“O mundo anda tão estranho”, conta uma música de Renato Russo, vocalista do extinto Legião Urbana, numa música em que relata a simplicidade de uma família que passa o seu dia de forma bela e natural, como realmente deveria ser em qualquer família. Nesse aspecto, a música nos remete a um saudosismo que nos fica na alma, fazendo com que a alusão acerca de família, bem-viver, amor, paz sejam revistos em nossa sociedade, que se esqueceu de si mesma.
Fora a música, tenho a nítida impressão de que estamos longe, a cada dia que passa, do que nos é inerente, como humanos, como seres naturais, com seus valores e coisa tal. Até mesmo do fator família. Há uma massa desinformada ou informada demais nos fazendo esquecer de que há coisas que não se mudam, são eternas, são clássicas, por isso deram certo até hoje.
Assim como muitos valores clássicos se perderam ou e entrando em deteriorização, pelo fato de serem levados a um ponto de vista interesseiro, às vezes, até social – numa sociedade que aceita tudo, até baratas em pratos! – o maior dos núcleos está voltado ao ostracismo, ou seja, a família está se indo como água de chuva em bocas de lobo, ou mesmo semelhante ao próprio homem que nasce, cresce, envelhece e morre, a família do homem está morrendo, junto com ele. É um assunto difícil de lidar, mas vamos lá...
Noutras sociedades antigas, talvez mais antigas do que parecem, nas quais referenciais celestes eram adotados – na Pérsia, Macedônia, Grécia, Roma; do outro lado, Egito, e mais do ‘lado’, Peru, México... – das quais nosso conceito acerca de muitos termos, comportamentos, educação, sociedade, família, ciência e filosofia foram retirados do nosso meio, a palavra Família significava um termo que se sobressaia acima de todos os outros, pois dela – assim como um núcleo – tudo vinha e para ela tudo ia.
Família, na Antiguidade, era composta de um homem – o pai; de uma mulher – a mãe; de um ou mais filhos, diversificados com mulheres e homens na sua composição. Não havia, como em toda a natureza, a mesma composição se houvesse dois homens ou duas mulheres com objetivos gêmeos, ou seja, com dois pais ou duas mães. Na realidade, família vem do latim, a significar “pessoas da mesma casa”, mas casa não seria apenas a nossa, a morada, mas o que vemos externamente como casa. Explico, onde houver possibilidades de nascer, crescer, desenvolver-se, educar-se em qualquer âmbito estrutural, é casa.
Exemplo: a própria terra, vista pelos ameríndios (ou mesmo pelos índios americanos, os mais atuais), era chamada de Mãe. Quando falamos de índios, temos um ligeiro preconceito, em razão da grande história dos descobrimentos, a qual nos relaciona a seres simples, ignorantes, que foram levados na conversa pelos brancos; foram catequizados, etc, contudo, o índio, no passado, nos mostrou o quanto à humanidade precisa rever determinados conceitos. Tais índios não eram semelhantes àqueles dos descobrimentos, e sim sacerdotes, guerreiros, iniciados; índios que nos deixaram legados ainda por refletir.
Na sua filosofia, a Terra seria a Mãe, o grande Pai, segundo eles, seria o Sol, assim como em muitas civilizações, pois a união dos dois nos daria as árvores, delas os frutos, as sombras, as ferramentas necessárias do dia a dia... Nos daria as rosas, seus polens, seus perfumes, a beleza de cada uma, que, unidas, dar-nos-iam os grandes jardins. E um milhão de coisas que, citadas, não caberiam nesta máquina. Entre elas, o próprio homem, que seria o filho maior, que cultivaria e semearia o que mais tarde poderíamos traduzir como necessidade de se manter pela mãe e pelo pai maior.
Aqui o conceito de Pai e Mãe supera o nosso, mesmo quando adotávamos o principal modelo (pai, mãe e filhos). Supera porque está se baseando em um conceito universal, no qual até mesmo estrelas, cometas, sóis, luas e todo o cosmos estão envolvidos. Não é algo relativo. E é nesse conceito que se baseavam os antigos.
O Pai, representado pelo homem, tinha que nos remeter a uma esfera maior em que nos religássemos ao uno, a Deus, ou mesmo aos seus mistérios – quem conhece um pouco da cultura egípcia, sabe exatamente do que trato aqui; a Mãe, à Justiça desse universo; à Beleza, ao Amor, nada disso relativo – ou seja, nenhum deles de acordo com o interesse voltado a qualquer pessoa, e sim ao grande Ser.
