quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Prelúdio de Uma Saudade, Parte III - a casa das cinco mulheres

Aqui, discorro um pouco sobre minhas irmãs, que levam em seus olhos a determinação e a coragem legadas pela mãe.



Rose e mãe: agora é com a gente, mana.




A casa das cinco mulheres

Minha mãe, além de Raimundo, João e Eu, homens da casa, teve cinco meninas, Rosângela, Rejane, Rosemeire, Ruth e RoseMar – “Tudo no erre e no jota”, dizia... A primeira nascera em Minas Gerais, mas foi em uma dessas andanças para Brasília que a fez nascer e ser mineira, nada por acaso. Hoje, Nana, Carmem, Tindô, Nanana, Rosinha, como pode ser chamada, mora com sua família um tanto quanto longe de casa, mas já fizera parte do núcleo, morando junto, pertinho da casa principal – isso durante muito tempo. Hoje, Nana tem vários filhos e netos.
Rejane, ou Bia, que hoje nos deleita com sua simplicidade Josefiana (de Josefa), já passou por perturbações de natureza psicológica bem complexas, mas já estabilizou-se graças ao apoio da família, que a acolhe e a torna mais social todos os dias. Bia não se casou, e não teve filhos... Mulher de sorte!
Rosemeire, a mais sensível das mulheres, mora um tanto longe de nós há algum tempo, mas sempre esteve conosco em nossos problemas. Seu esposo, César, de personalidade forte, é o responsável-mor pelas histórias que a modificou, e hoje, por consequência, tornou-a uma religiosa forte. Com quatro filhos, Meire, como a chamamos, surpreende na educação dos filhos, ainda que com poucas ferramentas...
Ruth, a de personalidade forte, brigona, chorona e amável, vive das filhas e esposo. Atualmente, tem um salão nos fundos da casa principal, pois fizera cursos para tanto. Depois que minha mãe se foi, Ruth quase se deixou levar pela dor, mas não a deixamos. Sua educação às filhas se estrutura nos ensinamentos de minha mãe, assim como todas o fazem.
Rose, a pequena, forte, feliz, amorosa, integrada ao núcleo, revela-se, a cada dia, uma pequena mãe a todos – com um 'probleminha' chamado Lucas, seu filho adolescente, o qual se torna um potro indomável, e não se consegue dar a ele estudo, obediência, educação, disciplina, amor, graças a uma falha no passado-adolescente da mãe, que tenta, todos os dias, redimir-se ao que fizera.  Mas ele sabe que não poder levar essa desculpa pelo resto da vida, pois terá que voar um dia sozinho, e a vida vai exigir dele muito mais que os quesitos acima.
E para essas filhas minha mãe deu toda a sua forma, todo o seu ser para que pudessem levar sua vidas em família, fosse na doença, na saúde, no amor, em tudo. Todas elas, ainda meio titubeantes pelo desaparecimento da mãe, ainda se encontram claudicantes em suas vidas, pois ainda que não queiram a imagem da senhora sorridente, forte, nos quadros, nas fotos, e a timidez de uma criança reluzindo em seu sorriso nas horas mais simples, traduz o que tentamos ser, o que precisamos ser, pois não a temos mais.
Como disse uma querida amiga, cuja mãe também se foi há pouco tempo, “Regis, ela vem nos sonhos nos visitar, não se preocupe”, e é verdade. Todas as vezes que sou pego de surpresa com sonhos nos quais minha mãe reluz, aquela parte que falta, aquele conflito, aquela guerra interna, aquela pequena dor incessante... tudo se vai...
Mas acordar e saber que não a temos, é acordar em meio a um conflito eterno, dentro do qual somos obrigados, mais que tudo, sobreviver, pois já tivemos baixas demais nessa batalha grandiosa da vida, e não queremos perder mais ninguém tão cedo, pois a última quase nos levou.
Hoje, depois das recordações de casa lotada em fins de semana, com filhos, netos, bisnetos, me sinto na grande obrigação de unir a família, porque, depois que a coluna mestra se foi, começamos a falar como habitantes de uma isolada Torre de Babel, na qual, no passado, ninguém compreendia ninguém.
Sabíamos que seria assim, com uma dificuldade inerente a uma família que dava seus problemas, almas, dores a uma mãe que se fingia de Cristo, apenas para ver seus filhos sorrirem. E sorriamos, e chorávamos, e guerreávamos, nos separávamos, nos uníamos, abraçávamos... E sempre, no fim, estávamos todos ali, presos ao grande colo da mamãe-urso, o qual acreditávamos seria eterno... Assim, como todos que têm mãe.
O que temos, atualmente, é um dever. Dever de nos integrar, de nos conhecer melhor, e iniciar um processo psicológico, no qual somos o sujeito e o objeto. A partir de agora, sem a genitora que nos dava seu ar em meio às festas, às reuniões familiares, como a segurança de que não estávamos exagerando em tudo, temos que buscar, em sua sombra, em sua disciplina, ou mesmo nas imagens de nossa cabeça, a fortaleza que nos deixara.
Órfãos? Não, não acredito que somos órfãos de mãe. Somos apenas filhos que viram o corpo de uma senhora que se foi. O espírito de minha mãe está em todos os cantos da casa, está na vizinhança, no caminho do pão (caminho que fazia, cedinho, para a padaria), nos olhos de minhas irmãs, nos gestos de bondade de cada um de meus irmãos, na dedicação de todos, nas plantas que adormecem ao redor da casa, no quintal... enfim, nas coisas mais simples e belas do nosso dia a dia.

Continuo com a homenagem no próximo texto...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Prelúdio de Uma Saudade, parte II - Origens

João, o do meio, o primeiro dos homens a nascer, o primeiro a partir: um dia a gente se encontra, mano!

 
Aqui eu falo um pouco da origem de tudo. Espero não ser um tanto quanto rasteiro, e se for, não posso ser mais profundo, em razão da grande emoção que me toma.
 
UM POUCO DA SUA ORIGEM

E minha mãe nasceu sob o sol da valentia das grandes guerreiras que nunca tombaram. Colocava latas de água na cabeça, num sol cru, torrando a céu aberto na terra dos homens inocentes: uma Paraíba simples, na qual candidatos a vereador, a governador... presidente eram (ou ainda são) vistos como heróis, e para alguns, Deus.

Em uma terra seca, onde famílias se multiplicam, como na Bíblia, “crescei e multiplicai”, pais e mães largam filhos nas ruas em busca de dinheiro difícil, a vender pirulitos, puxa-puxa, balinhas de boteco, ou antes para alimentar o pobre pai que não pode ir em busca de um emprego na cidade...
Ali, em uma época difícil, nada melhor do que dar a melhor educação ou a pior, ainda que não queira. E minha mãe, pela graça divina, teve a melhor junto ao seu pai, que dela cuidou desde sua juventude, dando carinho, amor, força  e exemplos de um grande homem – seu nome era Basílio. Minha mãe, mesmo depois de seus setenta anos de vida, nunca conseguiu esquecer-se dele. Chorava lágrimas saudosas a um pai realmente herói, mesmo depois de muuuito tempo. Queria tê-lo conhecido.

