terça-feira, 9 de abril de 2013

O Eco das Montanhas



Nada melhor do que sentir o poder da montanha.


“A palavra eclético, atualmente, significa aceitar tudo de bom grado, o que, na realidade, pode ser perigoso, pois, se somos humanos, devemos respeitar nosso corpo e mente tal qual respeitamos nossa casa. Vocês não aceitariam baratas por todos os lados de suas casas, não é?... Então façamos com que sejamos nossas casas, e nossos olhos e mentes filtros naturais.”

Formado em Regência pela UnB, além de Direito e Filosofia, meu amigo professor Carlos Ilha dava aulas de filosofia clássica em Nova Acrópole, uma respeitada escola na qual tive o prazer de estudar durante muito tempo...

Ilha estava a se referir ao Ser. Sei que para muitos soa como algo confuso, complexo até, e confesso que, no inicio, para mim, também. No entanto, para desfazer determinadas opiniões preconceituosas em relação ao que o mestre disse, posso tentar dizer algo...

O Ser, inviolável, impenetrável, sutilíssimo, cúspide maior dos seres em geral, seríamos nós. Segundo autores mais complexos como Platão, Helena P. Blavatsky, Parmênedes, seria o Nows – o espírito no homem. Bem... É melhor que sintetizemos essa aula...

Na realidade, se formos mais além, vamos dizer que o homem precisa entender que existe o Inegoísmo, a Vontade, a Bondade... Todos de uma maneira além-pura, inviolável, sem os quais não há possibilidade de sê-lo. Entender que penetrar no Ser seria tentar moldar, primeiramente, uma personalidade, a qual, dentro que nos foi dado desde o nascimento, precisa ser moldada para elevar-se e chegar ao fim do topo, ou pelo menos parecer-se com ele.

E nessa tentativa eterna de o homem lidar consigo mesmo, em batalhas diárias entre o Bem e o Mal, nos surgem possibilidades de declinar e elevar nossas características humanas, não animais, podando, pelo grande Ideal, até um dia encostarmos nas vestes de prata do grande espírito.

Mas... Engana-se quem diria “então a personalidade é algo mau?”... Depende do que você entende por mau, porque tudo que há na vida – assim como foi e é demonstrado por várias civilizações – pode-se chamar-se de necessidade, de bom, de certo... Mas, por outro lado, misterioso, obscuro, indizível... E assim por diante.

A personalidade é o chamado degrau necessário para chegarmos ao que realmente somos. Por isso, como acreditavam no passado, há a necessidade de entender as diversas vidas após a morte (o que seria apenas um rótulo), a saber que todos a possuímos, e que levamos conosco, tão naturalmente quanto uma brisa que bate num mar.

E podando nossa personalidade, a cada vida, estaríamos sempre mais perto do Ser, ou seja, mais perto do que realmente somos. Ilustrando... Assim como um grande círculo que possui um pequeno ponto dentro, ao centro, e ao redor deste vários pontos, podemos dizer que o ponto seria o ser, e que os outros que estariam ao seu redor seriam os “eus” diários que aparecem em nossa personalidade, durante o correr de nossas vidas.

Tais pontos, que estariam ao redor do ponto maior ao centro, teriam que estar voltados ao maior como filhos ao pai. Mas estamos falando de personalidade, atributos, ser... Nada que a ele se iguala. Por quê?
Mais uma vez ilustrando...

Se olharmos para o sol e queremos entendê-lo, o que podemos fazer? Pesquisamos e buscamos saber a realidade física que foi esse grande disco. Mas se nos aprofundarmos, teremos a possibilidade de compreender o quão misterioso foi para determinadas nações; e mais, se iniciarmos um processo ritualístico – baseado na tradição – veremos que o sol, agora não este que vemos e nos iluminamos, faz parte de nós como a própria necessidade de viver.

Assim é a personalidade, o ser, seus atributos... são apenas um. Mas o primeiro tem sua necessidade de ser, assim como o segundo. Não podemos, no entanto, dizer que um é mau e o outro é bom! Todos participam de acordo com a sua natureza, ainda que não saibamos.

No entanto, é mais que necessário intuir: não nascemos vocacionados ao ser. É preciso mais que uma vida para viver, ainda que em simples atos, pequenos momentos, e saibamos o quanto precisamos nos ver no espelho da grande Vida.

Eclético?

O ecletismo, baseado no que foi dito, seria a abrangência de tudo, sem o mínimo filtro, sem o mínimo referencial. E isso nos leva a trazer à tona valores que não interessam ao ser, ao mais puro, o não egoísta  e sim a uma personalidade volúvel, plástica, que se vai como saquinhos ao vento por qualquer coisa, qualquer brisa.

Uma personalidade que titubeia nas decisões, e que se limita a não ter limites nenhum. E assim, de acordo com sua natureza, assim sempre o será, afastar-se-á do ser, do grande espírito, dos mistérios da Vida, é cairá no fosso dos conceitos sem conceitos...

E quando o ecletismo nos vem como simples ponte para o não preconceito, na realidade, vem-nos como uma frágil construção que se igualará aos maiores castelos de areia. Por isso, precisa-se entender que aqueles pontos, ao redor do grande ponto ao centro, somos nós em busca de uma resposta ao que realmente somos, mas que só a encontramos quando olhamos para dentro... Dentro de nós.










Obrigado, mestre.

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....