sexta-feira, 12 de abril de 2013

Iniciação: Caminho para o Sagrado (I)

Iniciação: descobrir os mistérios divinos




Houve certa época em que guerreiros antes das batalhas oravam ao céu, em nome de deuses que lhe clareavam a alma. Para os romanos, deus Marte, para os gregos Júpiter, para os ameríndios, Hatzililopotili ...E assim, por diante.  Lembro-me do grande Júlio César, general romano, que um dia, junto dos seus, pegou um filhote de cabra e, no momento em que iria fazer a oferenda ao deus Marte (deus da Guerra), vira o pequeno animal fugir... E disse “não tem importância, vamos vencer assim mesmo”, e venceu, e logo voltou a pegar o cabrito, terminando a oração e o sacrifício, num ato de agradecimento.

Por que davam tanta importância a esses rituais? Hoje, quando me vejo em um culto reverenciando Deus, penso em minhas batalhas pessoais e nas grandes batalhas de antigamente... Nada a ver! O simbólico, que um dia fizera parte de nossos rituais sagrados, em nome do grande Espírito, se foi...

Prova disso são as predileções aos homens de caráter duvidoso no mundo inteiro, dos quais conhecimento acerca dos mistérios são totalmente duvidosos, porém levam multidões consigo.  Atualmente, leio uma grande romance de Cristhian Jaq, ilustrando a vida do grande Sesóstris III, que governara há quase dois mil anos antes de Cristo o país do Nilo. No livro o autor tenta nos expor uma realidade com a qual nós nunca saberemos compreender o real sentido. O dos rituais sagrados no antigo Egito.

E há um momento em que explica ao seu Filho Real a necessidade de entender o sagrado pelos rituais:

Depois da intensa luta pela Árvore da Vida, e das consequentes investidas do inimigo contra o país das pirâmides, Sesóstris tem um diálogo acerca de Deus – o Criador – com seu Filho Iker, o qual, atento às palavras do soberano, entende que, ainda que haja o mal no mundo, para prevalecer a obra de Deus, é necessário os rituais sagrados – os processos iniciáticos, pelos quais passará um dia...

“-- Para se combater isefe e facilitar o reinado da luz, declarou o soberano --, o Criador realizou quatro estações. A primeira consistiu em formar os quatro ventos, de modo que todo ser vivo respirasse. A segunda foi criar a grande onda, que pequeno e grandes podem dominar se chegarem ao conhecimento. A terceira, fazer cada individuo como seu semelhante.  Ao fazer o mal voluntariamente, os humanos transgrediram a formulação celeste. A quarta ação permitiu que os corações iniciados não esquecessem o Ocidente e se preocupassem com as oferendas às divindades. Como prolongar a obra, meu Filho?
- pelo ritual, Majestade. Ele não abre a nossa consciência para a realidade da luz?”
(Mistérios de Osíris; O Caminho de Fogo,3V, p419)

No Antigo Egito, os faraós, dotados de poderes semelhantes aos deuses, sabiam que confrontar as forças malignas da terra (ou nas Duas Terras), teria que ser quase uma potencialidade. E acima, em palavras simbólicas, resume a ação do Criador ante o homem, mas também fala do papel do homem frente ao Criador, o qual para se manifestar de forma mais concreta, ou seja, das leis universais a humanas, teria que ser reivindicado pelos rituais – ou seja, por processos tão simbólicos, quanto os próprios atos dos faraós.

Mas semelhantes processos não existem mais. O Ocidente dessacralizou formas de reverencia a Deus e criou palcos como o codinome de igreja. Nele, a palavra ritual é proibida, pois ela teria (agora como Igreja) deturpado seu significado. Ritual, atualmente, tem o valor bruxaria, satanismo, etc...

Tudo isso graças à decadência pela qual passamos em relação aos valores que um dia fizeram parte da humanidade, os quais, como vimos acima, nada mais eram que a contínua forma de trazer o Criador – ou seus aspectos sagrados – à vida humana.

