segunda-feira, 29 de abril de 2013

Processos Iniciáticos: caminhos para o sagrado VII

O CHAMADO PARA A INICIAÇÃO



Atender ao chamado: algo maior que o coração.


           

O  mais interessante nisso tudo é que, antes de ser um ser normal por assim dizer, o iniciado, como podemos dizer, já sucinta uma forma de lidar com a natureza de maneira diferente. Ou seja, dentro de seu coração burla uma vontade hibrida, ou seja, uma mistura entre o bem o mal, entre a matéria e o espirito, entre a magia e a realidade, entre o exotérico e esotérico...

Ou melhor dizendo... Todos temos esse chamado, porém não ouvimos! Aqueles mais especiais, donos de si mesmos, ou de uma coragem simples, ao passo maior que uma montanha, atendem ao chamado, à vocação, a si mesmo.

Em nossos dias, não é diferente, porém há mais possibilidades de desvirtuamento graças a mestres que não o são, a instituições falhas, e assim, perdendo-se em devaneio pelo reflexo, o fiel se vai como uma folha ao vento, como plásticos em furacões, a depender de seu estado, ou melhor problema, então é sucumbido pelas palavras de senhores da oratória, desconhecedores da tradição, mas conhecedores do vão.

Tais senhores, já implicitados por Platão no mito da caverna, não assombram, mas se valem de monstros em forma de homens, de máscaras bondosas, de fieis seguidores de um bem inventado. Isso em todos os aspectos, político, religioso, científico e até filosófico, com intuito de esconder os reais interesses.

Não é de hoje, claro. Até mesmo, há dois mil anos, antes de Cristo, as civilizações douradas que se têm notícia, foram corroídas por pretensões humanas da pior espécie, porém houve naquela data senhores que já conheciam as duas faces da moeda e conseguiram fincar-se  em apenas uma: a do Bem.

Falo dos grandes mestres da humanidade, dos quais nos saíram palavras, máximas, livros, conhecimentos, vida prática, ou até mesmo sem que deixassem algo, se tornaram mitos, no bom sentido da palavra, e  transformaram o mundo. Neste último exemplo cabe citar nosso amigo e querido Jesus, que virara Cristo, depois de iniciado, e que, apesar de trazer à tona valores maiores do que o homem, não escrevera nada. Apenas seus discípulos, depois de séculos!

O mesmo aconteceu com Sócrates, o qual, depois de sua morte, fora homenageado por seu maior discípulo, Platão, que, iniciado, transformou o Ocidente, ainda que desvirtuado em alguns meios filosóficos e cristãos.


O chamado


Cristian Jacq, um dia, nos contou a história daqueles homens que um dia trabalhavam no feitio dos belos desenhos de dentro das pirâmides, as quais serviram, por muito tempo, de templos iniciáticos aos egípcios. O nome de um dos personagens era Paneb.

Paneb trabalhava na agricultura com seus pais, pobres, mas não tinha muito apreço ao que fazia, mesmo sabendo que era essencial à sua família. A razão de Paneb não era apenas a falta de amor ao que fazia, mas ao que sentia. Todos os dias, depois do pôr do sol, sentava-se em meio ao plantio, pegava lápis especiais para pintura e iniciava o que ele chamava de agonia...

Nosso personagem desenhava com brilho a natureza. Era o que mais sabia fazer. Contudo, não se sentia satisfeito, pois seu pai dizia que aquilo não era trabalho para um homem forte, que era seu filho, o qual detinha em suas veias uma fonte de amor à arte, mas não era apreciada pelos motivos expostos.

Assim, um dia, seu coração gritou mais alto, e soubera que os artesãos da pirâmide precisavam de artistas para continuar as obras da tradição. E foi. Mesmo sendo um grande artista, Paneb sentiu que não era apenas bater à porta e dizer “agora, quero ser um iniciado nos mistérios das artes profundas”, não, não era.
Deixando sua família à mercê do pai, Paneb foi ao encontro da grande voz que ressoava em seu coração. E não voltara nunca mais. A principio, correra sem direção, distribuindo saraivadas de tapas, em brigas, colhendo mais que arroz e trigo, colhera inimigos por onde andara, e conseguira enfim chegar aos templos, nos quais, ali, vários discípulos e sacerdotes por perto trabalhavam como deuses na confecção de desenhos, os quais, até hoje, intrigam turistas no mundo inteiro...

E Paneb, por achar que seria um deles de imediato, conseguira fazer mais inimigos, o que salientou mais distância ao seu Ideal. Isso, no entanto, não lhe dispersou. Muito pelo contrário. A voz que ouvia de seu coração era tão forte que conseguira buscar, em meio a intrigas e desavenças, a concórdia, a paz, e a amizade de todos.

E assim, a cada dia, passou a frequentar  o vilarejo onde seria, primeiramente, um filho de uma grande família, diferente daquela que um dia fugira. E mais que isso: com o passar dos anos, foram feitos vários trabalhos, e neles, como se era de saber, um pouco dos mistérios.

Assim, agindo em função de algo maior – os deuses! – Paneb iniciara uma nova forma de desenho. Neles o brilho era o mesmo, porém de um relevo especial, do qual daria para se admitir que eram quase reais. E mais. Muito mais.

Depois de anos, então, os sacerdotes puderam apreciar dos mais simples aos mais complexos trabalhos do candidato à artista do templo. Viram que Paneb não só melhorava em artes, mas seu caráter fora apreciado quando o pré-discípulo passava por situações de conflito, o que lhe dera mais caráter de confronto consigo mesmo.

