A Tradição não pode ser esquecida. Somos filhos dela, portanto nosso valor está em preservá-la.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Quisera, uma Quimera?
Quisera eu um dia ler as mensagens da vida que nos corre pelas mãos, pelos olhos, e nos faz de bobos todos os dias. Sentir um pouco de sua sabedoria, apesar de minha falta de compostura frente a ela, nesse manancial de segredos os quais nem mesmo o mais sábio dos homens pode interpretá-la.
Quisera eu, um dia, deitar-me no meu colchão, olhar para o teto e sorrir, dizendo palavras belas até o amanhecer. Sei o quanto todos desejam realizar esse sonho, todavia, graças aos deuses, nem chegam(os) perto.
Contudo, com nossos olhos pequenos – as chamadas janelas da alma – já nos é o suficiente para ver e intuir o quanto somos ignorantes – o primeiro passo – para adentrar nos grandes segredos de Deus. Mas, ainda como homens, também podemos chegar perto daquilo que chamamos mistérios imediatos, que nos batem à porta. Uma porta simbólica, com chaves simbólicas, resguardando segredos reais pelos quais vivemos e morremos sem mesmo, às vezes, sentir o odor frágil de sua filosofia.
Temos que ser preciosos, não apenas nos sentir com tal. Mas ter uma virtude em particular que nos torne mais sinceros, morais, éticos, cheios de princípios acalentadores de almas. Ter uma filosofia de vida...
Ah, a Filosofia, essa porta mágica pela qual se entra e sai todos os nossos mistérios vitais, e ponte que serve de caminho para as maiores aventuras humanas. Essa palavra de significado amplo tem em seu âmbito um universo, cujas estrelas intermináveis, dançam em nosso ego, nos transformando todos os dias e nos renovando interiormente, sempre, na medida de nossas naturezas.
Quisera eu compreender o ideal dessa palavra – fi-lo-so-fia – pronunciada, praticada, mal tratada, elevada e ao passo discriminada. Trazer aos homens sua natureza, vociferar como um animal a fim de que todos parem e entendam seu significado. Mas não sei nada, pois a reminiscência em mim falhou e me dela esqueci.
A filosofia, pelas águas que me passam, se confunde com o próprio ser humano. Cheia de mistério, ela norteia cientistas, religiosos, educadores em geral, e os faz buscar, dentro de seu meio, a realização interna ou externa de seus objetivos. O cientista na busca pela cura de uma doença que atinge a humanidade; o sacerdote moderno – um padre, pastor... – que busca em Deus a coragem para dar os passos na hora de aconselhar o próximo; na mulher que se questiona acerca de seu papel em setores nos quais apenas ela se eleva, como o de mãe – que sempre a religa com Deus, unindo cada vez mais a família; o pai, cuja presença já ordena a casa, e o filho, que dá os primeiros passos frente à vida, e depois questiona os pais, os amigos, a família e o próprio Deus... E os educadores, enfim, no frio da noite, no sol do dia, a refletir acerca de seu caráter frente aos alunos, ou mesmo frente à própria vida.
E a filosofia continua nas águas do oceano físico, no oceano imaginário, metafórico, simbólico... Na terra, que para os índios nada mais é que a mãe de todos, pois nos dá tudo sem pedir nada, apenas carinho e muito amor. Reciprocidades.
Queria desvendar mais segredos. Segredos dos grandes homens que elevaram as pirâmides, todas elas, ao tempo, do México ao Egito, na tentativa de nos religar aos deuses – quase que nos assemelhando a eles. É querer demais.
Queria não querer tanto. Apenas viver o que posso e transformar aquilo pelo qual vivo. Estar leve na hora da morte, e não pronunciar, sem exagero, palavras que me demonstrem a maturidade daquele que já viveu o bastante para dizer que viveu sim um pouco dos mistérios. E que o significado maior de tudo é entender que morte e vida nada mais são que dois rótulos de uma mesma resposta. Desse mistério devo viver.
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