Iniciação: descobrir os mistérios divinos |
Houve certa época em que guerreiros antes das batalhas oravam
ao céu, em nome de deuses que lhe clareavam a alma. Para os romanos, deus
Marte, para os gregos Júpiter, para os ameríndios, Hatzililopotili ...E assim,
por diante. Lembro-me do grande Júlio
César, general romano, que um dia, junto dos seus, pegou um filhote de cabra e,
no momento em que iria fazer a oferenda ao deus Marte (deus da Guerra), vira o
pequeno animal fugir... E disse “não tem
importância, vamos vencer assim mesmo”, e venceu, e logo voltou a pegar o
cabrito, terminando a oração e o sacrifício, num ato de agradecimento.
Por que davam tanta importância a esses rituais? Hoje, quando
me vejo em um culto reverenciando Deus, penso em minhas batalhas pessoais e nas
grandes batalhas de antigamente... Nada a ver! O simbólico, que um dia fizera
parte de nossos rituais sagrados, em nome do grande Espírito, se foi...
Prova disso são as predileções aos homens de caráter duvidoso
no mundo inteiro, dos quais conhecimento acerca dos mistérios são totalmente
duvidosos, porém levam multidões consigo.
Atualmente, leio uma grande romance de Cristhian Jaq, ilustrando a vida
do grande Sesóstris III, que governara há quase dois mil anos antes de Cristo o
país do Nilo. No livro o autor tenta nos expor uma realidade com a qual nós
nunca saberemos compreender o real sentido. O dos rituais sagrados no antigo
Egito.
E há um momento em que explica ao seu Filho Real a
necessidade de entender o sagrado pelos rituais:
Depois da intensa luta pela Árvore da Vida, e das
consequentes investidas do inimigo contra o país das pirâmides, Sesóstris tem
um diálogo acerca de Deus – o Criador – com seu Filho Iker, o qual, atento às
palavras do soberano, entende que, ainda que haja o mal no mundo, para
prevalecer a obra de Deus, é necessário os rituais sagrados – os processos
iniciáticos, pelos quais passará um dia...
“-- Para se combater isefe e facilitar o reinado da luz,
declarou o soberano --, o Criador realizou quatro estações. A primeira
consistiu em formar os quatro ventos, de modo que todo ser vivo respirasse. A
segunda foi criar a grande onda, que pequeno e grandes podem dominar se
chegarem ao conhecimento. A terceira, fazer cada individuo como seu semelhante. Ao fazer o mal voluntariamente, os humanos
transgrediram a formulação celeste. A quarta ação permitiu que os corações
iniciados não esquecessem o Ocidente e se preocupassem com as oferendas às
divindades. Como prolongar a obra, meu Filho?
- pelo ritual, Majestade. Ele não abre
a nossa consciência para a realidade da luz?”
(Mistérios de Osíris; O Caminho de
Fogo,3V, p419)
No Antigo Egito, os faraós, dotados de poderes semelhantes
aos deuses, sabiam que confrontar as forças malignas da terra (ou nas Duas
Terras), teria que ser quase uma potencialidade. E acima, em palavras
simbólicas, resume a ação do Criador ante o homem, mas também fala do papel do
homem frente ao Criador, o qual para se manifestar de forma mais concreta, ou
seja, das leis universais a humanas, teria que ser reivindicado pelos rituais –
ou seja, por processos tão simbólicos, quanto os próprios atos dos faraós.
Mas semelhantes processos não existem mais. O Ocidente dessacralizou formas de reverencia a
Deus e criou palcos como o codinome de igreja. Nele, a palavra ritual é
proibida, pois ela teria (agora como Igreja) deturpado seu significado. Ritual,
atualmente, tem o valor bruxaria, satanismo, etc...
Tudo isso graças à decadência pela qual passamos em relação
aos valores que um dia fizeram parte da humanidade, os quais, como vimos acima,
nada mais eram que a contínua forma de trazer o Criador – ou seus aspectos
sagrados – à vida humana.