Paneb foi iniciado nos mistérios, após. Seu nome mudara, sua pessoa mudara, sua forma de lidar com as pessoas e mundo, idem.

Aquele jovem que um dia brilhava antes que o sol lhe tomasse, brilhava mais ainda. Paneb, agora, antes de artista era um ser que entendia os mistérios das artes divinas.



A Beleza e a Coragem do Coração


Hoje em dia, claro, ficamos à espreita desses sentimentos que desperta uma luz interna, da qual, porém, não entendemos nada. Mistérios que nos batem à porta em chamados abstratos, sem cor e desejos, mas que nos guiam em forma de pessoas, instituições, pais, mães, mestres... de modo que nos enlouquecem ou mesmo nos mata de tanto chamar.

São os chamados. Um chamado, no entanto, vem de uma simplicidade notória, tal qual o de uma mãe, que chama o filho na hora do almoço, e escutamos apenas quando nos interessa. O chamado, tão sagrado quanto, revela sensações desconhecidas, beirando a dor, ao passo frios e compassados como o de um mestre maior que nos direciona a uma montanha solitária.

E teimosos que somos, não ouvimos, e quando ouvimos acreditamos que não somos especiais, e que tudo não passa de um “sensação” humana... Claro, não há sensações além das nossas. Não há meios de encontrar o sagrado sem que seja por intermédio dele...

A beleza é infinita, pois transcende a envergadura das paralelas de Einstein, da comunicação dos anjos, das palavras sublinhadas pelas nuvens, do sentido do arco-íris. Não há mais coragem do que aceitar a si mesmo, ou em aceitar sua vocação seja para o que for... gari, cobrador, varredor de rua, sapateiro, escritor de poucas linhas, poeta de poucas palavras, sem livros; não há nada mais corajoso do que aceitar a condição de ser o que somos, negros, gordos, magros, deficientes, pálidos, indianos, africanos, brasileiros...


Temos que aceitar nosso primordial chamado.

Processo Iniciático:caminhos para o sagrado VI


SACERDOTES



Sacerdócio: reservado ao homus divinus








Sabe-se que na antiguidade as nações que acreditavam no poder do ritual eram regidas por mitos – contextos análogos a uma realidade dentro da qual deuses e homens predominavam ---, lendas, histórias de heróis, enfim, uma credibilidade religiosa afincada nos desejos de cada uma das civilizações.

E assim, por meio dos deuses, potencialidades universais, o homem vivia. Há vários autores – inclusive egiptólogos – não se contentam com explicações superficiais acerca de determinadas nações que no passado tiveram seu ápice em todos os aspectos – como medicina, educação, governos, os quais sintetizavam outro universo, sendo que este último o reflexo do primeiro – o universo maior.

Dessa forma, um pouco mais abrangente, claro, o iniciado nos mistérios tinha um ideal a cumprir. Respeitar as leis universais. Respeitar as leis internas e externas. Honrar os deuses com seus atos. Ser puro nas palavras, reflexo do coração. Ser puro em pensamento. Ativo. Trabalhar em prol de um mundo ritualístico no qual até o último individuo compreenda a necessidade do sagrado na vida do homem.

Hoje, quando acordamos, colocamos os pés no chão e não sentimos a mãe terra, a qual se chamava Gaya, entre outros nomes em culturas diversas, e nela andamos, plantamos, colhemos... Olhamos para o céu, e não vemos Zeus, Júpiter, ou qualquer deus que há muito fez parte de uma lógica constante em nossas vidas no passado. Poderíamos pelo menos entender o por quê...

Porém, continuamos, e comemos, de uma agricultura rica, de terras mais ricas ainda, o alimento que nos chega limpo e saudável. Para alguns, apenas uma mera formalidade de uma civilização que deve, por obrigação, alimentar o próximo; para outros, a semântica perfeita entre o homem e ao que ele deve acreditar. Ou seja, nada, nem mesmo o alimento que surge no prato, é por acaso.

E não é. Pois as tempestades existem, as pragas das plantações, idem. Os terremotos que surgem do nada, eliminando vilas, as maremotos, os tsunamis, os quais devastam populações... Enfim, são realidades concretas advindas de uma semântica – como disse – explicável cientificamente, e ao mesmo tempo religiosamente.


SACERDOTES


Contudo muito mais para os grandes sacerdotes que sonhavam com as grandes catástrofes que advinham dos deuses predizendo uma nova civilização ou, antes disso, uma dor de perder o que há muito criaram. Tais sacerdotes, iniciados nos segredos divinos, donos de uma Ciência que os fazia incorruptíveis – pelo menos até o inicio da derrocada humana – tinham o poder de predizer o futuro pelos sonhos, pelo olhar no universo; tinham o poder de cura; o poder de compreender a metafísica que rege o homem. Não o sacerdote de hoje.

Em todas as culturas há o sacerdote. Tão forte quanto qualquer entidade representativa, o representante sagrado tinha a obrigação de dirigir ou participar de um rito sagrado. Fossem nos sacrifícios, fossem expiações de divindades ou divindade... E assim, na condução dos indivíduos aos templos, ou mesmo em Igrejas, ele revelava o papel simbólico a ser representado, alí, naquele ritual, de modo a fazer do individuo um iniciado nos mistérios... Porém, se fosse do seu desejo fazer com que aquele esperasse mais algum tempo, que o fizesse, pois dizia que não era hora, ou não estaria preparado.

