Há tempo! |
Atualmente, trabalho em uma seção com mais ou menos quinze
pessoas – sendo cinco pela manhã e dez à tarde. Há mais outras que se infiltram
em seus gabinetes, que dão mais ou menos umas vinte. Se colocarmos aqui o nome
de cada uma, fica chato, então vamos nos predispor em citar apenas o
comportamento de maneira generalizada, com o fim de trazer à tona uma
estatística dentro da qual podemos ver como funciona o mundo em que vivemos.
De vinte pessoas, no quesito dedicação, podemos dizer que temos quinze o fazem, com afinco, o que lhes é passado. Dessas quinze, aquelas que fazem com primazia, posso dizer que são dez (ou menos). Se por ventura eu levar em consideração o fator cansaço, amor ao trabalho, vitalidade, vamos cair na subjetividade, ou seja, num relativo quase absoluto comportamento... E, se eu levar a seguinte pergunta: quantas dessas pessoas gostam de trabalhar com seus colegas de trabalho?
Também iremos cair em
relatividade, pois há uns, a minoria, que gostam; mas a maioria, não. Mas será
por que, se temos que encarar, todos os dias, pessoas de todos os níveis, em
nossas andanças, caminhadas, correrias, em idas e vindas, em filas, em ônibus,
em táxis, até mesmo se houver um edifício feito especialmente para suicidas,
teremos lá uma fila imensa de... Pessoas! Então por que não nos habituamos com
aqueles que estão em nosso dia a dia?
Nesse campo, não é fácil. Nesse
mesmo setor em que trabalho, daquelas vinte pessoas, apenas duas me dão “bom
dia” e apenas uma diz “até amanhã”. Eu juro que o problema não sou eu rs! Como
dizia minha linda mãe, “a bondade cabe em qualquer canto, e você é uma pessoa
boa, meu filho”. Dizia isso não por ser minha mãe, mas por me conhecer como uma
pessoa que nunca fizera um inimigo.
Mas qualidade como essas não é o
suficiente para que todos possam dizer “Olá, bom dia, tudo bem?” ou mesmo “Até
amanhã, e tenha um bom descanso”, não, infelizmente, não.
O que percebo, hoje, é que o que
ronda os círculos pessoais é a competição, ou melhor, aquela que me faz pensar
que tenho que ser um ótimo profissional, sem olhar para trás ou para frente,
apenas ascendendo de acordo com minha competência, esquecendo-me de que há
seres que precisam ser ouvidos, e mais, envolvidos na semântica humana de
relacionamentos, sejam pessoais ou não.
Mas... Se eu não me engano, o
fator humano é tão importante quanto o ser profissional, não é? Ou eu estaria
sendo bobo demais, piegas demais, ou pretenso a Cristo, simplesmente por tentar
levar em consideração esse aspecto tão esquecido – ou deteriorado com o tempo?
Talvez. Mas também podemos dizer
que nos esquecemos de salientar, praticar, viver e o que realmente importa: os
atos que nos tornam humanos. Mas e se não soubermos? Pois é, a distância entre
nós e o animalesco, a cada dia, fica mais estreita. Por isso, sempre que
tivermos dúvidas do que somos, ou de que espécie fazemos parte, olhemos para o
céu...
Nele, resguarda-se a origem
humana e simbólica do que somos, nesse céu azul, que traspassa qualquer
compreensão científica quando deparados com o espírito maior, e nesse mesmo
céu, a possibilidade de nos reatarmos com o nosso self, quando reflete o
que somos...
Olhemos para a terra, pois é para
onde nosso corpo irá. Olhemos para o nosso intermediário, o grande sol, que nos
demonstra, com seus gestos simples e claros, a objetividade da Justiça e da
Ordem. Mas se ainda estivermos com dúvida de que somos parte desse todo,
tentemos dar um bom dia, bem alegre, como um pretenso teste, à primeira pessoa
que encontrarmos. Não precisa ser, de início, aquele ser monstruoso que nos
espera nos trabalho, e sim, alguém simples que necessita, naquele minuto, mais
que dinheiro, casa, roupas... Precisa de um grande abraço forte no qual possa
sentir a diferença entre o que somos e o podemos ser.
Tente dizer, além do abraço, um
“Bom dia” regado de esperança, amor, paz e vida. Tenho a certeza de que o
resultado será o processo da reação entrando em sua alma, como um perfume pelas
suas narinas.
O processo, no entanto, é
gradual. Pois, por sermos humanos, não pretendemos abrir mão de nossos valores
mesquinhos, e dizer que somos humildes o bastante para dizer “você venceu”,
então... “Bom dia, para você”. Nada disso. Pretendemos vencer nossas barreiras
do egoísmo e entender que cada um de nós possui problemas, sejam pessoais,
sejam profissionais, espirituais... De modo que fica difícil dizer “bom dia a
todos” ou até mesmo “tenha um ótimo fim de semana”, sei lá, cada um com suas
razões.
Como disse, é gradual. O mistério
humano precisa ser revelado, claro, mas por sê-lo precisa ser redescoberto por
meio de chaves simples, até mesmo por meio de palavra como um “olá”, “você vai bem?”, “como você está?”... Porém, no nosso nível, apenas iniciados são
capazes de parar alguém e lhe perguntar tais coisas....!
É por essas e outras que temos
que rever nossos atos, palavras, sentimentos, no sentido de consertá-los, e
reavivá-los, com finalidades precípuas, e ao passo reais, sem falsidades, ou
apenas por educação. Tem que vir do peito, lá do fundo do coração, se puder. Se
não, pode esquecer...
Porém há sempre aquele que se
mostra mais rancoroso que os outros, e transforma nossas vidas em filmes de
Steve Spielberg, às vezes em casa, nas ruas ou mais comumente no ambiente de
trabalho, transformando o dia a dia em uma guerra fria, com direito a mísseis
teleguiados!
Esse, apesar de tudo, nunca vai
abrir mão do que ele é, pois, em algum lugar de sua vida, só vivenciou
amarguras com quem viveu ou tentou viver; e graças às ferramentas que lhe
deram, nunca soube lidar com ninguém, apenas ser um bom profissional. E
ponto. A vida, para esse, é apenas um
meio para a consecução de seus fins profissionais, pessoais... Esse nunca
saberá ler uma poesia.
Por outro lado, há os seres
especiais, que passam suas energias, tais quais seres iluminados por um sol
particular. Pessoas que não conseguem ser maus, apenas bons. Esses dos quais
são tiradas substâncias químicas para criação de vacinas contra o mal do mundo
(ah, se pudesse!)...
Nenhum comentário:
Postar um comentário