Porém, em nome de um mal que criamos, deturpamos, e pelo qual
fomos corrompidos, acreditamos que nossos “rituais” em forma de orações
dantescas, cheias de berros, sem simbologia alguma, traz, de alguma forma, os
mistérios até nós. Não podemos no iludir...
O preconceito em lidar com o conhecimento fez até mesmo a
palavra mito semelhar-se àquilo que
não é verdadeiro, isto é, uma mentira. Fez palavras como sacrifício virar sinônimo de dor, em nome de alguma coisa, ou de
alguma divindade...
As palavras, na maioria das vezes, espelham uma realidade
chamada decadência, pela qual passamos no limiar dos séculos, nos quais muitos
dos governos – imperadores, reis, até mesmo faraós a época de um Egito sem sua
magia, foram responsáveis pelo real mal da humanidade, pois interesses
políticos e religiosos fizeram pauta de suas reuniões...
A iniciação
... Não podemos, no entanto, nos abster de ir atrás de
nossos valores por meio das palavras, as quais sintetizam a cultura de uma
civilização, às vezes, em meio a papiros, pedras, cavernas, revelam o “irrevelável”,
o que não quer dizer nada para aqueles cientistas que elucubram acerca de
qualquer coisa em nome da Ciência. E isso, podemos dizer, é tão natural quanto
acharmos que Roma foi apenas uma cidade que exterminava cristãos, ou que o próprio
Egito fora um apenas país que construíra pirâmides ao léu, por um rei vaidoso –
quanta ignorância!
Contudo, no fundo, todos sabem que houve civilizações que
reinavam em nome de divindades, não criadas ao léu, fruto de sacerdotes,
filósofos, enfim, sabemos que todas as potencialidades tinham seu nome, dado
por reais homens que levaram civilizações míticas, no sentido de não (re) velar,
a todos os mistérios mais profundos e sagrados.
Tudo isso era passado de gerações e gerações. E o respeito, o
cultivo, pelos processos iniciáticos, de poucos, faziam com que tais mistérios
permanecessem por séculos, pois sabiam que todos eles, se fossem levados ao
povo, deixariam de ser mistérios, e mais, deixariam de ser sagrados, como diziam
Sesóstris III e Ramsés II.
Não somente os grandes governantes acreditavam que os
mistérios eram para poucos, mas especialistas depois de tempos concluíram que
determinadas filosofias se perderam em razão das difusões em falas,
indiscriminadamente passadas a todos, destruíram quase todas as formas
conhecimento...
Difícil dizer quando ou quem enraizou esse processo, mas há
exemplos na história, como o dos espanhóis que invadiram o território maia e destruíram
um mundo que, para nós, ficará apenas nas esculturas, nos nomes complicados dos
deuses, em alguns atos sagrados, mas da realidade pouco saberemos...
Contudo, sobrou um pouco àqueles que se interessam pela ascensão
do guerreiro, do homem, fosse nas batalhas ou não, mas que tinham processos
iniciáticos visualizados em deuses, como Quetzocoatlh, uma serpente emplumada,
significando, sabedoria e leveza depois do processo.
Em Roma, depois da destruição moral, restou apenas a história
para contar que sacerdotisas, mulheres que nasceram com vocação às divindades,
davam a vida para orar e preservar os deuses, os quais regiam aquela cidade, e
sem elas, não haveria mais guardiões sagrados, nem deuses. Apenas estátuas.
No Egito, após a fervilhação
das crenças sem base, tudo se foi. A manifestação do deus único tornou-se
ideal. A propagação de um mundo sem rituais sagrados fez com que não somente os
iniciados, mas textos acerca dos cultos fossem apagados, túmulos saqueados,
templos também destruídos, enfim, hoje, somente alguns egiptólogos conseguiram
distinguir o que muitos tentaram acerca do que se foi, principalmente acerca
das iniciações e seus porquês.
Tentaremos explicá-los no próximo texto.
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