O sacerdote, imaculado, estaria em toda trajetória do discípulo à sua consecução. Servindo de farol em um mar escuro, o homem-divino não tinha medo da morte, pois sabia que a Vida nada mais era que uma organização da qual apenas o homem fiel às leis divinas, à sua vocação, ao seu chamado, teria acesso.


Decadência


Muitos se questionam, quando no fim do processo de evolução das grandes sociedades ameríndias, o sacerdote maior exigir sacrifícios extremos do fiel, como a morte, ou melhor, o sacrifício aos deuses. Não sabem, ainda, se tais homens divinos era ou não eram portadores de uma sabedoria infinita, da qual vivia aquela civilização...

Pode-se dizer que toda (Toda mesmo) civilização tem seu auge (ápice), e seu período de decadência e morte... Mas o que não sabem é que a maioria das nações que se vão, ainda que não compreendamos isso, aparecem sob a forma de outra, só que agora com uma roupagem diferente e modos complexos, mas que podemos identificá-la por pequenos atos civilizatórios...

E os sacerdotes, também filhos de uma civilização em decadência, em razão de modificações que nela foram feitas durantes séculos que se passaram, também decaem, porque o processo é para todos, ou melhor, quase todos. Os sábios, aquele que semearam a real filosofia, se vão, e deixam para futuras civilizações apenas reflexões acerca do passado.  Os sacerdotes, infelizmente, quando não tão sábios – pode ocorrer – em razão de uma vocação destorcida ou instintiva, revelam-se juízes do caos.

Como em uma partida de futebol sem juiz, na decadência, o sacerdote seria um dos jogadores que assume a arbitragem, e sem parâmetros, inicia uma nova forma de jogar semelhante a do antigo ou completamente diferente, de modo a ficar apenas o resquício do que fora dado no passado...

Assim explico os representantes (agora não) divinos quando submeteram civilizações a sacrifícios dantescos, dos quais havia até retiradas de coração, de cabeças, de membros (falos), os quais em uma época de ouro eram símbolos de um segredo que, inicialmente, significavam pureza, respeito e fortaleza... E terminaram, nas nações ameríndias, a significar algo literal... 






(Voltamos mais tarde com mais iniciação)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Magia da Simplicidade



Na Escola: Pai, obrigado por essa riqueza.






Ontem, antes de dormir, meu filho, de quatro anos, aprendia a orar. Juntando suas mãozinhas, e ao lado da mãe, fazia-me sorrir com seus atos pequenos, que significavam a eternidade. Ali, do lado oposto ao meu, filho e mãe pediam a Deus proteção, paz e agradeciam pelo dia que vivenciaram...

Não sei se conseguirei esquecer a mágica das palavras que saiam da boca de minha esposa, repetidas de maneira linda por Pedro, o qual, apesar do tamanho, um pouco grande para um menino de sua idade, parecia-me, aos meus olhos, um anjo.

Um anjo que claudicava nas palavras, e que as pronunciava sem saber seu significado, seu real valor; porém, quando unia suas pequenas mãos, quase que fechando os olhinhos, meu coração se partira em muitos, e quase chorei...

A paz que meu filho me passava não era a mesma de um silêncio que se consegue com o fim dos barulhos, não era a paz que governos, homens, mulheres, mães vão atrás. Era a mesma que há muito o espirito humano tenta explicar, e não consegue.

Pedro e sua mãe, um par perfeito de dois logos, cujo terceiro sou eu, se infiltravam sorrateiramente num mundo sublime, de leveza, semelhante apenas aos jardins imensos que se combinam com músicas que nos elevam e atravessam nossa alma, de vez em quando. Era de levitar.

Eu, como expectador, sorria baixinho, colocando meu rosto num travesseiro, e ao mesmo tempo pensava... “meu Deus, que lindo!”. Nunca em minha vida pensara eu que poderia sentir a pureza de um ato, a verdade de um pessoa, o amor na sua forma mais concreta.

A beleza ali se fez; o amor também. A paz que senti, ainda que o momento fosse um tanto lúdico, transcendeu minha compreensão de mundo. Ou seja, refleti acerca das crianças, das pessoas, da sociedade, de um mundo, até mesmo sobre Deus, o que sempre faço.

Tudo isso em questão de segundos. Assim, de alguma forma, pude participar do refazimento de um universo que precisa da atenção do homem. Um universo que se putrefa com o tempo, e vira lixo a depender de nossos atos, de nossa hipocrisia...

A oração bela de meu filho – na qual ele dizia “Papai do Céu, proteja minha mamãe, meu papai...” – fez-me pensar que precisamos não apenas da simplicidade, mas trabalhar a favor dela. Somos complexos, no entanto, e buscamos a simplicidade em meio a confusões, a conflitos, a loucuras diárias... Enfim, estamos sendo incoerentes com nossos princípios, os quais nos fez buscadores de soluções claras, límpidas, e hoje, presos em bolas de neves que criamos, chegamos a procurar batatas em pés de goiabas, e vice-versa.

Hoje, em meio a um universo que nos pede organização não somente externa, ficamos estáticos e teóricos tentando entender o que significa paz interna. Paz  interna, descobri, é a oração do meu filho.

...E voltando à oração, depois que me via sorrir baixinho ele dizia, “aí, mãe, o papai não que fazê!” – já sentindo a importância do pequeno ritual, no qual, acredito, se continuar, vai trazer a ele a paz que merece em toda sua vida... Pois, como dizia um grande filósofo hindu, “Nas orações, não nos comunicamos apenas com Deus, mas com todos”. 