De sua mãe, que se fora cedo demais, não falava tanto, mas, pelo rosto fino, e pela delicadeza de minha mãe, apesar dos pesares, devia ter sido uma grande mulher. Devia, em um tempo ainda mais escasso do que este, ter sofrido tanto quanto qualquer pessoa para alimentar seus filhos...
Minha mãe teve irmãos. Deles, falava apenas de um Damião, forte, moreno, alegre, amistoso, dizia, e que nunca tivera inimigos. Um porte parecido com do seu filho número um, João de Deus, o qual, dentre os filhos, fora o único que conseguira fixar-se profissionalmente e criar uma vida palpável, ao contrário deste que lhes fala, que, apesar dos estudos, do emprego, tenta um lugar ao sol.
João, assim como Raimundo, o segundo filho, teve que trabalhar cedo, e, após vários anos, em lavagem de carro, engraxate, conseguiu passar em um concurso simbólico na Câmara dos Deputados, em uma outra época, um tanto quanto mais atual do que a descrita acima, mas que concurso era apenas uma palavra, não sinônimo de dificuldades.  Entretanto, cada época tem a sua...
Mas para nós, tudo era difícil. Não havia uma educação voltada aos estudos, ainda que precário, e sim à busca da estabilidade financeira, estrutural, básica, ou seja, o que importava era comida na mesa, comida na mesa e comida na mesa...
Raimundo, apesar de ser da mesma época, não conseguira chegar no dia da prova, e a perdeu. Até hoje pergunta-se o porquê de aquele dia não ter sido idêntico ao de seu irmão, João, que entrou e nunca mais saiu do Congresso. E graças à cultura da Casa, fez nele vários cursos, especializou-se, terminou seu segundo grau, comprou um casa, e nela criou seus filhos... João faleceu em dois mil e nove, vítima de leucemia. A dor de minha mãe foi mortal.
Quanto a Raimundo, hoje, servidor do executivo, trabalha no ministério da Saúde, e mora junto de seus familiares, em uma casa que ele mesmo fez, dado ao lote que ganhara por direito.  Os dois, João e Raimundo, tiveram uma grande história junto a sua mãe e pai. Pois foram obedientes, trabalharam e se educaram nos termos não escritos de nossa genitora.
O pai, que sempre vivera de amigos da grande construção, ensinou-nos que o trabalho e a dedicação à família – assim tal qual minha mãe – era tudo; em 1988, nosso pai nos deixou, com uma doença que muitos até hoje tentam deixá-la voluntariamente, por achar que não é doença: a bebida.
Mas minha mãe, após sua ida, o que era de se esperar, e que já vinha ocorrendo quando nas viagens de meu pai, cuidara de nós, até o fim de seus dias com a maestria de sempre.
 
Continuo no próximo texto...

sábado, 25 de agosto de 2012

Prelúdio de Uma Saudade, parte I


EEETA, Saudade!
Vou tentar dividir com vocês um sentimento. E dele, extrair um pouco do aprendizado de um ser que nos deixou há sete meses, e que completaria setenta e cinco anos dia sete de setembro. Ela é minha mãe. E como a maioria das mães que se vão, sempre nos deixam um grande aperto no coração, ou como sempre me sinto... um lado meu que se foi.
A Mãe das Mães

Éramos felizes em uma casa de madeira na qual cunhados, noras e casais amigos se faziam como reis e príncipes, cotejados por uma senhora que, no meu entender, era a rainha das a rainhas. Minha mãe, a linda Josefa Camelita, nascida na Paraíba, e que depois de adulta, e de passar por todas dificuldades inerentes à sua época, veio para Brasília, criou oito filhos maravilhosamente, e nos ergueu moral e religiosamente, dentro de um barraco simples, esburacado, no qual até trancas de paus serviam de chaves, e nos amou até o fim de seus dias...
Dia sete do próximo mês, dia da Independência, há exatos setenta e cinco anos, nascera minha mãe. Um poço de valentia, humildade, coragem, e amor a Deus – sua arma para enfrentar um mundo que se esvai em um modernismo desconfiável, no qual juventudes respondem os mais velhos, e são direcionadas pela lei da televisão que nos faz apologias constantes das drogas, sexo e violência, coisas que, em sua época, não havia tanto, pois o muito era uma brincadeira nas ruas regada de segurança, sem as preocupações de hoje, que fazem pais do mundo todo repensarem o termo educação.
E ela, que nascera numa época na qual sentimentos em relação à política, à religião, à família eram mais que sagrados, passou pelos cantos desse país em paus-de-arara, trouxe uma criança no ventre em meio a poeira e dor, revitalizado-se em cada problema, ao contrário dos seres humanos comuns, que choram o resto de suas vidas, ou então reclamam, e se matam... Ela pisava forte num chão de pedras pontiagudas, ou em lama quando chovia, nos conduzindo com suas parcas ferramentas didáticas, pois não tinha sequer o primário...
Isso, no entanto, assim como sempre nos foi legado pelos grandes homens – escravos sábios, senhoras heroínas – era o menos necessário, porque a vida exige coragem que vem do coração, lá do fundo da alma, e nos revela que somos frios e fracos quando não dar o primeiro passo em direção a qualquer de nossos objetivos. E minha mãe, a dona de nossos corações, nos deixou, em cada canto de sua casa, que hoje sozinha representa o todo, ou mesmo sua sombra, que não se mede...
Hoje, ao escrever essas linhas curtas, tenho a vontade de usar ternos belos (além de todos) para retratar minha mãe, porém, tenho pouco espaço, ainda que tivesse milhões de paginas em braço, então, assim me reporto com o que tenho: minha simplicidade, um termo que sempre se assemelhou a genitora dos meus dias, para dizer o quanto a amo.
Dona Josefa – Zefinha, Zefa, irmanzinha, irmã, mãe, -- era mais que uma pessoa de bem, era a pessoa mais teimosa que conheci. Sua morenez, uma cor de índio forte, de um bisavô que teria sido; um corpo duro, com mãos pequenas, pernas meio tortas, as quais claudicavam devido a um problema de varizes que a fez, por quase quinze anos, uma mulher mais decidida, porém mais estratégica com relação à vida, pois deixara de realizar trabalhos, nos quais a dedicação e disciplina foram seu emblema e bandeira.
Via-se a infelicidade em seu rosto ao saber que precisava se cuidar mais. Via-se o ódio em saber que vivia ao redor de jovens – entre filhos e genros – que, com pernas ótimas, não tinham amor ao trabalho, ou mesmo a atividades relacionadas ao manuseio, ao caminhar, enfim, dizia que “hoje, os jovens têm tudo, por isso fica mais fácil ser preguiçoso”, o que era uma afirmativa real estruturada no que ela havia aprendido sobre a vida. E vivia banhada de razões, e eu fico cabisbaixo só de pensar que houve dias em que digladiei com ela algumas vezes pelo simples fato de querer crescer...
E cresci, mas não foi em minhas digladiações com a mãe das mães, mas pela célula do bem que ela me dera em vida, a deixar bem claro que nossos sonhos só são reais quando damos passos em direção a ele; quando me dizia que o homem só é homem quando teme a Deus, e que a mulher, só é mulher, quando respeita o homem – minha mãe parecia saber mais sobre a cultura egípcia do que muita gente, porque, naquele país, o homem era símbolo maior que unia Deus com a Terra; e a mulher, em seu trabalho afincado nos desejos naturais de seu logos, produzindo, amando o que fazia, sendo para o homem ou para os deuses, não reclamaria do seu papel como hoje o faz – e me dizia que eu, esse ser que lhes fala, teria que ser mais determinado, assim como seu pai o fora, para conseguir meus objetivos... Estava certa, de novo.
Eu, que possuo uma natureza física não muito beneficiada, escutei minha mãe até os vinte e dois anos de idade, depois disso ficara embutido, em mim, a sua filosofia de amor e coragem, da qual não apenas um, mas todos meus irmãos dessa educação tiraram proveito, claro, cada um de acordo com o seu entendimento... e possibilidades.
No próximo texto continuo... Abraços.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Dança do Café

Café da manhã: um dia eu o tomo!

