sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Dia do Medo

"Tanto para cima como para baixo, encontramos o infinito em qualquer coisa" (samurai)



Nosso "grito" está imbuído de razões que só ele explica.



Um dia um samurai nos disse, “tanto para cima como para baixo encontramos o infinito em qualquer coisa”. E quando me deparo com exemplos de violência, colocados à disposição em jornais online, em tevês, rádios, e em  outros veículos, sempre penso nessa frase. É como se, todos os dias, tivéssemos novos fatos, novos horrores. É de matar.

Não ficamos apenas na superfície dos conceitos, como antigamente, quando havia apenas notícias a respeito disso e daquilo, e não dávamos importância. Hoje, todos os valores criados pelo mal (homem) estão à venda, ou mesmo gratuitos, em forma de capas de jornais, revistas, sejam em forma de conversações – para aproximar amigos, seja para dialogar quando não se tem assunto --, enfim, temos em nossas portas o suficiente para dizer que o samurai está mais que correto...

E quando a barbárie se faz, tão perto de nós, ficamos estáticos, sem palavras, com medo. Mas as ruas não nos dão tréguas, o noticiário idem, e iniciam processos de desestruturação psíquica dentro da qual nos tornamos menos humanos, mais zumbis, com olhos imensos, frágeis, nos alimentando apenas do que um dia foram apenas notícias isoladas.

Se nos aprofundarmos mais, vamos dizer que, no passado, havia tal violência desmedida, e até um pouco mais, contudo, se colocarmos na balança os propósitos de ontem e de hoje, de toda essa violência, diríamos que a de hoje é tão espetacular como nunca, simplesmente porque, mentalidades se criam para o mal, e das profundezas deste, horrores em forma de atos dos quais ficamos impressionados surgem. No ontem, que não possuía tão refino, percebemos que, por mais que houvesse guerras, horrores, violências, não eram tão despropositais...

É uma opinião, claro, mas quando leio acerca das nações que um dia foram tomadas, da pior maneira possível – havendo todos os tipos de barbaridades que se pode haver por parte do colonizador, percebo que, atualmente, não se é preciso que se tome uma cidade, muito menos um país, é preciso somente observarmos o noticiário das nove... no qual países, por mais estruturados que sejam, não conseguem frear o mal humano. Mais uma vez, o medo se faz.

Já não bastassem tais atos virulentos, bárbaros, por parte do homem mais deslocado de sua época, realizam-se filmes de horrores nos quais, apaixonados por eles, se vestem, dialogam, criam seus próprios personagens, de modo que se pode perceber que estamos em busca de algo que nos impressione, de alguma coisa que nos mostre ao mundo.

Por outro extremo, temos mais filmes que retiram da realidade histórias nas quais acontecimentos se passaram com famílias, sociedades, com pessoas, e, como em toda película o objetivo é chamar a atenção, temos o dobro do real, temos fantasias, monstros,  feitos, dores, horrores, em doses que nem mesmo o maior dos interessados em filmes de horror suporta...

Para que isso? A frase do samurai, mais uma vez, se faz. Aqui, de alguma forma, temos a parte vertical da questão, a descer, cada vez que se descobre o quanto que há de pessoas admiradas pelo mal; e quando digo mal, me refiro àquele que segrega-nos do bem, que nos torna distante da parte superior da linha – do lado oposto ao horror, violência, barbaridade, ou seja, da parte pela qual deveríamos lutar sempre, que é a parte da consciência em busca de Deus, da Verdade, da Justiça, da Beleza, ética... Para o alto.

Se claudicarmos em direção aos nossos objetivos, por mais fortes que sejamos, vamos cair em diálogos, em pensamentos – assim como todos! – em atos, enfim , em forma de violências particulares, das quais não se consegue sair nunca. O mal assim já se infiltrou em nós.

Claro que é um tanto quanto difícil correr em direção oposta ao mal, mesmo porque ele se veste de tudo, até do bem, mas se tivermos princípios, e dentro deles a Verdade, a Beleza... respiraremos em qualquer canto nosso ideal de busca. Não há erro.

É por isso que filósofos, hoje em dia, assistem a noticiários, a filmes, mas nunca deixam de buscar, na fonte, que é a sabedoria clássica, a potencialidade adormecida que um dia – um dia – o primeiro ato de horror a fez dormir.


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