A Tríade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – é falsa. Se voltarmos à realidade dos maias, astecas, indianos, egípcios, podemos perceber que a Ela – a tríade – é composta por três elementos diferentes, não iguais. Kon, Kyla, Whilacotcha – O primeiro (Kon) seria Sol, o segundo (Kyla), Lua, e o terceiro, Filho. Há sempre um elemento que se formou dos dois primeiros. Em Átman, Manas e Budhi, a Tríade indiana, temos a mente superior, Deus (Átman), Manas, o Logos feminino, e Budhi, o Masculino. Tanto que a palavra Mãe pode ter vindo de Manas (Alma) e Buda, iluminado, de Budhi (iluminação). No Egito, como sabemos, Osíris, Isis e Horus. Osíris, emblema do pai maior; Isis, da grande Mãe de todos e Hórus, o filho iluminado...
No ocidente, a Igreja por razões históricas, “cortou” a Mãe da tríade (pai, filho...?), a qual poderia ser representada por Maria (a suposta mãe de Jesus), o que nos fez progredir na decadência dos conceitos, que, antes, eram voltados ao céu, hoje voltados à terra.
A Tríade incompleta nos traduz ainda um universo relativo, baseado nas necessidades humanas – cristãs ortodoxas – que, mais tarde, foi responsável pela humanização – antropomorfização – do Uno. A humanização é uma forma de relativizar ou mesmo de fazer entender o incompreensível. É uma tendência nossa. Se eu não compreendo... Se não há como compreender pelas vias normais, então, determino uma maneira mais fácil de entender, todavia de maneira perigosa, pois se pode fugir do conceito real.
Pai e Mãe estão em todas as esferas do Uno. E todas as mitologias contam isso. Os filhos, ainda que meio fora dos padrões, lutam, matam, criam e até mesmo se sobressaem no aspecto mitológico, mas nunca deixam de existir, nunca advieram de dois aspectos gêmeos, pois há o chamado Logus, o qual determina a característica a cada ser, seja na terra ou no céu. O pai, por exemplo, tem o seu Logus. As características de um ser cortês, forte, disciplinado, ordenador, religador do céu e da terra, etc são do homem. As de bela, intuitiva, justa, amorosa, apaixonada, etc são da mulher. Há mitos que demonstram isso de maneira fechada, no entanto, esplendorosa, pois, além de resguardar determinados segredos, são fiéis ao universo de ambos.
A figura da mãe, nas mitologias, nos remete o sentimento da grande senhora que dá a Vida ao externo, que cuida dos filhos, que os educa, que os prepara para o mundo. Ainda nas mitologias, ela dá a luz a muitos filhos, os quais possuem diferentes vocações dentro de um cosmos cheio de trabalhos. O pai seria aquele que briga com os filhos e, às vezes, tem o seu poder tomado pelas crias, mas se funde, sempre, nas características de cada ser do universo, assim com a mãe.
Continuo no próximo texto.
Fora a música, tenho a nítida impressão de que estamos longe, a cada dia que passa, do que nos é inerente, como humanos, como seres naturais, com seus valores e coisa tal. Até mesmo do fator família. Há uma massa desinformada ou informada demais nos fazendo esquecer de que há coisas que não se mudam, são eternas, são clássicas, por isso deram certo até hoje.
Assim como muitos valores clássicos se perderam ou e entrando em deteriorização, pelo fato de serem levados a um ponto de vista interesseiro, às vezes, até social – numa sociedade que aceita tudo, até baratas em pratos! – o maior dos núcleos está voltado ao ostracismo, ou seja, a família está se indo como água de chuva em bocas de lobo, ou mesmo semelhante ao próprio homem que nasce, cresce, envelhece e morre, a família do homem está morrendo, junto com ele. É um assunto difícil de lidar, mas vamos lá...
Noutras sociedades antigas, talvez mais antigas do que parecem, nas quais referenciais celestes eram adotados – na Pérsia, Macedônia, Grécia, Roma; do outro lado, Egito, e mais do ‘lado’, Peru, México... – das quais nosso conceito acerca de muitos termos, comportamentos, educação, sociedade, família, ciência e filosofia foram retirados do nosso meio, a palavra Família significava um termo que se sobressaia acima de todos os outros, pois dela – assim como um núcleo – tudo vinha e para ela tudo ia.
Família, na Antiguidade, era composta de um homem – o pai; de uma mulher – a mãe; de um ou mais filhos, diversificados com mulheres e homens na sua composição. Não havia, como em toda a natureza, a mesma composição se houvesse dois homens ou duas mulheres com objetivos gêmeos, ou seja, com dois pais ou duas mães. Na realidade, família vem do latim, a significar “pessoas da mesma casa”, mas casa não seria apenas a nossa, a morada, mas o que vemos externamente como casa. Explico, onde houver possibilidades de nascer, crescer, desenvolver-se, educar-se em qualquer âmbito estrutural, é casa.