E naquele dia, fiz minha pequena oração – pois acredito em atos que nos distinguem das demais espécies – e ela, a oração, não é apenas esse complemento diferenciador, mas uma forma deixada pelos sábios, uns em forma de trabalho, outros em busca de um ideal, mais outros em forma de práticas diárias em respeito e dedicação, mas a maioria, na calada da noite, agradecendo aos céus, seja ele exterior ou interior, pelo grande dia, pela preparação para o outro.

E aqui, agradeço.

Pai, obrigado pelo grande e lindo filho que tenho.

Dê-lhe conhecimento, amor e segurança. Proteja-o, Pai.

Pela linda esposa e companheira,

Pela grande família,

Pelos irmãos, e pela grande mãe que tive e terei sempre.

Pai, guarde a todos em seu coração.

Obrigado.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Processos Iniciáticos: Caminhos para o Sagrado - V


Escolas de Mistérios Gregas

Platão e a Iniciação.


Platão: o melhor.


As Escolas de iniciação grega tinham em si uma influência profunda de outras escolas, nas quais se praticavam rituais quase homogêneos aos egípcios, os quais foram raízes daquela cultura. Prova disso, temos no texto anterior, o grande Pitágoras, que iniciou seu processo de iniciação no país do Nilo, mais tarde partindo para a Babilônia, onde se realizou mais espiritualmente.

Cogita-se que até mesmo o mestre Platão, tão influenciado por Pitágoras, tivera seu momento na cidade das pirâmides – Egito, mais especificadamente em Sais. Alguns autores, em busca de detalhes a respeito, salientam que o mestre chegara ao templo e tivera que responder a diversas perguntas, entre elas “O que vieste fazer aqui?”, pergunta o sacerdote do templo... e que o filósofo lhe responde... “Vim em busca da sabedoria”.

Platão também teria respondido “Em busca do conhecimento do bem e do mal, da justiça e da injustiça, pois ela é o amor de uns e o rancor de outros”.  Além do que, o buscador não teria apenas lhes respondido acerca do abstracionismo filosófico, mas também da ciência como um todo.

“O que é Ciência?”, perguntaram-lhe, e de pronto, Platão teria dito “A compreensão da causa e efeitos, quando o espírito de Deus desce sobre o peito dos homens.”. Assim, em respeito às leis egípcias, o discípulo que mais tarde viria a ser o ícone do conhecimento ocidental não só respondia, mas aprendia a respeito das leis universais, segundo a tradição, sempre considerando a perenidade do corpo, da personalidade e acerca da imortalidade do ser, somando a desfechos positivos, em respeito ao conhecimento maior.

Platão estava sendo preparado para a luz, pois, para os sacerdotes osirianos, estava perto de se integrar grande Lei. Assim, o neófito, candidato à iniciação, aprendera acerca de Anki, um objeto semelhante a uma cruz cristã, a qual teria o significado infinito aos olhos egípcios, contudo, para ele, que estava no inicio, entenderia, com seus olhos e alma, que significaria a imortalidade, o infinito, Deus. Anki, para o povo mítico, seria a chave da vida...

Aqui, Platão vira o universo em um microuniverso. O eixo da cruz, para ele, simbolizaria o caminho do discípulo, e o horizontal, o seu limite. Tudo isso demonstrado pelo círculo, no final dos eixos, representando a consciência espiritual.

Os dogmas, aprendeu, os preceitos, tudo, de alguma forma, deveria existir, mas não no sentido relativo, até vulgar, mas no sentido restrito da palavra, pois o próprio universo necessitaria de um dogma para se cobrir e para velar seus mistérios... Por isso, Sócrates, mais uma vez, estava certo, quando disse “só sei que nada sei”... Pois, por mais que soubesse acerca dos mistérios, haveria uma restrição necessária aos mortais, aos mestres, indicando que as leis universais são parcamente compreensíveis por intermédio dos mitos e ritos, contudo necessários ao homem.



Platão e sua Academia: eternos.




Para Platão, após sua volta à  Grécia, escreveu... “as iniciações são a conquista progressiva dos estados de consciência”, e mais, para os Neo Platônicos, é a união da parte com o Todo. E depois, de sua volta, o grande filósofo fundou uma academia, aproximadamente em 387 aC, em Atenas, consagrado a deusa.

Nela, Platão, depois de se iniciado nos mistérios, e já um admirador de Pitágoras, além do que, há época, teria uma relação estreita com discípulos, continuou, a principio, do mestre iniciado na Babilônia, aliando, mais tarde seu grande discípulo, Aristóteles, o qual se tornara seu melhor aluno, durante vinte anos.

Em sua escola, ressaltava a dialética, a primazia pela busca individual da verdade, pelos questionamentos. E assim, além do que aprendera em sua iniciação, e principalmente depois da morte de seu mestre maior, Sócrates, dera ao mundo diversas formas de compreender seus ensinamentos à humanidade. Ensinamentos estes que foram desvirtuados com o tempo, porém que não se perderam, graças a certas entidades que não souberam interpretá-lo ou que preferiram leva-lo ao descaso...

