quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Indagações da História (i)



Todos sabem que Roma foi formada por diversos grupos étnicos, advindos da antiga Europa, na qual, à época, tinham suas religiões baseadas e estruturadas por deuses, assim como Hércules, Isis, Mitras, os quais voltaram mais tarde como influenciadores deste mesmo povo.

Os etruscos, os grupos de origem indo-europeia, os samnitas que habitavam a parte sul da Itália, entre outros, foram os povos mais influentes na formação cultural de Roma. Tais grupos, com certeza, não tiveram uma cultura, aos nossos olhos, frágil. Pelo contrário, não somente os deuses, que insurgiam de outras civilizações, como também o aspecto militar que insurgia fazendo com que a diversidade de modos e costumes fosse uma necessidade...

Enfim, Roma, depois de séculos, com uma cultura hibrida das grandes culturas, leva o mais importante ao seu meio político, familiar, filosófico, o que para muito foi a maior de todas as influencias: o modo de respeitar os deuses, o universo, com os gregos, os quais eram mais definidos religiosamente, porém, menos práticos que Roma.

Os romanos desde a feira (mercados) até o cume de seu governo – a política – possuíam um deus. Marte, Júpiter, Hera etc faziam parte da realidade deste povo, tal qual o grego em sua cidade natal. Contudo, não copiavam, e sim sabiam que a filosofia grega não era uma filosofia sortida, mas baseada em preceitos universais dos quais várias outras nações, inclusive a egípcia (entre outras), cultivavam por intermédio de cultos religiosos (não confundir com o atual em igrejas!) – nos quais sacerdotes ou musas realizavam míticos cultos em volta de um fogo cuja chama jamais poderia se acabar. Tal fogo seria a “réplica” de um fogo maior que se encontrava em lugares distintos. E, em Roma, se o fogo se extinguisse, a própria Roma também ir-se-ia...

O fogo romano era uma espécie de representação mítica de um fogo universal o qual teria, segundo a tradição, dado inicio a vida como um todo. E o romano, cultivando a vida tal qual ela era, estaria preservando o que em todas as civilizações chamaria de Espírito. E este Espírito, em seus diversos aspectos, seria os deuses – potencialidades naturais conhecidas ou não do homem, mas, mesmo assim, deuses.

Depois de anos, com sua filosofia que traduzia a melhor ideia acerca do comportamento de uma sociedade, Roma foi ferida. Mesmo com toda a sua história, com todo o seu vigor ao longo de setecentos anos, uma ideia – pior do que milhões de homens – penetrou em seu exército e perfurou toda uma História, e conseguiu destruir o que o mundo hoje chamaria de espetáculo de uma civilização: a ideia do Cristianismo...

Já volto!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dúvida do Adeus

Vou me despedir da vida,
Não, não vou não.
Sair das mazelas malditas,
Fingir que são queridas...

Pensando bem, não vou não...
Ao vir seus olhos benditos,
Na escuridão da minha alma,
Ao abri-los no azul de teu céu
Rondar como abelhas o teu mel...

Não, não me vou não.

Quero me ir da vida,
Não vos vejo em meus sonhos.
Perdi teu rosto, o meu gosto,
E vivo em meu fundo fosso.

Porém, tem minhas andanças,
Teu quadril, tuas ancas!
Delas eu vivo a lembrar
Que no vazio do leito,
Enche-me o peito
E vou-me respirar...

Adeus, vida?
Ainda não sei amor,
Se me enviasses teu desejo,
E dentro dele o teu beijo,
Exterminaria toda a minha dor.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Sol de cada Um


O desgaste do dia a dia nos toma, o ressoar dos tambores dos homens, antes do nascer do sol, já nos alcança, no leito, ainda que nossos sonhos estejam pairando entre o paraíso e o diálogo com Deus. Assim, quando nos vem a manhã, ainda que bela, com um sol distante, porém tão belo quanto, que nos alumia a vontade de estar vivo, sentimos um medo... O medo de levantar de nossas camas, graças aos intolerantes homens, e percorrer nossos caminhos, por mais sagrados que seja...

Não podemos nos deixar acanhados, pois somos homens também. Possuímos o dom do bem, da tolerância, da energia em estar vivo, em combater o mal que assola nosso mundo externo e, pior, o interno.

Temos que levantar a bandeira branca, da paz, mas também a da guerra, a vermelha, pela qual muito mártires se foram em seu nome. Não há nada que nos possa dar medo, ou nada que possamos ter medo, a não ser o próprio medo de ter medo. Porque a vida flui em todos os sentidos, como águas em leitos, com rios que deságuam formando os véus de noiva, e somos parte dela e de seus mananciais.

A vida não é de ninguém. Não é nossa, nem mesmo do governante que por sua ignorância acredita que é dono de tudo, das terras, da vida, do mundo... Eles se enganam, e ao mesmo tempo matam em nome dessa filosofia genocida, como os tiranos do passado que criticavam a tirania, apenas para estabelecer a deles – e o faziam. Vamos, em nome dessa energia, impedir que tais homens ganhem campo, ganhem o nosso campo.

Vamos levantar, dar o primeiro passo em nome dos grandes (dos reais!) que um dia tiveram o mesmo pensamento em relação a essas pessoas, contudo, foram tolerantes, humildes e caminharam em nome da liberdade a que nossos corações obedeciam (e obedecem!). Foram eles donos de si mesmos, não de suas vidas. Sabiam, pois, que, no transcorrer delas, havia o viver com honra e disciplina, e que o contrário seria vir ao mundo sem esperanças das quais necessitamos tanto! Para isso, no entanto, teríamos que iniciar um processo interno, latente, no qual nossas forças seriam totalmente voltadas a uma filosofia prática, combatendo o mal, em todos os sentidos...

E o medo, aqui, era um sinal positivo de alerta no qual saberíamos onde e como agir. E dele tirávamos lições incríveis, como entrar em batalhas, como saber perder ou ganhar, como entrar em uma guerra (e) ou se devíamos nela entrar. O medo era o nosso aliado, não rival. Com ele, cortávamos, como machado duplo, o que mais nos fazia ficar estáticos: o pânico, o pavor, o medo ao extremo do próprio ser humano!

Saibamos lidar com a vida, que nos dá um sol todos os dias, cujas representações históricas desconhecemos, contudo, sabemos que ele foi e sempre será símbolo do virtuosismo, ainda que fechamos os olhos, sabemos que seu raios são as chamas queimando o mal do mundo, e mais, sabemos que o temos, em algum nível, lá dentro e no fundo de nossos corações!




