quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Na Justa Medida

Quando o sol bate em nosso corpo, projeta-se uma sombra por detrás de nós na medida certa, nem mais nem menos. Quando as chuvas aparecem, intensas ou não, vêm com a intensidade do calor que a precedeu, nem mais nem menos. Quando a terra sofre pelas erosões, quando vulcões  são ativados pela natureza, quando as árvores sofrem queimadas... A terra responde com o pouco que tem para se salvar.

Quando na agricultura se planta, se colhe; quando se trabalha de maneira justa, se ganha o salário justo; quando se vive de maneira desordenada, a vida também é justa -- assim também para quem trabalha e vive de maneira ordenada; e para quem não busca nada, a vida também o é. Quando a água esquenta, esquenta; quando se está fria, está fria, e quando os oceanos mordiscam seres que nele adentram, os quais não seguem a medida de sua justiça, são levados -- mesmo quando nele sabem nadar.

Quando as placas para caminhos indicam o mal ou o bem, cabe a nós escolher e entender que o mal é mal e o bem é o bem; quando se escolhe o bem, não se está no mal, e quando se está no mal, não se está no bem; portanto, quem escolhe o bem, trafega em águas tranquilas, quem se inclina a seguir o caminho do mal, o abraça, havendo assim uma justa medida para sua escolha.

Quando se bebe vinho em uma xícara de café, quando se come o almoço em um pequeno prato, cuja medida se assemelha a um pires, quando se escolhe comer pedras em vez de feijão; quando procuramos mangas em pés de goiaba... Quando pulamos em pedras pontiagudas, acreditando que não passam de águas em forma de conchas, não só nos enganamos, forçando uma justiça temporal, mas também, não fazemos jus à medida daquela natureza.

Quando o corpo humano sofre de dor, quando suas células são decompostas por algum acidente, quando não se consegue nem mesmo pensar, é porque o próprio corpo necessita de algo, e no caso das células, em um trabalho natural delas, se recompõe, se igualando a trabalhadores que, perdendo seus melhores amigos ou irmãos, têm que voltar ao trabalho, a fazer o que o outro fazia, sem reclamar, caso contrário, o corpo vai pedir eternamente que "alguém" naquele pequeno espaço faça algo -- hoje, as próteses podem e devem fazer seu trabalho,, mas nunca será o mesmo que perdeu.

Quando um pai de família não paga suas contas, a casa inteira se desorganiza financeiramente; quando este mesmo pai entra em duelo com seus filhos, com sua esposa, sabe-se que as engrenagens da casa são suspensas, param de trabalhar; quando sua esposa se cansa de ser mulher, quando o próprio homem se cansa de ser homem, é porque nunca o foram, e somente eles vão sofrer o que deixaram de ser para ser o que não eram. 

Quando na sociedade trabalham contra os ideais de grupo, quando se leva a todos especularem sobre sua competência, sobre seu modo de trabalhar, sente-se, na medida, as críticas de uma sociedade; quando em uma nação, em um sistema que permite escolher vendedores de cachorro quente, açougueiros, traficantes, comunistas, absolutistas, preconceituosos, discriminantes, cachaceiros, vagabundos, para serem vereadores, prefeitos, governadores e presidentes, o sistema por si só já nos transfere a justa medida do que será (ou está sendo) o futuro daquela nação que escolheu seus candidatos.



A xícara pede café, a taça pede vinho.




Abraços.



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