos a duvidar que somos o centro do universo, e que possuímos dons universais de modificar o passado, o presente e o futuro... Pensamento que nos faz, às vezes, sonhadores, nos sentido mais infantil da palavra, pois, na realidade, nada mais somos que um desses instrumentos naturais, os quais podem ajudar a grande orquestra da vida a tocar a grande música divina sem que cesse para ouvir um mundo que ainda não teve tempo para ouvi-la...

  
Todavia, há tempo...

Em nome dessa orquestra a que tanto bate em nossos ouvidos quando fechamos os olhos, desse sol que se adentra em nossos quartos, quiçá, de modo sorrateiro e belo, nos dando, em segundos, a consciência nata de que podemos abrir os olhos reais e fazer parte desse equilíbrio...

E quando isso acontece, nos revelamos tão limpos quanto à natureza na qual nascemos. Quando acontece, o coração recebe o sinal de que estamos indo ao encontro do céu interno, reflexo do externo, o qual transborda tal qual cálice de vinho de alegria.

Aqui, o homem se revela limpo, harmônico, não apenas em ideias teóricas simpáticas, mas, em seus atos; vem a beleza do trabalho voluntário dentro do qual renasce, a cada dia, a cada minuto, um novo homem, que saberá comungar com seu próprio meio a sustentabilidade universal, e saberá que não é dono do meio, seja da águas, da terra ou do ar. Não matará baleias em nome da estética, não caçara raposas, em nome de rainhas sem nome, não exterminará tubarões pelo simples fato de achar que este é o real assassino das águas, não usufruirá do bens alheios, pois saberá que o único bem é o próprio universo dentro do qual vive-se, morre-se e nasce, sempre em forma de plantas, seres e sóis... De tantas coisas ele entenderá, e vai chorar em demasia, e levantará a bandeira da real sustentabilidade, em uma terra em que ele nunca havia pisado, a terra oculta do seu ser... Pois ele venceu a si mesmo.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Deusa das Sombras







Como uma deusa do Nada,
A resplandecer o dia,
Na janela crua
Nas montanhas frias,
No amanhecer sombrio,
Que se transformou num rio,
E diante dos olhos, nua.


Afagou-me o coração,
Em minha pele parda,
Energicamente cálida,
Desbravou-me a solidão.


Calou-me a alma da dor,
Deu-me sossego de espírito,
Em meio a um canto
E dentro de mim,
Um pranto..
Que se esbaldou de riso


Os rios cessaram,
A lua apagou...
Naquele dia tão belo,
Meu ser lacrimejou...


Pois, seu corpo ao meu
Deu-me esperanças,
De que em minhas andanças,
Encontrei Prometeu...


O mundo se foi por acaso...
Eras um vaso antes de quebrar,
Flores em seu coração adentro,
Pedias-me por um momento,
Eu só conseguia te amar.



Não morri naquela dia (que pena!),
Não me queria mais viver,
Ao saber que minha vida,
Nada viria a ser amena,
Iria voltar a ser pequena...
Sem você.



 


Aos desbravadores do amor.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Os Alquimistas estão chegando


Alquimia: transmutar sempre.



Há muito, alquimistas de várias civilizações, entre elas Antigo Egito, Grécia Clássica, China, Mesopotâmia entre outros transformavam metais de pequeno porte em ouro. Não apenas, como também minerais, como o carvão, de modo a misturar elementos químicos, antropológicos e filosóficos para a realização de tais façanhas.

Para os alquimistas, era uma questão de transmutação – transformar um núcleo de qualquer forma vital em outro, completamente diferente --, além de idealizar a cura para todas as doenças, e de criar uma forma humana artificial talvez... Mas não no sentido literal da palavra: era uma questão de consciência. O mais rasteiro de tais objetivos, de que temos notícia, era o enriquecimento fácil da realeza...

Porém, aquilo que nos fica mais na memória talvez não seja a decadência de tais seres incríveis, os quais, um dia, tentaram produzir com parcas ferramentas o que, hoje, não se produz nem em sonho... O que nos mais vem à memória é a possibilidade de encontrarmos o verdadeiro ouro perdido, e os alquimistas nos deram esse real sonho.

Esse legado, com certeza, já nos vem sendo trazido como ondas no presente, que nelas há muito surfam os tradicionalistas da cultura Oriental e não menos da Ocidental, como Platão, Sócrates, Plotino, Heráclito, Zoroastro, e na Oriental, Confúcio, Buda, entre outros que sempre deixaram a essência humana a ser buscada em forma de mitos e segredos cujas portas ainda titubeamos em adentrar, pois chaves de algumas das filosofias mais necessárias “sumiram’.

Não por isso deixamos de estudar e nos aprofundar em matérias relativas ao que nos trazem ou ao que nos sobraram, como a grande República de Platão, suas Leis, o Banquete, e assim por diante, ou o Tao, de Confúcio, além da sabedoria budista! Quantas maravilhas que, aos poucos, tornam-se ouro em nossos caminhos tão parcos e sofridos.

