O que não nos falta é um sol em nossas almas com o qual nos identificamos e levamos nossas vidas. Então por que razão ainda nos sentimos tão sozinhos, quando olhamos para esse sol que no ilumina lá dentro, ainda que seja um ente espiritual?
O solstício também há em nós. Às vezes, a família está longe, o filho amado, as pessoas em geral que amamos – todos estão bem longe, e suas imagens em nossos corações não nos bastam para irradiar ou ladrilhar as ruas de nossos pensamentos. E os mestres, idem.
Por isso, a neblina de nossa personalidade se torna tão forte a ponto de nos tornarmos cegos em relação ao que nos é bom ou mal. E quando há dúvida – como já dizíamos – fica fácil determinados pensamentos odiosos nos tomarem o corpo, a mente e finalmente a alma.
Não precisamos ter dúvidas quanto às pessoas que amamos, aos familiares, ao filho, aos amigos, mãe... Todos eles estão latentes como potencialidades modificadoras em nós. E quando somos religiosos, nada melhor que nos ampararmos na figura de um mestre que nos traz todas as formas de bem, seja nas horas difíceis ou não.
Tudo isso nos serve de âncora, contudo, são pessoas, são seres humanos, são vidas que, querendo ou não, se dissipam da terra e começam a fazer parte das nossas a partir de um céu que criamos, aqui dentro de nós. Essa pessoa, se maravilhosa, tornar-se-á mais ainda, com atributos universais, divinos, para a qual sempre oramos e dela sempre lembramos; e, se mal, ainda sim buscamos a sua essência, aquela que um dia nos fez gostar dela e, agora, mais ainda.
Isso nos faz entender uma realidade, a de que até mesmo a morte nos faz ver as pessoas como elas realmente são ou pelo menos deveriam ser. A morte, essa mãe do mistério, nos faz ver um sol diferente, explícito, um sol que há em nós, o sol da humildade, do amor, da verdade que não temos...
E quando se percebe que temos uma grande vida pela frente com tantos parâmetros a referenciar, levamos para os nosso coração a certeza de que éramos mesquinhos e frios até aquele momento. Todavia, tal sentimento é provisório (passa logo), e se desfaz com os desejos de ter, querer, conseguir... de modo que é preciso que passemos por uma nova experiência, porque não aprendemos ainda com a primeira...
Contudo, se aprendemos e entendemos o porquê das mais árduas experiências, vamos trabalhar em prol de um sol maior, daqueles que apenas a lembrança nos basta para dissipar a neblina de nosso egoísmo, solidão, paixão... É o sol da liberdade, da batalha, da vitória, do amor além-vida, que, com pequenos gestos a um ser humano, geralmente não muito longe de nós, nos eleva como generais frente a batalhas, pronto para digladiar com o inimigo.
E esse inimigo somos nós mesmos. Não há outro.
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