A força e a simplicidade se foram. |
As mães, segundo as leis universais, são portadoras do amor. A prova maior, talvez, não sei, é quando uma mãe é recolhida ao seu paraíso, de onde possivelmente saiu. Sabemos que, quando isso acontece, a família se desnutre, se enfraquece, e se torna deserta de união, de paz, de amor, e como consequência maior a desintegração total -- cada um para o seu lado.
No início, em meio a brigas, conflitos, intempéries que somente há em família, há a mãe, como acolhedora, conselheira, apaziguadora de seus entes queridos que não sabem dar um passo sem a sua palavra. É a mãe.
Nela, pela religiosidade natural, percebe-se a grande experiência nos olhos, no físico, em seu semblante cujo astral é tão forte e leve, que, por mais sábio que sejamos, não conseguimos deixar de nos ajoelhar ante esse ser humano.
Muitos, no entanto, desconfiam desse amor, dessa forma divina que nos alegra, e se tornam combatentes irracionais, filhos cujo comportamento se iguala a de leões e hienas sorrateiras, ao vir o restante da carne deixada involuntariamente pelo predador, mas a ignorância, máscara fria que cai no meio das trincheiras, clama por Deus ao ver a grande senhora partir, e não voltar mais...
A dor, uma das maiores do mundo, nos faz tão infantis quanto o dia em que nascemos e necessitamos do grande colo que nos acolheu no primeiro dia, naquele leito de hospital. Uma dor tão divina e ao passo tão demoníaca que desconfiamos que seja normal e conosco...
E nossa alma se vai, e com ela o caminho que nós tínhamos -- difícil trazê-la de novo --, e se vai a paz, a ordem, a disciplina (muitos começam a se viciar ou transformar suas vidas em um caos), como se fôssemos a própria que se foi... Mas não éramos nós, "apenas" parte de nós.
E a sensação que nos fica é de que uma parte de nosso corpo foi comida, de uma hora para outra, por um monstro chamado morte (mas depois percebemos que não há mostro), e até passar essa sensação, pensamentos confusos, atos, conflitos, brigas.. guerras, falas sem nexo, desunião, como tsunamis, invadem uma família... É a hora de olhar para o irmão, ou como diriam os mais sábio, horizontalmente... (depois de tantos anos a olhar para o alto, para a mãe, para aquela que possuía as respostas,,,), agora temos que ouvir o que ele tem a dizer...
É hora de buscar a alma, que se perdeu, e confusa ficou com a dor; é hora de olhar para os pés, perguntar-lhes se ainda pode caminhar; é hora de perguntar a todos o que somos, para onde vamos e porquê.
E quando olharmos fixamente nos olhos de cada um, sentir aquele aperto no coração, como forma de desculpas, iniciar um novo processo de nascimento, crescimento e desenvolvimento, não sem a grande rainha, que se foi, mas, agora, muito mais com ela, pois sabemos que a morte -- aprendemos -- é só um começo.
A mãe, a que se foi, no retrato acima, é minha mãe. E por possuir um elo com Deus -- não importava como -- criava em torno de si uma força misteriosa, tão misteriosa que em suas palavras o fogo das larvas caíam em nossos corpos frágeis, como uma justiça que cai na pele de um corrupto, como uma grade que se fecha ao pretenso intelectual. como um remédio que desce amargo sem querer,
Por isso tínhamos que olhar para cima ao vê-la -- e hoje, mais do que nunca.
Em nossos corações -- esse ser fiel aos olhos ocultos -- que sofrera por razões divinas, prevalecem lições, e dessas devemos aprender que cada ser humano tem um grande papel no mundo, nesse canteiro de flores débeis que somos, que é melhorar um pouco nossos pensamentos e direcioná-los a algo maior que nossas aparências, ou nossas vidas materiais...
Sabemos que caminhar é para todos, mas saber para onde caminhar é para poucos. Então nos questionemos, e tenhamos coragem de responder tais perguntas simples ao passo fortes, pois a vida deve ser vivida, mas respeitada em seu âmbito, e quando isso parte de nós, nos tornamos um pouco melhores, assim como aquele ser que partiu.
Saudades, Mãe.
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