terça-feira, 18 de setembro de 2018

O Pássaro e o Homem

Pode-se dizer que é um ato de ternura e belo por excelência, e o é: um pássaro a voar de uma árvore que fica a pelo menos cinquenta metros de outra, sendo sujeita a retirada de seus galhos secos, pequenos, frágeis, a serem colocados pelo animal em outra, robusta, cheia de folhas e quem sabe, até dezembro, dê frutas pequenas -- a deliciosa manga. 

Ele se mete dentro daquela mangueira, que, ao servir de esconderijo a sua "residência" particular, o faz desaparecer com o pequeno galho, como se fosse um agente secreto da natureza, a esconder mistérios resguardados há milênios. Entretanto é apenas um pássaro em seu papel natural, dentro de sua possibilidade e natureza, voando de uma galha a outra a servir seus filhotes, que, com certeza, gerarão outros que farão o mesmo quando maiores.

Algumas espécies, já tive notícias, são mais, vamos dizer, espertas, nos sentido de praticar aquilo que lhe convém, ou melhor, o que sua natureza, ao nosso ver, racionalmente pede: algumas nadam, buscam, mergulham, vão atrás do peixe graças a sua natureza rápida, combinada com o poder de fogo de suas asas, que voam tão rápido quanto um avião da força aérea americana.  A visão, então, nem precisamos comentar -- alguns conseguem enxergar  a mais dois quilômetros de distância do objeto desejado!

A nós, humanos, que nos confundimos em opiniões, em pensamentos desorganizados, em conceitos limitados, amamos fazer comparações sempre que possível para que possamos definir melhor algumas situações, diante de um quadro como esse (dos pássaros), e a depender de que vê, sente ou mesmo possui princípios baseados em experiências também limitadas, de algum modo, vai produzir uma cena, ainda que clara diante dos olhos, distorcida.

Assim como um comunista da era antiga, que se via preso pela Igreja a ler textos bíblicos e interpretá-los semelhantes ao católico, no fundo, só via o que não estava nas entrelinhas (ou melhor), nelas seus olhos se aprofundavam naquilo para o qual era educado pelos seus pais: a Bíblia nada mais era que um conjunto de leis comunistas...

Assim também, nessa cena pomposa, entre o pássaro e o pé de manga, muitos capitalistas doentios, encarnados até o topo por suas elucubrações diárias acerca do capital, diriam que o pássaro precisaria pagar aluguel, pois a lei é para todos! E o advogado, em suas brincadeiras sem didáticas, diria, depois, "eu posso defendê-lo, senhor, mesmo porque a jurisprudência nesse caso é categórica"...

O rei está nu. É o que eu posso dizer.

A culpa, entretanto, não é deles, nem mesmo dos padres; a culpa, nesse caso, vem da falta de uma busca sensata da humanidade em rever seus conceitos naturais, dentro da sua própria natureza, antes mesmo de ser comunista, democrata, socialista ou catolicista, evangélicos, budistas -- embora alguns destes não se julguem nem A nem B, pelo simples fato entenderem que não possuímos rótulos quando nascemos ou morremos, ou naquilo que acreditamos.

Somos humanos, diria um tradicional discípulo platônico, antes de tudo, precisamos entender isso; não buscar evidências fora do que precisamos ser, caso contrário, não haverá meios de voltar e entender nossos objetivos quanto ao que somos. O pássaro, nesse ínterim, não precisa entender, buscar, refletir com finalidades idealísticas, para saber quem ele é, nem mesmo bater no peito quando ver o sol, a chuva, ou mesmo correr para abraçar outro pássaro quando se está feliz, ou tentar entender seu comportamento em relação a outros de sua espécie. São pássaros, e pronto.

Ser humano é servir ao seu Ideal.



Marcus Aurélio já dizia: "Um cavalo sofre somente aquilo que é inerente ao cavalo".



Vamos refletir sobre isso.




Abraços!

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