É sempre bom, no entanto, entender um pouco mais sobre alquimia, essa arte bela que nos ensinou a acreditar que temos possibilidades, ainda que em tempos como o nosso, de mudança, cada um dentro de sua justiça, de seu caminho, com suas ferramentas, sejam elas filosóficas ou não, grandes ou pequenas, mas que, por serem pequenas chaves de acesso aos mistérios mais simples da vida, nos fazem crer que a humanidade tem jeito, que nós temos jeito, e podemos ser bons, semelhantes a essa essência incorruptível que subjaz à nossa alma.

Egito


Dizem que umas das primeiras civilizações a abordar o alquimismo foi a Egípcia. Seu nome, dizem, teria, no fundo, uma evidência natural. Não falo do nome “Egito”, que se significa, em grego “segredo”, mas ao nome Ken, deste pais, há mais de cinco mil anos – antes mesmo até das pirâmides. A palavra Alquimista, segundo contam, viria de Alken, que, mais tarde, daria “alquimista”.

 Ali, os primeiros sacerdotes que estariam sempre voltados à formulas sagradas, entravam em contato com os deuses, e com suas fórmulas, transformavam pedra em ouro, dando margem a uma provável escola, muito depois, de alquimistas, que resguardavam segredos do como ser, do como fazer e do ser.

Grécia


Na Grécia clássica, assim como no Egito Antigo, teriam escolas de alquimistas a toda prova, no que mais tarde veio a se transformar em escolas iniciáticas de filosofia, as quais sintetizavam o saber clássico de todas as eras, realizando, por assim, dizer uma alquimia mais difícil, mais profunda: a alquimia humana.

Tal processo teve como base as filosofias tradicionais ocultas, nas quais até mesmo o mais sábio era um ser humilde, pois havia um processo tão longo quanto o próprio a que têm direito os seres vivos, era o ciclo universal de evolução.

Na escola de Pitágoras, por exemplo, havia os Acusmáticos, alunos que teriam que ficar, pelo menos, uns cinco anos sem se comunicar com qualquer pessoa, eram um sinal de transmutação para o discipulado.

Meso


Na Mesopotâmia, a paleomatémática e a astrologia foram meios pelos quais grandes alquimistas se concentraram para adotar uma filosofia mais prática, com relação à transmutação dos metais, a qual, mais tarde, graças a Zaratustra para trazer aos homens a palavra Verdade.

Índia


Antes de ser Índia, havia uma civilização mais voltada ao mítico de forma mais organizada, era a cultura Ariana, de Ariavarta. Nela, passavam-se os segredos de modo oral: eram os Mitos, nos quais a cultura se fechava e ao mesmo tempo permitia a compreensão a partir de elementos da própria natureza humana, se enraizar em preceitos universais. Até hoje.

Ou seja, os segredos alquímicos eram, de acordo com a tradição ariana (ou mais tarde hindu), a transformação do homem em algo maior, ou melhor, um ser capaz de, com sua própria ferramenta interna, a ser um sábio.


Alquimia de Hoje


Atualmente, não há laboratórios nem homens que transmutam a matéria. Se houver, talvez o façam da forma científica, mas não transmutando. Os reais homens do passado que o faziam era tão simples quanto qualquer ser que se encontra debaixo de uma árvore a descansar. Este homem ambiciona apenas em ser homem, uma junção complexa de éteres materiais e espirituais, dentro dos quais move-se um universo de leis aí sim complexas ao nosso olhar.

Porém, além de “éteres materiais e espirituais” somos a realização mais bela e perfeita que a natureza pôde fazer. Nós somos o ouro a que tanto procuramos, e quando digo nós, pode ter a certeza de que estou falando de algo que brilha no mais intenso escuro.








quarta-feira, 20 de junho de 2012

No Âmbito Inexorável da Questão


reflexão acerca do que somos.


É natural comparações a respeito de tudo, principalmente quando nos referimos a algo ou a alguém do nosso estado social, psicológico, familiar... De modo que não paramos mais. É uma natureza que temos que enfrentar, mesmo porque não é um vício ou algo mal, muito pelo contrário. Na realidade, comparar é sempre necessário, principalmente quando o fizemos com o passado em relação ao presente, ou mais ainda, nossas atitudes anteriores – de há muito – com as nossas atuais.

Isso nos dá ânimo para prosseguir. Mas, ao perceber que estamos dentro de um ciclo vicioso de comparações, aí, sim, essa virtude torna-se um vício. Ou seja, um mal. Por exemplo, quando observo crianças ao léu, vestidas de nada, comendo aquele pão do qual falamos tanto em brincadeiras, nos referindo às pessoas que trabalham em demasia, ou mesmo que sofrem mais ainda. Olhamos, baixamos a cabeça e não tem como não sentir aquele sentimento de pena, dó, horror, às vezes, “comparado” ao nosso meio, dentro do qual nos alimentamos, vivemos, sorrimos e sabemos, teoricamente, qual o nosso caminho...

Eles, não. Apesar de serem mulheres, homens e crianças ao lixo, com vidas próprias, foram levados por problemas circunstanciais a viverem no lixo, ou mesmo dele. Dali, as comparações só cabem aos abutres...