A todos!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Paz

Mahatma Gandhi disse “Não há caminho para a paz, a paz é o caminho”. Esse grande homem, adjunto de seus ideais mais nobres, conseguiu, sem violência, vencer um exército, vencer o medo, vencer um país inteiro, a Inglaterra, ao se dedicar de corpo e alma a uma causa que, hoje, torna-se a cada dia mais difícil, em países terceiro-mundistas, a liberdade.

Esse grande homem, que viveu e morreu por sua pátria, e deu aos homens do mundo toda uma lição de humanidade, talvez tenha sido um dos últimos a viver e a morrer por algo maior que a si mesmo, o que geralmente assusta a nós, mortais, a esses homens, de ideias e condutas semelhantes aos heróis, não, eles simplesmente vão, realizam, e conseguem, seja aqui no inicio do mundo ou no fim dele, por pessoas que nem mesmo sabem o significado de amor, liberdade, paz, vida, independência...

O mesmo Gandhi teria dito que a paz seria tão complexa e por isso tão perfeita, que seria difícil, por assim, dizer de alcançá-la. Claro, tudo que é complexo na visão humana é difícil de ser realizado, contudo, esqueceu-se de dizer o Mahatma (grande alma) que, quando nos dispusemos a enfrentar qualquer problema, todo ele se torna pequeno, fácil, simples de ser confrontado; além do mais, tudo que na visão humana é difícil é fácil e perene na visão dos deuses.

Marco Aurélio, general filósofo, teria mesma opinião quando se referia nos campos de batalha à paz interior. “Quando estiver com problemas em demasia, busque a visão do espaço, sinta-se uma das estrelas, olhe para baixo, e olhe aquele ser que se turba sozinho entre os milhares. Este é você”. Aurélio, ao escrever seu diário máximo, queria dizer que a paz depende de cada um, seja em qualquer lugar, em qualquer ocasião.

Podemos, segundo ele, em meio a problemas de pequeno porte ou de grande porte, sermos aliados de uma paz a qual buscamos fora. E o general filósofo falava em meio a flechas que voavam em sua direção. Não apenas a paz. Segundo a filosofia estoica, a qual defendia, os valores humanos deveriam ser interiorizados e praticados, de forma que não deixasse margem à personalidade.

Para tudo isso, claro, não somente à paz, teríamos que ser realmente estoicos, pois não seria de um todo fácil praticar, vivenciar e sorrir, depois de encontrar a grande missão humana, ser realmente humano.

E nessa consecução ou tentativa dela, o ser humano se reveste de simplicidade, de humildade (não a cristã), vivencia o amor ao próximo, é mais espiritual, no sentido de estudar seus mistérios, sua capacidade de lidar com o outro, enfim... raios vão surgindo de um sol oculto, o sol de seu próprio ser, o qual é imortal e está em cada um de nós a espera de uma visita. A paz começa aqui.

O grande ditado

Há um ditado grego que diz “Se quiseres a paz, prepara-te para a guerra”.

A visão universal grega, advinda de um conhecimento clássico, do qual não se fazia paz sem que não houvesse guerra, traduz uma realidade pela qual passavam os grandes generais, mas também traduzia o que muitos atualmente não aceitam, que era a visão acerca de Deus, dos deuses, das divindades, etc... Tanto que havia o deus Ares, filho de Zeus e Hera, e Eirene, como deusa da Paz, segundo alguns, o que nos remete ao fato de que em sua filosofia o grego tinha sempre a visão de que não há luz sem a escuridão e vice-versa. E em Roma, o deus da Guerra, das armas, do combate, era Marte; e Huitzilopochtli, deus da guerra asteca...

Nessas civilizações, a paz não era uma utopia – algo impossível por mais belo que seja – e, sim, algo palpável, sempre advindo de uma natureza filosófica que norteava os grande homens da época, ao contrário dos nossos, que, cristãos, acreditam piamente que paz é silêncio duradouro, sem conflitos, sem combates... ou seja, algo impossível!

A paz, quando vista como um ser voltado a embates naturais, porque na natureza há embates de qual qualquer modo em qualquer lugar – os animais estão ai para comprovar isso --, seriamos mais pleno de uma consciência na qual a própria guerra seria também natural, não como algo alarmista.

A paz, assim, precisa da guerra; e a guerra, precisa da paz.







quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“Na Frialdade Inorgânica da Terra”

Augusto dos Anjos, um poeta cientificista, sentia-se à vontade em seus versos se infiltrando no inferno astral, do qual nunca saiu. Prova disso era a sua dificuldade em falar de amor como um sentimento natural, do qual todos retiram o ar para viver e sobreviver em meio a um mundo monetário.

Não vou culpá-lo. Às vezes, sinto-me um Augusto dos Anjos, em meio a intempéries nas quais me afogo e não consigo pedir auxilio. Tais problemas são tais quais aquelas neblinas a que me referi há muito em outros textos, nos quais acerca dela digo “neblinas são nossos problemas, os quais nos tapam a visão do mundo, do sol...”.

Mas, agora, nesse instante, sinto outra neblina, ou melhor, a maior de todas elas. Ainda que meu racional saiba da existência do sol, da vida e da sua importância, não consigo sentir o perfume da vida, das flores, ainda que eu as toque e as coloque ante meu rosto. É triste.

Agora, mais do que nunca, sinto o cheiro, todavia, da caverna, daquela que acerca dela dissertei, e ao passo notei que cada um tinha a sua em particular. Hoje estou sentido, em meus braços, as algemas, a dor, o ódio, e sou obrigado a presenciar as sombras das paredes iluminadas pelo fogo a me rirem tal qual um professor sarcástico ri do aluno ignorante.

E realmente o sou. As sombras se revelam em palavras, em atos malditos, em formas obscuras das quais se foge, e não se consegue fugir. Elas se enveredam dos pés à cabeça na alma do homem que se revela fraco em ideal, que não acredita que até mesmo o sol, em seu esplendor, é apenas uma estrela passageira na visão de Deus. Na nossa, é possível que seja eterna.

Assim, são as sombras. Norteiam-nos por caminhos mentirosos e nos fazem acreditar que nossos problemas são eternos, ou possuem seus momentos de eternidade. Mas não são e não têm. Nenhum deles é natural, e sim geleiras em forma de reclamações, de conflitos, de palavras fora do contexto, de desamor; são equívocos tratados como identidades humanas... E não são. Nossa identidade é tão profunda que, por ignorância, nos assemelhamos com o que achamos melhor a uma personalidade mal direcionada, flexível a tudo, e frágil... Nossos problemas são papeis de parede!

As sombras nos tornam medrosos e nos testam. E conseguem nos ver como medrosos, que somos; tão voláteis, volúveis, quanto uma criança que acabara de aprender a entender o que o pai fala.

