sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Dança do Café

Café da manhã: um dia eu o tomo!

Ele acorda como um gatinho debaixo de seu manto de veludo, sorri debaixo dele ao vir a luz se acender tão bruscamente, e reluzir em seus olhos, pequenos, castanhos, lindos. Torce o corpo branco, e ainda com certo medo de lidar com o clarão se mete a encolher-se, e assim não ser visto mais... É meu filho acordando, antes de ir para a escola.
Com sua fralda noturna, encharcada de xixi, chama tua mãe para retirá-la, porque sabe que a umidade em seu corpo, nesse tempo frio, fica mais difícil de lidar com tudo que é derivado de água.
Falando em água; sua mãe, ao perceber que o tempo nada ajuda, esquenta um vasilhame de água, em dois minutos, leva-o até o filhão, levanta-o até a metade de seu corpo, pega sua miniescova  junto com sua minipasta, e o faz, comicamente, escovar seus pequenos dentinhos, em uma boca que, semelhante aos olhos, ainda nem se abre direito, graças ao soninho...
Enquanto isso, eu, já de pé, corro a tomar meu banho, e em cinco minutos, estou limpo, e dando-me mais cinco, fico pronto para trabalhar, contudo, é só aparência, pois tenho que correr até a cozinha, encher uma vasilha de água, deixa-la esquentar, e, em dez minutos, colocar nela açúcar, mexer, e, ao lado, garrafas de café vazias, prontas, com duas colheres do pó maravilhoso, a espera da realização do dia: o meu café ficou pronto.
Rapidamente, corro até o armazém da esquina, e em cinco minutos,  chego até ele, compro pães; pães de queijo, bolos... Enfim, tudo que possa satisfazer amigos, parentes, filhos e mulher de uma grande casa.
Corro de volta a casa. Ponho meu café. Com a pressa de políticos que vão depor acerca do dinheiro público, bato meu recorde e não o sinto direito em meu estômago, apenas o sabor de um líquido que nasceu para o bem estar da humanidade: o café.
Feito isso, vou até a minha esposa, no quarto, ainda titubeando em seus afazeres, pego sua bolsa, a bolsa de escola de meu filho, seus dinossauros (inseparáveis) de brinquedo, carrinhos, minha pasta, e na boca a chave do carro.
Chegando ao automóvel, jogo a chave no capô, ponho a bolsa do filho no chão, abro o carro, coloco todas as bolsas, pastas e brinquedos na parte do passageiro de trás, tranco tudo até que minha esposa resolva suas questões maternas com meu filho – pequenas brigas.
Minha esposa, depois que se veste, torna-se a mais bela das mulheres, e a mais difícil de lidar, pois não consegue dialogar, pela manhã, com ninguém, pois a pressa faz dela um ser atômico. E eu, no dançar da manhã, tento brincar ou mesmo ser tão rápido para que não haja rispidez no trato nessas horas.
Após vê-la indo ao encontro do carro, lembro-me dos pedreiros que estão trabalhando na obra de minha casa, atrás da casa principal. Faço seus pães, coloco o café em xícaras fundas, e levo para eles, elegantemente, pois, como diria meu professor de filosofia, “não devemos nunca perder a protocolidade da vida”, além do que, eles merecem.
Vejo nos olhos de cada um o agradecimento, a humildade, a paz da manhã e me vou trabalhar, com a esperança de que um dia posso ver uma casa construída, e chamar todos eles para tomar um café, mais uma vez, feito por mim.

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