Exemplo: a própria terra, vista pelos ameríndios (ou mesmo pelos índios americanos, os mais atuais), era chamada de Mãe. Quando falamos de índios, temos um ligeiro preconceito, em razão da grande história dos descobrimentos, a qual nos relaciona a seres simples, ignorantes, que foram levados na conversa pelos brancos; foram catequizados, etc, contudo, o índio, no passado, nos mostrou o quanto à humanidade precisa rever determinados conceitos. Tais índios não eram semelhantes àqueles dos descobrimentos, e sim sacerdotes, guerreiros, iniciados; índios que nos deixaram legados ainda por refletir.
Na sua filosofia, a Terra seria a Mãe, o grande Pai, segundo eles, seria o Sol, assim como em muitas civilizações, pois a união dos dois nos daria as árvores, delas os frutos, as sombras, as ferramentas necessárias do dia a dia... Nos daria as rosas, seus polens, seus perfumes, a beleza de cada uma, que, unidas, dar-nos-iam os grandes jardins. E um milhão de coisas que, citadas, não caberiam nesta máquina. Entre elas, o próprio homem, que seria o filho maior, que cultivaria e semearia o que mais tarde poderíamos traduzir como necessidade de se manter pela mãe e pelo pai maior.
Aqui o conceito de Pai e Mãe supera o nosso, mesmo quando adotávamos o principal modelo (pai, mãe e filhos). Supera porque está se baseando em um conceito universal, no qual até mesmo estrelas, cometas, sóis, luas e todo o cosmos estão envolvidos. Não é algo relativo. E é nesse conceito que se baseavam os antigos.
O Pai, representado pelo homem, tinha que nos remeter a uma esfera maior em que nos religássemos ao uno, a Deus, ou mesmo aos seus mistérios – quem conhece um pouco da cultura egípcia, sabe exatamente do que trato aqui; a Mãe, à Justiça desse universo; à Beleza, ao Amor, nada disso relativo – ou seja, nenhum deles de acordo com o interesse voltado a qualquer pessoa, e sim ao grande Ser.
A Tríade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – é falsa. Se voltarmos à realidade dos maias, astecas, indianos, egípcios, podemos perceber que a Ela – a tríade – é composta por três elementos diferentes, não iguais. Kon, Kyla, Whilacotcha – O primeiro (Kon) seria Sol, o segundo (Kyla), Lua, e o terceiro, Filho. Há sempre um elemento que se formou dos dois primeiros. Em Átman, Manas e Budhi, a Tríade indiana, temos a mente superior, Deus (Átman), Manas, o Logos feminino, e Budhi, o Masculino. Tanto que a palavra Mãe pode ter vindo de Manas (Alma) e Buda, iluminado, de Budhi (iluminação). No Egito, como sabemos, Osíris, Isis e Horus. Osíris, emblema do pai maior; Isis, da grande Mãe de todos e Hórus, o filho iluminado...
No ocidente, a Igreja por razões históricas, “cortou” a Mãe da tríade (pai, filho...?), a qual poderia ser representada por Maria (a suposta mãe de Jesus), o que nos fez progredir na decadência dos conceitos, que, antes, eram voltados ao céu, hoje voltados à terra.
A Tríade incompleta nos traduz ainda um universo relativo, baseado nas necessidades humanas – cristãs ortodoxas – que, mais tarde, foi responsável pela humanização – antropomorfização – do Uno. A humanização é uma forma de relativizar ou mesmo de fazer entender o incompreensível. É uma tendência nossa. Se eu não compreendo... Se não há como compreender pelas vias normais, então, determino uma maneira mais fácil de entender, todavia de maneira perigosa, pois se pode fugir do conceito real.
Pai e Mãe estão em todas as esferas do Uno. E todas as mitologias contam isso. Os filhos, ainda que meio fora dos padrões, lutam, matam, criam e até mesmo se sobressaem no aspecto mitológico, mas nunca deixam de existir, nunca advieram de dois aspectos gêmeos, pois há o chamado Logus, o qual determina a característica a cada ser, seja na terra ou no céu. O pai, por exemplo, tem o seu Logus. As características de um ser cortês, forte, disciplinado, ordenador, religador do céu e da terra, etc são do homem. As de bela, intuitiva, justa, amorosa, apaixonada, etc são da mulher. Há mitos que demonstram isso de maneira fechada, no entanto, esplendorosa, pois, além de resguardar determinados segredos, são fiéis ao universo de ambos.
A figura da mãe, nas mitologias, nos remete o sentimento da grande senhora que dá a Vida ao externo, que cuida dos filhos, que os educa, que os prepara para o mundo. Ainda nas mitologias, ela dá a luz a muitos filhos, os quais possuem diferentes vocações dentro de um cosmos cheio de trabalhos. O pai seria aquele que briga com os filhos e, às vezes, tem o seu poder tomado pelas crias, mas se funde, sempre, nas características de cada ser do universo, assim com a mãe.
Continuo no próximo texto.
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