quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Momentos: Termos Difíceis.

Ontem tive que buscar nas entrelinhas do passado, mais uma vez, o significado de um valor humano para esplainar ao meu filho, para que ficasse em sua mente, em seu emocional, um pouco do que defendiam em uma era em que cavalheirismo não era apenas uma palavra a ser discutida, embuída de um sentimento forte, mas principalmente honroso ao ser humano. 

Dizer a ele que a cortesia era nata do ser humano e que não fora criada apenas com intuito de ser um um mero termo educado, com gestos simples em relação aos outros -- ou às outras. Não. O cavalheirismo era honroso, pois fazia-nos mais valorosos a partir do momento em que entendiamos o objetivo do termo em nossa infância, com práticas em nossa adolescência e, na maturidade, a concretização de tudo que aprendíamos com nossos genitores. 

E antes de nossos pais, o mesmo. Assim era também a honra, um dos maiores valores humanos -- em especial ao homem que ia à guerra, ao combate armado, ainda que na dúvida acerca do conflito, pensava na honra de seu filho, esposa, país e à sua existência. Defender a honra equivaleria a defender a sua essência.

Arthur, de novo.

Na volta à leitura sobre Arthur, agora com mais dedicação,  meu filho fora eficaz em sua leitura: foi com tudo. Apressou-se em sua coerência em ler termos difíceis, a questionar os seus significados, passou por vírgulas belamente, e compreendia tudo, quer dizer, quase tudo. Alguns termos tive que fazê-lo entender profundamente, como defender a honra de uma princesa, ainda que sob ameaça de perder a luta.

Arthur era assim. Um cavalheiro puro e belo, sobre o qual uma natureza mágica pairava, e quando chegou a esse contexto, disse ao meu filho que aquele que possui idealismos humanos, com vistas ao sagrado, ao céu, com ele tudo pode acontecer: como magia. Outro termo difícil de explicar. Deixei para outro dia.

Enfim, chegamos à távola redonda, construída por Merlin, com fins de reunir os melhores cavalheiros do rei, que, junto de sua esposa, deixava, conscientemente, mais uma cadeira para para um outro ser que iria chegar: o cavaleiro do rei.



Hasta.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Momentos: Em Busca de Arthur

...Nem todos têm a mesma paixão, o mesmo amor, os mesmos sentimentos. E quando penso que meu filho ainda não desencadeou nele o desejo de ler, graças aos jogos da internet, fico contando nos dedos os dias em que ele, um dia, vai soltar a "primeira", depois a "segunda" e partir para o mundo das novas experiências nas páginas de um bom livro.

Não que ele não goste totalmente. Muito pelo contrário. Houve dias em que nossas emoções eram voltadas à leitura, às práticas teatrais frugais, como ele mesmo gosta de citar quando coisas simples são aludidas, ainda que sob enfoque de seus olhos infantis, nós líamos contos, revesávamos na explicação, escolhíamos o personagem, como a bruxa ou mesmo o lobo, os quais, em filosofia, são tão importantes quanto os heróis, a desenvolver sempre interpretações dentro de sua compreensão.
Não há mais isso...

Seus olhos hoje, perdidos loucamente entre o controle de seus jogos e televisão, se calam e não mais se mostram interessados naquilo que um dia uma criança de sua idade, há mais de dois mil anos atrás, era obrigada a escutar de seus pais, sempre voltados à educação de seus pequenos, os quais, quando adolescentes, partiam para a batalha, fosse qual fosse. 

Agora, apenas eu, em minha plenitude, continuo a caminhar junto a ele, o puxando para o meu lado, como se estivesse puxando um ser petrificado pelas magias do outro mundo que não ensina, não embeleza a vida. Sabe, no entanto, meu filho que em suas reminiscências faço porque é necessário, porque é pétreo, pois ninguém mais além de mim o poderá levar a ser alguém...

Ontem, em uma tentativa de levá-lo a ler um pequeno livro, com páginas imensas, com o nome de "Rei Arthur", pensei que poderia retirá-lo de suas pendências da rede mundial, e a principio não foi possível, pois meu filho se mostrou preso ao que ele mesmo construiu, ante a uma televisão que destrói sonhos ou inventa alguns em meio a tantos que esperam por nós. Assim, em razão de seu lindo rosto ficar enraivecido pelo meu convite à leitura, deixei-o de mão; entretanto, não desisti.

Quando mais tarde, a descer as escadas do quarto à sala, já o fiz com o livro por mim antes escolhido, sem desistência, firme, e o já pedindo que desligasse aquele aparelho imenso, devorador de ideias, castrador de vidas, homicida. Levei-o para fora, dizendo que o ar estava melhor, sem calor, bom para refletir as ideias do livro, e deu certo..

Sentou-se perto de mim o menino nada maluquinho. Entreguei o livro de "Arthur" a ele, que o desdenhou no início, a dizer, do seu modo, que já ouvira alguma coisa sobre aquele rei. Mas, assim mesmo, o pedi que iniciasse a leitura, devagar, sem pressa, pausando, levando seu olhinhos ao que realmente interessa, não às figuras apenas. E o fez.

Ao chegar em termos desconhecidos, pedi para continuar e ele, assim, me deu o livro. Li como se fosse o último de minha vida, tentando passar-lhe cada personagem, cada ato, cada simbologia implícita, mas... era cedo demais. Porém, no limiar de minha voz, quando menos percebo, o vejo de pé a imitar os cavaleiros, os escudeiros, até mesmo o mago Merlin quando colocava a grande espada na bigorna para no futuro um rei nascer... Me empolguei e o fiz sentir mais com minhas explicações, cheias de emoção, e tive um grande alívio... Ele estava amando!