Ele acorda como um gatinho debaixo de seu manto de veludo, sorri debaixo dele ao vir a luz se acender tão bruscamente, e reluzir em seus olhos, pequenos, castanhos, lindos. Torce o corpo branco, e ainda com certo medo de lidar com o clarão se mete a encolher-se, e assim não ser visto mais... É meu filho acordando, antes de ir para a escola.
Com sua fralda noturna, encharcada de xixi, chama tua mãe para retirá-la, porque sabe que a umidade em seu corpo, nesse tempo frio, fica mais difícil de lidar com tudo que é derivado de água.
Falando em água; sua mãe, ao perceber que o tempo nada ajuda, esquenta um vasilhame de água, em dois minutos, leva-o até o filhão, levanta-o até a metade de seu corpo, pega sua miniescova  junto com sua minipasta, e o faz, comicamente, escovar seus pequenos dentinhos, em uma boca que, semelhante aos olhos, ainda nem se abre direito, graças ao soninho...
Enquanto isso, eu, já de pé, corro a tomar meu banho, e em cinco minutos, estou limpo, e dando-me mais cinco, fico pronto para trabalhar, contudo, é só aparência, pois tenho que correr até a cozinha, encher uma vasilha de água, deixa-la esquentar, e, em dez minutos, colocar nela açúcar, mexer, e, ao lado, garrafas de café vazias, prontas, com duas colheres do pó maravilhoso, a espera da realização do dia: o meu café ficou pronto.
Rapidamente, corro até o armazém da esquina, e em cinco minutos,  chego até ele, compro pães; pães de queijo, bolos... Enfim, tudo que possa satisfazer amigos, parentes, filhos e mulher de uma grande casa.
Corro de volta a casa. Ponho meu café. Com a pressa de políticos que vão depor acerca do dinheiro público, bato meu recorde e não o sinto direito em meu estômago, apenas o sabor de um líquido que nasceu para o bem estar da humanidade: o café.
Feito isso, vou até a minha esposa, no quarto, ainda titubeando em seus afazeres, pego sua bolsa, a bolsa de escola de meu filho, seus dinossauros (inseparáveis) de brinquedo, carrinhos, minha pasta, e na boca a chave do carro.
Chegando ao automóvel, jogo a chave no capô, ponho a bolsa do filho no chão, abro o carro, coloco todas as bolsas, pastas e brinquedos na parte do passageiro de trás, tranco tudo até que minha esposa resolva suas questões maternas com meu filho – pequenas brigas.
Minha esposa, depois que se veste, torna-se a mais bela das mulheres, e a mais difícil de lidar, pois não consegue dialogar, pela manhã, com ninguém, pois a pressa faz dela um ser atômico. E eu, no dançar da manhã, tento brincar ou mesmo ser tão rápido para que não haja rispidez no trato nessas horas.
Após vê-la indo ao encontro do carro, lembro-me dos pedreiros que estão trabalhando na obra de minha casa, atrás da casa principal. Faço seus pães, coloco o café em xícaras fundas, e levo para eles, elegantemente, pois, como diria meu professor de filosofia, “não devemos nunca perder a protocolidade da vida”, além do que, eles merecem.
Vejo nos olhos de cada um o agradecimento, a humildade, a paz da manhã e me vou trabalhar, com a esperança de que um dia posso ver uma casa construída, e chamar todos eles para tomar um café, mais uma vez, feito por mim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Manto Vemelho



É difícil entender o amor... Não se sabe se vem de cima, de baixo, do lado, de fora para dentro, ou mesmo de dentro para fora...  Não sei. Olhamos para a vida como um ser incompreensível, no qual passamos necessidades de todos os níveis, além daquelas que temos quando nascemos, porém, indiscrimidamente, ele nos vem.
Tão forte quanto uma ventania no deserto, na qual nos perdemos em suas areias, e tentamos nos esconder inutilmente nas dunas... Mas, lá vem ele, ou melhor, como grãos invisíveis que nos adentram os olhos, nosso corpo, o amor fica preso, encarnado em nossas unhas, roupas, pensamentos... E cria raízes em nós.
É horrível, e ao mesmo tempo misterioso. Eu, em meio a essa poeira natural da vida, tento me esvair, ao passo compreender o que e por que estamos sempre sendo vítimas e ao mesmo tempo protegidos desse manancial divino, que nos tira o fôlego, nos mata em vida, fazendo-nos semelhantes a vegetais medrosos, e depois, pelo que conseguimos, sentimo-nos abençoados e presenteados por Deus, simplesmente porque estamos sendo amados...
Quando não, no entanto, há de entender o quanto somos egoístas, amadores nos sentido infantil das palavras, graças ao nosso medo de ficar sozinhos, morrer e carregar nossas alças do próprio caixão, sem amigos, parentes, ou alguém que um dia tenha nos amado, de verdade.
O medo, no amor, é natural; a dor no amor, mais ainda. É complexidade que só entende quem não ama, pois racionaliza, soma, divide e opina acerca do que é ou não o sentimento que acaba de nos deter (ou aprisionar). Assim, na seriedade brutal humana, vai embora em direção ao deserto, que, ainda que haja ventanias, não o consome, e cria estradas para seguir...
Ao contrário daquele que ama. Este, enjaulado em si mesmo, não racionaliza, não somatiza seus devaneios, sua dor, seu desespero, os quais já fazem de sua vida uma trilha flácida, como uma corda bamba da qual se pode cair a qualquer minuto...
Não se consegue, assim, realizar seus sonhos de paz interna, pois o amor já o tomou. Suas definições acerca da vida são sonhadoras, românticas, vulcânicas e apaixonantes; consegue-se assim, realizar feitos grandiosos, porém, com uma incapacidade de pisar nos chão e sentir as consequências do que não vira... Pois seus olhos estavam cerrados.
Como é difícil falar desse ser magnânimo, e ao passo frio... ou como diria nosso querido Kalil Gibran “deste que te afaga, e ao passo, com cuidado, deve ser abraçado, porque em sua cintura esconde-se uma espada”... E dessa espada provamos, nos ensanguentamos e morremos, e graças à notória capacidade de ressuscitação, o amor nos faz renascer, todos os dias.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

E o Filósofo se foi...