Lutemos contra o que não somos, vamos perfazer nossas trilhas antigas, nas quais diziam que somos sagrados e humanos em todos os sentidos, na quais o ser humano dava valor ao humano, ao contrário do que dizem os parâmetros atuais, dentro dos quais o homem nada mais é do que verme consumindo seu lodo, "na frialdade inorgânica da terra..."
A luta deve começar agora.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um Mundo Melhor para o Meu Filho (fim).

... E nele reflito, depois de tanto horror: será que foi uma boa ideia trazer um filho ao mundo? Será que, mesmo dando toda educação que proponho, vale à pena, sacrificar-se, amar, envelhecer em nome de uma educação de que ele – meu filho – será vitima? Será que somos obrigados a sentir medo de um mundo que não nos oferece – aos menos financeiramente beneficiados – algo melhor?

Acredito que todos sentem o mesmo medo, a mesma dor na alma, apenas em passar pelo mínimo do que foi dito. Não precisa ser precário financeiramente para que se passe por dificuldades com o filho. Os jornais estão lotados de crianças e adolescentes que se infiltraram em quadrilhas, em bandos, em corredores da morte (becos de viciados), e que, na maioria das vezes, são educados em colégios particulares, caindo por terra a grande educação dos grandes colégios.

Mas será que o grande problema do mundo é a educação? Ou reeducação? Um dos pilares básicos, talvez. O que nos falta é apenas uma palavra: humanidade. Sem esta, não nos resta mais nada, nem mesmo um mundo, apenas um grande planeta chamado Terra, azul, com relevos belos de terra, e com uma grande bola iluminada pelo sol, rondando-o incansavelmente... A lua. Não nos resta mais nada, somente seres estranhos, diferentes, na luta árdua pelo bem estar de suas crias, interesses coletivos ou não, perdidos entre a dualidade humana e animal.

A questão é: ter um mundo melhor baseado em premissas modernas do tipo: ter um partido, ter uma religião, ter uma família, ter um emprego, ter uma casa com carro (s) na garagem... Chega a ser fruto de um pensamento que não conheceu o real motivo de está aqui, vivo, trabalhando, vivendo em prol de algo, de alguém ou alguéns.

Não que devamos pensar o contrário. É nobre, e chega a ser belo ser partidário de algo que valha à pena viver, mas ter um partido, tal quais esses que se julgam políticos, não vale à pena. Ter um partido é diferente de ser partidário de causas nobres, heroicas, éticas, morais... Ter partido é ter uma forma de pensar sem levar o pensamento humano em questão, é retaliar as opiniões do povo, é restringir um universo de ideias, é sabotar o que foi escrito na história e escrever outra, apagando a primeira.

E família? Ter família é tão natural quanto respirar, contudo, quando se tem um ideal nobre, a própria família tem um conceito diferente do primeiro – e este é tão universal quanto qualquer forma de espaço. Assim trabalhavam os romanos. Toda Roma era considerada uma família, com propósitos idênticos, com ideais fortes de reformar o mundo em algo romano, ou seja, civilizado e sábio, como a familia romana. A nossa atual não tem ideais sábios. O mundo, idem.

Outro ponto visto como polêmico é o da religião. Ter religião, da maneira como hoje somos? É melhor que chamemos isso de outra coisa, menos religião. O seu conceito tradicional, os seus ritos, os respeitos aos símbolos, nada mais se fala, apenas se embrulha em papéis de presente, enfeita-se prateleiras, altares, enfim... Acabou. Assim como a política, a religião virou um jogo no qual se fala em Deus ou demônios apenas para a sobrevivência capital de poucos.

A questão empregatícia é relevante, em vários aspectos. Contudo, não podemos nos prender a máximas que nos dizem que o trabalho (o emprego) dignifica o homem. Tudo, se possível, dignifica o homem quando feito com a alma voltada ao céu, ao amor, à beleza, à bondade – assim o digam as ONGs nas quais voluntários trabalham em prol de favelas, de doentes, em campos isolados do resto do mundo, em florestas, etc.

Ter emprego é bom, mas o trabalho do homem não termina nunca, desde a hora em que sai de casa, até a hora em que dorme, seus pensamentos e atos poderiam estar voltados à humanidade, contudo, se não, ao bem do próximo que se encontra ali, pertinho dele – uma creche, uma escola de cegos, uma instituição de caridade... Enfim, há várias opções. Com o tempo, a família pode crescer... rs.

Mas o mundo civilizado, para não dizer hipócrita, é mentiroso. Devemos, assim, correr em direção a um norte, ou mesmo um caminho por onde poucos passaram: a filosofia clássica. Desenvolver um caminho dentro de si, baseado em premissas tradicionais, dentro das quais homens sábios passaram, viveram e até hoje ressoam como vozes em uma sala vazia. Vozes que nos elevam o coração, a mente, e nos fazem realmente sonhar com um mundo melhor, aqui, mesmo com todos os homens que ainda não conhecem sua real grandeza.

A filosofia clássica, e seus mestres, traduz o que de mais belo se buscou na humanidade, matando os monstros do labirinto (os nossos monstros!), voando como Dédalo, longe das mazelas humanas (indo atrás de nossos objetivos!); indo ao Hades e voltando como herói na pele de Hermes (passando pelos males da vida sorrindo!); guerreando contra si mesmo, tal qual Aquiles, em Troia (a busca da identidade!), e respeitando todo universo como Heitor, filho de Paris (encontrando Deus em tudo!). Amando a si mesmo como Narciso, porém, descobrindo que a beleza é algo universal, não material (adeus egoísmo!).

E nela, pode-se gritar por liberdade, como heróis que nasceram para se dar ao povo, ainda que a morte estivesse iminente. Pode-se lutar como Marte, em nome dos deuses (os nossos!), criar instrumentos de aço, como Vulcano, e como um vingador, cortar o mal pela raiz (o nosso mal) !

Podemos viver os mitos, pois nos falam aos ouvidos, como pais fortes e sábios, que são. Podemos intuir o mundo em que vivemos, mas podemos trabalhar outro externamente, como um leão que luta para sair da cria das hienas, e não consegue entender o porquê de sua coragem no passado em meio a um bando medroso.

Essa coragem – de coração – pode ser convertida em busca de identidade, busca de entender sua personalidade, que há muito pede para ser o que, no fundo, somos: humanos, e não bonecos manipuláveis dentro de governos que passam e nos esmagam, depois de conseguir o que querem, e quando não conseguem a totalidade do seu interesse, voltam e nos erguem com falácias macias.

Depois de tudo que foi dito, a única forma de construir um mundo melhor é nos basear em premissas que nos levem à verdade. E a verdade, apesar de ser inalcançável, pode nos dar um pouco de sua sombra quando a temos em mente, o que já é o suficiente para entender que sistemas corrompem, esmagam, humilham e manipulam sociedades, nas quais poucos sem caráter ascendem financeiramente em nome de muitos, o povo, o qual nasce, cresce, vive, e morre na esperança de uma boa educação aos filhos, a si mesmo, ad eternum! Esquecendo-se dos reais valores que um dia foram queimados na fogueira do poder.