Publicou vários livros:
Apologia de Sócrates
Críton ou Do Dever
Íon ou Da Ilíada
Laqués ou Da coragem
Lísis ou Da Amizade
Cármides ou Da Sabedoria
Eutífron ou Da Santidade
Eutidemo ou Da Erística
Hípias menos
ou Da Mentira
Crátilo
ou Da Etimologia
Hípias Maior
ou Do Belo
Menexeno
ou Do Epitáfio
Górgias
ou Da Rétorica
República
- livro I
Protágoras
ou Dos sofistas
Ménon
ou Da Virtude

Fédon ou Da Alma
Banquete
ou Do Bem
República - livros II a X
Fedro
ou Da Beleza

Parménides ou Das Formas
Teeteto
ou da Ciência
Sofista
ou Do Ser
Político
ou Da Realeza
Filebo
ou Do Prazer
Timeu
ou Da Natureza
Crítias
ou Da Atlântida
Leis
(inacabado)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Processos Iniciáticos: Caminhos para o Sagrado - IV


Pitágoras e sua Escola


“Não castiguemos os homens de hoje, ensinemos as crianças de amanhã”.

“Mais vale ser um touro por um dia, do que ser um boi pelo resto da vida”



Pitágoras. Dele pouco se sabe, mas deixou maravilhas.


... É difícil comentar a respeito de determinados assuntos dos quais temos apenas opiniões, assim como tudo que é relativo, ou seja, podemos cair na insegurança de lidar com elementos que podem nos apresentar interpretações dúbias, além de nossos conceitos incertos.

Contudo, temos que visualizar sempre um meio para tanto, o que sempre me assegura o respeito ao que vou retratar. É o referencial. Este tão certeiro quanto um caminho a vida, deve ser sempre levado, ainda que de modo imaginário, para onde formos, mas que esteja em nosso subconsciente, ou melhor, em nossa pequena grande alma, dentro da qual burlam questionamentos, etc...

Tudo isso para iniciar um dos melhores assuntos dessa jornada em busca da verdade. Templos iniciáticos na Antiga Grécia...

Primeiramente, queria alertá-los a respeito de algo necessário. Aqui, nessas paginas, não será colocado todo conteúdo possível em torno de todos os templos ou mesmo o modo como lidavam com a magia, rituais, os quais, antes do cristianismo e um tanto quanto depois dele, norteou escolas de filosofias Pitagóricas, Platônicas... O que para nós daria um outro Blog...

Pitágoras

Todos sabem que Pitágoras teve esse nome em razão de Pítia, uma deusa grega. Mas foi no Antigo Egito que o filósofo se iniciou. Sua inquebrantável luta pela verdade e mistérios o fez ir ao país dos faraós, no qual foi recebido sem recusas pelo grande faraó Amasis.

Foi submetido, assim, a várias provas iniciáticas por mais de vinte anos. Em tais provas, teve elucidações acerca das essências, da vida e das formas, compreendendo questões espirituais, como a evolução (ascensão), e involução (queda na matéria), rumo à Unidade.

Em razão de algumas circunstâncias, que nunca são casuais, foi obrigado a seguir com escravos até Babilônia, na qual conheceu a sabedoria do mestre Zoroastro.

Os sacerdotes egípcios, segundo contam discípulos do mestre, foram os mais responsáveis pelo seu conhecimento a respeito da Vida, pois eram os maiores conhecedores das ciências sagradas, porém encontrou práticas reais em magos persas, com os quais aprendeu a manipular leis ocultas da Natureza – ou como diziam, fogo Pantomorfo – das quais a eletricidade, a energia até certo grau, além da palavra humana, foi ensinada pelos mestres babilônios.

Penetrando na magia persa, Pitágoras penetrou ainda nas ciências ocultas, e não parou mais. Assim, após sua iniciação com magos babilônicos e sacerdotes egípcios, o filósofo já sabia mais que a maioria dos gênios gregos, e até que seus mestres, o que facilitou entender todos os meandros da humanidade... Sabia sobre religiões, continentes e raças totalmente desaparecidas.”.





Escola Pitagórica

De Volta à Grécia...  

Depois de encontrar seu mestre anterior, na cidade em que lhe havia dado o nascimento, resolveu partir para outra, e iniciar um processo que jamais nos esqueceríamos desse grande homem. Pitágoras queria formar uma escola de iniciação.

Sabedor, agora, da grande matemática abstrata, mestre de Samos – onde nascera – foi responsável por muitos conhecimentos, dos quais, até hoje, a humanidade tem acesso, como a Teoria de Pitágoras.

E formou uma escola em Crotona, Itália Meridional, na qual ensinaria a um grupo de indivíduos por ele selecionados, pela virtude e moral,  a educação esotérica (não exotérica, o que significa “para fora”), aplicando seus princípios de educação à mocidade, e ainda uma instituição na qual modificaria o próprio Estado.

E, com isso, trouxe à tona pensamentos de discórdia em relação ao que pretendera ainda que fosse com ótimas intensões. Mas, mesmo assim, continuou com seus ensinamentos. Dizem que, na sua escola, havia os acusmáticos, aqueles que tinham a vocação instintiva do falar, mas que, em sua escola, teriam que passar por um bom tempo apenas no ouvindo o mestre e suas aulas. Pitágoras dava mais valor ao silêncio...


Pentagrama. Símbolo da Escola


Em sua escola, ainda, desenvolveu-se vários estudos de Matemática, da qual saíram muitas fórmulas que conhecemos atualmente, além de influenciar vários outros filósofos como Platão, Aristóteles, e até mesmo ao Cristianismo. Dalí saíram mestres, e, segundo alguns, Pitágoras havia se casado, possivelmente, com uma mestra em Física, Theano...