 

 

 

 

 

Nas folhas que se vão nas águas

Tão frias e sem mágoas

Em divinos ribeirões,

Onde nasce meu coração

 

E colhe o homem na terra

Seu fruto embebido

De chuvas e segredo,

Nos mistérios que se vão.

 

E olha para o céu

Semeia a sabedoria,

Tão azul no seu dia a dia,

Tão bela na escuridão.

 

E as águas se vão...

Torneando seu espirito

Ainda cheio de pedras,

Naturais de uma imensidão.

 

Seu universo se abre como véu

E o mundo se fecha no Alcorão,

Corre como filho da vida,

E descobre o simples prazer do pão.

 

Nada mais se vai,

E desaba estático em seu duro chão,

Morre na ignorância eterna,

E na relutância arcaica do não.

 

E o Filósofo se foi...

nas cavernas do seu dia,

Alimentado pelo fogo dos amos,

pelas sombras da vida.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Idade, o Tempo e o Homem...

Cronos, o devorador de tudo.


A Idade e o Tempo
Em tudo que se toca, em tudo que se vê, há muita juventude, mas há também a perecividade. Nós, com certeza, não somos diferentes, simplesmente porque somos humanos. No entanto, em tudo que é inato ao homem e que possui a beleza real, transfigurasse em imortalidade, assim como as flores, que são perecíveis, ao passo imortais em sua essência. Assim, como o vislumbre dos raios do sol, os quais, na manhã edificam nossas mentes , corpos e alma, possui a eternidade... No homem, também. Pois temos a essência eterna.
O tempo, o grande Deus que consome a idade, as partículas relativas da vida, seja aqui ao lado de nossos semblantes, seja no infinito, alimenta-se das mudanças do grande Espirito imutável, o qual, estático, vê em seu corpo tudo ser sugado pelo Tempo, assim como um homem vê os frutos de uma árvore serem levados pelo vento, menos o inviolável tronco.

Cronos
Cronos, o grande deus do Tempo, começou a devorar os seus filhos, em uma carnificina sem tamanho, o que fez Zeus tomar partido e retira-lo do trono, tomando-o.  Simbolizando, portanto, uma evolução natural do universo, dentro do qual, mais tarde, significaria o aparecimento de espiritualidade no homem.
Cronos, o Tempo encarnado, ao devorar seus filhos, significando o próprio tempo voraz em todas as coisas sejam elas providas ou não de subjetividade, é um mistério para o ser humano, mas nem por isso deixa de ser devorado, pois faz parte do todo.
Por isso é que se diz que o próprio Cronos o criou (se fez), pois quem o criaria senão o próprio tempo? Até mesmo o tempo é corroído por ele mesmo!

Homem e Tempo
O homem tem um pouco de Cronos em si. Pois devora a vida, seu tempo, suas atividades, mas ás vezes esquece que ele mesmo se vai, e quando se depara com seu rosto enrugado perante o espelho – ou quando olha para trás e percebe mudanças no presente tão fortes quanto às do passado... – sente que Cronos bateu à sua porta, e que é hora de realizar-se espiritualmente. Aqui, Zeus aparece.
E este deus, em forma de pássaros, leões, visita o homem, mulheres, alimenta os desejos fêmeos, traz os semideuses como esperança ao mundo e sente na obrigação de tomar conta da humanidade, sempre a comandar os grandes Titãs – seus irmãos.
Estes, tão representados pelos elementos que formam o universo, demonstram, na relatividades natural da vida, que o homem é sombra e pó, contudo, possui, em si, a sacralidade natural dada pelos deuses.
Por isso e por muito mais, devemos nos encontrar sempre com os deuses quando podemos, em uma natureza que está logo ali, nos esperando para ensinar que até ela se vai, ainda que demore, porém sua beleza real não se encontra diante de nossos olhos, mas dentro de um espirito maior, perfeito, eterno.

Cícero: a Idade e o Tempo

Jovem Cícero lendo suas poesias preferidas.

Cicero, grande orador romano, nos deixou um legado fraterno sobre a velhice. Sempre dizia o mestre que ao chegar à idade divina, assim ele se referia àquele que chegasse à terceira idade, o homem cuidaria mais de si mesmo, seria mais respeitado, e deixaria os desejos de lado, indo ao encontro de tudo que um dia foi feito para o homem-filósofo: a natureza.
Sua simpatia à idade não era apenas um refúgio, assim como o é para homens que sempre possuem desculpas naturais com fins reclusos, ou melhor, sem a possibilidade de avançar na vida e conseguem usar seu racional para tudo, inclusive ler jornal o dia todo. “somos onde a juventude quer chegar”, dizia. Pois sabia que, mesmo naquela época, jovens tinham seus devaneios bobos, comparados com os de hoje.
Todavia, eram devaneios que “atrapalhavam” a consciência humana jovem em reconhecer a realidade da vida, de que somos perecíveis em corpo, e que antes de sermos fortes, guerreiros, homens, também temos uma raiz que nos faz espirituais, a qual só se é reconhecida quando chegamos à idade terceira.
Mal sabia ele (ou sabia?...) que a juventude de hoje é propícia a ser enterrada antes de seus pais. E como tal a referida se esvai com pouca sabedoria (ou nenhuma...) em meio a frutos podres de uma educação desvirtuada, sem sinais de vida.

O velho e sábio Cícero: morte como continuação.

