Da série: triunfos
Todos os dias passamos por batalhas. Todos os dias vencemos ou perdemos, e no mais tardar vencemos. Não importa: seja qual for nosso conflito, sempre estamos presos a interesses que nos levam a acreditar que nossa luta é a mais difícil, a mais avassaladora. Desde aquele pé que não pisa direito no chão, por causa de uma pequena dor, a uma dor de cabeça que se transforma com o passar do dia em uma grande enxaqueca, nossas batalhas são sempre por causa de um motivo em especial: o ser humano.
Um gerente que não nos cedeu um empréstimo, uma firma cujo empregador não nos quis, em razão de nossa pouca experiência, uma chefe preconceituosa, uma esposa que só ouve a própria voz -- linda, mas com falta de um pitada de razão, --, enfim, se caminharmos mais a frente, vamos falar em maridos valentes, em sogras loquazes, em filhos desobedientes, mas se prestarmos bastante atenção, veremos que nossas inclinações são voltadas ao próximo e não a nós, que sempre somos os "santos da hora".
Não é fácil perceber que temos um pequeno (pra não dizer grandioso) problema que nos faz não ver o que somos, o que queremos e por quê o queremos. Difícil compreender que todo ser humano, em termos emocionais, psicológicos, são iguais, entretanto, tratam de maneira diferente, ou melhor, como lhe apraz, aquilo que tem em si. Para ilustrar melhor: como se Alguém tivesse dado ferramentas para a nossa batalha diária, porém, as tratamos erroneamente, como crianças que usam grandes facas para brincar, ou como gente grande que acredita que o que tem em si é uma brincadeira, não um aspecto a ser melhorado, elevado.
Olhar para si não é fácil. Quando menos percebemos, já estamos velhos, ranzinzas, presos a valores que um dia plantamos e que erradamente colhemos, como um grande agricultor que semeou a vida inteira aquelas uvas e não viu que a videira estava cheia de fungos e produziu o pior vinho. E mesmo sabendo, bebe-o como se fosse um champanhe de primeira qualidade. No fundo, no entanto, sabe que a vida foi justa com ele por não ter cuidado de si, de sua educação voltada ao humano, a ele, de modo que não pode voltar atrás, ou seguir em frente, acredita. Fica, assim, estático, arrotando o que não fez em vida.
Antes de tudo, há sempre chances de iniciar qualquer projeto que nos coloque como centro, no sentido de nos inclinarmos a algo maior, como por exemplo, questionar o que podemos fazer agora, de coração, sem que nos machucamos ou machuquemos o próximo. Muito pelo contrário. Algo que traduza um pouco do que guardo lá dentro e que beneficie não apenas a mim, mas que sirva de propósito humano, ao humano, de forma que outros possam ser beneficiados, e felizes, voltem a ver o que eu fiz.
Não é utopia.
Dar os primeiros passos a pequenos projetos, para muitos, é utopia, assim como mudar algum comportamento em relação à vida, às pessoas e a si mesmo. Por quê? talvez porque somos seres com tendência à evolução e não sabemos; seres que precisam ver um pitada do sol real e se sentir livre de algumas amarras, ainda que psicológicas. Mal sabemos, ainda, que tais detalhes, que tais passos em direção a pequenos projetos, também são pequenos passos em direção ao maior dos Ideais, que um dia, na tradição, foi sussurrado nas orelhas do mundo. E com certeza, apenas alguns entenderam a mensagem.
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