quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Magia da Simplicidade



Na Escola: Pai, obrigado por essa riqueza.






Ontem, antes de dormir, meu filho, de quatro anos, aprendia a orar. Juntando suas mãozinhas, e ao lado da mãe, fazia-me sorrir com seus atos pequenos, que significavam a eternidade. Ali, do lado oposto ao meu, filho e mãe pediam a Deus proteção, paz e agradeciam pelo dia que vivenciaram...

Não sei se conseguirei esquecer a mágica das palavras que saiam da boca de minha esposa, repetidas de maneira linda por Pedro, o qual, apesar do tamanho, um pouco grande para um menino de sua idade, parecia-me, aos meus olhos, um anjo.

Um anjo que claudicava nas palavras, e que as pronunciava sem saber seu significado, seu real valor; porém, quando unia suas pequenas mãos, quase que fechando os olhinhos, meu coração se partira em muitos, e quase chorei...

A paz que meu filho me passava não era a mesma de um silêncio que se consegue com o fim dos barulhos, não era a paz que governos, homens, mulheres, mães vão atrás. Era a mesma que há muito o espirito humano tenta explicar, e não consegue.

Pedro e sua mãe, um par perfeito de dois logos, cujo terceiro sou eu, se infiltravam sorrateiramente num mundo sublime, de leveza, semelhante apenas aos jardins imensos que se combinam com músicas que nos elevam e atravessam nossa alma, de vez em quando. Era de levitar.

Eu, como expectador, sorria baixinho, colocando meu rosto num travesseiro, e ao mesmo tempo pensava... “meu Deus, que lindo!”. Nunca em minha vida pensara eu que poderia sentir a pureza de um ato, a verdade de um pessoa, o amor na sua forma mais concreta.

A beleza ali se fez; o amor também. A paz que senti, ainda que o momento fosse um tanto lúdico, transcendeu minha compreensão de mundo. Ou seja, refleti acerca das crianças, das pessoas, da sociedade, de um mundo, até mesmo sobre Deus, o que sempre faço.

Tudo isso em questão de segundos. Assim, de alguma forma, pude participar do refazimento de um universo que precisa da atenção do homem. Um universo que se putrefa com o tempo, e vira lixo a depender de nossos atos, de nossa hipocrisia...

A oração bela de meu filho – na qual ele dizia “Papai do Céu, proteja minha mamãe, meu papai...” – fez-me pensar que precisamos não apenas da simplicidade, mas trabalhar a favor dela. Somos complexos, no entanto, e buscamos a simplicidade em meio a confusões, a conflitos, a loucuras diárias... Enfim, estamos sendo incoerentes com nossos princípios, os quais nos fez buscadores de soluções claras, límpidas, e hoje, presos em bolas de neves que criamos, chegamos a procurar batatas em pés de goiabas, e vice-versa.

Hoje, em meio a um universo que nos pede organização não somente externa, ficamos estáticos e teóricos tentando entender o que significa paz interna. Paz  interna, descobri, é a oração do meu filho.

...E voltando à oração, depois que me via sorrir baixinho ele dizia, “aí, mãe, o papai não que fazê!” – já sentindo a importância do pequeno ritual, no qual, acredito, se continuar, vai trazer a ele a paz que merece em toda sua vida... Pois, como dizia um grande filósofo hindu, “Nas orações, não nos comunicamos apenas com Deus, mas com todos”. 

E naquele dia, fiz minha pequena oração – pois acredito em atos que nos distinguem das demais espécies – e ela, a oração, não é apenas esse complemento diferenciador, mas uma forma deixada pelos sábios, uns em forma de trabalho, outros em busca de um ideal, mais outros em forma de práticas diárias em respeito e dedicação, mas a maioria, na calada da noite, agradecendo aos céus, seja ele exterior ou interior, pelo grande dia, pela preparação para o outro.

E aqui, agradeço.

Pai, obrigado pelo grande e lindo filho que tenho.

Dê-lhe conhecimento, amor e segurança. Proteja-o, Pai.

Pela linda esposa e companheira,

Pela grande família,

Pelos irmãos, e pela grande mãe que tive e terei sempre.

Pai, guarde a todos em seu coração.

Obrigado.

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