"Pai, você parece que está explicando que nem professor do meu colégio; tá muito legal" -- disse, com sua voz infantil, mas sincera. "Então vamos continuar", eu falei. Depois desse crédito, passei a questioná-lo a respeito do livro, e quando o fiz em relação à espada presa, ele me disse, "Pai... Arthur conseguiu tirar a espada porque ele não era cavaleiro, não era nada..."...

E depois de pensar e refletir acerca de sua reposta eu pontuei, "Você tem toda razão, filho!", "Arthur, em sua inocência, não era nem escudeiro, muito menos cavaleiro, mesmo porque fazia tudo como era lhe passado, assim como se passa para alguém algo que deve fazer porque, sem fazer, algo falta, e assim por diante... ", disse eu, filosofando ante a uma criança que um dia sofreu um avecê, e hoje discute comigo acerca da tradição.

Ele, no entanto, com sua pequena cabeça, olhos mal direcionados, foi obrigado a concordar comigo, ainda que não tenha entendido nada sobre o que reverberei... Não tem importância, pensei... E finalizei nossa leitura, de modo que não o cansasse e continuasse a amar o que amo tanto -- ler.

Depois de refletir sobre a espada na bigorna, pensei muito sobre o que somos e o que buscamos ser. Somos tantas coisas dentro de nossos interesses, projetos, em meio a uma sociedade que nos rotula e aceitamos tais rótulos, e voltei a pensar na espada... "Será que conseguiríamos retirá-la  daquele lugar?..." -Não. A busca consciente exige um ideal de pureza, de voltarmos a sermos humanos, ainda que o sol falso nos arda os olhos.



Até amanhã.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Para o Bem de Todos

Hoje se fala muito em ideologias partidárias nas quais pairam a separatividade, a descrença no ser humano e a crença desmedida em fatos, em histórias e sociedades que burlaram a paz inconsequentemente. Tais ideologias, quando não estão dormindo, estão separando famílias, grupos inteiros pelo teor de xiitismo natural daqueles que forçam suas palavras com vista a ser o melhor.  Mal sabem, no entanto, que estão sendo homens e mulheres presos em cavernas, ou melhor em coliseus, aplaudidos pelos amos, reis, para não dizer candidatos à locomotiva desgovernada.

Ideologias não escravizam, mas, ao longo do tempo, o que temos percebido é que as fabricam com intuito de fazer reféns o indivíduo, a pessoa humana, mais tarde taxada de analfabeta, imoral ou mesmo apartidária pelo fato de não querer "participar" de uma mera troca de mensagens. Os insultos, aqui, são pequenos ante à realidade que se mostra na prática, quando a violência toma conta das famílias, a desfazer o que Deus fez, com tanto labor.
 
Hoje, em meio às lutas partidárias, o que padece não é o candidato, mas aquele que nele crê. E assim, cheio da força histórica, o homem político passa a enfeitiçar o seu pupilo, o qual dentro desse meio não acredita na imperfeição, na destruição a que ele está propenso, e sim na mudança (qualquer que seja) de sua nação, para melhor, claro.

Não sabe aquele indefeso ser questionar o básico, não sabe escolher, não sabe entender, às vezes, nem mesmo sabe ler. Procura, assim como um passarinho, um pequeno lugar para se ajeitar no fim da tarde, mas sua ideologia traspassada não o deixa, mesmo porque está enraizada em seus preceitos a força, a inteligência, a ganância de ser o melhor... Ainda que tenha deixado todos os valores para fora de sua vida, inclusive o respeito ao próximo -- valor esse que não está na cartilha ideológica de hoje, em qualquer partido.

O que procuramos então? Queremos mais respeito, mais humanidade, mais formas de revitalizar o que somos, dentro da linha de nossos valores ou simplesmente ir atrás de algo que cedo ou tarde pode vir a desabar como pontes? Primeiro, antes de tudo, elementos para se fazer a ponte, depois, o engenheiro, o qual, dentro de seu trabalho, demonstrar, além da técnica, humanidade, amor e respeito não apenas ao que faz, mas àqueles que vão atravessar a ponte.

A ideologia não versa necessariamente ao que pretendemos, mas ao que somos. Somos seres espirituais que possuem vocação para a evolução interna, sempre em direção ao Bem! Somos aquele que saiu -- ou pelo menos tentar sair -- da caverna, dos pensamentos cerrados, da massividade criativa com pretensões de nos iludir; somos fiéis a princípios nossos, não daqueles que nos querem como gladiadores se matando em nome de quem quer ver o fim e não o início de uma nova sociedade.

Não podemos nos enganar, nem mesmo pensar nisso; a era em que nos encontramos se encontra no fim de um poço que parece não ter fim. Mas assim como peixes que são levados à tona por redes, por pescadores famintos, vamos forçar para que aquele fios de náilon se rompam e que nossa liberdade seja não apenas a de correr do homem faminto, mas principalmente de olharmos para nós mesmos, no sentido mais humano possível.  

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A Taça Transborda...

O Corpo pede atividade, a mente, pensamentos: as mãos, ordem, articulação e organização; os pés pedem caminho; o coração, algo pelo qual se apaixonar, como um ideal. Os olhos pedem a arte a ser contemplada, os ouvidos, a poesia, a alma, elevação; o espírito, nada espera, apenas transita entre vidas.