Porém, ao se deparar com as vias estreitas da própria manipulação, a qual se revela em leis que só funcionam para o seu próprio maltrato, o povo fica desolado em busca de algo que o ilumine, descanso e paz... Daí, a necessidade das leis cristãs, que o levam a um suposto Deus, criado apenas para confortar, dar carinho, casa, carros, pois o governo não ajuda! Rs, daí vem o declínio do homem que não se indigna com os governos, com o mundo, e se revela passivo de receber as dores pelas quais seu passado o ensinou ter. Diferente do romano, do grego, do persa, do hicso, do egípcio, que um dia guerrearam por uma sociedade e mundo melhor.

Eu quero um mundo melhor para o meu filho, mas que este seja o mundo, e que seja melhor com pessoas, com humanos, não animais com duas pernas, que enganam, matam, genocidam... Quero a oportunidade gêmea, sem cotas, mas aquela que nos diz nas entrelinhas que ele deve usar da própria vontade para subir onde quer que ele queira.

Ter o poder de escolher com maturidade seu caminho, não sendo enganado por redes televisivas, revistas, jornais, mídias totais. Quero um mundo no qual ele possa ouvir os pais antes de se jogar no abismo das navegações em sites, quero que ele trabalhe, colha fruto deste, que seja um adolescente que ama a história, que leia acerca dos antigos heróis, que se aqueça na fogueira das grandes histórias, saídas das palavras dos mestres.

Quero meu filho forte em todos os sentidos, num mundo que lhe dará mais forças ainda para entender o sofrimento do próximo, e, ao mesmo tempo, amá-lo, por ser humano, não porque “Jesus” o quer. Mas porque somos humanos, e pretendemos lutar até o fim por nós, em busca do que nos retiraram no passado: a Justiça, a Verdade, a Beleza e o Amor.

E assim, peregrino pelo mundo no qual meu filho se formará e se tornará um grande homem respeitando e amando todos os valores que um dia a nós nos foi legado.



A Pedro Achilles


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um Mundo Melhor para Meu Filho



Ao chegar ao trabalho, ligo meu computador. Nele, depois da bendita senha, aparece-me o papel de parede: a terra pendurada no grande espaço pelos fios invisíveis da gravidade, e, em torno dela, seu satélite natural, a lua. Como fico vislumbrado com a cena! Uma bola azul, com terras em relevo, habitada por bilhões de pessoas de todos os níveis, de todas as esferas, e tipos! Como somos muitos, meu Deus! E, de presente, um ser mais belo ainda rondando, porém, menor, brincando em torno do grande planeta, como se fosse uma filha eterna, brincando com a mamãe... Na realidade, a lua é mais velha do que a terra.

Mas não venho com o propósito de levar a todos informações poéticas ou científicas acerca do que a terra é ou não. Gostaria muito, no entanto, vem-me mais a vontade de trazer à tona meus pensamentos acerca dos homens, os quais estão sendo responsáveis pela deterioração das sociedades e do próprio mundo, e da humanidade...

Tudo se inicia quando saio de casa, e vejo pessoas comuns jogando lixo fora do ônibus, ou antes disso, vejo paradas de ônibus lotadas de entulhos da noite anterior, na qual pedintes aproveitam para fazer no público o que se faz no privativo, e nós, seres que almejam uma sociedade limpa e consciente, nos deparamos com o odor do lixo, das fezes, às vezes, do próprio homem jogado em meio ao que ele mesmo chama de morada.

E passando pelos lugares mais simples, percebo que somos complacentes com o que passamos e choramos. Em rodoviárias, crianças correm de um lado para outro, com vidros de cola (de sapateiro!) ao ar livre como se estivéssemos no apocalipse, a observar a destruição, sem fazermos absolutamente nada! Essa criança, talvez, seja fruto de uma educação esmerada no interesse de poucos, os quais se alojam em suas casas e, com certeza, estão dizendo “ O ser humano é complicado!...”.

Não menos longe do que isso, pessoas de todos os níveis agarram-se em suas bolsas como se fossem suas vidas ou filhas, presas embaixo dos braços. Os homens, sem o medo aparente, observam e sorriem pelo ato ou se preparam para uma luta corporal caso necessário for, com uma criança, com um jovem ou mesmo uma menina com intenções terceiras.

Mais acima, no shopping, o policial, fardado até o nariz, torce para que nada ocorra fora do costume: sem correria atrás de jovens que levam mercadorias sem pagar, de senhoras que “esquecem” o cartão em casa e levam blusas, vestidos escondidos em suas grandes bolsas de passeio, enfim, o policial, mais inseguro e despreparado que crianças em sua primeira visita à creche, percebe que seu potencial não vai além de sorrir ao público e dar informações.


Não sei até que ponto, mas a insegurança tomou conta dos olhos, do corpo, e, antes de tudo, de nossa mente, graças ao quesito educação, pela qual a maioria dos homens de bem luta fervorosamente a fim de que se concretize e realize ante nossos olhos e mentes. Porém, o que se vê são disputas, são jogos, são formas de manipulação de ideias; são racionalidades voltadas a desculpas pelo grande ministro que roubou milhões, pelos juros que devem ser altos, pelas algemas que foram colocadas no graúdo que foi preso... A educação não existe.

O que se vê é uma educação genocida de gerações que amam seus pais, contudo, são obrigadas a ter ódio destes por não possuírem, em casa, seu computador, seu carro, sua internet, e, quando o tem, não sabem se direcionar em uma pesquisa, em diálogos, em amizades, mas destruírem-se em sites de relacionamentos, que são ferramentas duais, mas que, até hoje, ninguém as educou para tanto.

E assim, prossegue o pai, na tentativa de aprender o que significa internet, donlowad, Java, etc, apenas para se infiltrar no novo mundo... Aonde vamos? E pra quê? A incredulidade nasce graças a uma educação suicida, a qual abastece os lares de dor, quando o jovem se vê longe de encontrar alguém para um diálogo maduro e sensato, o que não acontece.

E continuo em minha caminhada, e leio os jornais... Não sei se os jornais são frios o bastante, mas o que percebo é que notícias descalabrosas estão sendo veiculadas como em concursos nos quais quem as divulga se sente honrado em levar o pior, o triste, o horrendo ao expectador, mas, sendo o primeiro a fazê-lo, leva a melhor: a audiência, a melhor critica, o melhor texto... Enfim, as mortes, as dores, o sofrimento humano estão se tornando manchetes não pelo fato de serem o que são – aberradores e tristes por natureza e que deveriam ser reflexos para uma sociedade decadente, e não pontes para a hipocrisia de muitos que querem se erguer com tudo que é triste.

