quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desertos, nada mais...

E se não houvesse a paz,
O que de nós seria?
Sem o sorriso no parque,
Correrias aos domingos
Das crianças fugindo,
Das sogras mentindo,
Dos homens sorrindo...
O que de nós seria?

E se não houvesse a lembrança?
Como o mundo estaria?
Pirâmides tão altas
Mirando ao céu,
Pontes tão longas,
Muralhas perfeitas,
Com deveras receita,
Mistérios sem véu?!

E se não houvesse o carinho,
Criança, onde estarias?
Sem braços, na poeira,
Nas sobreiras da solidão?
Em ruas como pedras
Que caminham,
Em restos que se jogam,
Em mundos que se vão.
Estariam em paredões da noite,
Como escravos no açoite,
Com medo da escuridão...

E se não houvesse o desejo,
Onde, homem, estarias?
Subjugado, iletrado,
Sem caminhos à verdade,
Sem buscas à liberdade,
Sem conceitos, razão!
Não haveria a filosofia,
A ideologia da vontade,
Em salvar a humanidade,
A colheita do vinho e do
Pão...


Sem a bondade, onde haveria
De estar, oh homem?
Nem mesmo nascido no Verso,
Da palavra sem prumo,
Do útero materno, do Uno.
Estaria oculto aos olhos divinos,
Por ele não bradariam a vozes,
Seriamos seres atrozes,
Em meio a nenhuma multidão...


E se não houvesse o Amor,
Senhor, o que haveria?...
Dor sem razão,
Fugas em massa de vida,
Correntes ocultas em braços,
Disputas em aluvião.
Sem a esperança,
Sem a nossa Mãe,
O fruto doce cair na terra,
Da árvore maior do mundo,
Seriamos do mal fecundo,
Destruindo o próprio ser
Em vão.
Seria a noite pura,
Ainda sem lua,
Sem dia, sem sol.
Sem jardins ou flores,
Haveria horrores,
A descrença, o sempre não.
Traria a indiferença nua,
A igualdade da palavra tua,
O medo da opinião...
Sem amor,
Não haveria o espaço,
E seu ato,
E sem ele, a poesia criança,
Não haveria lembrança,
Nem o pássaro no ninho,
Nem carinho, desejo,
Nem o teu beijo, mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....