quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Sombras de Uma Idade Média


Papas do passado e do presente. O que queriam, o que querem?


A Igreja pediu perdão pelos crimes cometidos há séculos, em nome de Deus, e nem sei se a perdoaram; a Igreja pediu perdão por suas omissões, em guerras mundias, nas quais poderia ter resguardado muito mais inocentes do que resguardou. No entanto, tal perdão não chegou ainda às esferas de muitos crimes morais e éticos, dos quais a humanidade sofreu na antiga Idade Média.

Se a Igreja tivesse sido realmente sincera, teria gerações e gerações a quem pedir desculpas, simplesmente pelo fato, de hoje, séculos depois, muitos acreditarem em seu Poder. Isso, no entanto, é quase que invisível aos olhos dos chamados humildes de coração, os quais, a necessitar de auxilio "espiritual" (muito mais psicológico), se dão por completo a essa entidade, que até então corrói nossas indagações a respeito de Deus.

Digam se estou errado. Sei o quanto que a Igreja tem se esforçado em nos apresentar papas modernos, dos quais aprendemos lições de humildade, gentileza, bondade... (preciosidades nos dias atuais), e que, aos seus fiéis, faz questão de bater o martelo em polêmicas que há muito deveriam ter sido resolvidas -- como a questão homoafetiva, casais do mesmo sexo que querem união sacramentada por Deus. E a questão da pedofilia, que, em nome de Dele, prevalece sem resolução? a humilhação aos negros, a omissão aos mais humildes, que há muito perderam sua religião, graças às formas que eram restritos à sua natureza religiosa...

Mas a questão Divina? Aquela pela qual Giordano e muitos outros se entregaram e se foram queimados em fogueiras tão altas quanto a hipocrisia moderna? Se a própria Igreja pediu perdão, então reconhece que estava errada em algum ponto.. Mas que ponto? A de perseguir, ou a de queimar vivos os supostos culpados por simplesmente pensar diferente, ou perdão ao mundo por se fortalecer às custas de pessoas ignorantes? Como diria Cid Moreira, o ex-âncora da TV Globo, "até o fechamento desta edição, ainda não sabemos."

Hoje, claro, estamos mais combativos, mais aguerridos e fortes em questões que se afloram no mundo e não se pode delas correr, e portanto, a maior das entidades deve tomar uma resolução em função do que pensam seus fiéis. Sabemos que ela, a Igreja, ainda que tenha passado vários séculos, não pode abrir mão de seus valores, de sua crença, de sua ideologia, política.. Enfim, não pode se debruçar a Giordanos modernos, por mais corretos que eles estejam...

Mas há algo que precisa se sanado, ou melhor, salientado em meio ao que ela traspassa não somente aos seus, mas ao mundo. O que ela quer? Levar a fé de uma antiga Idade Média aos pobres? se ajoelhar falsamente ao inimigo somente para dizer que o respeita, mas que, na realidade, sabe-se, políticas há que a fazem tão fora do que pretende ensinar quanto outros quesitos, enfim... E a questão divina?

Há muitos questionamentos, e poucos a responder. Talvez precisamos de muitos idealistas capazes de fazê-la falar, mas idealistas que tenham em sua sombra um Copérnico, um Giordano Bruno, uma grande mulher que, de repente, no passado fora tão forte em sua razão quanto qualquer homem... Joana Darc.


E hoje, quando olho pela janela de meu quarto, observo que a paz reina de forma arbitrária em nossa sociedade. Não há questionamentos a serem respondidos? Não há verdades a serem reveladas? Não há uma cultura de subserviência imposta pela Igreja? O que somos? Escravos que se calam, senhores maduros que aprenderam que tudo isso não leva a nada, a não ser mais mortes, guerras, conflitos? Não sabemos... Ou simplesmente medo?

Mas de uma coisa sabemos, a nuvem que nos cobre não é a mesma de uma civilização sábia, na qual o povo tinha um grande amigo que buscava a verdade como seu representante divino; a atual nuvem que nos sobrevoa é a do vaidosismo, aquela que nos faz conformados com respostas rápidas, elegantes, cultas, cheias do floreio. 

Porém, é a mesma resposta de sempre, sem a verdade, sem a prática advinda daquele (ou daquela) que a responde. Nós, como atores que somos, deixamos tudo do jeito que está para não magoar nossos entes queridos, os quais obedecem fielmente a um Deus que mata muito mais que no passado.






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