quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Manto Vemelho



É difícil entender o amor... Não se sabe se vem de cima, de baixo, do lado, de fora para dentro, ou mesmo de dentro para fora...  Não sei. Olhamos para a vida como um ser incompreensível, no qual passamos necessidades de todos os níveis, além daquelas que temos quando nascemos, porém, indiscrimidamente, ele nos vem.
Tão forte quanto uma ventania no deserto, na qual nos perdemos em suas areias, e tentamos nos esconder inutilmente nas dunas... Mas, lá vem ele, ou melhor, como grãos invisíveis que nos adentram os olhos, nosso corpo, o amor fica preso, encarnado em nossas unhas, roupas, pensamentos... E cria raízes em nós.
É horrível, e ao mesmo tempo misterioso. Eu, em meio a essa poeira natural da vida, tento me esvair, ao passo compreender o que e por que estamos sempre sendo vítimas e ao mesmo tempo protegidos desse manancial divino, que nos tira o fôlego, nos mata em vida, fazendo-nos semelhantes a vegetais medrosos, e depois, pelo que conseguimos, sentimo-nos abençoados e presenteados por Deus, simplesmente porque estamos sendo amados...
Quando não, no entanto, há de entender o quanto somos egoístas, amadores nos sentido infantil das palavras, graças ao nosso medo de ficar sozinhos, morrer e carregar nossas alças do próprio caixão, sem amigos, parentes, ou alguém que um dia tenha nos amado, de verdade.
O medo, no amor, é natural; a dor no amor, mais ainda. É complexidade que só entende quem não ama, pois racionaliza, soma, divide e opina acerca do que é ou não o sentimento que acaba de nos deter (ou aprisionar). Assim, na seriedade brutal humana, vai embora em direção ao deserto, que, ainda que haja ventanias, não o consome, e cria estradas para seguir...
Ao contrário daquele que ama. Este, enjaulado em si mesmo, não racionaliza, não somatiza seus devaneios, sua dor, seu desespero, os quais já fazem de sua vida uma trilha flácida, como uma corda bamba da qual se pode cair a qualquer minuto...
Não se consegue, assim, realizar seus sonhos de paz interna, pois o amor já o tomou. Suas definições acerca da vida são sonhadoras, românticas, vulcânicas e apaixonantes; consegue-se assim, realizar feitos grandiosos, porém, com uma incapacidade de pisar nos chão e sentir as consequências do que não vira... Pois seus olhos estavam cerrados.
Como é difícil falar desse ser magnânimo, e ao passo frio... ou como diria nosso querido Kalil Gibran “deste que te afaga, e ao passo, com cuidado, deve ser abraçado, porque em sua cintura esconde-se uma espada”... E dessa espada provamos, nos ensanguentamos e morremos, e graças à notória capacidade de ressuscitação, o amor nos faz renascer, todos os dias.

2 comentários:

  1. RegisBama,

    "amar é mudar a alma de casa", já dizia o mestre Mário Quintana. E nessa mudança, algumas coisas se perdem outras são adquiridas... Amar é ótimo, mas dá um trabalhão, né?:)

    Adorei a foto do pimpolho na mais sábia das atividaes: a leitura!

    Beijão,

    Lulupisces.

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    1. Lulu, minha querida, obrigado pela participação! Como sempre, você sabe o que diz.
      Beijão!

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....