Não deixemos, no entanto, de nos iludir, pois dentro do âmbito inexorável da questão, ainda que sejamos pobres, miseráveis, ricos em demasia, milionários, somos humanos. Uma raça que, independente do lugar em que estejamos, das condições sociais nas quais nos encontramos, vivemos, queremos e podemos observar o pôr do sol, sentir o cheiro da chuva, amar, ser amado; podemos nos embriagar de paixões, perdoar e, a depender do outro, perdoado.

Nossos olhares, no entanto, ao perceber que somos mais ou menos que outros, se eleva ou se esconde debaixo da terra, tais quais avestruzes. O mundo em que vivemos, querendo o não, se desfaz ou cria estruturas fortes maiores que as grandes torres arranha-céus do mundo.

Parece até que somos robôs programados para comparar, comparar, e comparar... E assim quando acordamos de um racional mais frio que geleira (!), mais comparações há. O que não podemos, todavia, como foi dito, é criar monstros mentais, que nos que levam a pensar acerca de nossa existência e cair em devaneios existenciais, pois a matéria, em si, sozinha, sem o elemento semântico vital, não vai a lugar algum.

E caímos em contradições, em medos, em pânicos, e lá vêm a psicologia e seus divãs tentarem nos convencer que somos portadores de males mentais, os quais fazem apologia a si mesmos e que não acreditam que há outros melhores que eles.

É complexo. Porém, se analisarmos do ponto de vista filosófico, vamos nos esquecer dessa tranqueira...

Se observarmos uma planta ao lado da outra, vêm-nos à mente meios naturais comparativos em relação estado delas: bonitas, feias, murchas, grandes, pequenas, com aquele ar de torná-las melhores, sempre que podemos delas cuidar. A comparação, aqui, querendo ou não modifica a natureza de uma planta, mas não a sua essência. Quer dizer, torná-la melhor do que a outra não fará com que tornem-se menos planta, ainda que murchem, fiquem feias, porque tal natureza, a da planta, fará com que precise de amor, carinho, cuidados em geral, o que fará com que ela tornar-se-á, inexoravelmente, uma planta maior e melhor.

A água, a terra, o ar, o meio em geral em que vivem são elementos naturais que, independentemente do pensamento humano, vão fazer daquele ser vivo uma planta. E antes disso, a semente que germina também o é, pois guarda, dentro de si, com certeza, a planta, não um animal, uma pedra, etc, mas uma planta.

No âmbito humano, o mesmo. Antes de nascer, dentro do ventre da mulher-mãe, há um ser vivo, o qual será um novo Beethoven, um novo Mozart, sei lá, mas, antes de ser um artista, um pai de família, um homem, ele é um ser humano. E quando crescer tornar-se-á uma pessoa responsável ou não, levará multidões ao delírio, ou não, mas antes, será um ser humano.

Contudo, colherá em sua vida frutos que ele mesmo plantou e dará amor ou ódio aos seres em sua volta, e conhecendo o livre arbítrio, nos trará mais paz ao mundo, esperanças a ele, ou, no pior da questão, será um grande bandido, armado de razões para sê-lo, dando vazão a outros, influenciando-os, e transformando a sociedade em um caos. Esses deixam de ser humanos, e não merecem ser comparados a nada.

Fiquemos, assim, com os grandes homens de todas as épocas com os quais sempre nos baseamos e nos comparamos.




terça-feira, 19 de junho de 2012

Caminhos da Cidade


Imagens que se vão.



Ao andar pelos bares da Cidade (Brasília), sinto, apesar dos anos que nela tenho, um estranhamento... Sei que nosso mental, enraigado do marasmo nacional, em conjunto com os problemas internacionais, nos torna um pouco lentos, quase parados, sem finalidades mil, seja onde estamos.

Talvez por isso me sinto enclausurado, como se estivesse em uma caixa (não de Pandora!), na qual filhos se curvam a uma mãe fria, sem respeito, e que faz questão de manter esse “brio”, ou seja, de uma criatura embalada pelo passado honroso, que, há muito, se foi, e que o presente nada mais é que elevação desse passado, retirando de todos a visão de uma realidade a qual não nos edifica nem um pouco...

Feita pelos ideais de um homem, Brasília, hoje, configura-se o respeito em forma de Capital do Brasil, na qual entraram seres maravilhosos, heróis que levantaram, aos poucos, essa grande ornamentação, a que tanto nos inclinamos quando saímos de casa...

Porém, sentimos o desespero, lá dentro do coração, ao saber que somos obrigados a ser o que o presente quer que sejamos... “A Capital da Educação”, “A Capital da Saúde”, “A Capital do Poder”... Eu, particularmente, não me sinto bem ao saber que toda essa marketing nada mais é que uma busca desenfreada para ser algo, não o que diz ser.

Sentimos, ainda, que somos tais quais bonecos, presos a essa razão sem razão, a esse ideal que, desde que somos gente, torna-se mais utopia do que um ideal. Este último, pelo menos, nos tornaria mais perto de uma realização; enquanto utopia...

Sabemos que a política é o ponto forte da Capital, sabemos também que se entende por política a arte de enganar a todos, até mesmo aquele que diz ser político. A falha talvez venha daí... Um dia ouvi de um grande professor a frase “política é uma estátua que há muito foi suja por nós, mas que um dia foi limpa”... E faz sentido...