Ritos

Pitágoras também era conhecido pela sua inflexibilidade com seus alunos, o que lhe dera o vulgo de autoritário. Porém, quando se faz uma escola na qual se ensina filosofia em todos os aspectos, principalmente humano, há de convir que a tendência é trazer à tona elementos que farão todos possíveis discípulos dentro do meio... Assim é o ditador na política.

Mas Pitágoras tinha uma política diferente, e dentro dela, modificaria as pessoas, o Estado, o mundo, com ensinamentos que, se deixassem à época, tornaria o mundo bem melhor. Por isso tantos filósofos dele lembram quando citam suas doutrinas.

Mais que isso, a “ditadura” do mestre não era a mesma que conhecemos, mas gerada de uma necessidade interior, sutil, espiritual. Infelizmente, para alguns candidatos, tudo isso poderia ser simplificado com uma palavra, dor.

As provas eram muito difíceis. Como sabemos, temos as opiniões, e as pronunciamos a qualquer custo, o que nos trás a depender do que sai de nossas bocas problemas sérios. E o mestre, aos seus pré-discípulos, fazia com que alguns “faladores” ficassem sem falar durante anos, sem direito a qualquer palavra – apenas observando, respeitando, e entendendo os símbolos.

Outra prova era o candidato penetrar em seu âmago, por meio de ensinamentos esotéricos, e descobrir seus monstros interiores. Pitágoras fazia com que o medo de si mesmo levasse o candidato a deixar as aulas. E muitos o fizeram. A alma humana traz à tona elementos de uma personalidade tão impregnada de máscaras, que engana seu portador com ilusões.

Uma das provas mais sérias era a de teor  moral, na qual o discípulo teria que argumentar acerca de um símbolo, ainda que jamais visto por ele, e, sozinho, dissertar da melhor maneira sobre aquilo que o mestre lhe dera para meditar... Se o fizesse, sem opiniões de terceiros, ou semelhantes, seria aceito.

Isso, com certeza, configura que a moral deve vir do próprio espírito humano, mais tarde chamado por Platão de Nows no homem, o que lhe rendera influências de muitos outros filósofos. A moral, enfim, não era uma organização interna baseada em princípios relativos, ou como podemos dizer, de opiniões que geram princípios falhos! A moral tinha que ser a conduta baseada na mais profunda organização que possuímos – Deus.

Pitágoras foi um dos mais sábios filósofos da humanidade, senão o maior. Influenciou muitos com a sua maneira de lidar com a prática de seus ensinamentos, na tentativa de fazer m mundo melhor. Sabia que era difícil, pois a própria humanidade não tinha meios para entende-lo, mesmo porque sua escola não era um palco onde qualquer pessoa entrasse e saísse como sábio.

Era mais que isso, traduzia a necessidade de compreender profundamente, como fora nos lugares em que fora iniciado, o ser humano, seu defeitos, qualidade, sua ascensão e involução, e o porquê. Assim, nas pequenas descobertas, nas mínimas provas para se deter o medo, ou até a falta dele, além de transformar homens humildes em mestres, e muito mais, Pitágoras revelou que temos um caminho imenso a percorrer para nos tornar melhores, e consequentemente um mundo melhor.



Voltamos com escolas mais.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Segredos

Poema.






Meu espelho,
A água que corre pura...

Minhas roupas,
A cor da vida.

Meu desejo,
Ver um sorriso.

Meu mundo,
Seus olhos

Minhas lágrimas,
A chuva que cai 


Meus sapatos,
A grama em meus pés,

Meus problemas,
A brisa em meu rosto...

Os furacões,
Dores que se vão.


Minhas luvas,
A areia fina em minhas mãos.

Minha canção,
O mar.

Minha oração,
O sol.

Minhas paixões,
Nuvens que se vão,
E vêm.

Meu amor,
Meu filho.

Deus,
Segredos eternos.

A terra,
Criatura-mãe.

Riachos,
Veias que correm
Nos braços da Vida.

Vida,
Teu sorriso.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Processos Iniciáticos: Caminhos para o sagrado III



Deméter, deusa da agricultura, na Grécia.




O mais predominante das etapas de iniciação era a coragem e a dação do jovem que iria fazer parte de um novo mundo, melhor dizendo, de uma nova vida. Seu coração, firme, o levaria a níveis mais dificultosos possíveis, os quais se tornariam mais difíceis com o subir dos degraus, assim como no Antigo Egito... Mas falemos dele mais tarde.

Ao contrário do que se pensa, a reclusão de tais indivíduos iniciados não existia, mas sim o modo de lidar com a vida, com as pessoas, com o próprio mundo; assim como uma lâmina, suas palavras cortavam outras que se desvencilhavam da verdade; a mente, diferente das que tortuosamente corriam para caminhos sem eixo, a do iniciado era reta, sempre sacralizada, em nome de símbolos que meneavam sua alma.

Seu olhar, ainda mais claro, visualizava um pouco mais além do natural. Via a política, a religião, a própria sociedade e sua submissão como necessidades pelas quais a natureza humana teria que passar. Deus, enfim, significava o manancial invisível, complexo ao olhar humano, e ao tempo simples ao olhar de uma criança. A consciência, assim, teria voltado ao senso de pureza, voluntariamente.