Cícero, em seus diálogos, nos cita os grandes homens que envelheceram e tornaram suas vidas tão magnificas quanto qualquer uma na tentativa de assemelhar-se a elas. Uma delas é a de Platão, que morrera fazendo o que queria, escrevendo com magnificência suas obras. O grande orador também fala da admiração dos jovens aos espartanos, que quando chegavam, idosos, em seus coliseus, e estes, lotados, tinham a complacência em respeitar, como em uma cerimônia sagrada, a vida do velho homem, que, com certeza, estaria ali porque passou por batalhas, em nome de seu país, de sua família, de sua sociedade, dos deuses, e ainda vivo.
Era belo, dizia Cícero, em ver todos a se levantar e aplaudir o grande homem, que, com certeza, estava ali apenas como um espectador dos jogos do coliseu, mas, para muitos, símbolo maior e troféu de uma nação guerreira.
Cicero sabia que a juventude era uma natureza pela qual devíamos passar, porém de maneira regada, sem excessos. Por isso, passou seus dias a ler velhos sábios e a praticar sua oratória ainda em vida tenra, além de sair de situações que pediam estratégia de um jovem que estaria crescendo em meio a uma república tão amada quanto Roma, o que lhe propiciou ideias grandiosas e uma sabedoria firme ante seus inimigos.
O grande orador veio a dizer que o homem deveria se sentir mais realizado em idade avançada, porque agora realizaria o que pretendia, ou seja, ficaria mais culto, mais elegante não apenas com as palavras, mas seu modo de vida seria um espelho a outros que procurariam sê-lo.
Cícero no cita quatro condições sine qua non para admirar a velhice.
- A privação dos melhores prazeres.
O mestre sabia que o homem é um ser de vontade, mas também de desejos. São forças distintas, porém advindas do mesmo corpo, e que podem lhe dar condições, a depender do individuo, de reconciliar-se com sua natureza, indo ao encontro de si mesmo. No entanto sabemos que, quando jovem, tais pensamentos filosóficos se esbaldam para o mar de infantilidades, a furtar-se de responsabilidades, obrigações, até mesmo acerca de seu comportamento ante a sociedade, simplesmente por causa dos desejos.
Quando da velhice, não podemos dizer o mesmo, simplesmente porque a própria natureza nos priva dos prazeres, a retirar do humano forças hormônicas, com o intuito de leva-lo a outro raciocínio, o de que precisamos pensar no espírito, na vida e na morte.
- O enfraquecimento do corpo.
Ao contrário do que podemos dizer acerca dos jovens, que sempre acreditam que força é algo que deva prevalecer eternamente, sabemos que, quando se vem a velhice, corpos enfraquecem, se tornam volúveis a determinadas atividades, por isso a complacência da reclusão, mas não da vida, pois há atividades nas quais se pode sentir-se útil, forte internamente, filósofo e passar aos pequenos e aos jovens experiências capazes de edifica-los.
- Afastamento da vida ativa
O que não quer dizer que devamos ficar menos fortes ou menos ativos. A velhice nos propõe maneira de viver como somos, não como crianças, jovens, mas como somos velhos – o que não significa ser diferente no pior sentido da palavra, talvez muito pelo contrário. A razão, claro, chega a sentir-se vazia, mas ao “treiná-la” ao proposito a que um dia chegará – a velhice – tornar-se-á mais fértil e útil tanto quanto na idade tenra.
- A velhice nos aproxima da morte
Já dizia um filósofo, “nascer nada mais é que viver para a morte”. Talvez esteja simbólico demais para a nossa compreensão; mas Cícero, filosofo-orador, sentia que havia uma necessidade de entendemos mais o “outro lado” da vida, não apenas em pequeno, mas principalmente na velhice, o que é natural.
No entanto, quando o homem estaciona sua mente em torno de seus objetivos, a própria morte, segundo alguns, já o tomou – e isso é real. Para isso, Cícero dizia que a morte nada mais era que a continuação natural de uma vida que vivemos aqui, em sociedade, porém a fazer algo simples, como se estivéssemos regando uma planta e a vendo crescer.
A velhice nos aproxima da morte física, dizia, não da espiritual que nos transmite a paz a que tanto almejamos quando jovem, isto é, numa época em que aspiramos a todos os ideais, mas nunca nos reconciliamos conosco mesmos, o que acontece na velhice.
Enfim, saber viver é saber morrer, e vice-versa, na visão de nosso grande orador.



obs:
Cícero nasceu em 106 a.C. em Arpino, uma cidade numa colina, 100 quilómetros a sul de Roma. Por isso, ainda que fosse um grande mestre de retórica e composição Latina, Cícero não era "Romano" no sentido tradicional, e sempre se sentiu envergonhado disto durante toda a sua vida.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Projetos, Idealismo e Ideal

Projetos, idealismo e Ideal...

O ideal constrói e modifica o homem.

São questões meramente humanas. E por isso, talvez, haja uma pitada de complexidade no quesito compreensão, quando elencadas, assim, uma atrás da outra. Na realidade, há uma pitada de subjetivismo, pois a depender de conceitos, podemos pegar dicionários, opiniões, sejam coletivas ou individuais, e trazer à tona semelhanças ou não à verdade ao que realmente são.
Mas uma coisa é certa, quando tratadas à luz do coração, todas se parecem. Pois é do homem trabalhar em projetos de forma bela e arquitetar, transformar e concretizar casas, edifícios, cidades, como se fossem filhos do próprio útero, do qual saem ideias magníficas e ao mesmo tempo temporais.
Desse Homem, podem sair pirâmides retiradas de um universo que pede para ser descoberto, e ao mesmo tempo resguardado para o próprio bem da espécie. Saem cidades sagradas, em homenagem aos deuses, e nela guerreiros para a sua proteção. É o idealismo humano tomando conta da alma, se alastrando como constelações, com intuito de iluminar o caminho do homem.
No entanto... A luz real vem do ideal que trabalha os aspectos internos do homem no sentido de fazer não apenas uma casa, um edifício, ou mesmo cidades, mas principalmente para trabalhar a si mesmo, em consonância com o universo...
Por isso, dizia-se na tradição “o que está em cima, também está embaixo”... Quer dizer que, diante do que temos, precisamos nos harmonizar com o Todo no sentido de nos igualar à Ordem cósmica, caso contrário serão apenas peças aleatórias, reflexos da imaginação humana...
Hoje, quando observamos os grandes edifícios, podemos nos questionar acerca de sua beleza, de sua grandiosidade, porém nunca por sua ligação com Deus, pois não há nenhuma.  Há a beleza relativa humana – o que não é pouco --, mas não chega a ser uma obra de arte atemporal , que permeará até mesmo depois da extinção humana...
A atemporalidade pode ser buscada nas obras de arte reais – em quadros, em esculturas, em músicas nas quais permeiam o simbólico, o mítico, e por que não dizer o mistério de cada um e do próprio universo? (já ouviram a Nona Sinfonia toda?)...
É uma das características que se pode perceber em  obras quando religadas com o Todo, quando estão em sintonia com a Natureza. Uma prova disso, claro, está na reunião de vários trabalhos feitos na antiguidade – dos gregos, egípcios, persas, hindus, etc – evidenciando quão somos despercebidos no quesito espírito, pois este é que norteou o homem no feitio das obras divinas.
No Egito, homens e mulheres, frutos da grande árvore universal, trabalhavam como crianças na estruturação das grandes pirâmides, as quais sintetizavam representações simbólicas, desde o primeiro tijolo ao último, dádiva não apenas a elas mais a tudo que faziam – suas casas, seus fogões, suas ruas, sua agricultura... Até mesmo, suas batalhas.
E disso nos despercebemos também, que, em nossas casas, moramos nós, seres que querem o respeito do próximo, do(a) parceiro(a)-conjugue, do filho(a); queremos dormir e viver como príncipes e rainhas, e comer e beber como reis. Além de tudo, queremos nos acomodar religiosamente e fazer daquele templo nosso de cada dia uma ponte entre os deuses e nós.
Com esse pensamento, talvez, serviam os egípcios o faraó, que era o homem-deus, cujo trabalho era realizar feitos em prol dos cidadãos daquele país. Porém, hoje, penso que seja muito mais que isso... Penso que somos escravos de pensamentos mesquinhos que traduzem nossa ambição fria ante o dinheiro e suas consequências, boas ou más.
Penso que não compreendemos os grandes cidadãos egípcios graças à nossa falta de espiritualidade, que se perdeu com a decadência humana na ascensão do capitalismo doentio.
Mas os projetos sempre vão existir de algum modo, até o ultimo homem; o idealismo, assim como os projetos serão filhos dos homens com vontade de mudar uma época, um mundo, com seus textos, com suas palavras, seus gestos, mas nunca irão muito longe se não houver ideal em seus atos, porque ele, o ideal, transforma o homem em divino apenas com seu pensar, e quando seus atos são feitos pelo ideal, a glória se faz, o universo dentro do sujeito homem se manifesta, e o mundo inicia seu período de esperança.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Gestos que Mudam o Mundo: o nosso triunfo.