A questão, no entanto, é que vivemos em torno de leis maiores do que aquelas que nos embutem no dia a dia, daquelas que um dia serviram para todos e que hoje, graças ao termo "imunidade", somos obrigados a ver ladrões de barras de chocolates presos no lugar de grandes ladrões de vidas, de gerações.

O mesmo professor sempre nos educou com relação a uma política ideal, daquela que muitos acreditam que é um sonho, ou seja, que só se realiza quando dormimos... Ele falava da República platônica, que nos fala de um mito, o da Caverna, na qual vários seres são educados, desde a infância. E algemados, acreditam em tudo, até mesmo em falácias claras, em discursos, em sombras, ou seja, em relatividades.

Daqueles, sai um ser que estava entre aqueles cujo tratamento não era diferente, porém havia conseguido se levantar, sair, e ver o sol – o mundo real. Ao voltar à Caverna,  Platão dá o nome do ato política... Ou seja, aquele que está acima de qualquer suspeita, que sabe da verdade, que viu e que tem tendência a ajudar... É o Político, na República (que fique bem claro...).



Então se buscássemos essa qualidade em cada um de nós, talvez fôssemos tão políticos quanto aos atuais. Para isso, seria necessário refletir acerca de nossas algemas, ou seja, nossas amarras que nos impedem de ver a realidade. Algemas impostas, na maioria das vezes, pelos donos da caverna, os quais se revelam mais donos do que nunca, em uma cidade que significa para muitos um Egito tradicional, pelo qual todos habitantes morriam... Mas estamos longe de sê-lo.

Não se pode ter orgulho de algo que não nos dá retorno ainda que damos a alma. Esse tempo se foi. Hoje, precisamos dar valor ao que está perto de nós, como os grandes amigos, família; aos grandes que ainda salvam muitos com gestos simples; ao filho que ama, que respeita, aos seres que não perderam a viagem da vida,  e que sabem o seu lugar onde quer que esteja...

Brasília, hoje, nos engana, não com suas construções, mas com a falsidade que se esconde por detrás dos sorrisos, das roupas elegantes, do menino que vai à escola para aprender, mas que, em pouco tempo, vai ser um assassino em potencial... E do menino que nasce às margens desse.. Poder, o que podemos esperar?

Hoje, em prol de Brasília e do Mundo, converso em demasia com meus sobrinhos, incansavelmente. Por serem adolescentes, de aparência incrédula em relação ao mundo, à vida, se enfurnam em televisões e seus programas cavernosos; faço questão de levar-lhes um pouco da filosofia do bem-viver, indo atrás de seus objetivos com suas próprias mãos. E tento ser um pai presente ao meu filhão, em todos os aspectos, para vingar uma infância que meu pai não pôde me dar com sua presença. E nem poderia. Falo muito de um mundo que podemos ter aqui e agora, com nossas forças internas, elevando o mental à ideias maiores ainda que tudo...!

Ah, no fundo sou um sonhador, não utópico. Apenas um sonhador que implora todos os dias a paz a Deus, e que minha família, apesar dos pesares, tenha fé na resolução dos problemas, pois eles nunca se vão, na medida em que somos o que somos. Humanos.

Na realidade, aqui, Brasília é o meu mundo. Aqui, eu nasci e aqui vou desaparecer. Assim como minha mãe que se foi como um dos melhores seres que já conheci, eu também pretendo, pelo menos, chegar à sua sombra.





segunda-feira, 18 de junho de 2012

Passeatas: passeios sem direção.


Passeatas na década de sessenta: elas sabiam muito mais o que queriam.

 


Há muito que se reivindica por meio de passeatas nas ruas, nas praças, até mesmo pela própria guerra, o necessário para a realização de um determinado grupo, para uma sociedade, ou mesmo país – e dentro desses quesitos, muitas coisas foram a essência para a modificação do mundo, como na Revolução Francesa, que nos deu princípios básicos de como ir à luta para a consecução de nossos nobres objetivos. Contudo, mais tarde, vimos que tal revolução nada mais era que uma necessidade de alguns, não da maioria – ou seja, não era uma revolução humana, dentro da qual poder-se-ía mudar comportamentos fossem eles éticos, morais ou não. Talvez, nenhuma o fizesse até hoje...

Assim são as passeatas... Não param jamais. São sempre em nome de paz, com porretes nas mãos; em nome de Deus, eliminando os supostos inimigos com palavras, ou mesmo com guerrilhas, todas – repetindo – em nome de Alah, Jeovah, Jesus, Deus, etc...; outras em nome do amor, na qual se configura a maior apologia ao sexo (às claras), pois querem liberdade para “expressar” seus sentimentos...

A mais nova é uma revolução às avessas. A passeata das Vadias, na qual meninas, mulheres, homens com sexo duvidoso, com sexo certeiro, caminham com faixas ao alto pedindo respeito ao corpo, respeito às vestes, de modo que sejam livres para “transar” com quem quiser, a hora que quiser, onde e como quiser. E vestir o que quiser, claro.

