A saudade do sol dura pouco: a nossa não. |
Saudade
É como pedras imensas que carregamos quando alguém se vai, e vão se desfazendo à medida que o tempo passa. Mais tarde, tornar-se-á uma pequena pedra, tão pequena, que se tornará inimaginável o seu tamanho; contudo, não será desintegrada com o tempo, pois ficará em nossos ombros ou mesmo coração como sinal de que, um dia, aquela pessoa que nos fez tanto bem fez parte de nossas vidas...
Saudade
É levar um passageiro desejável dentro de nossas mentes seja para onde nós formos: seja para o alto de uma cordilheira, ou mesmo para o fundo de um fosso, não interessa, e sim que esteja lá pedindo que seja lembrada ao passo de nossas consecuções, de nossas vitórias ou perdas.
Saudade
É olhar para uma planta e dizer que um dia fomos semlhantes, e que hoje somos troncos fortes de árvores inigualáveis, tais quais sequoias naturais, imbatíveis, em meio a florestas frias, em um mundo mais frio ainda. Nessa grande floresta, ao crescer, podemos olhar para cima – acima até das outras árvores – e perceber que há muito que viver.
Saudade
É guardar o segredo que há muito aquela pessoa nos confiou. Dar gargalhadas ao lembrar que somos ainda amigos, companheiros, ou mesmo mãe e filho. Lembrar que, ainda que se fora uma parte de nós, estamos tão unidos quando no dia em que passamos a existir um para o outro. E nessa saudade, não lamentar perdas, mas dar graças à existência de quem se foi, pois, ainda que sejamos racionais o bastante para compreender a vida, não o somos para compreender a totalidade do que somos e para onde vamos.
Saudade
É olhar o sol, dar graças a ele por ter um dia iluminado aquele ser que, um dia, fizera parte dessa vida, e que agora vive de um sol desconhecido, misterioso, só visto pelos deuses. Dar graças à terra, à chuva, aos dias, a tudo que um dia foram portas abertas àquela que um dia fora a porta para os segredos terrenos, fora a chuva na terra molhada de muitos, e que nos dera o melhor dos dias enquanto esteve aqui, conosco.
Saudade
É caminhar sozinho, feliz, nas lembranças belas, em grupo ou não, desfazendo os dias tristes (que houve), no entanto, não foram suficientes para amargar nosso viver. É chorar nos cantos, e ao mesmo tempo cantar, baixinho, a música favorita de quem partiu. É viver, a cada dia, tal qual guerreiros que perderam os melhores companheiros, porém nunca desistiram da guerra, graças aos conselhos sábios, aos rastros, às armas, ao amor que nos deixaram.
Saudade
É canalizar toda a força que nos deram quando em vida estiveram... É amar o próximo, é progredir, é trabalhar, é subir as montanhas da vida, e buscar em cada degrau da vida uma experiência nata, justa, pela qual sempre vale lutar. É olhar para frente, sentir em nossas vidas que há mais vidas, mais ar, fogo... Pois aqueles que foram, ainda que exista um céu ou mesmo um inferno (ou não...), nos observam, com olhares maiores, mais fixos, tais qual os do sol que nos alimenta de forças místicas.
A mãe das mães! |
Onde quer que estejas, saudações, irmão! |
Saudade,
Meu irmão,
Saudade,
Minha mãe.
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