Não apenas por isso. Percebo, no olhar das pessoas por que passo, que não sabemos mais refletir. Quando acontece algo em um país corrupto, muitos se deliciam, se elevam, deixando o fel nas palavras propiciando mais dores involuntárias àqueles que não têm nada a ver com o problema naquele país. E em países grandes cuja economia desacelera, ou mesmo há o principio de queda em suas finanças, há grupos que acreditam que tal problema deveria ter ocorrido de forma merecida, desconhecendo a história do país em questão.

E quando há noticias que se referem à prisão de homens que por milênios foram responsáveis por genocídios coletivos, e que sua história era construída pelo mal que fizera, tenho mais medo ainda: há seres que participam da história, apoiando o ditador, revelando uma humanidade em crise de identidade... Pois não se apoia democrata, anarquista, comunista que se firmaram nas costas de seres inocentes; não se apoia o grande vereador, governador ou presidente que ergueu, por meio ilícitos, pontes, edifícios, estradas, e que, em sua trajetória, um dia, fez “algo” pelo seu povo, muito menos um ditador!

O povo, em si, não merece falsos governos, penso. No entanto, enquanto houver sistemas que os fazem reeleger-se, haverá sempre a falácia de que “quem um dia fez algo pelo povo, pode assaltá-lo, roubá-lo, assassiná-lo da mesma forma”, ou mesmo outra falácia que virou cultura em países de terceiro mundo: “Eu roubei, mas eu peço perdão em público; eu roubei, mas eu reconheço que sou culpado”. O mesmo sistema vai criando uma cultura de isolamento e humilhação, na mesma proporção dos sistemas eleitorais democráticos, que se subjugam os melhores.


Folheio os jornais e percebo que o estrago é maior. Uma foto de um urso polar solitário, em cima de um pequeno iceberg, em meio a uma antiga geleira que fora no passado, não muito remoto, um grande tapete de gelo... E a exposição continua: fotos de lixos nas ruas, “enfeitando” cidades grandes, além do trânsito caótico, dos cartazes de candidatos que não os retiram nem com rezas fortes, poluindo, desde as eleições, a modernidade cruel dos edifícios – ninguém sabe o que é pior!

E minha caminhada pelo mundo de meu Deus continua.

Volto no próximo texto...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dia dos Homens-Pais (final).

O meu futuro, na realidade, modificou em todos os sentidos após seu nascimento. Todos os dias eu me olhava no espelho acreditando ter mudado algo – tipo cabelo, físico, aparência em geral, os quais mudariam com o tempo, mas não tão rápido. Mudaria meu comportamento frente à vida, frente aos meus amigos, família, etc. E mudou.
Pedro Achilles, três anos depois

E percebi, ao poucos, essa transição. A principio nós nos confundimos acerca do que é mudança. Acreditamos que ela vem com o tempo, pode ser, mas comigo não foi assim. Após o nascimento do bambino, logo eu que o filmei, logo eu que fui o primeiro a pegá-lo no colo... Tive uma brusca mudança, que, por sua vez, me fez mais velho, porém mais forte, ao mesmo tempo, mais jovem...

A outros, no entanto, leva tempo para cair a ficha, que é o caso de vários que conheço, e não pretendo citar nomes, mesmo porque faz parte de uma realidade porque passamos, e ao passo somamos, mas não levamos ao nosso consciente por diversas razões. Uma delas é vinda da criança em uma época difícil; outra, a falta de recursos para criá-la, e mais uma, a dúvida da “eternidade” com a parceira...

Há vários motivos que nos fazem repensar nossas obrigações como ser humanos, e como pai então... Nem se fale! Para este último, não tem volta. Ao vir o filho nascendo, não há o dizer “pode empurrar pra dentro que mudei de ideia!”... Contudo, muitos recorrem a outros meios, como deixá-los em portas de casas alheias, em quintais, em fossas, em lixos... Como “solução” simples e ao mesmo tempo monstruosas.

Graças à minha educação, sempre compartilhei o bem junto aos meus familiares e amigos, e sempre repudiei atos monstruosos seja em qualquer nível, com crianças ou não, com seres merecedores ou não. Acredito na Justiça como um todo e dela não abro mão. O ser humano, por mais complexo que seja, se mostra ingênuo em atos indizíveis, ignóbeis, mas que, ao mesmo tempo, nos traz a certeza de que é criança em tudo que faz – e a ignorância comprova isso.

A nossa ignorância se torna um ser à parte quando nos aparecem experiências diferentes e ao passo difíceis. Assim, caminha a vida e a certeza de vários jovens que vegetam criando filhos no ódio. Há muitos, no entanto, que assumem; contudo perdem a beleza de passar por experiências que poderiam movimentar seu futuro e quem sabe pensar em algo mais concreto, mais viável à sua vida, ao chegar a maturidade..

Eu, hoje, como pai, tive a força de me segurar para que não houvesse precipitações na juventude. Foi indizível. Por ser filho de pioneiros que não tiveram educação sexual, poderia eu, muito bem, ter “sujado” a minha ficha, todavia, estudei, li muito, e fiz o que deveria fazer um homem que raciocina a respeito de seu futuro... Eu esperei que “a folha caísse” e me desse a hora de colher o fruto.

Mesmo longe de ter a idade propicia para ser um pai – a qual talvez fosse de trinta anos --, me orgulho de ser um emblemático que chegou na hora certa da vida para dizer que está preparado para tudo. E ser pai.


Meu futuro é agora, e dele pretendo usufruir. E agora, mais do que um homem que cuidou dos sobrinhos, da mãe e dos irmãos, sou pai, sou esposo, sou marido de uma bela mulher e pai de um filho tão belo quanto. E na certeza de educá-lo acima do que eu fui, levá-lo o que não me chegou – a cultura mais cedo, o respeito à tradição mais cedo, o respeito às pessoas por sua historia, e à própria História, que nos legou épocas douradas, valores pelos quais lutaram os grandes heróis, e destes que, um dia, foram nossos pais. Levar ao meu filho a hereditariedade, porque em tudo há: na natureza, nos grupos, na sociedade, na família, toda ela baseada no grande universo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dia dos Homens-Pais


Pedro Achilles e a mãe: presentes.



O BENDITO CACHORRO QUENTE

Há uns três anos e meio, minha esposa tinha o pensamento de não ter filhos. Eu, um afoito homem de meia idade – não sei o que significa “meia idade” rs, rs --, pedia aos deuses o contrário dela, ainda que ela não quisesse – até parece que o moleque viria sem a concessão dela rs, rs.; minha esposa estaria, na época (e ainda está), preocupada com concursos, estabilidades, plano de saúde, salário, coisinhas desse tipo, sabe?..

