terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dia dos Homens-Pais


Pedro Achilles e a mãe: presentes.



O BENDITO CACHORRO QUENTE

Há uns três anos e meio, minha esposa tinha o pensamento de não ter filhos. Eu, um afoito homem de meia idade – não sei o que significa “meia idade” rs, rs --, pedia aos deuses o contrário dela, ainda que ela não quisesse – até parece que o moleque viria sem a concessão dela rs, rs.; minha esposa estaria, na época (e ainda está), preocupada com concursos, estabilidades, plano de saúde, salário, coisinhas desse tipo, sabe?..

Mas nós homens sabemos que, no limiar de nossas vidas, precisamos de herdeiros. Um dia um grande amigo me disse “não sei se a reencarnação existe, Regis, mas, se quero perpetuar minha espécie, prefiro um filho rs”, disse ele, sorrindo.

Não pelo que ele pensou, mas sim por saber o que eu sentiria, o que passaria, ou o que colheria educando, além de meus sobrinhos, um alguém especial pelo qual eu poderia realmente me preocupar e me sentir completo – ou melhor, ser pai de verdade. Quanto à minha mulher, perdão a ela, eu não quero ou queria ser egoísta.

Eu, um funcionário público concursado, já me sinto realizado. Cuidei de minha mãe, construí a casa dela; em boa parte da vida, ensinei meus irmãos, os ajudei em tarefas escolares; dos meus sobrinhos, tenho o respeito deles, a admiração, mas ainda me falta a grande admiração a que persigo desde o dia em que amadureci meus neurônios: a admiração do meu filho.

Acredito que há uma fase em que queremos ser super-heróis, e somos sempre. Um alguém para dialogar acerca de filosofias futuras, não sei... Mas ser herói particular de alguém vinte e quatro horas por dia! Meu Deus, que responsa! Nem mesmo o superman teria essa capacidade, pois sei que ele descansa longe dos olhos dos mortais, ao contrário do pai real, que não descansa nem quando está descansando! rs rs.

Há três anos exatos eu diria, tinha eu a mania louca de comer cachorro-quente, e minha querida mulher, não sei por quê, começou a comer também, de maneira que eu e ela não entendíamos a causa daquilo. Eu preferia pensar que ela estivesse louca também rs, o que não era um bom pensamento, porque já bastava um no casal.

Assim, um dia, passando por um bairro chamado Asa Norte, aqui em Brasília, passamos por um vendedor de cachorros-quentes cuja estrutura era de chorar (no bom sentido, claro), e então fomos... comemos... sorrimos.. E depois..

Passado um dia após do cachorro, minha esposa começara a se sentir mal. E eu, na esperança de ter esperança, fiquei ansioso, aflito, correndo para um lado e para o outro... E acabei levando-a para o hospital. Era um sentimento de estranheza. Como eu disse, por ela, não haveria filho tão cedo, o que gerava um sentimento de discórdia e intriga entre nós. E, no hospital, tal sentimento se desfizera quando a enfermeira – loiraça! –, fora me chamar para ver o estado de minha eposa-pós-cachorro-quente: quase desmaiei!

Com a barriga de fora, com o vestido aquém-umbigo, minha esposa ria bela como nunca sob uma luz fraca, e na sua frente uma minitv mostrando um ser “esotérico” a se mexer no vídeo... Tudo isso porque a médica, mais sorridente ainda, passava-lhe um aparelho sobre seu ventre, e dizia “olha o cachorro-quente, gente! rsrs”.

O futuro da espécie humana havia se modificado ali, naquele dia.

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