Assim como as ondas do mar se movem com a luz da lua, nossa alma espera que nos sujeitamos ao belo, ao verdadeiro, ao justo para se movimentar. Não é de hoje, não é de agora, nem mesmo de há mil anos, mas de sempre que ela, em sua jornada limitada, se inclina em sua busca nos meandros dessa vida, dentro de corpo -- seja ele qual for, com intuito de buscar suas origens, seu verdadeiro porto: o espírito.

Uma verdadeira luta inigualável na qual a matéria, a principal fonte da separatividade, da qual vêm as paixões, embriagadas de emoções, formadoras de lendas e mitos, nos quais não apenas o homem, mas todo o universo se enclausura, se ergue a cada passo que a alma dá em favor de seu Ideal. Destas lutas, em suas entrelinhas, em suas reticências, o homem se pergunta "Por quê?", e a cada lua que nasce contra a escuridão nascem mais perguntas, entretanto, nem sempre há respostas..

Não se pode questionar, deveras, quando se encontra o homem à beira do abismo, mesmo porque questionará a respeito do próprio, que não tem fim, assim como aquele que sobe, que tenta se erguer em meio às lutas, que sabe que a longitude de suas respostas é algo natural, simplesmente porque somos homens, e a cada homem se dá aquilo que a ele pertence.

E o que pertente ao homem?... A busca por entender a si mesmo, dentro do que se faz e do que não se faz. Ao homem pertence a semente da humanidade, plantar em seu coração mais sementes diárias de amor e caridade, de paz e fé em relação a Deus e a Si mesmo. Ao homem cabe viver, sabendo que não responderá todas as perguntas de sua vida passageira, e não se lembrará de quase nada quando estiver em seus leito de morte. Mas suas obras humanas ficarão, não apenas a seus filhos biológicos, mas aos espirituais, aqueles que foram terras de sua plantação, nos quais sementes crescerão e darão frutos.


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Na Justa Medida

Quando o sol bate em nosso corpo, projeta-se uma sombra por detrás de nós na medida certa, nem mais nem menos. Quando as chuvas aparecem, intensas ou não, vêm com a intensidade do calor que a precedeu, nem mais nem menos. Quando a terra sofre pelas erosões, quando vulcões  são ativados pela natureza, quando as árvores sofrem queimadas... A terra responde com o pouco que tem para se salvar.

Quando na agricultura se planta, se colhe; quando se trabalha de maneira justa, se ganha o salário justo; quando se vive de maneira desordenada, a vida também é justa -- assim também para quem trabalha e vive de maneira ordenada; e para quem não busca nada, a vida também o é. Quando a água esquenta, esquenta; quando se está fria, está fria, e quando os oceanos mordiscam seres que nele adentram, os quais não seguem a medida de sua justiça, são levados -- mesmo quando nele sabem nadar.

Quando as placas para caminhos indicam o mal ou o bem, cabe a nós escolher e entender que o mal é mal e o bem é o bem; quando se escolhe o bem, não se está no mal, e quando se está no mal, não se está no bem; portanto, quem escolhe o bem, trafega em águas tranquilas, quem se inclina a seguir o caminho do mal, o abraça, havendo assim uma justa medida para sua escolha.

Quando se bebe vinho em uma xícara de café, quando se come o almoço em um pequeno prato, cuja medida se assemelha a um pires, quando se escolhe comer pedras em vez de feijão; quando procuramos mangas em pés de goiaba... Quando pulamos em pedras pontiagudas, acreditando que não passam de águas em forma de conchas, não só nos enganamos, forçando uma justiça temporal, mas também, não fazemos jus à medida daquela natureza.

Quando o corpo humano sofre de dor, quando suas células são decompostas por algum acidente, quando não se consegue nem mesmo pensar, é porque o próprio corpo necessita de algo, e no caso das células, em um trabalho natural delas, se recompõe, se igualando a trabalhadores que, perdendo seus melhores amigos ou irmãos, têm que voltar ao trabalho, a fazer o que o outro fazia, sem reclamar, caso contrário, o corpo vai pedir eternamente que "alguém" naquele pequeno espaço faça algo -- hoje, as próteses podem e devem fazer seu trabalho,, mas nunca será o mesmo que perdeu.

Quando um pai de família não paga suas contas, a casa inteira se desorganiza financeiramente; quando este mesmo pai entra em duelo com seus filhos, com sua esposa, sabe-se que as engrenagens da casa são suspensas, param de trabalhar; quando sua esposa se cansa de ser mulher, quando o próprio homem se cansa de ser homem, é porque nunca o foram, e somente eles vão sofrer o que deixaram de ser para ser o que não eram. 

Quando na sociedade trabalham contra os ideais de grupo, quando se leva a todos especularem sobre sua competência, sobre seu modo de trabalhar, sente-se, na medida, as críticas de uma sociedade; quando em uma nação, em um sistema que permite escolher vendedores de cachorro quente, açougueiros, traficantes, comunistas, absolutistas, preconceituosos, discriminantes, cachaceiros, vagabundos, para serem vereadores, prefeitos, governadores e presidentes, o sistema por si só já nos transfere a justa medida do que será (ou está sendo) o futuro daquela nação que escolheu seus candidatos.



A xícara pede café, a taça pede vinho.