Mas nós homens sabemos que, no limiar de nossas vidas, precisamos de herdeiros. Um dia um grande amigo me disse “não sei se a reencarnação existe, Regis, mas, se quero perpetuar minha espécie, prefiro um filho rs”, disse ele, sorrindo.

Não pelo que ele pensou, mas sim por saber o que eu sentiria, o que passaria, ou o que colheria educando, além de meus sobrinhos, um alguém especial pelo qual eu poderia realmente me preocupar e me sentir completo – ou melhor, ser pai de verdade. Quanto à minha mulher, perdão a ela, eu não quero ou queria ser egoísta.

Eu, um funcionário público concursado, já me sinto realizado. Cuidei de minha mãe, construí a casa dela; em boa parte da vida, ensinei meus irmãos, os ajudei em tarefas escolares; dos meus sobrinhos, tenho o respeito deles, a admiração, mas ainda me falta a grande admiração a que persigo desde o dia em que amadureci meus neurônios: a admiração do meu filho.

Acredito que há uma fase em que queremos ser super-heróis, e somos sempre. Um alguém para dialogar acerca de filosofias futuras, não sei... Mas ser herói particular de alguém vinte e quatro horas por dia! Meu Deus, que responsa! Nem mesmo o superman teria essa capacidade, pois sei que ele descansa longe dos olhos dos mortais, ao contrário do pai real, que não descansa nem quando está descansando! rs rs.

Há três anos exatos eu diria, tinha eu a mania louca de comer cachorro-quente, e minha querida mulher, não sei por quê, começou a comer também, de maneira que eu e ela não entendíamos a causa daquilo. Eu preferia pensar que ela estivesse louca também rs, o que não era um bom pensamento, porque já bastava um no casal.

Assim, um dia, passando por um bairro chamado Asa Norte, aqui em Brasília, passamos por um vendedor de cachorros-quentes cuja estrutura era de chorar (no bom sentido, claro), e então fomos... comemos... sorrimos.. E depois..

Passado um dia após do cachorro, minha esposa começara a se sentir mal. E eu, na esperança de ter esperança, fiquei ansioso, aflito, correndo para um lado e para o outro... E acabei levando-a para o hospital. Era um sentimento de estranheza. Como eu disse, por ela, não haveria filho tão cedo, o que gerava um sentimento de discórdia e intriga entre nós. E, no hospital, tal sentimento se desfizera quando a enfermeira – loiraça! –, fora me chamar para ver o estado de minha eposa-pós-cachorro-quente: quase desmaiei!

Com a barriga de fora, com o vestido aquém-umbigo, minha esposa ria bela como nunca sob uma luz fraca, e na sua frente uma minitv mostrando um ser “esotérico” a se mexer no vídeo... Tudo isso porque a médica, mais sorridente ainda, passava-lhe um aparelho sobre seu ventre, e dizia “olha o cachorro-quente, gente! rsrs”.

O futuro da espécie humana havia se modificado ali, naquele dia.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Espelhos no Parque

Um dia me disseram que Deus era o reflexo nosso em vários espelhos. Foi uma professora de literatura que queria abreviar o assunto antes de criar polemica sobre este, quando disseram que Deus era isso... Deus era aquilo. Então, com louvor, ela foi sucinta, “Sabe aqueles parques de diversão, vocês já entraram nas Salas dos Espelhos? Senão, vou dizer-lhes, olha, gente, Deus é aquelas imagens tortas, retas, finas, grossas, pequenas, grandes... Que são refletidas a partir de nosso corpo! Deus tem várias faces”, fechou.

Fora uma cachoeira em cima de um questionador que se viu saciado involuntariamente por não ter que prolongar sua tese não acadêmico-religiosa a uma professora cuja experiência em matar polêmica não era infantil. Era mortal.

Em tese, podemos dizer que a grande professora estava correta. Ela suscitou a simbologia antiga, e o aluno, por isso, não compreendeu. A mestra levou em consideração o que se ensinavam na Índia antiga, na qual várias crenças foram baseadas nesse principio, o de que todos os deuses vêm de um só. E todos estes possuem características adversas, mas todos eles são voltados a uma só essência, ao caráter humano voltado à sacralidade, ao Ser.

Não somente na Índia, quando Ariavarta, mas também nas antigas filosofias Maias, Incas e Astecas, nas quais deuses eram representados pelos sacerdotes que vivenciavam toda a crença no dia a dia, através da astrologia, dos rituais, das construções... Hoje, claro, incompreensível ao sacerdote moderno, que antropomorfizou os tempos e os deuses.

No próprio Egito, quando diziam que tudo era sagrado, falavam das mínimas pedras, ao último ser invisível os quais representados em forma concreta, ou não, tinham em sua essência um pouco de Deus.

O espelho no parque simboliza, de alguma forma, essa parte histórica das grandes nações, nas quais se acreditavam, se praticavam e dela viviam como seres que amavam e que se diziam imortais pelo que faziam – e faziam muito.

O homem, quando representado na figura que reflete todas as imagens, nos proporciona pensamentos que nos direciona a um mundo, ainda que fora do alcance do passado, mais intuitivo, mais pensante, no sentido de rever nossos conceitos acerca de Deus. Pois, hoje, precisa-se dizer que a palavra Deus está perdida em meio a religiões meio egoístas, pois se apoderaram dela, criaram características fora do que ela representa, e a transformaram em um ser com tendências humanas, como a um homem a perdoar, a sentir, a ser misericordioso, a ser louvado, sem cessar; a ser buscado nas orações de modo a igualar-se a um pai grande e comum, nos dando tudo que pedimos...

A palavra Deus, hoje, a ser colocada ante aos espelhos do parque, transfere suas imagens gradativas em cada uma das religiões, ou mesmo em cada ser humano, que O vê como quer, como quiser... Na antiguidade, isso se chamava ignorância. Hoje, dá-se o nome de “normalidade...”

Antes, as imagens refletidas por Deus eram a própria Natureza, sendo ela má ou não – tanto que na Tríade egípcia havia o deus Seth, visto como a parte “negra dos deuses”, o qual retalhara Osíris e o fez, mais tarde, ser o Deus da Vida e da Morte. Também havia, na filosofia grega o deus “Hades”, que não era pronunciado pelos habitantes daquele país, pelo fato de que, segundo o mito, Hades traíra Zeus e queria tomar o mundo. Claro que a simbologia perfeita nos diz que Deus está em tudo... E por que não estaria no homem?

Então ficamos com Heráclito, filósofo grego, que dizia... “Deus é riqueza, é pobreza, é paz, é guerra, é amor, é ódio...”.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nilos Ocultos

...Engraçado, bem que me parece um diário esse blog!...