Vamos começar pelo inicio... Já faz algum tempo, que uma certa estudante foi pega pelos seus colegas de turma, com uma minissaia, entrando no recinto de uma faculdade conhecida. Houve, segundo ela, assédios além do normal, e mais, desrespeitos a sua pessoa de maneira que fora obrigada a sair correndo ou abrigada pelos seguranças da instituição...

Já percebeu que somos os únicos seres da espécie a pedir respeito? Por que motivo uma gazela, uma tigresa, uma onça não o pedem...? Não é brincadeira. Se colocarmos dessa forma, vamos dizer que não precisam, em razão de suas peles, pêlos, espinhos, enfim, são suas vestes naturais... as quais sincronizam com a maior das instituições... a própria Natureza.

Nós, claro, por razões animalescas que possuímos intuitivamente, não podemos fazer isso: andar nus. Podemos, sim, caminhar com harmonia, sintonia, seja aqui, ali, ou mesmo em qualquer lugar sem que possamos ser achincalhados, humilhados, ou vistos como animais predadores marinhos – piranhas, tubarões, baleias, etc – mesmo porque não o somos, ainda que insistam.  Há, com certeza, roupas que se harmonizam com o local, com tudo, sem que a pessoa seja ridicularizada.

Há, no entanto, algo ainda mais grave a se constatar, a de que estamos em mundos diferentes, dentro dos quais cada um possui uma esfera de evolução – estou me referindo ao mundo de cada um. Muitos querem a honra, a ética, a moralidade; querem o pudor, o respeito real, liberdade real, esses somam-se àqueles que estão em um patamar natural, belo por excelência; ao passo que muitos outros querem a mesma coisa, porém de modo diferente... Ou seja, assemelharem-se àqueles animais no inicio, como se uma revolução Inversa fosse possível.

QUEREM andar de microssaias, em qualquer lugar, e com calças supercoladas ao corpo, seja em igreja, em formaturas, nas quais se comemora a melhor parte da consecução de uma juventude... Sem falar em templos religiosos, nos quais a formação de todos, desde épocas passadas, era a de religar-se com o sagrado, o qual se demonstra sempre vestido de paz e harmonia onde quer que estejamos!

Querem usar o corpo como lhes convêm, pois acreditam que este é delas, assim como um carro que compram, que usam, que trocam. O corpo envelhece, enruga-se, transforma-se num ser que se esvai com o tempo, assim como qualquer planta, animal, e, se fosse para ele, o corpo, pedir respeito, ele o faria. E seu respeito, a depender de quem dele cuida, fica ou se vai antes mesmo de virar pó.

Não querem, contudo, pensar, refletir ou repensar acerca disso. A passeata das Vadias, como são chamadas (ou é a passeata?), é com um intuito de “respeitar ainda que sejam vadias”. Soa contraditório. Se bebo até cair, como grama, sou pisado pelos transeuntes, e peço que me chamem de doutor?...  Soa-me estranho.

A palavra respeito, assim como outras que se vão sem o sensor natural de elevação humana e universal, tem sido muito repetida em várias instituições, principalmente em senados, câmaras, tribunais. Mas sabemos que, ainda que peçam, não mereçam, pois são como lobos que destroem sonhos nossos de cada dia.

Agora, sair às ruas, com seios à amostra, com minissaias que, em meio a crianças e adolescentes, são pedidos ao lado bestial de cada um..., além de frases deploráveis, como “o corpo é meu, eu dou pra quem eu quero”, e mais... “Quero respeito!” – O que seria respeito então?? O que é moral? O que é Ética?

As passeatas sempre trarão revoluções, pois modificam o comportamento humano em décadas. A questão é uma só. Quando é que entraremos em uma passeata coerente na qual pediremos nossos princípios básicos?

Quais são?! Há há há!
É melhor rever seus conceitos em tudo, senão, amanhã você estará a favor do sexo, indiscriminadamente, a céu aberto...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Heróis de Ontem e de Hoje.

O Herói nosso de cada dia não possui batalhas como as de outrora, ou mesmo se veste com o elmo com a finalidade de dar medo ao adversário; o herói de hoje não possui escudos com o símbolo de sua campanha. Não possui lanças, martelos, coletes de aço. O herói de hoje não reivindica tronos ou mesmo aquela Liberdade... Os do passado... talvez.

Heróis do passado, heróis do presente, ainda quer se distanciam em sacralidades, objetivos, ideais, possuem algo em comum. São heróis. Os do passado realizavam feitos em nome de Deus, não dos homens. Tinham suas vitórias em homenagem ao Logus, ao uno. A virtude,  temperança, o amor, instrumentos dos quais tiravam suas garras naturais de um guerreiro, eram suas armas.

O herói de hoje, um tanto quanto distanciado da realidade de outrora, de seu eu, reivindica seu salário, seus direitos, sua família... Reivindica a paz em sua casa, a integração de uma sociedade aos seus direitos,  das bases políticas, religiosas; o herói de hoje vive distante dos heróis do passado em questões que se revelam mais duras, como a de iniciar uma revolução em favor dos próprios homens, no sentido mais brando possível.