Abraços.



terça-feira, 18 de setembro de 2018

O Pássaro e o Homem

Pode-se dizer que é um ato de ternura e belo por excelência, e o é: um pássaro a voar de uma árvore que fica a pelo menos cinquenta metros de outra, sendo sujeita a retirada de seus galhos secos, pequenos, frágeis, a serem colocados pelo animal em outra, robusta, cheia de folhas e quem sabe, até dezembro, dê frutas pequenas -- a deliciosa manga. 

Ele se mete dentro daquela mangueira, que, ao servir de esconderijo a sua "residência" particular, o faz desaparecer com o pequeno galho, como se fosse um agente secreto da natureza, a esconder mistérios resguardados há milênios. Entretanto é apenas um pássaro em seu papel natural, dentro de sua possibilidade e natureza, voando de uma galha a outra a servir seus filhotes, que, com certeza, gerarão outros que farão o mesmo quando maiores.

Algumas espécies, já tive notícias, são mais, vamos dizer, espertas, nos sentido de praticar aquilo que lhe convém, ou melhor, o que sua natureza, ao nosso ver, racionalmente pede: algumas nadam, buscam, mergulham, vão atrás do peixe graças a sua natureza rápida, combinada com o poder de fogo de suas asas, que voam tão rápido quanto um avião da força aérea americana.  A visão, então, nem precisamos comentar -- alguns conseguem enxergar  a mais dois quilômetros de distância do objeto desejado!

A nós, humanos, que nos confundimos em opiniões, em pensamentos desorganizados, em conceitos limitados, amamos fazer comparações sempre que possível para que possamos definir melhor algumas situações, diante de um quadro como esse (dos pássaros), e a depender de que vê, sente ou mesmo possui princípios baseados em experiências também limitadas, de algum modo, vai produzir uma cena, ainda que clara diante dos olhos, distorcida.

Assim como um comunista da era antiga, que se via preso pela Igreja a ler textos bíblicos e interpretá-los semelhantes ao católico, no fundo, só via o que não estava nas entrelinhas (ou melhor), nelas seus olhos se aprofundavam naquilo para o qual era educado pelos seus pais: a Bíblia nada mais era que um conjunto de leis comunistas...

Assim também, nessa cena pomposa, entre o pássaro e o pé de manga, muitos capitalistas doentios, encarnados até o topo por suas elucubrações diárias acerca do capital, diriam que o pássaro precisaria pagar aluguel, pois a lei é para todos! E o advogado, em suas brincadeiras sem didáticas, diria, depois, "eu posso defendê-lo, senhor, mesmo porque a jurisprudência nesse caso é categórica"...

O rei está nu. É o que eu posso dizer.

A culpa, entretanto, não é deles, nem mesmo dos padres; a culpa, nesse caso, vem da falta de uma busca sensata da humanidade em rever seus conceitos naturais, dentro da sua própria natureza, antes mesmo de ser comunista, democrata, socialista ou catolicista, evangélicos, budistas -- embora alguns destes não se julguem nem A nem B, pelo simples fato entenderem que não possuímos rótulos quando nascemos ou morremos, ou naquilo que acreditamos.

Somos humanos, diria um tradicional discípulo platônico, antes de tudo, precisamos entender isso; não buscar evidências fora do que precisamos ser, caso contrário, não haverá meios de voltar e entender nossos objetivos quanto ao que somos. O pássaro, nesse ínterim, não precisa entender, buscar, refletir com finalidades idealísticas, para saber quem ele é, nem mesmo bater no peito quando ver o sol, a chuva, ou mesmo correr para abraçar outro pássaro quando se está feliz, ou tentar entender seu comportamento em relação a outros de sua espécie. São pássaros, e pronto.

Ser humano é servir ao seu Ideal.



Marcus Aurélio já dizia: "Um cavalo sofre somente aquilo que é inerente ao cavalo".



Vamos refletir sobre isso.




Abraços!

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O Brilho Humano

... Podemos escolher entre trabalhar nossos vícios, debilidades, interesses, enfim, de modo que sejam canalizados em torno de uma causa. O vício pode virar virtude, a debilidade, concentração, consciência, e nossos interesses, elevados, voltados a causas nobres. É dar sempre o primeiro passo, o  qual, em uma linha imaginária, vai titubear, como um bêbado e sempre voltar a ela, por meio de pequenas consequências, as quais nos orientam.

Isso, no entanto, não vai nos nortear eternamente, mas sim a nossa percepção ante a vida, em experiências que vão nos fazer melhores -- ou piores. No nosso caso, em busca do triunfo perdido, estamos tentando nos afastar das amarras e observar mais a vida, refletir sobre ela, sobre o que podemos ou não, mas sempre concatenados com esse ideal. 

O que vai nos nortear de algum modo, na verdade, além da percepção, é o  nosso comportamento, nossos pensamentos, a inclinação natural que temos em relação ao sagrado, até mesmo ao profano. Observá-los, planejá-los, traçar metas, caminhar.  Isso tudo pode ser feito em pequenos testes, como se fôssemos cientistas malucos, na tentativa de conhecer melhor a pessoa e por consequência a nós mesmos.

Posso ilustrar isso por meio de um filme belíssimo, com Robin Willian, em "Pat Adans, o Amor é Contagioso". Em papel inesquecível, Willian é um paciente que teria feito análise em uma clínica para perturbados psicologicamente e lá descobrira sua vocação para lidar com pessoas. Foi atrás desse ideal. Virou estudante de medicina, e quando calouro fazia experiências fantásticas no pátio da faculdade: ele parava o individuo, e dizia, "boa tarde!", isso bem alto, depois escrevia em um pequeno bloco qual a reação daquela pessoa.