Hoje, escrevo não com a pena da galhofa, como sempre!, mas com o coração de um menino que singra os mares bravios longe dos pais biológicos em busca dos grandes pais espirituais, os quais, como árvores e frutos, nos esperam em algum lugar da vida...

Filósofos na área
Depois de muito tempo longe da Escola de Filosofia – há mais de dois anos – pude rever, abraçar meus amigos, sorrir com eles e curtir uma das mais belas palestras já vistas. O que era para ser uma micropalestra, aos nossos olhos, se tornou um dos grandes momentos àqueles que se abrigam na grande alma da tradição.

Fernando Schwars, antropólogo, educador, filósofo, escritor etc, e muito mais, veio da França, lugar em que possui uma Escola de Filosofia da qual é diretor, para lançar seu livro “Egito Invisível’. Ali, frente a um auditório com mais trezentos filósofos (!) ou mais, o senhor de aparência sábia sentou-se a espera, com parcimônia, do inicio dos lisonjeios a sua pessoa, de um outro mestre que, sentado ao lado daquele, seria o “tradutor possível” do “portunhol” que saia calmo e audível a todos...

Não foi necessário traduzir a beleza da palestra que mais parecia uma oração ao grande Egito Antigo.

Schwars sentiu que poderia ficar à vontade, mas sabia que o “à vontade” poderia lhe servir de ônus mais tarde, por isso caprichou, iniciando suas falas se referindo ao invisível em nós: a emoção, a paixão, os desejos, os quais seriam o inicio do que ainda é válido, pois são advindos da alma.

Assim, nesse caminho, o filósofo nos colocou a necessidade de entender a tradição egípcia quando se referiam aos mitos, ao seu invisivel: “É necessário entender a morte para compreender a Vida”, disse ele, que, em uma breve máxima, expôs o pensamento daquele pais, o qual sempre fora visto pelos antigos como o reflexo do céu na terra.

E nesse mesmo contexto, abriu nossos pensamentos ao falar de Osíris, aquele que fora morto por Seth, e ressuscitado pela esposa-irmã, Isis, o qual não era apenas um ser que foi despedaçado pelo irmão, mas uma simbologia natural da Morte, da Vida, da união e da Harmonia entre os seres. E nesse mesmo contexto, discorreu acerca de Maat, uma deusa de asas abertas, representada, na maioria das vezes com uma pena de avestruz, a qual simbolizava a Disciplina, a Ordem, e como ele mesmo apregoou “a solidariedade” entre os seres...



O mais claro ficou sobre a deusa foi quando o mestre claudicou em seu espanhol, mas elucidou o seu mito, quando Maat espera o morto no céu e, como uma balança, pesa o coração do homem, no prato, e no outro a pena da Justiça...

Para muitos, a simbologia se resume em pesar o coração do morto e pronto. Já que a pena da Justiça seria a mais leve, com certeza, reencarnaria a criatura que jurou em falso, no inicio, e por isso sendo condenada a vários carmas, além do próprio...

Schwars disse apenas uma frase, “se teu coração está pesado, você não está em equilíbrio, portanto você não está em Maat”, resumiu. Depois disso, a simbologia profunda se tornou tão compreensível quanto o nascimento de uma criança. O filósofo sabia o que falava.

Fernando Schwars, o Nilo em pessoa.

Hoje, sabemos que o Egito está tão depredado quanto qualquer muro, contudo os egípcios clássicos sabiam disso, que tudo isso aconteceria com o tempo, mesmo porque seus trabalhos não eram voltados à pedra, a altura de seus templos, mas à formação do caráter humano, o que os fez trabalhar em função dos deuses com afinco; e mais, acreditavam que a parte oculta, a da harmonia entre os seres, a organização na agricultura, a astrologia, a ligação com o celeste era deveras importante; mais que isso, era natural.

Sabiam que o Nilo, grande rio responsável pelo bem estar daquele povo, teria que ser canalizado de forma que houvesse encanamentos fortes, os quais até hoje, de alguma forma, idealizaram o atual Egito na consecução de suas construções modernas.

Contudo, ressaltando, não era um trabalho a esmo, por necessidade concreta, mas espiritual, do qual retiravam seu alimento, tanto externo quanto interno, a bem-aventurança e, quem sabe, a subsistência milenar deste povo. E o era, tanto que tribos, clãs de vários povos foram reconhecidos à época como povos que se harmonizavam com o maior império de todos os tempos. Não há maior prova de amor do que essa.

O amor à deusa Maat, talvez, seja o principio de tudo isso, pois sabiam seu significado, que praticavam em nome de uma aliança infindável em seu trabalho, na honra aos outros homens e aos deuses, os quais estariam em tudo... em todos.

Assim como Horus, cuja liberdade do pássaro significava o poder no céu, assim como Maat significa a leveza da harmonia, Isis, a intuição natural no universo, os egípcios eram o símbolo do homem de bem consigo mesmo e com o uno, tanto que diziam que o egipcio não tinha  outro céu, além do proprio Egito, pois “O Egito era o céu na terra”, e nada os fazia sair dali, pois morrer nessa terra era o sonho deles.

Hoje

Atualmente, não há egípcios que relevam seu trabalho e que buscam honrá-lo, muito pelo contrário, se houver algum habitante natural de linhagem realmente egípcia, tenho a certeza de que seus olhos estão aterrorizados pelo embate do terrorismo psicológico de uma política fria e calculista, interesseira, de uma democracia que os faz sentir asco do próprio país.

Hoje, em meio ao medo, vive o habitante desse país que fora berço de muitas civilizações, o berço de várias especialidades, do primeiro livro, dos primeiros heróis – como o grande Ramsés, que reinou por quase sessenta anos, e que deixou vários filhos (espirituais) em seu lugar...

Mas o grande berço do Nilo entra em decadência, semelhante às grandes nações douradas que nos deixaram mares de conhecimento. Contudo, o grande Egito nos proporcionou apenas uma ínfima parte de seu conhecimento, que, embora invisível aos olhos dos homens, é visível aos olhos dos sábios que sabem que uma nação clássica não se mostra gratuitamente com finalidades faraônicas, como dizem por aí, mas esconde uma realidade oculta, e que persevera no coração de todos, como aquela balança eterna, como a disciplina em qualquer nível, como a organização em nosso Nilo interno, como a fortaleza do grande Osíris harmonizando todas nossas diferenças, lá em nossa alma, às vezes, fria, mas que, ao compreender um pouco desses mitos, sobe com o sol... O Deus em nós.




No Templo dos Homens

... Ontem fui à igreja. Momentos bons eu e minha família passamos. Em meio a homens de bem, a crianças puras que corriam nos corredores do templo, em meio a hinos de letras simples e ritmos fortes, lá estava eu a pensar, no cantinho, de cabeça baixa, de joelhos, e ao poucos observando cada um daqueles que clamavam e até mesmo gritavam um só nome e uma só expressão: “em nome do Senhor Jesus...”