O herói sagrado pintava-se para a guerra; o de hoje, sobrevive em meio a cores que o confundem em seus ideais, por mais nobres que sejam, pois partidos, sociedades, religiões, o fazem perdido, o fazem sem batalhas voluntarias, em uma guerra tão ampla quanto seus próprios pensamentos.

As diferenças se ampliam no campo idealístico, principalmente. Mas se unem numa só palavra. Herói. Vem de Eros, deus do Amor. Heróis, na raiz da palavra, seria o ser que se adentra com amor na consecução de suas batalhas, a saber que sua vitória não é aquela que se inicia apenas pelo fato de ser apenas uma batalha cheia de palavras e sangue... Seria, a seu ver, mais que isso... Seria, mais tarde, a lanterna de outras... Ela seria lembrada pela forma como foi levada, conseguida entre aqueles que deram a alma não apenas pela batalhas, mas pelos deuses... Nesse espírito, a Guerra de Troia nasceu. Falemos disso depois.

EGITO

Os egípcios, naturais de batalhas esplendorosas, tinham o seu rei-deus. Estes homens, que ocupavam a principal função do estado, iam a batalhas, venciam, e nestas tinham seus ideais de harmonia universal. Não havia genocídios, apenas a necessidade de trabalhar em função dos seres humanos, do cosmos, de tudo... Algo um tanto quanto mais brando com relação ao que temos atualmente.

Ramsés, o grande, ao viver desse grande ideal, era um dos melhores homens de sua época, não porque era um faraó, mas porque abarcava responsabilidades maiores que ele mesmo, pois além de suas obrigações de homem, era também um semideus, o qual dava a seu povo o esplendor de seu governo de Ética, Princípios, Moralidade, e muito mais sob a tutela de Maät,  deusa da Ordem.

Sabe-se que este faraó em uma batalha contra os Hicsos, povo que seria um dos maiores inimigos daquele país, fora a campo levado pela vontade de vencer e destruir o inimigo, porém, ainda que houvesse força para tanto, fora abandonado pelos seus homens no meio da luta.

Ramsés sentiu-se só, mas, dentro de sua alma, vira que seu país necessitava de equilíbrio, paz, no sentido mais social e universal possível, e, fazendo uma longa oração a Seth, levantou-se, subiu em seu carro de rodas frágeis, no qual apenas ele e seu serviçal cabiam, apenas ele, no entanto, lá estava e ao seu lado seus animais de estimação, um cão e um leão, dignos de qualquer rei, prontos para a maior das batalhas, a de Kadeshi, na qual o homem-deus armou-se e partiu para cima de todos os seus inimigos, deixando alguns mortos outros com medo do confronto por ver em seus olhos a guerra de um homem, a imortalidade. O rei venceu.

Assim como Ramsés, muitos faraós foram heróis. Assim como o grande rei, todos eles se viram na obrigação de equilibrar e harmonizar o país das pirâmides, como se fossem reais pontes necessárias para esse equilíbrio... Hoje, não há heróis assim.

Romanos, Espartanos...

Os soldados romanos, tão criticados no presente em razão da violência que os faziam guerreiros imbatíveis, eram mais que isso. Tinham em sua alma uma cidade que também os amava. Roma. A grandeza em espírito traduzida em organização política, religiosa, familiar, fazia a diferença. Os homens tinham pelo que lutar. Aqui, uma época na qual valores humanos eram respeitados, e que o que saísse dessa ideia teria que ser inimigo de Roma.

Os romanos, que possuíam em sua alma a conquista, às vezes tomavam cidades sem mesmo uma luta, pois sabiam os bárbaros da fama não somente dos guerreiros, mas da própria Roma, a qual tentava harmonizar – e não tomar -- aquele estado sitiado por ela, não o tornando escravo. A maioria se sentia assim, claro. Por mais que seja desequilibrado o sistema, era aquele que tinham escolhido; contudo, Roma tinha uma ideia grandiosa, a de tornar o mundo harmônico – dar a cada um o que lhe seria de direito – sob a sua bandeira... Isso talvez a atrapalhasse.

Aqui, somam-se heróis. Um império que durou mais de quientos anos precisou de guerreiros que fizessem seu papel. Há histórias de homens que morreram por Roma, pelo maior dos ideais que encontraram.

Há histórias nas quais se dizem que um dia um grande soldado levou consigo uma mensagem de apenas resguardar a fronteira de uma das cidades tomadas por Roma, e não se exaltar, caso viesse acontecer algo que o desse medo, como o avanço bárbaro – que para os romanos era costume enfrentar; não sozinhos...

Após o ocorrido, generais romanos foram ao encontro do homem cujas tropas que tinham como responsabilidade resguardar a fronteira daquela cidade, porém não haviam conseguido.  A maioria tinha tombado. Encontraram o soldado... E antes de falecer nas mãos de um dos generais, ouviu um deles dizer... “você salvou Roma”.

As batalhas tinham heróis que salvaram os ideais de Roma, os quais resguardavam não somente fronteiras, famílias, seus deuses, mas principalmente o espírito romano. E hoje, o que nos falta é esse espírito romano em cada cidade, em cada pais.

Hoje, heróis vão às ruas pedir empregos, pedir paz, pedir amor, pedir... tudo. Os heróis romanos, em cada atitude, não apenas nas guerras, mas principalmente em casa, eram coerentes com aquilo que acreditavam; mais que isso... eles se vestiam da própria lei.

