terça-feira, 11 de setembro de 2018

Cacos de Espelhos

da série: Triunfos.

...O "Conhecer a Si Mesmo" não é uma predisposição ou mesmo uma escolha, mas um artifício da vontade interna. Não se pode apenas refletir com vistas a entendê-la racionalmente, mesmo porque em todos os aspectos precisamos nos aprofundar, nos ver, assim como pequenos espelhos que nos mostram um pouco de nós, até que tenhamos, no mais tardar, a junção do que realmente somos, dentro do caminhar.

Para isso, é preciso observar o que temos a volta, assim como uma criança que para, assiste e consegue sorrir, sem mesmo saber o que é aquilo ou quem é aquela pessoa a quem ela mostra os primeiros dentinhos. Assim o somos, integrantes de um meio dentro do qual nossa vivência, ações, dramas, comédias -- semelhantes a filmes -- devem ser revistos, repensados, refletidos dentro de um ponto que depende exclusivamente de nós para ser observado.

Uma grande filósofosa diz que precisamos praticar um pouco o Conhecer a Si Mesmo... E nos faz repensar nossas ações dentro do que fazemos. Se não conseguimos nos "ver", é preciso nos encontrar naquilo que fazemos, ou seja, se realmente faz parte do que sou ou não; se faz jus à minha vida como ser humano, ou não; à minha natureza, à minha vocação, ou não... 

E vai mais longe. Minha querida amiga me diz que o pequeno ato de triunfar ao conhecer-se, também vem do que posso oferecer como pessoa ao mundo, às pessoas precisamente, caso contrário, seriamos apenas um porta joias sem as joias. Ou seja, o que temos de mais brilhante não vai reluzir, pois não demos matéria prima ao receptáculo que necessita encontrar sua natureza de guardar o que é de mais precioso.

Platão, grande filósofo grego, se refere a nós, como indivíduos presos em um corpo, loucos para demonstrar suas características, entretanto é sufocado pelos interesses de uma alma que sucumbiu à matéria. Estaríamos, segundo ele, amarrados, presos, como reféns, de ago tão viciado em ser o que não é que deixamos de ser por causa dele.

O conhecer a si mesmo nos ensina, por meio do conhecimento também externo, a vasculhar certos pontos perdidos na escuridão, os quais são tão necessários quando nosso próprio querer externo, que seria, segundo ele, o trabalho, a labuta natural do ser humano, que sempre trata o trabalho como algo inerente aos animais. Não nos percamos nisso. O trabalho sempre foi uma grande necessidade humana, dentro da qual a máxima platônica se revela quando se religa, vira ponte ao sagrado. Não tem nada a ver com sacrifício, dor, exaustão...

Como diria a minha bela filósofa, se trabalhar fosse proibido, Deus seria o primeiro a ser criticado, pois o universo todo trabalha, apenas o homem reclama.

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