Outra parte interessante é que Pat (Robin Willian) não parava quieto e impressionava a todos, que, em seus quartos, estudavam noite a dentro, enquanto ele, sempre em sua práticas campestres, parecia nem pegar nos cadernos: mesmo assim, suas notas eram as melhores, o que causava um pouco de inveja aos supostos estudantes de medicina que não tinham prática humana e se importavam mais com notas do que com pessoas.

Pat adentrava em vários locais proibidos, nos quais apenas os médicos formados, com experiência, tinham passagem. Mas fazia tudo aquilo para buscar mais, entender mais, e ser mais útil ao seus futuros pacientes, fossem eles negros, brancos, pobres ou não, raivosos, e se infiltrava em hospitais sem ser chamado, com a alegria e discrição de sempre -- e conseguia retirar o que queria.

Um dia, entrou naquele hospital um senhor cuja personalidade estava sempre em fúria, e ninguém gostaria de se aproximar dele, muito menos cuidar dele, pois este ofendia o primeiro e o segundo, e o terceiro que o aborrecesse. Mas não contava com o coração de Pat Adans, sua voluveidade, sua paz interna e alegria contagiante, que eram percebidas em seu rosto, e que desarmava a muitos. 

Demorou, mas o aluno de medicina, que não ligava muito para remédios, nem para números de pacientes, mas a seus nomes, entrar e conquistar mais um. Adans, assim como em uma construção, moldou, planejou, persistiu e conseguiu ser o melhor amigo daquele que viam como o paciente "monstro".

Depois de refletir acerca desse filme, posso dizer que isso nos faz melhores; que nada nesse mundo é de um dia para o outro e quando nos referimos a pessoas, seres belos ou não, intrigantes, misteriosos, até mesmo os "cães raivosos", nos passam sentimentos de desistência da vida, simplesmente pelo fato de que desistimos de nós, do próximo e de tudo.

Pat Adans, esse personagem belíssimo, nos belisca e nos acorda e nos faz refletir ao que podemos fazer em relação ao ser humano, não apenas como médicos, mas como aquele profissional que se encaixa em sua profissão e faz questão de ser um pouco melhor todos os dias, pois sabe que a pedra a ser moldada somos nós, ou mesmo ele.

Hoje, em razão desse "esquecimento" involuntário da espécie em direção ao seu ideal, somos mais profissionais que humanos, e assim surgem médicos desumanos, juízes, advogados, atores,  governantes, todos sem finalidade humana, ainda que seu produto a ser trabalhado seja nós e a ele.

Por isso e muito mais que devemos ir atrás do Conhecer a Si Mesmo, como algo que não nos assombra, e sim algo que nos faça nos entender no sentido mais belo e prático da questão, e se não der certo, se não conseguimos, ainda que dentro de nossas possibilidades, voltemos ao degrau anterior e comecemos novamente, pois precisamos dar frutos humanos.





quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A Utopia do Passo

Da série: triunfos


Todos os dias passamos por batalhas. Todos os dias vencemos ou perdemos, e no mais tardar vencemos. Não importa: seja qual for nosso conflito, sempre estamos presos a interesses que nos levam a acreditar que nossa luta é a mais difícil, a mais avassaladora. Desde aquele pé que não pisa direito no chão, por causa de uma pequena dor, a uma dor de cabeça que se transforma com o passar do dia em uma grande enxaqueca, nossas batalhas são sempre por causa de um motivo em especial: o ser humano.

Um gerente que não nos cedeu um empréstimo, uma firma cujo empregador não nos quis, em razão de nossa pouca experiência, uma chefe preconceituosa, uma esposa que só ouve a própria voz -- linda, mas com falta de um pitada de razão, --, enfim, se caminharmos mais a frente, vamos falar em maridos valentes, em sogras loquazes, em filhos desobedientes, mas se prestarmos bastante atenção, veremos que nossas inclinações são voltadas ao próximo e não a nós, que sempre somos os "santos da hora".

Não é fácil perceber que temos um pequeno (pra não dizer grandioso) problema que nos faz não ver o que somos, o que queremos e por quê o queremos. Difícil compreender que todo ser humano, em termos emocionais, psicológicos, são iguais, entretanto, tratam de maneira diferente, ou melhor, como lhe apraz, aquilo que tem em si. Para ilustrar melhor: como se Alguém tivesse dado ferramentas para a nossa batalha diária, porém, as tratamos erroneamente, como crianças que usam grandes facas para brincar, ou como gente grande que acredita que o que tem em si é uma brincadeira, não um aspecto a ser melhorado, elevado.

Olhar para si não é fácil. Quando menos percebemos, já estamos velhos, ranzinzas, presos a valores que um dia plantamos e que erradamente colhemos, como um grande agricultor que semeou a vida inteira aquelas uvas e não viu que a videira estava cheia de fungos e produziu o pior vinho. E mesmo sabendo, bebe-o como se fosse um champanhe de primeira qualidade. No fundo, no entanto, sabe que a vida foi justa com ele por não ter cuidado de si, de sua educação voltada ao humano, a ele, de modo que não pode voltar atrás, ou seguir em frente, acredita. Fica, assim, estático, arrotando o que não fez em vida.