Há tempo!


Atualmente, trabalho em uma seção com mais ou menos quinze pessoas – sendo cinco pela manhã e dez à tarde. Há mais outras que se infiltram em seus gabinetes, que dão mais ou menos umas vinte. Se colocarmos aqui o nome de cada uma, fica chato, então vamos nos predispor em citar apenas o comportamento de maneira generalizada, com o fim de trazer à tona uma estatística dentro da qual podemos ver como funciona o mundo em que vivemos.

De vinte pessoas, no quesito dedicação, podemos dizer que temos quinze o fazem, com afinco, o que lhes é passado. Dessas quinze, aquelas que fazem com primazia, posso dizer que são dez (ou menos). Se por ventura eu levar em consideração o fator cansaço, amor ao trabalho, vitalidade, vamos cair na subjetividade, ou seja, num relativo quase absoluto comportamento... E, se eu levar a seguinte pergunta: quantas dessas pessoas gostam de trabalhar com seus colegas de trabalho?

Também iremos cair em relatividade, pois há uns, a minoria, que gostam; mas a maioria, não. Mas será por que, se temos que encarar, todos os dias, pessoas de todos os níveis, em nossas andanças, caminhadas, correrias, em idas e vindas, em filas, em ônibus, em táxis, até mesmo se houver um edifício feito especialmente para suicidas, teremos lá uma fila imensa de... Pessoas! Então por que não nos habituamos com aqueles que estão em nosso dia a dia?

Nesse campo, não é fácil. Nesse mesmo setor em que trabalho, daquelas vinte pessoas, apenas duas me dão “bom dia” e apenas uma diz “até amanhã”. Eu juro que o problema não sou eu rs! Como dizia minha linda mãe, “a bondade cabe em qualquer canto, e você é uma pessoa boa, meu filho”. Dizia isso não por ser minha mãe, mas por me conhecer como uma pessoa que nunca fizera um inimigo.

Mas qualidade como essas não é o suficiente para que todos possam dizer “Olá, bom dia, tudo bem?” ou mesmo “Até amanhã, e tenha um bom descanso”, não, infelizmente, não.

O que percebo, hoje, é que o que ronda os círculos pessoais é a competição, ou melhor, aquela que me faz pensar que tenho que ser um ótimo profissional, sem olhar para trás ou para frente, apenas ascendendo de acordo com minha competência, esquecendo-me de que há seres que precisam ser ouvidos, e mais, envolvidos na semântica humana de relacionamentos, sejam pessoais ou não.

Mas... Se eu não me engano, o fator humano é tão importante quanto o ser profissional, não é? Ou eu estaria sendo bobo demais, piegas demais, ou pretenso a Cristo, simplesmente por tentar levar em consideração esse aspecto tão esquecido – ou deteriorado com o tempo?

Talvez. Mas também podemos dizer que nos esquecemos de salientar, praticar, viver e o que realmente importa: os atos que nos tornam humanos. Mas e se não soubermos? Pois é, a distância entre nós e o animalesco, a cada dia, fica mais estreita. Por isso, sempre que tivermos dúvidas do que somos, ou de que espécie fazemos parte, olhemos para o céu...

Nele, resguarda-se a origem humana e simbólica do que somos, nesse céu azul, que traspassa qualquer compreensão científica quando deparados com o espírito maior, e nesse mesmo céu, a possibilidade de nos reatarmos com o nosso self, quando reflete o que somos... 

Olhemos para a terra, pois é para onde nosso corpo irá. Olhemos para o nosso intermediário, o grande sol, que nos demonstra, com seus gestos simples e claros, a objetividade da Justiça e da Ordem. Mas se ainda estivermos com dúvida de que somos parte desse todo, tentemos dar um bom dia, bem alegre, como um pretenso teste, à primeira pessoa que encontrarmos. Não precisa ser, de início, aquele ser monstruoso que nos espera nos trabalho, e sim, alguém simples que necessita, naquele minuto, mais que dinheiro, casa, roupas... Precisa de um grande abraço forte no qual possa sentir a diferença entre o que somos e o podemos ser.

Tente dizer, além do abraço, um “Bom dia” regado de esperança, amor, paz e vida. Tenho a certeza de que o resultado será o processo da reação entrando em sua alma, como um perfume pelas suas narinas.

O processo, no entanto, é gradual. Pois, por sermos humanos, não pretendemos abrir mão de nossos valores mesquinhos, e dizer que somos humildes o bastante para dizer “você venceu”, então... “Bom dia, para você”. Nada disso. Pretendemos vencer nossas barreiras do egoísmo e entender que cada um de nós possui problemas, sejam pessoais, sejam profissionais, espirituais... De modo que fica difícil dizer “bom dia a todos” ou até mesmo “tenha um ótimo fim de semana”, sei lá, cada um com suas razões.

Como disse, é gradual. O mistério humano precisa ser revelado, claro, mas por sê-lo precisa ser redescoberto por meio de chaves simples, até mesmo por meio de palavra  como um “olá”, “você vai bem?”, “como você está?”...  Porém, no nosso nível, apenas iniciados são capazes de parar alguém e lhe perguntar tais coisas....!

É por essas e outras que temos que rever nossos atos, palavras, sentimentos, no sentido de consertá-los, e reavivá-los, com finalidades precípuas, e ao passo reais, sem falsidades, ou apenas por educação. Tem que vir do peito, lá do fundo do coração, se puder. Se não, pode esquecer...

Porém há sempre aquele que se mostra mais rancoroso que os outros, e transforma nossas vidas em filmes de Steve Spielberg, às vezes em casa, nas ruas ou mais comumente no ambiente de trabalho, transformando o dia a dia em uma guerra fria, com direito a mísseis teleguiados!

Esse, apesar de tudo, nunca vai abrir mão do que ele é, pois, em algum lugar de sua vida, só vivenciou amarguras com quem viveu ou tentou viver; e graças às ferramentas que lhe deram, nunca soube lidar com ninguém, apenas ser um bom profissional. E ponto.  A vida, para esse, é apenas um meio para a consecução de seus fins profissionais, pessoais... Esse nunca saberá ler uma poesia.

Por outro lado, há os seres especiais, que passam suas energias, tais quais seres iluminados por um sol particular. Pessoas que não conseguem ser maus, apenas bons. Esses dos quais são tiradas substâncias químicas para criação de vacinas contra o mal do mundo (ah, se pudesse!)...

