sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Nascimento do Herói


Aquiles: o maior herói mítico de todos.



A vã filosofia dos heróis continua em forma de programas televisivos, a demonstrar heróis nus, a desfilar em nome da cultura física, não idealística, seu objetivo anti-herói, anticultural, formando – ou transformando – identidades frágeis em bestas cheias de tatuagens sem sentido.

E o desfile continua. Mulheres que antes se mostravam belas em comportamento, sem a transgressão de sua feminilidade, sem a perda de sua intuição, hoje, digladiam-se em conflitos quase podres, em nome de uma liberdade que nem mesmo o passado clássico e seus conceitos entendem mais. A mulher se desloca em favor de uma meta quase que masculina, sem sentido, em caminhos nos quais sua identidade se vai como bolhas de sabão...

E quando observo esse mundo, me referencio nos clássicos, e percebo que, hoje em dia, tanto o homem quanto às mulheres se confrontam em uma semântica material na qual quem sofre são os herdeiros de uma época que nascem e crescem e não sabem o que é um livro, em razão de revistas e internetes ensinarem que tudo isso nada mais é que um passado arcaico, sem valor, e que precisa ser esquecido...

Um mundo em que nossos filhos, já com parca idade, sentem emoções fortes (tesão), tais quais adolescentes que se iniciam no namoro – e falo de crianças com menos de seis anos! –, obrigados por um inconsciente que diz... “Seu filho tem que ser esperto hein!”, usufruindo de sua infância, de sua pureza, de sua energia com vistas a transformá-lo em zumbi sem o conhecimento do Céu...

Nessa atmosfera, crescem e se desenvolvem os homens, cuja lanterna de sua consciência só se abre quando pensamos um pouco, e nesse refletir nos surgem miragens clássicas de grandes homens, gigantes, que, ainda que suas sociedades fossem falidas, onde sistemas falavam mais que a razão, eles, esses heróis, gritavam dentro de si, praticando a humanidade em forma de escolas iniciáticas, a ensinar o respeito aos deuses, à natureza, ao próprio homem...

Mesmo que nem se compare as guerras pelas quais passaram ou pelo momento conflituoso aos quais relacionados com os de hoje são pequenos, podemos indagar, contudo, que tais problemas eram imensos em vista das que temos para enfrentar o nosso...

Mas não são armas que vencem guerras, e sim a inteligência, a estratégia, a realização e a concretização de objetivos, que, plasmados, se sobressaem acima de qualquer forma atômica bélica, inventada por qualquer nação.

Além desses, podemos falar do próprio homem na guerra, o porquê desse conflito que modifica estruturas, sociedades e mundo. Podemos falar de heróis que se foram por um planeta melhor, ainda que resguardado em trincheiras vazias, sem perigo, mas com a atenção e a vigilância em nome de seu principio... Seu país, sua família, seu Deus.


Fora os princípios, o herói, o homem em guerra, seja ela qual tamanho for, se esvai como um caminhar sem finalidade, um horizonte sem sol, uma montanha sem pico... Sem nossos princípios, não há nem mesmo homem, pois em nossos ideais temos que nos referenciar, acreditar, impor-nos, realizar. O herói começa a surgir...

Por quê?

Quando a palavra herói surgiu – de Eros, deus do Amor incondicional – o ideal era buscar em cada ato um sentido de religar-se com o todo, com Deus. Aqui o principio humano se fundia com os deuses, e realizámos atos realmente heroicos, dos quais nasciam gerações que pediam para lutar em nome de potencialidades que nem mesmo se conhecia direito, mas sabiam que elas existiam com esse intuito, de nunca abandonar o homem que tivesse em suas possibilidades o amor.

Assim as batalhas foram surgindo, reis se fundindo com seus soldados, éticas em nome da guerra eram respeitadas, a honra jamais deixada, e enfim a paz, em nome de todos os exércitos reavivada. Não é sonho... Existiu.

Milhares de anos depois, nossos heróis eram aqueles que queriam manter a lei, manter a honra nas batalhas, contudo, outros exércitos não mais queriam tais valores, e sim a terra dominada, povos dominados, e a implantação de novas sociedades, juntamente com seus costumes... A religião forçada.

Princípios se foram, mas heróis não. A maioria se escondia das nações poderosas e somente aquele que não esquecera o básico de sua luta – não mais o amor – mas a liberdade de seu país, iniciavam lutas, faziam rebeliões, uniam cidadãos fracos, medrosos, transformando-os em espelhos de suas ideias.

Assim, graças aos homens que um dia se rebelaram em favor do bem estar social e cultural de suas nações, e copiados mais tarde em forma de atos tão mágicos quanto os primeiros, o mundo mudou, as guerras também. Hoje elas nada mais são que a tentativa de resgatar territórios, liberdade vigiadas, restrições a partir de ditadores, enfim, a guerra, sem aquela honra, ética e ideal que a iniciou, são formas quase que naturais de resolver, em detrimento de inocentes, o que poderia ser resolvido com diálogos.

O herói assim se transformou no que chamamos de libertador de povos, não aquele que um dia veio para religar-se com o todo, com Deus, e fazer, por meio de seus atos, o que muitos precisam fazer, levar o ser humano acreditar que pode ser um pouco melhor a cada dia, em pequenas batalhas, desde o minuto que acorda até o momento em que vai dormir...






Aos meus amigos



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