Contudo sabia que os deuses eram forças misteriosas com as quais o homem devia manter-se em comunhão, se quisesse manter a ordem e o equilíbrio do mundo; sabia, também, que  o próprio homem tinha em suas veias o mal que avassalava a natureza dele próprio, o que fazia com que os iniciados perdessem um pouco de suas esperanças em relação ao tempo em que viviam, pois, se não houvesse os rituais sagrados, os meios pelos quais tínhamos acessos aos mistérios, não haveria mais pontes para o sagrado, apenas vidas seguindo seus próprios rumos, com interesses diversos.

Elêusis

Já que estamos nos envolvendo o bastante para entender o complexo ritual mágico nas civilizações, e o porquê dele, podemos nos estender e retratar um pouco do que foi com os civilizações ainda mais interessantes. Falamos, em outro texto, um pouco dos druidas e sua maneira de lidar com o mundo das iniciações.

Então... Vamos avançar, invadir as escolas de iniciação e delas falar um pouco. Ou melhor, falemos de um dos mais interessantes, que foi o Mistérios de Elêusis, na Antiga Grécia, realizado me 6 a.C. e 4 d. C.

Todos sabem que, nesses meios, havia uma filosofia comparada com a das grandes civilizações do passado, como a do Antigo Egito, e há alguns autores até que dizem acerca desse processo como uma cópia daquela civilização, pois o simbolismo é profundo. Em razão dessa profundidade, cristãos à época, por não compreenderem a literalidade dos rituais, chamavam-no de pagãos. Ou seja, sem deus.

Mas os segredos de Elêusis, até hoje, atormentam filósofos, historiadores, sociedades, arqueólogos, pois não deixaram muitas pistas do seu significado. Claro! Era secreto! Porém, um dos mistérios, aludido por Homero, o qual discorre acerca de uma filha de Zeus, a qual, segundo conta o mito, fora raptada por Hades, deixa-nos em sintonia com a tendência não só dos mitos, como também da razão dos segredos que se mantinham nessa escola.

Deméter, deusa da agricultura, mãe da raptada, fora em busca da filha, deixando o mundo que comandava como deusa à mercê de tudo e desolado, gerando fome aos mortais. Deméter teria conseguido trazer a filha, e enfim, as colheitas voltaram, mas, em razão do acordo feito com Hades, Perséfone, a filha, teria que ficar um terço ao lado do marido, a cada ano...

Como no país do Nilo, muitos dos gregos sobreviviam da agricultura, da terra, da chuva, de modo a acreditar que deuses, potencialidades sagradas, estivessem por trás das realidades que ali aconteciam, como chuva em excesso, perda da plantação, às vezes, um eclipse... Enfim, até aqui, como se percebe mesmo até hoje na atual Dinamarca, entre outras, que deuses planejavam o futuro do ser humano, e não menos na antiga Grécia, berço do conhecimento Ocidental, na qual filosofias tradicionais fizeram caminhos para o pouco que o homem moderno tem de bom na educação.

No mito...
...Quando a filha da deusa é raptada, percebe-se que fora a da deusa da agricultura e do maior dos deuses, Zeus, os quais percebem a falta da filha e deixam seus “postos”, desvencilhando de suas obrigações como deuses. Não tanto para Zeus, mas principalmente para Deméter, a qual, segundo conta, viajara para Atena, ido a Elêusis, construído um templo em homenagem à filha, e a trazido dos infernos.

É notório pensar que o plantio devia ter sofrido com a falta de chuva, ou que os deuses teriam saído em busca de sua “filha”, e ao trazê-la, as colheitas teriam sido férteis. No entanto, nos meses em que Perséfone estivesse com o deus do subterrâneo, viria a improdutividade nas colheitas e assim por diante.
Os rituais...

...com a finalidade de trazer elementos secretos e reavivar as colheitas, eram feitos por muitos, incluindo mulheres e escravos. Segundo historiadores, o culto secreto incluía sacrifícios de animais e dias de jejum para os candidatos a iniciados, os mystai.  Sacerdotisas carregavam objetos sagrados dentro de cestas sobre a cabeça; deuses eram representados pelos participantes, com trajes simbólicos, aqui, diziam, homens se vestiam de trajes femininos...

Baubo, deus do divertimento, era representado com piadas, com bebidas que deixavam os jovens mais alegres, e sob esse efeito contagioso de paz e vivacidade, a estátua de Dionísio, deus da fertilidade, do vinho, era carregada. Depois disso, diziam frases enigmáticas que simbolizava a iniciação nos mistérios...

À noite, em Elêusis havia uma cerimônia num templo chamado Telesterion, comandada por um sacerdote, Hierofantes. Nela, para finalizar havia exibição de falos, representações de pênis, assim como no país das pirâmides, em que havia o deus Mino, a representar a fecundidade.

Em Elêusis, durante muito tempo, houve tais celebrações, ainda que não estivesse de acordo com seus objetivos tradicionais, mas deixaram no passado provas de que o ser humano, não somente na Grécia, precisa, de alguma forma, dos mistérios, dos rituais, ainda que soe para muitos brincadeira de crianças, pois o homem, em relação ao conhecimento, nada mais é que uma criança dotada de consciência única ao que faz e pensa.


Os mistérios de Elêusis nunca serão imitados.




Voltamos com mais mistérios.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Processo Iniciáticos: Caminho para o Sagrado (II)



Ritual druida: pisar nas brasas da fogueira. Para nós, virou folclore.