Nós, intermediários, ao saber que somos Arjunas entre o bem e mal, temos ferramentas para sermos anjos e demônios, ouro ou carvões eternos. A escolha é nossa.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Gestos que Mudam o Mundo

Um sorriso pode trazer a paz real em sua plenitude



As guerras começam com um gesto ou com uma palavra árdua. Depois delas, milhões de indivíduos se vão. Uma fagulha de cinza de cigarro, involuntária, carrega em si a morte de diversas espécies em incêndios, dentro das quais até mesmo a nossa se vai. Assim, é a dor, a violência, o castigo, a tortura, sempre sombreadas com intenções mórbidas, as quais frutificam a mudança de comportamento de uma sociedade, de uma geração e da humanidade... Tudo por causa de um simples gesto.

E, com toda sua expressividade, o ato singelo pode também desestruturar o mal de um mundo magoado pela corrupção, pelos conflitos e guerras inúteis. Nele, se de coração for, vem-nos a esperança de que, um dia, o próprio ser humano se redima ante seus atos, que, há anos, desordenam um mundo que fica à mercê do homem para sobreviver no universo.

Sabemos, mais do que todos, que é preciso que haja, em nossos meios, batalhas cuja natureza íntima é a busca pela paz, ainda que nos pareça contraditório, pois somos de uma natureza de força e reação, coalizão, mas, nas entrelinhas, sabemos que a paz é o nosso maior ideal. E este não se busca em montanhas, em picos gelados, nos quais iniciantes a Buda se prontificam... A paz se busca aqui e agora.

Entretanto, fazer das batalhas o pão de cada dia, sem mesmo saber o porquê, torna-se vã a nossa busca, pois sabemos que até mesmo os animais, seres predadores – e também respeitadores de sua natureza --, têm seu limite em batalhas. Então, saibamos o nosso!

Benefícios da Guerra


Após anos, sabemos o quanto nos arrependemos com os atos dantescos, como a Guerra do Vietnã, dos Bálcãs, dos Sete Dias, até mesmo da Segunda Grande Guerra, a qual nos custou o “nascimento” de uma besta, cujo maior ideal era dominar o mundo à custa de judeus, negros, ciganos, paraplégicos, enfim, em nome de um ideal às avessas, estruturado por pilares de areia, que é o próprio mal. Sabemos, também, que fechar os buracos antigos não nos dá tempo da redenção, mas ficarmos presos a um passado sem respostas a um futuro que precisa de nós.

Tudo isso poderia ter sido repensado, e assim – para o bem de uns, para o mal de outros --, não nasceriam nações comerciais como os Estados Unidos, que, ante a tomada de Perl Harbor, viram-se na “necessidade” de se mostrar como donos das circunstâncias, jogando bombas em nações orientais, como forma de finalizar um processo no qual ele estaria se destacando pelos grandes atos.

Assim, ao demonstrar mais poder de fogo, foi detentor da melhor moeda, do melhor idioma, da cultura... Ou seja, a guerra, para determinados países, foi (e é) um bom negócio, ainda que inocentes se vão sem o mínimo de razão.


 O Mal da Montanha

Todo mal é análogo a uma montanha. E a montanha se fez. E nela as razões porque foi feita se vão. Quem observa uma, se indigna com ela, ou a admira. As guerras são assim: montanhas altíssimas em cima de vários milhões de inocentes, traumatizados, loucos, a mostrar, em seu cimo, a bandeira da paz...

Não sabemos nós, todavia, até agora, que a montanha da guerra se fez com a mínima poeira da natureza humana, e que preferiu optar pela dor e não pelo sorriso (ou pelo abraço, pela brandura da paz) que nos espera sempre no alto de nossas almas.

A alma do homem, que dá vida à montanha, no entanto, não é um produto que se faz em fábricas ou que se vende em feiras ou lojas em liquidação. A alma humana é plástica, é vento, é fogo, é o fluir das ondas e ao passo o canto do sabiá nas manhãs de domingo. Ela se identifica com o belo, com o justo, com o que há de mais verdadeiro no universo.

Não é difícil se apaixonar por uma poesia, ou mesmo por um pôr do sol. E quando a alvorada se faz, muitos correm de suas casas apenas para vê-la – e em muitos países, somente para reverenciá-lo. E do alto de nossas reais montanhas, vimos mares, pássaros em extinção cantando canções que o próprio homem nunca as ouviu. E ao acordar pela manhã, ao ver o filho sonífero em seu quarto,  sorrindo pelo sonho que teve, sem mesmo abrir os pequenos olhos, ele agradece a Deus pelos dias que o fizeram vivo na terra.

Esses são sentimentos sagrados, pois não há nenhum ser no planeta que o sinta ao não ser nós, seres humanos. Sentimentos profundos que podem ser transpassados a todos, sem medo, estruturados pelo Bem, pelo Amor e pela Justiça, regados pela verdade de uma natureza pura, advinda dos deuses e do deus interior de cada homem por meio de gestos que podem nos levar a sermos mais humanos, todos os dias.


Epíteto/Platão/Sócrates...

O grande mestre de Marco Aurélio, Epíteto, que um dia foi um escravo, mas também filósofo estoico, nos deixou máximas incríveis, em um livro homônimo, no qual diz “devemos sempre idealizar a natureza como um todo para com ela nos harmonizar”.

Explica Epíteto, na verdade, que em simples atos corretos, interligados com o desprendimento, em função do sagrado, podemos buscar não somente a paz, mas a resolução de muitos problemas que nos enclausuram, porém não nos retirando o que temos, o que conseguimos na vida. Apenas não nos importando tanto quanto nos importamos com as coisas banais.

Marco Aurélio, seu discípulo, mais tarde, em batalhas, escreve seu único livro “Meditações”, aperfeiçoando o que o mestre lhe impôs, sempre buscando através de atos simples, retos, a harmonia da vida, com Deus.

Na República Platônica, o autor faz alusão à Justiça, ao Bem, à Verdade, mas todos direcionados a nós, como se a única chance de obtemos sucesso da perfeição fosse a busca interna. Ele tinha razão.

Sócrates, e o seu “Conheça a Ti Mesmo, e conhecerás o Universo”, resume, antes de todos, a prontificação humana na busca determinada pelo seu lugar no universo. E Cristo, “Eu sou a Luz, e a Verdade”, deixa-nos claro que somos mais que meros corpos em busca de prazeres sem sentido. Somos grãos em busca da duna perdida, e ao mesmo tempo somos o mar, o céu, as estrelas, o infinito puro e divino, assim como tudo que é sagrado e divino.

Não é sonho, é real. Podemos mudar o mundo com pequenos gestos simples e humanos, dentro do que somos, ainda que não acreditamos. Gestos, como vimos, podem matar milhões, mas podem fazer nascer seres maravilhosos, dedicados, voluntários em causas nobres.

Acreditemos nisso!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Criação do Homem-Símbolo



Somos tudo e nada.



Sabe-se que somos mais que Corpo, Mente e Alma. Somos peças fundamentais em um universo que necessita ser compreendido para que a nossa própria existência não se torne apenas um joguete de pequenos seres humanos que detêm a maioria das informações acerca dos mistérios da vida e do mundo... Nossa existência tem um sentido, tem um processo dentro do qual nos permite evoluir em todos os sentidos.

Alguns desses pequenos, a de saber, progridem em seus objetivos com a finalidade de manipular outros seres humanos; outros, no entanto, baseados em premissas clássicas, nas quais o conhecimento e a sabedoria são nortes do homem, nos fazem repensar essa estrutura bela chamada universo, não apenas o de fora, mas principalmente o de dentro de nós.