Antes de tudo, há sempre chances de iniciar qualquer projeto que nos coloque como centro, no sentido de nos inclinarmos a algo maior, como por exemplo, questionar o que podemos fazer agora, de coração, sem que nos machucamos ou machuquemos o próximo. Muito pelo contrário. Algo que traduza um pouco do que guardo lá dentro e que beneficie não apenas a mim, mas que sirva de propósito humano, ao humano, de forma que outros possam ser beneficiados, e felizes, voltem a ver o que eu fiz.

Não é utopia. 

Dar os primeiros passos a pequenos projetos, para muitos, é utopia, assim como mudar algum comportamento em relação à vida, às pessoas e a si mesmo. Por quê? talvez porque somos seres com tendência à evolução e não sabemos; seres que precisam ver um pitada do sol real e se sentir livre de algumas amarras, ainda que psicológicas. Mal sabemos, ainda, que tais detalhes, que tais passos em direção a pequenos projetos, também são pequenos passos em direção ao maior dos Ideais, que um dia, na tradição, foi sussurrado nas orelhas do mundo. E com certeza, apenas alguns entenderam a mensagem.






terça-feira, 11 de setembro de 2018

Cacos de Espelhos

da série: Triunfos.

...O "Conhecer a Si Mesmo" não é uma predisposição ou mesmo uma escolha, mas um artifício da vontade interna. Não se pode apenas refletir com vistas a entendê-la racionalmente, mesmo porque em todos os aspectos precisamos nos aprofundar, nos ver, assim como pequenos espelhos que nos mostram um pouco de nós, até que tenhamos, no mais tardar, a junção do que realmente somos, dentro do caminhar.

Para isso, é preciso observar o que temos a volta, assim como uma criança que para, assiste e consegue sorrir, sem mesmo saber o que é aquilo ou quem é aquela pessoa a quem ela mostra os primeiros dentinhos. Assim o somos, integrantes de um meio dentro do qual nossa vivência, ações, dramas, comédias -- semelhantes a filmes -- devem ser revistos, repensados, refletidos dentro de um ponto que depende exclusivamente de nós para ser observado.

Uma grande filósofosa diz que precisamos praticar um pouco o Conhecer a Si Mesmo... E nos faz repensar nossas ações dentro do que fazemos. Se não conseguimos nos "ver", é preciso nos encontrar naquilo que fazemos, ou seja, se realmente faz parte do que sou ou não; se faz jus à minha vida como ser humano, ou não; à minha natureza, à minha vocação, ou não... 

E vai mais longe. Minha querida amiga me diz que o pequeno ato de triunfar ao conhecer-se, também vem do que posso oferecer como pessoa ao mundo, às pessoas precisamente, caso contrário, seriamos apenas um porta joias sem as joias. Ou seja, o que temos de mais brilhante não vai reluzir, pois não demos matéria prima ao receptáculo que necessita encontrar sua natureza de guardar o que é de mais precioso.

Platão, grande filósofo grego, se refere a nós, como indivíduos presos em um corpo, loucos para demonstrar suas características, entretanto é sufocado pelos interesses de uma alma que sucumbiu à matéria. Estaríamos, segundo ele, amarrados, presos, como reféns, de ago tão viciado em ser o que não é que deixamos de ser por causa dele.

O conhecer a si mesmo nos ensina, por meio do conhecimento também externo, a vasculhar certos pontos perdidos na escuridão, os quais são tão necessários quando nosso próprio querer externo, que seria, segundo ele, o trabalho, a labuta natural do ser humano, que sempre trata o trabalho como algo inerente aos animais. Não nos percamos nisso. O trabalho sempre foi uma grande necessidade humana, dentro da qual a máxima platônica se revela quando se religa, vira ponte ao sagrado. Não tem nada a ver com sacrifício, dor, exaustão...

Como diria a minha bela filósofa, se trabalhar fosse proibido, Deus seria o primeiro a ser criticado, pois o universo todo trabalha, apenas o homem reclama.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O Conhecer a Si Mesmo

da série: Triunfo


Uma máxima clássica que paira desde dois mil anos antes de Cristo até nossos dias é aquela que nos faz coçar o pouco do que temos de cabelo, a dizer "conheça-te a ti mesmo e conhecerás o Universo", dita por Platão, filósofo grego, ou como diria Santo Augustinho, "...e conhecerás a Deus...". Se fosse fácil traduzi-la, não seria eterna, misteriosa, maliciosa e ao mesmo tempo tão humana, seria apenas uma máxima com boas pretensões.

Nenhuma máxima, a meu ver, introduz tanto medo, ao passo que iniciamos, ainda com nossos pensamentos parcos em relação à vida, ao cosmos, ao universo, ou mesmo a nós mesmos, um caminho. Tão fria e ao mesmo tempo como larvas vulcânicas ao pronunciada, já nos remete ao que chamamos mundo diferente.

Talvez nem tanto, mas quando iniciamos uma empreitada dentro do que compreendemos, tornar-se belo e ao mesmo tempo perigoso se não tivermos a pretensão em segui-la. Seria ela, essa grande máxima, apenas uma pequena realidade dita por alguém, em algum lugar, com vistas a melhorar algumas pessoas, simplesmente porque, um dia, descobriu que conhecer a si mesmo é o mesmo que conhecer o Universo...

