Meus olhos ficaram fascinados com o espetáculo solar, agora pouco. As nuvens, unidas como se fossem paredões horizontais, em posição de alto e baixo relevo, eram iluminadas pelo sol, que ainda nem havia dado o ar de sua graça!
Seus raios, tão fortes, tão puros, graças a uma junção com a neblina que subia aos céus, nela traspassavam iluminando as nuvens frias, em um espetáculo sem igual. Não havia cenário tão forte e belo desde o inicio desse frio, que nos faz congelar em casa, no trabalho, seja física, seja emocionalmente.
Os raios, por hora laranjados, batiam nas nuvens transformando-as em paredes recheadas de luzes; e em outros lugares, nos quais os raios ainda não faziam efeito, nuvens negras se faziam, se intensificavam, como vilões a procura de um mal a fazer com uma visível inveja do deus solar, que, em seu leito, sorria.
Mas a batalha continuava no céu. A beleza dos raios procurava empurrar as nuvens iluminadas ao encontro daquelas cujo rosto de ódio e egoísmo figuravam como atores em um teatro cujo público eram apenas os pássaros que se inclinavam nas árvores e farfalhavam-na com medo das explosões dos raios inaudíveis ao homem.
A beleza era tanta que meu coração partira em graças; minha alma, tão falha, inquieta, e ao mesmo tempo ébria pelos dissabores humanos, esqueceu-se de seus atributos e clamou a Deus pedindo-lhe que jamais deixaria aquele momento sair de sua memória...
Ao mesmo tempo, a loucura daquela beleza colossal era divina , pois não se mostrava em vaidosismos, interesses, individualismos, mas porque teria que ser, nada mais... Era e estava sendo, como diriam os deuses, um presente ao humano que neles não acreditam, e acabam cedendo aos encantos da sacralidade natural da vida.
E ao olhar para cima, senti que posso olhar para mim e guardar as melhores lembranças da vida, de maneira que não sejam as viciadas em paixões, desejos, dor, desesperos, mas de amor, paz, vida... Assim como tudo que há de belo em nós.
E o sol acordou.
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