E, hoje, como alvos de um processo discriminatório-voluntário por parte daquela minoria que nos confunde o racional, somos obrigados a lutar como guerreiros em nome de uma verdade que há muito se desconhece, a verdade sobre nós, seres humanos. Obrigados a batalhar, como grandes generais, contra mentiras que governam mentes, corpos e almas de gerações, desvirtuando a real educação a precipícios metafóricos, porém tão reais ao ver do filósofo, que produzem efeitos piores tanto quanto o precipício literal.

Contudo, dentro caverna-mãe, na qual nascemos, morremos... e nascemos... Possuímos semânticas que nos fazem, às vezes, pensar que somos tudo e nada. Que somos deuses ou meramente vermes, em busca de justiça, verdade, coragem, cada um dentro de suas possibilidades.

E realmente, somos tudo e nada, ainda que acreditem que somos apenas sombras e pó ambulantes, em vias tortuosas, em um mundo que nasceu para viver e conosco harmonizar-se. Somos vermes, árvores, plantas, terra, sol... etc, os quais burlam em nossas almas, às vezes, em características tão evidentes, que precisamos, dentro delas, nos enxergar melhor e quem sabe voltar a ser humanos-humanos.


Símbolos do Homem

Antes, porém, teremos que seguir os degraus dessa identidade metafórica e galga-los com a finalidade de sermos o que pretendemos ser: humanos.



Homem-verme

O homem-verme rasteja junto com seus entes, em busca do lodo, da dor, e tentando subtrair do próximo o que não tem, bate no peito e sorri ao conseguir, por meio escusos, um pouco da lama fria que o alimenta.

Homem-terra

O homem-terra, pela sua materialidade, não perde nunca meios de subir, seja no lodo ou mesmo em cargos em repartições públicas, pois, para ele, o que importa é está acima das possibilidades terrenas, dos outros. Para isso, vai sorrir forçosamente ao amigo, ao irmão; vai enganar seus pais, e passará ao seu filho o que muitos homens, até agora, em uma educação falsa, o fazem: “o que importa é ser simples”, vão dizer, e, na prática, terá o prazer de ver seu filho como um advogado, antes de sua vocação para gari...
  
Ao contrário do que pensamos, somos todos terra, mas, dentro de nossa natureza, alguns se conscientizam da necessidade de sê-lo, pois acreditam (os) que a terra e o valor dela são apenas sinais de que podemos transcender dentro de possibilidades que ela mesma dá.

Homem-árvore

E na terra, o homem-árvore é aquele que não se abala com a tempestade, com o sol em excesso, com opiniões, como a escuridão, e, graças a terra – aos seus valores básicos (de pai e mãe) – edifica-se, mas, às vezes, por ter tais valores tão fortes, não consegue destituir-se das raízes de seu passado, dando margem a ficar eternamente preso a eles.

Esse homem também dá frutos, sejam eles doces ou amargos. Os doces não só nos revelam a face da doçura, mas da simplicidade, ainda que advinda de uma estrutura arcaica, porém necessária para lidar com outros homens. Daqui vem o papel da religião moderna, da qual saem seres que juram que vão para o céu, mas estão presos à ignorância gostosa e por isso não querem abrir mão de suas convicções, por isso, não ouvem, e adoram falar, e vivem muito pouco, como medo da verdade.

Os frutos amargos são dos homens feitos apenas para maltratar verbalmente o próximo, pois não conseguem ascensão na vida, ou menos que isso, não gostam de elogios, não gostam de si mesmos, e reclamam diariamente  das mínimas coisas, pois lhe convém. Esses seres amargos denotam um falecimento antes da cova, pois, além de não dar valor à raiz da qual veio, não prova do fruto doce e nem se interessa em buscar saber o que há do outro lado da vida.

Homem-vegetal

A vida, para os homens-vegetais, filhos não apenas da terra, mas do processo cíclico, da inércia, da involução espiritual, é apenas uma viagem sem rumo, na qual canteiros imensos de pessoas de sua classe são regados todos os dias por opiniões racionais que não combinam com a ação, com o fazer, e sim, com a preguiça, com a mesmice, e ganham muito com isso.

Tais canteiros são regados por homens que acreditam que ir às ruas reclamar seus direitos é apenas de pessoas que não têm nada mais a fazer na vida e vão clarear as ideias num sol odioso; para esse vegetais humanos, levantar da cama é um sacrilégio, ou uma forma de castigo.  Destes, esperamos a leitura de clássicos, de textos incríveis, de opiniões formidáveis, mas são contra a mudança literal do mundo, pois não têm força para tanto, e esperam que todos o sejam da mesma forma – vegetais. Nestes homens, o crescimento espiritual é apenas aparente...

Homem-animal

Para o homem-animal, somente o aspecto sexual lhe interessa. Depois de encontrar sua natureza, tenta esconder-se por trás de sua força, seus músculos – no caso da mulher – de seu corpo --, ama sair em grupo para destacar-se com floreios físicos, o que na realidade, nada mais é que a busca por uma matilha humana, com a finalidade de juntar-se a outra ou outro e fazer o que vários animais o fazem. A diferença é que animais podem fazer o que quiserem (e onde quiserem), mas dentro de sua natureza. O homem-animal está entre o vegetal, que sente, e o animal, que não segue as leis éticas de sua própria..

Esse homens instintivos, mal direcionados sexualmente, desde a infância, crescem, se formam, são hiperinteligentes, porém, em suas mentes, nada mais fica senão a ideia de realizar seus desejos mais frios. Daqui nascem os padres pedófilos e outros tipos de seres, cujo caráter patológico pode traduzir em um dos mais tristes da espécie.


Homem-sol 

Contudo, temos o homem que venceu as etapas acima. Passou por deveras provas virulentas da vida, compreendeu seu papel da vida, no universo, tornou-se reflexivo em seus atos, encontrou meios de elevar-se, ainda que com parcas e poucas ferramentas, tornou-se sábio, dentro do seu meio e é dono de si. É o homem-sol.

Este, podemos dizer, brilha no escuro. Seu olhar é de um ser que atravessa nossas almas, e alcança nosso espírito, ainda que sejamos brutos. Desse ser esperamos o Amor, a Justiça, a Verdade, a Coragem, dentre outros valores pelos quais lutamos, lá dentro de nossos corações, mas não entendemos direito, pois as sombras do dia a dia nos perturbam e nos deixam cegos pelo materialismo frio e constante, a nos deixar sem rumo.

Este homem-sol é a tocha da vida que precisamos para nos alimentar todos os dias, e nos basear em suas máximas, em seu trabalho, revelando-nos o que somos e o que podemos fazer pelo mundo, essa pequena partícula na qual somos tão pequenos, porém tão importantes quanto uma folha que nasce.

O homem-sol nos dá medo. Pois traduz o que precisamos ser aqui e agora para “salvar” um mundo que se revela, a cada minuto, símbolo da morte em vida.

Humano-humano... É alem do homem sol.








A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....