Não é tão simples de percebe-la, de entendê-la e dela usufruir. Quando o grande filósofo a disse, ou pelo menos algo parecido talvez, ele o fez quando percebera dentro de sua vasta experiência humana, fosse como escravo, como discípulo, como iniciado ou mesmo como mestre em filosofia, que somos todos buscadores, a independer de crédulos ou títulos, de partidos ou idade -- todos, sem exceção, têm um espelho a se dedicar, a se ver, e modelar-se baseado em suas referências, físicas ou não...

Entretanto, o grande Platão não falava de modelos físicos, e isso é certo. Não falava de vaidades externas, mas de um conjunto de possibilidades que normalmente se encaixam em nós, pelo simples fato de que somos humanos. E quando humanos, temos em nós um mundo, um microcosmos, dentro do qual metáforas e mitos se cabem, e deles, na maioria das vezes, são extraídos ensinamentos universais que transpassam culturas, nas quais a máxima (Conhecer a Si mesmo) tenha sido dita de forma diferente, mas com o mesmo ensinamento...

Enfim, precisamos um pouco dela, se um dia pensarmos em triunfar e dar os primeiros passos em direção ao que somos. Não é algo gratuito. Platão, autor de A República, Timeu, Diálogos, As Leis, entre outros, fez sua máxima reverberar ao mundo, aos céus, entretanto, somente os homens e mulheres de coragem devem refletir acerca do que podem ser dentro daquilo que são.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Despertar Inconsciente

da série: Triunfo.


Um dos piores males ao idealista jovem é acreditar que conseguir realizar seus sonhos, que se apoderou de sua vida e que não precisa mais de nada, nem mesmo do espiritual. Um grande engano. Tal ideia vem de nossas fraquezas ante ao básico, na tentativa de realiza-lo ou realizando-o com todas as suas forças físicas. Mal sabemos que precisamos dela, desse ânimo, dessa força que nos conduz todos os dias, no sentido horizontal, mas também e principalmente no sentido vertical da vida.

Há alunos que sonham em fazer faculdade, e o fazem; há outros que se engajam em concursos, e passam; outros que se detém a vida toda em algo semelhante porque o jogo das emoções financeiras nos ensinou a galgar nosso lugar ao sol -- ou à sombra, como diria minha querida genitora. Esquecem-se, no entanto, de refletir acerca do porquê de sua empreitada, que, ao longo da vida, nos engana com seu papel de parede sempre nos separando de nossas pretensões humanas. E nesse caminho, nesse colorido esforço, esquecemo-nos de questionar o que é a felicidade, o que é o triunfo, o que é realmente a vitória. A não ser, como diria uma grande filósofa, "que triunfo seja uma coisa, e felicidade, outra".

Se não soubermos a diferença, é porque temos um mal em nossa alma, que se apoderou em nossas emoções, e nos fez sucumbir às sombras de uma parede que nos diz que somos inteligentes, precisamos de medalhas, de algum brinquedo que nos faça parar de chorar pelo fato de sermos o segundo, ou terceiro lugar. Temos que ser os primeiros. Porquê? 

Esse sentimento nos separa do próximo, da família e dos amigos, de nós mesmos, porque caímos no jogo, fomos fracos e sucumbimos à matéria, a qual poderia ser nossa aliada, mas o dono do jogo sabe que somos imperfeitos e nos joga comerciais, produtos de altíssimo nível, luxos amodernados, como se fôssemos cães cansados da mesma ração. Emagrecemos, e nos suicidamos. É o triunfo das sombras!

Quando pensamos que tudo está perdido, fazemos falsos amigos, camaradas da moda, com linguagens idem, procuramos mestres em esquinas escuras, lemos revistas conceituadas, nos vestimos como pedem, nos rasgam roupas com efeito top, somente com vistas ao nosso ego que transparece em meio a um oceano à meia noite, como faróis aos perdidos semelhantes a ele, ao jovem.

Perceber que estamos indo para lugar nenhum, é uma tarefa árdua. Mas é humana. Levantar os ombros, ver as coisas como são, entender que necessitamos de referenciais, assim como qualquer um que precisa de uma placa quando se está perdido, agir, caminhar, não vacilar ou sair da linha que te conduz ao referencial adotado. Saber de onde partiu, assim como sempre devemos saber. 




O triunfo começou.


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Blocos de Areia

Triunfos

O Universo é feito de detalhes nos quais residem os movimentos, gerando energia, a ação. E quando nos movimentamos para algum lugar, seja ele qual for, geramos também energia; no entanto, temos que direcionar nossos olhos internos com vista a entender para onde vamos e por quê. Não adianta apenas acordar e correr em direção ao sol físico para se alimentar da vitamina D, mas também para compreender o lado natural do homem que diz que temos um sol para ser alimentado com nossas ações.

Tudo no universo conspira; não a favor do homem, nem mesmo contra. Tudo se alimenta de vida, de força, de energias desconhecidas pelo cientista, pelo antropólogo, geólogo, enfim, por aquele que traduz sempre ao pé da letra suas descobertas, deixando de entender que nas entrelinhas daquela verdade há uma maior que sustenta um Todo. Assim pensa e trabalha o filósofo, que, ao contrário dos que sustentam, hoje vive somente da passividade reflexiva, salientando ideias, dentro das quais apenas ele retira a sabedoria... Ledo engano.