E assim, pude, como filósofo, enriquecer minha alma, mesmo que não estando em “minha praia”. Na realidade, a praia do homem que busca a Deus são todas e nenhuma. Todas, pelo fato de sempre observar a essência em tudo, e em nenhuma, por não ser eclético ou preso a algo volúvel. “O ser eclético é como aquele que suporta até mesmo baratas e ratos em sua própria casa”, dizia um grande mestre e amigo.

Queria dizer o mestre que temos que ter referenciais em nossas vidas pelos quais viver, caso contrário, em nossas vidas, coisas que não nos interessa em nosso Caminho surgirão e nos atrapalharão na “subida”, ou mesmo, nos farão presos graças a uma persona volúvel ao que é mal.

Na Igreja

Voltando à igreja. Pude ouvir histórias de pessoas que testemunharam “milagres” em suas vidas – o que para um filósofo não há, pois o milagre é tão natural quanto o próprio ar que respiramos. O milagre a que se referiam era o Desconhecido. E nele residia a força e o dedo de Deus. Ao filósofo, em tudo, em exatamente tudo, há Deus, assim, portanto, não há que se vislumbrar facilmente pelo que escutamos, vemos, apenas questionar a razão de seus acontecimentos, se são ou não humanos (forçosos) ou realmente divinos (ou seja, naturais).

E o que eu ouvi eram divinos, mais que isso, havia a força idealística presente em pessoas que possuíam a fortaleza interna, tal qual os grandes homens do passado – como os generais, os capitães e heróis que se saciavam com a liberdade de seu povo e que, mesmo sob algemas e torturas, jamais deixavam seu ideal... No entanto, naquele templo, do mais simples ao mais rico, todos eram crentes, não filósofos, cada um possuía ideais gêmeos – o de encontrar Cristo no Céu.

Mesmo assim, o que eu ouvi foi a história de mulheres que usaram de sua feminilidade para ser mulheres, não seres que competem, que ganham, que perdem, mas principalmente seres que conseguem ser o que são em um mundo tão machista e perverso. Ouvi histórias de grandes homens, embora não tão grandes em estatura, revelavam-se forte em caráter, e fiéis aos seus princípios os quais foram moldados ali, em conjunto com outros homens que acreditaram nele e em sua força de vontade para prosseguir na vida com seu Mestre no coração.

O bom de encontrar uma linha que nos faça seguir um norte é saber que essa linha nos faz homens e mulheres de bem, acreditando ou não em paraísos celestes.

Filosofia...

Pensei na semântica da vida. Por mais engraçado que fosse, pensei em coisas paralelas ao que se clamava naquele templo. Em coisas simples: como a planta que nasce e precisa da água para crescer; precisa da música para se alegrar, do sol para ser forte... Engraçado, não...? Semelhante a nós em alguns aspectos..

Todavia, a nossa água se chama espiritualidade, amor, vida... A nossa música, infelizmente, essa vem de pessoa para pessoa; mas Platão, na República, Livro Sete, nos diz que a música deve ser necessária à Educação, que, por sua vez, deve ser dada ainda quando no ventre da mãe. Por isso, qualquer música, nesse sentido, é perigoso. Que tal Bach rs ?

Pensei nos grandes homens que se ajoelhavam antes da batalha, e eu, lá estava, a repetir o mesmo ato do grande Julio César, do grande Henrique V, do grande Rei Artur! Foi muita emoção.

A minha batalha, no entanto, seria a do outro dia, não tão cheia de guerrilhas e homens caindo ao chão, ou cheia de palavras que davam forças aos soldados, mas, sim, de uma batalha cheia de guerras naturais, daquelas que se olha no olho do inimigo, sorri, volta a batalhar. A minha batalha seria contra o instinto que se infiltra nas redes sociais cheias de resquícios de um mundo que se acaba em pornografias, em mortes de jovens em tenra idade, de filhos que se vão antes dos pais, de pais que são obrigados a matar o filho por este ser um viciado, e outras batalhas... A minha batalha é a do homem em pagar suas contas, em preocupar-se com o filho, com a esposa, com a família que está longe, com todos... Enfim, é uma guerra.

Sei eu que tais batalhas talvez sejam mais árduas e difíceis pelo fato de não estarmos preparados para o dia a dia, ao contrário dos grandes que eram preparados desde criança para a guerra, mas posso me referenciar nos grandes de maneira a me preparar para as minhas, e quem sabe ser vitorioso em algumas.


Simbolismo Revelado

E cantaram músicas de louvor, e agradeceram, e se exaltaram em orações e mais hinos. Do lado direito, da igreja, homens com seus ternos e gravatas clássicos; do esquerdo, mulheres e crianças, clamando o nome do Leão de Judá, do Nazareno, do Galileu, do Filho de Deus, de Cristo...

Véus cobriam a cabeça daquelas senhoras em um ato simbólico de respeito à Entidade maior, ato esse tão simbólico e profundo que nem eles mesmos sabem dizer o porquê. E no fim, atos de ósculos na face entre os homens, algo que poderia dar meia dúzia de páginas em explicações. Mas, para eles, entre eles, como um igreja que se une à tradição literalmente, deve-se apenas imitar os apóstolos cristãos, sempre seguido da senha que os caracteriza: "em nome do Senhor".


O aprendizado

Precisamos entender que água é essa que corre em nossas veias, dessa semântica perfeita que nos faz buscar o precioso dom de estar bem ou mesmo simplesmente viver em função de algo. Precisamos entender o porquê dessa busca infindável pela perfeição, que nos faz mais perto dos grandes que vieram com apenas uma função, dizer que precisamos ser mais humanos e melhores, como passo fundamental em nossa grande jornada frente à vida.

Por essas e mais outras é que foram criados os mitos, os simbolos, pontes necessárias à compreensão e à aproximação dos mestres, dos quais tiramos lições práticas de como se portar ante o universo que nos comporta como seus pequenos grãos de areia. Contudo, até mesmo o grão possui a beleza da justiça, do amor, e da singularidade de ser o que é.

Aquela planta que precisa de água somos nós. A semântica a que me referi era a alma, que singra os mares da vida em busca do espírito, que, por mais simples que vivenciamos, ainda é uma incógnita, mas, na realidade, permeia em nossos seres tais quais a energia que flui no universo, sim, pois somos um miniuniverso em busca de explicações acerca de nossa existência, de nossos sofrimentos, somos budas que se calam, que manifestam, que se encontram em igrejas, na tentativa de responder nossas perguntas mais intimas... Somos, também, pontes nas quais correm rios de vida.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....