Porém, em nome de um mal que criamos, deturpamos, e pelo qual fomos corrompidos, acreditamos que nossos “rituais” em forma de orações dantescas, cheias de berros, sem simbologia alguma, traz, de alguma forma, os mistérios até nós. Não podemos no iludir...

O preconceito em lidar com o conhecimento fez até mesmo a palavra mito semelhar-se àquilo que não é verdadeiro, isto é, uma mentira. Fez palavras como sacrifício virar sinônimo de dor, em nome de alguma coisa, ou de alguma divindade...

As palavras, na maioria das vezes, espelham uma realidade chamada decadência, pela qual passamos no limiar dos séculos, nos quais muitos dos governos – imperadores, reis, até mesmo faraós a época de um Egito sem sua magia, foram responsáveis pelo real mal da humanidade, pois interesses políticos e religiosos fizeram pauta de suas reuniões...

A iniciação

... Não podemos, no entanto, nos abster de ir atrás de nossos valores por meio das palavras, as quais sintetizam a cultura de uma civilização, às vezes, em meio a papiros, pedras, cavernas, revelam o “irrevelável”, o que não quer dizer nada para aqueles cientistas que elucubram acerca de qualquer coisa em nome da Ciência. E isso, podemos dizer, é tão natural quanto acharmos que Roma foi apenas uma cidade que exterminava cristãos, ou que o próprio Egito fora um apenas país que construíra pirâmides ao léu, por um rei vaidoso – quanta ignorância!

Contudo, no fundo, todos sabem que houve civilizações que reinavam em nome de divindades, não criadas ao léu, fruto de sacerdotes, filósofos, enfim, sabemos que todas as potencialidades tinham seu nome, dado por reais homens que levaram civilizações míticas, no sentido de não (re) velar, a todos os mistérios mais profundos e sagrados.

Tudo isso era passado de gerações e gerações. E o respeito, o cultivo, pelos processos iniciáticos, de poucos, faziam com que tais mistérios permanecessem por séculos, pois sabiam que todos eles, se fossem levados ao povo, deixariam de ser mistérios, e mais, deixariam de ser sagrados, como diziam Sesóstris III e Ramsés II.

Não somente os grandes governantes acreditavam que os mistérios eram para poucos, mas especialistas depois de tempos concluíram que determinadas filosofias se perderam em razão das difusões em falas, indiscriminadamente passadas a todos, destruíram quase todas as formas conhecimento...

Difícil dizer quando ou quem enraizou esse processo, mas há exemplos na história, como o dos espanhóis que invadiram o território maia e destruíram um mundo que, para nós, ficará apenas nas esculturas, nos nomes complicados dos deuses, em alguns atos sagrados, mas da realidade pouco saberemos...

Contudo, sobrou um pouco àqueles que se interessam pela ascensão do guerreiro, do homem, fosse nas batalhas ou não, mas que tinham processos iniciáticos visualizados em deuses, como Quetzocoatlh, uma serpente emplumada, significando, sabedoria e leveza depois do processo.

Em Roma, depois da destruição moral, restou apenas a história para contar que sacerdotisas, mulheres que nasceram com vocação às divindades, davam a vida para orar e preservar os deuses, os quais regiam aquela cidade, e sem elas, não haveria mais guardiões sagrados, nem deuses. Apenas estátuas.

No Egito, após a fervilhação das crenças sem base, tudo se foi. A manifestação do deus único tornou-se ideal. A propagação de um mundo sem rituais sagrados fez com que não somente os iniciados, mas textos acerca dos cultos fossem apagados, túmulos saqueados, templos também destruídos, enfim, hoje, somente alguns egiptólogos conseguiram distinguir o que muitos tentaram acerca do que se foi, principalmente acerca das iniciações e seus porquês.

Tentaremos explicá-los no próximo texto.

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