O filósofo, no passado, assim como qualquer pessoa, não apenas teorizava em função de algo melhor na sociedade, visando um mundo melhor, mas principalmente se encontrava em batalhas, assim como um dia o foi Sócrates, o qual fora condecorado por não deixar a linha de frente quando a ele fora proposto ficar e proteger a fronteira daquele lugar. Sócrates, como todos sabem, foi um dos heróis a morrer por um ideal de mudança na humanidade -- não apenas na Grécia Antiga --, indo de encontro à Democracia grega que, segundo ele, "parecia muito mais um navio com um capitão eleito pelo frágil povo, do que uma embarcação com um comandante apto e vocacionado ao seu papel".

Claro que não somos nem mesmo a unha desse ser maravilhoso, mas podemos nos colocar em situações nas quais nosso papel, assim como o do suposto capitão, é frágil, débil, frio e lastimável, simplesmente porque não nos observamos, nem mesmo nos questionamos "Quem somos nós, o que sabemos, o que posso fazer de melhor para mim e para a sociedade", e quando respondemos, as frivolidades nos tomam conta, os interesses, os preconceitos nos tomam a alma e não nos passa pela cabeça que um dia podemos ser úteis em qualquer coisa que nos faça um pouco melhor e ao outro.

Queremos ser advogados, ser juízes, doutores, arquitetos, engenheiros, não por vocação, amor ao próximo, ao mundo, com tendências idealísticas em nos conhecer, não; queremos boas profissões mesmo porque o sistema nos paga pouco, nos humilha e nos torna piores como seres humanos, se não alcançarmos a "pirâmide imaginária" desenhada pelos mais antigos moradores da grande caverna.

Não importa o que sejamos, penso, temos que olhar para o que somos, para a nossa natureza e fazer o que nos foi proposto da melhor maneira possível, e veremos que o sol está um pouco mais perto de nós onde quer que estejamos.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Aspirações de Papel

Ao Triunfo


Como nos fora dito, é nobre quando se é jovem, é belo e possui as aspirações em mãos como colecionador de borboletas. No entanto, ainda se vê oportunidades voarem, irem para bem longe e o pobre a correr atrás delas como um bobo que perdeu um cartão premiado -- talvez fosse, mas não se sabe a que ponto pode-se levar em consideração que cada oportunidade é realmente um cartão premiado...

Assim como pessoas que aspiram a ser algo, por meio de algo, alcançar aquele algo e descansar sua vida recebendo algo, nos parece que a vivência de cada um se limita a um grande favor material a si mesmo a esquecer a parte semântica, dentro da qual buscamos aspirações maiores, mais elevadas, não como sonhos, mas como ideais grandiosos, não como antagonistas, mas protagonistas, ativos, sem ressalvas.

A questão, no entanto, freia, somente em pensarmos que nossas aspirações parcas, diminutas, observadas por meio de prismas aleatórios, como questionários e suas perguntas -- como queremos, o que pretendemos, entre outros -- além de tudo, nos relativiza, nos dando mais fuga do que somos e do que deveríamos ser realmente.

E nesse vácuo, nesse deserto de impossibilidades, paira o ouro ao longo de uma duna, que reluz parcamente como uma força tangível e fraca; tal ouro, do qual necessitamos chegar mais perto, é o que podemos chamar de vocação... Temos que chegar perto, tocar, saber se ele nos corresponde ao que pretendemos, se é real.

Aqui, nesse momento, quando vem o encanto em perceber que há um chamado, que nossas vidas não são apenas um emaranhado de falas incoerentes, sem princípios, dadas a grupos eletrônicos, dos quais nada conhecemos, apenas filtramos como parte de um meio que nos retira um pouco do que somos, então, estamos chegando perto de iniciarmos nosso real caminho.







Triunfantes, não desistam!



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Triunfos

Criar meios, objetivos, projetos em função de algo; agarrar como nunca seus ideais, ainda que purificados com espadas de falsos papas, mas nobres em tentativas pobres e válidas, temos que rever nossos conceitos sobre o que é Triunfo. Porque o que nos confere como humanos nada mais é que tentativas, consecuções, vivência, e isso nos faz mais fortes ou mais débeis a partir do momento em que passamos por desafios relativos ao que nos impõe, ao que o mundo nos impõe.

É preciso, urgente, traçarmos metas invioláveis, naturais de nossa espécie, não apenas na tentativa, mas na realização válida e real, e vital, para que não tenhamos mais que esquecer do que somos. E os Sistemas, até hoje, trabalham como forças contrárias a isso, ao que percebo, no sentido de nos fazer ir  de encontro a nossas forças naturais, que, com vistas a nos conhecermos melhor, de maneira filosófica, nos traduz o que realmente é o trinfo.

O triunfo tem que se respaldar em algo que não seja temporal, nem mesmo histórico, mesmo porque todos os processos pelos quais o homem passa se repete, só mudam os agentes. Querer voar, correr em excesso, flutuar, ser mais em tudo. Triunfar ante as espécies que, um dia, supostamente, entraram em uma determinada arca a seu comando... Que absurdo. Entrar em devaneios aos quais se chamam sonhos, e às vezes pensar em deixar a vida pelo simples fato de não triunfar.

Entretanto, é nobre quando se é jovem, e se busca pequenos projetos nos quais se cresce e aparece como pequenas estrelas, ou quando após uma velhice enraigada de dores e falta de estrutura psicológica é trocada por passos em direção a algo melhor, que o faça sorrir ou morrer tentando, após anos de inclinações às reclamações caseiras, agora precisa terminar algo ou começar algo, senão a morte vem e nada se faz.









Volto triunfante amanhã.


A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....