Mas não eram somente no Antigo Egito os grandes processos iniciáticos, e sim em todas as nações cujas potencialidades sagradas eram respeitadas como divindades, fossem elas para o Bem ou para o Mal... Em Grécia e Roma, com filosofias gêmeas, Hades possuía tanta credibilidade quanto Zeus!

Enfim, todas sabiam que, para as regras daquelas civilizações, baseadas em leis universais, o mundo necessitava de deuses, os quais se encontravam nas minúsculas partículas atômicas ainda que não precisassem citar, mas que, em razão da crença que lhes cabia representar, a iniciação aos mistérios era mais que a união do homem com Deus, era o próprio encontro consigo mesmo.

Por isso, o nome de iniciação. Um começo a partir de elementos que temos em nós. E por isso, e para preservar a consciência em relação aos deuses, tínhamos que nos abster de nossos próprios interesses mundanos, pelo menos algumas vezes, ou menos que isso, quando realmente nos iniciamos e ativamos nosso caráter espiritual em nossos contextos vitais...

A palavra iniciação nos remete também aos grandes homens, que um dia, iniciados, trouxeram valores que jamais foram apagados, ainda que persistíssemos no ato. Assim o foram Platão, Anaxágoras, Pitágoras, Anaxímenes, dentre muitos, os quais passaram pelo mesmo processo, segundo nos contam os historiadores, no Antigo Egito.

Mas, para facilitar nosso diálogo, poderia dizer que todos, de alguma forma, passamos por um processo de iniciação, pois os problemas vitais nada mais são que provas incontestáveis, com finalidade de crescimento; e qual era um dos maiores problemas da humanidade no passado? – As guerras.

E jovens por completar a idade de treze ou quatorze anos eram iniciados às batalhas. Contam-se histórias em que o menino espartano enfrentava leões, touros, com olhares balbuciantes de terror, como se aludisse o inimigo no campo.

Hoje, iniciações tais quais àquelas não existem, mas sim o sofrimento de crianças que são obrigadas a serem assassinas desde a mais tenra idade, com ideologias falsas em relação ao seu país ou religião, a qual, por mais significativa que acreditem ser, são meramente espelhos políticos de um mundo.

Porém, normalmente, o processo é bom, é natural e necessário. Então falemos um pouco desse processo, que nos induz a refletir sobre a sua necessidade em nossos tempos...

A iniciação do Druida

Significando o inicio de tudo, até mesmo de uma nova vida, a iniciação era feita normalmente com um veterano conduzindo um novato a um nível superior – estamos falando espiritualidade. O ritual era uma cerimônia na qual o discípulo renovaria seu voto ou iniciava um processo de conhecimento secreto, de uma determinada sociedade (religião, escola, entidade...).

Nela o fortalecimento interno era visado ao ponto de se tornar um homem, um senhor ou um mestre; um tanto quanto isolado dos demais, por um tempo determinado, assim, em meio a um caos civilizatório, seja em relação à credibilidade em sua época, ou aos valores que ela pratica, o jovem iniciado se portaria de maneira fiel aos seus conhecimentos adquiridos após o processo...

Na civilização Druida, era de saber que rituais sempre eram feitos no sentido de ampliar os conhecimentos acerca da espiritualidade, a qual já fazia parte de suas vidas, porque, segundo nos contam, eram senhores que, por terem realizado façanhas em um passado equidistante, assim como um romano no senado, após vários anos de batalha, o druida era a encarnação da sabedoria, e que viviam entre as árvores, meditando, filosofando acerca do conhecimento, que era passado por várias gerações de druidas.

Muitos historiadores dizem que os druidas tinham seus rituais, e neles o sacrifício humano, porém lanço dúvidas acerca disso pois, assim como o fim dos ameríndios se baseou em práticas gêmeas de rituais, os druidas o fizeram no fim com o mesmo sentido. Contudo, não acredito que o fizeram no inicio da Idade de Ferro na qual eram respeitados até pelos romanos, os quais possuíam rixas naturais com os germanos!...

César já dizia, "A doutrina cardinal que eles buscavam era ensinar que a alma não morre, mas após a morte ela passa de um para outro; e essa crença faz com que eles não temam a morte, e sim a deem valor".

Os druidas possuíam uma ordem moral, a qual, dentro, não admitia processos que tangiam a universalidade do conhecimento, assim como os celtas, maias, incas... E seus rituais espelhavam isso, pois normalmente consagravam o lugar, antes de meditar e trazer a paz, em oferendas, assim como em muitas tradições para que haja aceitação divina no local, aos deuses. E passavam por práticas simbólicas, como passear com os pés descalços no fogo, realizando danças, marcando áreas sagradas em torno de um ponto central, tudo em nome da Terra, Céu, Mar e Fogo.

Na iniciação druida, ao contrário do que se espera, não era a iniciação aos mistérios ou elevação ao nível superior de qualquer participante jovem com vistas ao crescimento, mas em transmitir uma linhagem, como se o iniciando estivesse entrando numa família.

Vale dizer que no druidismo qualquer praticante pode celebrar seus rituais pessoais, erguer seu altar para os deuses, fazer suas oferendas e suas conexões com o mundo invisível. No caso dos grandes ritos maiores - públicos ou fechados - aconselhamos que seja conduzido por algum sacerdote, principalmente se envolver ações de cura, limpeza espiritual e magia. Esses exigem, além de uma grande dose de responsabilidade, muita prática e alguns conhecimentos que são passados em treinamentos específicos.”

É belo!


Voltamos com mais iniciações!

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....