sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Gestos que Mudam o Mundo: o nosso triunfo.

Há tempo!


Atualmente, trabalho em uma seção com mais ou menos quinze pessoas – sendo cinco pela manhã e dez à tarde. Há mais outras que se infiltram em seus gabinetes, que dão mais ou menos umas vinte. Se colocarmos aqui o nome de cada uma, fica chato, então vamos nos predispor em citar apenas o comportamento de maneira generalizada, com o fim de trazer à tona uma estatística dentro da qual podemos ver como funciona o mundo em que vivemos.

De vinte pessoas, no quesito dedicação, podemos dizer que temos quinze o fazem, com afinco, o que lhes é passado. Dessas quinze, aquelas que fazem com primazia, posso dizer que são dez (ou menos). Se por ventura eu levar em consideração o fator cansaço, amor ao trabalho, vitalidade, vamos cair na subjetividade, ou seja, num relativo quase absoluto comportamento... E, se eu levar a seguinte pergunta: quantas dessas pessoas gostam de trabalhar com seus colegas de trabalho?

Também iremos cair em relatividade, pois há uns, a minoria, que gostam; mas a maioria, não. Mas será por que, se temos que encarar, todos os dias, pessoas de todos os níveis, em nossas andanças, caminhadas, correrias, em idas e vindas, em filas, em ônibus, em táxis, até mesmo se houver um edifício feito especialmente para suicidas, teremos lá uma fila imensa de... Pessoas! Então por que não nos habituamos com aqueles que estão em nosso dia a dia?

Nesse campo, não é fácil. Nesse mesmo setor em que trabalho, daquelas vinte pessoas, apenas duas me dão “bom dia” e apenas uma diz “até amanhã”. Eu juro que o problema não sou eu rs! Como dizia minha linda mãe, “a bondade cabe em qualquer canto, e você é uma pessoa boa, meu filho”. Dizia isso não por ser minha mãe, mas por me conhecer como uma pessoa que nunca fizera um inimigo.

Mas qualidade como essas não é o suficiente para que todos possam dizer “Olá, bom dia, tudo bem?” ou mesmo “Até amanhã, e tenha um bom descanso”, não, infelizmente, não.

O que percebo, hoje, é que o que ronda os círculos pessoais é a competição, ou melhor, aquela que me faz pensar que tenho que ser um ótimo profissional, sem olhar para trás ou para frente, apenas ascendendo de acordo com minha competência, esquecendo-me de que há seres que precisam ser ouvidos, e mais, envolvidos na semântica humana de relacionamentos, sejam pessoais ou não.

Mas... Se eu não me engano, o fator humano é tão importante quanto o ser profissional, não é? Ou eu estaria sendo bobo demais, piegas demais, ou pretenso a Cristo, simplesmente por tentar levar em consideração esse aspecto tão esquecido – ou deteriorado com o tempo?

Talvez. Mas também podemos dizer que nos esquecemos de salientar, praticar, viver e o que realmente importa: os atos que nos tornam humanos. Mas e se não soubermos? Pois é, a distância entre nós e o animalesco, a cada dia, fica mais estreita. Por isso, sempre que tivermos dúvidas do que somos, ou de que espécie fazemos parte, olhemos para o céu...

Nele, resguarda-se a origem humana e simbólica do que somos, nesse céu azul, que traspassa qualquer compreensão científica quando deparados com o espírito maior, e nesse mesmo céu, a possibilidade de nos reatarmos com o nosso self, quando reflete o que somos... 

Olhemos para a terra, pois é para onde nosso corpo irá. Olhemos para o nosso intermediário, o grande sol, que nos demonstra, com seus gestos simples e claros, a objetividade da Justiça e da Ordem. Mas se ainda estivermos com dúvida de que somos parte desse todo, tentemos dar um bom dia, bem alegre, como um pretenso teste, à primeira pessoa que encontrarmos. Não precisa ser, de início, aquele ser monstruoso que nos espera nos trabalho, e sim, alguém simples que necessita, naquele minuto, mais que dinheiro, casa, roupas... Precisa de um grande abraço forte no qual possa sentir a diferença entre o que somos e o podemos ser.

Tente dizer, além do abraço, um “Bom dia” regado de esperança, amor, paz e vida. Tenho a certeza de que o resultado será o processo da reação entrando em sua alma, como um perfume pelas suas narinas.

O processo, no entanto, é gradual. Pois, por sermos humanos, não pretendemos abrir mão de nossos valores mesquinhos, e dizer que somos humildes o bastante para dizer “você venceu”, então... “Bom dia, para você”. Nada disso. Pretendemos vencer nossas barreiras do egoísmo e entender que cada um de nós possui problemas, sejam pessoais, sejam profissionais, espirituais... De modo que fica difícil dizer “bom dia a todos” ou até mesmo “tenha um ótimo fim de semana”, sei lá, cada um com suas razões.

Como disse, é gradual. O mistério humano precisa ser revelado, claro, mas por sê-lo precisa ser redescoberto por meio de chaves simples, até mesmo por meio de palavra  como um “olá”, “você vai bem?”, “como você está?”...  Porém, no nosso nível, apenas iniciados são capazes de parar alguém e lhe perguntar tais coisas....!

É por essas e outras que temos que rever nossos atos, palavras, sentimentos, no sentido de consertá-los, e reavivá-los, com finalidades precípuas, e ao passo reais, sem falsidades, ou apenas por educação. Tem que vir do peito, lá do fundo do coração, se puder. Se não, pode esquecer...

Porém há sempre aquele que se mostra mais rancoroso que os outros, e transforma nossas vidas em filmes de Steve Spielberg, às vezes em casa, nas ruas ou mais comumente no ambiente de trabalho, transformando o dia a dia em uma guerra fria, com direito a mísseis teleguiados!

Esse, apesar de tudo, nunca vai abrir mão do que ele é, pois, em algum lugar de sua vida, só vivenciou amarguras com quem viveu ou tentou viver; e graças às ferramentas que lhe deram, nunca soube lidar com ninguém, apenas ser um bom profissional. E ponto.  A vida, para esse, é apenas um meio para a consecução de seus fins profissionais, pessoais... Esse nunca saberá ler uma poesia.

Por outro lado, há os seres especiais, que passam suas energias, tais quais seres iluminados por um sol particular. Pessoas que não conseguem ser maus, apenas bons. Esses dos quais são tiradas substâncias químicas para criação de vacinas contra o mal do mundo (ah, se pudesse!)...

Nós, intermediários, ao saber que somos Arjunas entre o bem e mal, temos ferramentas para sermos anjos e demônios, ouro ou carvões eternos. A escolha é nossa.

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