Há relatos de que, um dia, César ficou sabendo que seus soldados não iriam mais as suas batalhas, pois estavam se arriscando por muito pouco. César, o grande general, foi ao parlatório das reuniões secretas, olhou para cada um – mais de trezentos soldados – e disse-lhes “soldados!” – César, que sempre os tratava como “meus amigos” – “temos uma grande batalha, a batalha de nossas vidas, defender nossos sonhos!”... Os soldados, desde a primeira fala, haviam concordado, pois jamais tinham negado um pedido de seu amado general, o qual jamais tinha perdido uma batalha. Alguns choraram e pediram perdão, outros já se enfileiravam... César, mais uma vez, tinha vencido.

O herói César, que nunca havia perdido uma batalha, tinha seus motivos de alavancar seus homens, pois sabia que uma batalha não se ganha apenas com teorias, mas com estratégias em prosseguir com seus planos, os quais se harmonizavam com o maior deles. Roma.

E assim, era o grande Leônidas, general espartano, o qual fazia transbordar a ira de Xerxes, majestade da Pérsia, quando recebia de seus batedores a noticia de que o grande rei tinha tomado a maior parte da atual Europa. O general, com trezentos homens, e Xerxes, com mais de dez mil, dizia ao batedor... “Se sua majestade quiser se entregar, tudo bem”.

Nesse espírito, Leônidas conseguiu deter, em mais de duas semanas, com seus trezentos homens, mais de um milhão de homens de Xerxes, um dos mais cruéis reis da Pérsia. Leônidas perdeu a batalha, mas, graças a ele, o  gregos tiveram tempo de se armarem e vencerem o grande rei, cujo exército já não era o mesmo depois das Termópilas (i)..

AQUILLES

Aquilles – guerreiro espartano da Guerra de Troia, era temido não apenas pela força, mas pela destreza e impiedade aos inimigos, os quais o viam como um semideus – e era – pois Aquilles, em uma guerra real, era um figura mitológica criada por Homero. Mitológica pelo fato de trazer em sua figura elementos universais... (já tratados aqui nesse blog).

Mesmo assim, reunindo tais elementos, Homero quis nos dizer que, ainda que sejamos heróis, por mais belos que sejamos, mais fortes que sejamos, por mais guerras que vencemos, precisamos de caráter, de disciplina, de ordem e sacralidades para os quais lutar, e se perderiam com o tempo, e ele tinha razão. E o Calcanhar de Aquiles representava essa falta.

Hoje, ser herói é esquecer da semântica que nos faz vivos e lutadores por algo maior que nós mesmos. Hoje, ser herói é lembrar que temos forças para acordar cedo, não reclamar da esposa, do filho, da segunda-feira; brigar por posições no trabalho, pelo dinheiro fácil, pelas férias não tiradas...; hoje, ser herói é vencer as drogas, o vicio como um todo; vencer nosso racionalismo doentio que vive em prol de nossos erros; hoje, ser herói é levantar a cabeça apesar dos pesares – corrupção, injustiça, violência, medo de sair de casa... Psicoptas, etc.

Hoje, nosso maior calcanhar somos nós mesmos. Portanto, o que fica de Aquilles em nós é o que deve ser conquistado. Resgatar esse herói em nós é o nosso ideal.



Aos meu Filho, Pedro Achilles.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Oração aos Homens de Bem

"Para que precisas de mais milagres? para que tantas explicações? Não me proceurei fora! Não me acharás. Procura-me dentro? aí é que estou, batendo em ti"






Orar batendo no peito,
Não sentir-se um eleito,
Desfrutar o mundo,
E por ele conhecer a ti.


Passear em Meus templos,
Acreditar em Meus ventos,
Em Meus bosques,
Onde praias batam em Mim.


Não se culpar pela miséria,
Passear pela terra,
Não sentir-se fora de si.


Crer em tua alegria,
Dizer que em Mim confia,
Deixar clarear o dia,
E dizer que és filho Meu.


Não sentir medo,
Revelar Meus segredos,
Não ler nas escrituras
Que o mundo se perdeu.


Esquecer mandamentos,
Colher frutos ao vento,
E em todos, amar a Mim.


Sentir nas montanhas,
Nos Alpes que desenhei,
A presença Minha,
Não nos templos de marfim.


Se tu és livre para pensar,
És livre como água que corre,
Como nela o peixe doce,
Que sobe até o fim.


Este prelúdio que me precede
Me faz junto a ti,
Mais que o fogo que corre a terra,
És parte de mim.





A Espinosa.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Saudade

A saudade do sol dura pouco: a nossa não.




Saudade

É como pedras imensas que carregamos quando alguém se vai, e vão se desfazendo à medida que o tempo passa. Mais tarde, tornar-se-á uma pequena pedra, tão pequena, que se tornará inimaginável o seu tamanho; contudo, não será desintegrada com o tempo, pois ficará em nossos ombros ou mesmo coração como sinal de que, um dia, aquela pessoa que nos fez tanto bem fez parte de nossas vidas...

Saudade

É levar um passageiro desejável dentro de nossas mentes seja para onde nós formos: seja para o alto de uma cordilheira, ou mesmo para o fundo de um fosso, não interessa, e sim que esteja lá pedindo que seja lembrada ao passo de nossas consecuções, de nossas vitórias ou perdas.

Saudade

É olhar para  uma planta e dizer que um dia fomos semlhantes, e que hoje somos troncos fortes de árvores inigualáveis, tais quais sequoias naturais, imbatíveis, em meio a florestas frias, em um mundo mais frio ainda. Nessa grande floresta, ao crescer, podemos olhar para cima – acima até das outras árvores – e perceber que há muito que viver.

Saudade

É guardar o segredo que há muito aquela pessoa nos confiou. Dar gargalhadas ao lembrar que somos ainda amigos, companheiros, ou mesmo mãe e filho. Lembrar que, ainda que se fora uma parte de nós, estamos tão unidos quando no dia em que passamos a existir um para o outro. E nessa saudade, não lamentar perdas, mas dar graças à existência de quem se foi, pois, ainda que sejamos racionais o bastante para compreender a vida, não o somos para compreender a totalidade do que somos e para onde vamos.

Saudade

É olhar o sol, dar graças a ele por ter um dia iluminado aquele ser que, um dia, fizera parte dessa vida, e que agora vive de um sol desconhecido, misterioso, só visto pelos deuses. Dar graças à terra, à chuva, aos dias, a tudo que um dia foram portas abertas àquela que um dia fora a porta para os segredos terrenos, fora a chuva na terra molhada de muitos, e que nos dera o melhor dos dias enquanto esteve aqui, conosco.

Saudade

É caminhar sozinho, feliz, nas lembranças belas, em grupo ou não, desfazendo os dias tristes (que houve), no entanto, não foram suficientes para amargar nosso viver. É chorar nos cantos, e ao mesmo tempo cantar, baixinho, a música favorita de quem partiu. É viver, a cada dia, tal qual guerreiros que perderam os melhores companheiros, porém nunca desistiram da guerra, graças aos conselhos sábios, aos rastros, às armas, ao amor que nos deixaram.

Saudade

É canalizar toda a força que nos deram quando em vida estiveram... É amar o próximo, é progredir, é trabalhar, é subir as montanhas da vida, e buscar em cada degrau da vida uma experiência nata, justa, pela qual sempre vale lutar. É olhar para frente, sentir em nossas vidas que há mais vidas, mais ar, fogo... Pois aqueles que foram, ainda que exista um céu ou mesmo um inferno (ou não...), nos observam, com olhares maiores, mais fixos, tais qual os do sol que nos alimenta de forças místicas.



A mãe das mães!

Onde quer que estejas, saudações, irmão!


Saudade,
Meu irmão,
Saudade,
Minha mãe.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Heróis sem Poesia


Traje do Herói



Eu vi um homem no lixo da vida,
Amando profissões, suas ilusões,
E nele eu vi a ferida.

Ele anda, come e sorri para vida,
Cheio de ternos e gravatas,
Solidário a bravatas,
Só sei que nada sabia.

Faz do próximo seu assoalho,
E desfila como um soldado avante,
Não sabe se viera de pai ou mãe,
Bem tratado como amante.

É filho do nada,
E do nada soma sua vida,
Pois de tão vazio que é,
Morre sempre nas guaritas.

Não ama, e não se importa em amar.
Apenas em se iludir,
Pois corre a tua mesa,
Os papeis, a sobremesa,
Sobrevive em mentir.

Determinado ao sol apagado,
Ainda sim se admira,
Consegue frutos de seu público,
Tão fúteis em sua cria.

Ao vê-lo distante, não sinto nada,
Apenas um mal.
Pois carrega o mal do herói dos dias,
Fabricado pelas rinhas... Normal.

Vergonhoso e presente
Este ser deprimente,
Que se julga homem,

Tão triste ainda é a mulher,
Suposta esposa, companhia,
Que se julga rainha...
Dois lobisomens.

Tão fria ou seria heroína?
Ela não sabe o que é,
Diz-se ser dele admiradora,
Algum patrocínio ela quer...

Esse homem cresce,
Se torna presidente,
Vai ao cume das palavras,
E delas nada tece.

Seu modo de caminhar é tão discreto,
Julga-se esperto, camarada,
Se embriaga com a riqueza,
E da pobreza, execrada.

Esse ser não morre,
Ele dá frutos!
Tantos que o amam,
E de noite viram defuntos!

A justiça é dele,
Nada se pode fazer,
Racional e perspicaz desde a infância,

Tem trauma de ignorância,
E tem medo de perder.

Esse é o nosso herói de hoje,
Cujos sonhos são nossos pesadelos,
Sua alegria, nossa dor,
Mal caráter e conselhos...

Esse é o amado dos homens
Que se consomem na matéria,
Se procriam como bactéria,
E o amam como salvador!

Dele somos criadores,
Somos pais e protetores,
Agentes bestiais,
Versos do terror...

Não adianta a morte,
Como fuga do desamor,
Pois fomos firmes em fazê-los,
Entreguemos a ele, então, nossa sorte

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....